terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Colunista do Estado de S.Paulo, Eliane Cantanhêde destaca que a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, de dar acesso aos arquivos hackeados da Lava Jato para os advogados do ex-presidente, “é pró-Lula, anti-Moro” e o momento foi escolhido “a dedo, com o Supremo já em chamas”. Para ela, o STF deve tornar Lula "elegível em 2022"

Brasil 247, 29/12/2020, 07:48 h Atualizado em 29/12/2020, 08:37
   (Foto: STF | Stuckert | ABr)

A colunista do Estado de S.Paulo Eliane Cantanhêde escreveu, nesta terça-feira, 29, que ao dar acesso aos arquivos hackeados da Lava Jato para os advogados do ex-presidente Lula, o ministro do STF “Ricardo Lewandowski tirou o pino da granada e vem por aí uma explosão política com epicentro no Supremo Tribunal Federal e estilhaços nas eleições presidenciais de 2022”. Cantanhêde conclui: "Se o STF declara a suspeição de Moro, tudo volta à primeira instância, à estaca zero. E Lula se torna elegível em 2022".

“Lewandowski escolheu o momento a dedo, com o Supremo já em chamas”, escreve. Segundo ela, “o impacto mais previsível tende a ser no julgamento sobre os pedidos de suspeição de Moro nos casos de Lula, que estão na Segunda Turma do STF e embutem a tentativa de anular suas condenações pelo triplex do Guarujá, pelo qual já ficou 580 dias preso, e pelo sítio de Atibaia”. 

Segundo a colunista, que apoiou a Lava Jato, o golpe de 2016 e a eleição de Bolsonaro, Gilmar Mendes tem uma posição estabelecida sobre o caso, que não escapa à comparação com Flávio Bolsonaro: "'A gente deve a Lula um julgamento decente', repete Gilmar há anos, enquanto nas redes sociais grassa uma comparação: o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) comprou e vendeu uns 20 imóveis, muitas vezes com dinheiro vivo, mas Lula foi preso por um apartamento que nunca comprou, vendeu ou usou".




Ainda de acordo com Cantanhêde, a sinalização de Lewandowski é, de fato, "pró-Lula, anti-Moro”, pois “em agosto deste ano, a Segunda Turma decidiu pela ‘parcialidade’ do então juiz e anulou a sentença do doleiro Paulo Roberto Krug no caso Banestado, sob alegação do próprio Lewandowski e do ministro Gilmar Mendes de que Moro teria atuado não como juiz, mas como ‘auxiliar’ do Ministério Público até na produção de provas. Essa alegação é a mesma nos casos de Lula”.

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