domingo, 25 de outubro de 2020

Centrão tenta convencer Bolsonaro a colocar um político na Saúde e Pazuello pode perder cargo

A avaliação dos caciques partidários é de que a Saúde é um instrumento poderoso demais para ficar limitado pela atuação de um “carregador de piano” como o ministro Eduardo Pazuello, que foi humilhado em público nesta semana por Jair Bolsonaro após indicar que a pasta iria adquirir 46 milhões da vacina chinesa CoronaVac

Brasil 247, 24/10/2020, 16:46 h Atualizado em 24/10/2020, 17:06
   (Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)

O cargo de Eduardo Pazuello como ministro da Saúde pode estar com os dias contados. Isso porque, segundo informações da coluna Radar, da revista Veja, o centrão quer aproveitar a tensão envolvendo a indicação de Eduardo Pazuello na compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac para mostrar a Jair Bolsonaro que é hora de desinchar a bolha militar no governo e colocar de novo um político de ofício no comando da Saúde.

Segundo a coluna, a avaliação dos caciques partidários é de que a Saúde é um instrumento poderoso demais para ficar limitado pela atuação de um “carregador de piano” como Pazuello, que não teria capacidade de capitalizar para o governo os dividendos políticos de tamanho orçamento e poder da pasta. 

No entanto, a ideia de colocar uma figura política que não reze a cartilha negacionista de Bolsonaro é uma preocupação para ele. Seu ex-ministro Henrique Mandetta é filiado ao DEM, base do centrão, e criticou duramente a defesa da aplicação da cloroquina antes de pedir demissão da pasta.

Relembre o imbróglio envolvendo a CoronaVac

Nesta quarta-feira (21) Jair Bolsonaro cancelou o acordo firmado pelo Ministério da Saúde para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, a vacina contra o coronavírus desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. O acordo previa a edição de medida provisória para disponibilizar crédito de R$ 1,9 bilhão para a compra das vacinas.

“Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid 19", afirmou Bolsonaro a ministros. 

Bolsonaro também lançou ataques xenofóbicos contra a China e disse não confiar na garantia de eficácia do imunizante chinês.

O rompante de Bolsonaro diz respeito a dois fatores: seguir a linha de Donald Trump de guerra ideológica contra a China, responsável por 40% das exportações brasileiras, e também pelo fato de o governador João Doria (PSDB-SP), possível candidato em 2022, estar em parceria na produção da vacina CoronaVac. 

Não satisfeito, Bolsonaro ainda obrigou Pazuello e gravar um vídeo humilhante com ele deixando claro que quem dá a última palavra é o presidente.

Governo omitiu publicidade em sites bolsonaristas de fake news

A quantidade de anúncios pagos pela Secom em canais de blogueiros e políticos bolsonaristas e que são investigados pelo STF nos inquéritos das fake news ou dos atos antidemocráticos é maior do que a informada antes pela secretaria do governo

Brasil 247, 25/10/2020, 10:56 h Atualizado em 25/10/2020, 11:09
    Blogueiro Allan dos Santos mostra "dedo do meio" para o STF (Foto: Reprodução/Twitter)

A Controladoria Geral da União (CGU) informou que a quantidade de anúncios pagos pela Secom (Secretaria de Comunicação do Governo) em canais de blogueiros e políticos bolsonaristas e que são investigados pelo STF nos inquéritos das fake news ou dos atos antidemocráticos é maior do que a informada antes pela secretaria do governo. 

Segundo informações do portal UOL, o volume de impressões, unidade de medida da publicidade digital, como banners e outros anúncios, é até onze vezes maior do que a Secom havia informado em abril, segundo a reportagem.

A reportagem também diz que no canal do blogueiro Allan dos Santos foram encontradas 8.714 impressões a mais do que em abril, quando tinham sido reportadas 1.447. Na página do blogueiro Bernardo Pires Kuster foram 1.498 a mais, contra 135 informadas anteriormente.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Em campanha por Trump, Bolsonaro adere à ofensiva anti-China dos Estados Unidos

O Brasil recebe nesta terça-feira (20), delegação chefiada pelo conselheiro de segurança de Trump, Robert O'Brien, que vem intensificar a campanha anti-China contra o principal parceiro comercial e maior investidor no país. No centro da ofensiva está a tecnologia chinesa do 5G. Os EUA querem que gigante tecnológica Huawei seja banida do Brasil

Brasil 247, 20/10/2020, 04:12 h Atualizado em 20/10/2020, 05:00
   Jair Bolsonaro, Donald Trump, Xi Jinping e Huawei (Foto: Reuters)

O governo de Jair Bolsonaro dá nesta terça-feira seu passo mais perigoso em política externa. Ao receber Robert O'Brien, o conselheiro de segurança do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e discutir com ele sobre o eventual banimento da gigante tecnológica chinesa, o Brasil se envolve totalmente na ofensiva anti-China da superpotência do norte, o que pode abrir uma crise diplomática com o principal parceiro comercial e maior investidor externo do país, prejudicando os interesses nacionais.

O chefe de segurança de Trump chegou ao Brasil para participar do anúncio de um pacote comercial entre os dois governos às vésperas das eleições americanas.

Mas o objetivo principal da agenda de O'Brien, que terá nesta terça-feira (20) audiências com Jair Bolsonaro e o ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional é promover no Brasil a campanha anti-China, prioritária na política externa dos Estados Unidos. 

Reportagem de Ricardo Della Coletta, Fábio Pupo e Gustavo Uribe na Folha de S.Paulo informa que a principal missão de O'Brien no Brasil é envolver o país na briga dos EUA para "reduzir a influência global da China e ainda barrar a empresa Huawei do mercado de 5G". A alegação do governo Trump é que a empresa chinesa não oferece garantias de segurança e privacidade. 

Fazem parte da delegação estadunidense, além de O'Brien, o vice-representante de Comércio dos EUA, Michael Nemelka, a presidente do Eximbank (Banco de Exportação e Importação), Kimberly Reed, e a diretora do banco estatal de fomento DFC (U.S. International Development Finance Corporation), Sabrina Teichman.

Os dois países assinarão três protocolos comerciais, voltados para as áreas de "facilitação de comércio", "boas práticas regulatórias" e "combate à corrupção".

No fundo, porém o verdadeiro objetivo da delegação é integrar o Brasil na ofensiva americana para impedir a participação da Huawei na rede de 5G do Brasil.

O banimento da Huawei trará prejuízos ao Brasil e custará caro ao consumidor brasileiro. Sem a Huawei, a evolução da tecnologia de quinta geração demoraria até quatro anos para ser iniciada porque as teles teriam de trocar todos os equipamentos, que não conversam com o 5G dos concorrentes. Isso tornaria a evolução da telefonia mais cara para os brasileiros.

Os Estados Unidos querem que o Brasil e outros países coloquem travas para que a Huawei não forneça equipamentos para a nova geração de tecnologia de telecomunicações. O leilão de frequência no Brasil deve ocorrer no ano que vem.

A reportagem informa que tema será abordado deve nos encontros de O'Brien com Bolsonaro e com o general Heleno, chefe do GSI.

O banimento da Huawei criará problemas diplomáticos e comerciais com a China, o principal parceiro comercial do Brasil. Essa preocupação já foi demonstrada tanto pela ministra da Agricultura como pelo general Hamilton Mourão, vice-presidente da República.

Após imagem de arquivo em pesquisa contra Covid, #BolsonaroCharlatão vai aos trending topics

Após utilizar imagens de arquivo para mostrar suposta comprovação da eficiência do vermífugo nitazoxanida contra a Covid-19, a hashtag #BolsonaroCharlatão foi aos assuntos mais comentados do Twitter

Brasil 247, 19/10/2020, 23:01 h Atualizado em 19/10/2020, 23:01

      Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Após utilizar imagens de arquivo para mostrar suposta comprovação da eficiência do vermífugo nitazoxanida contra a Covid-19, a hashtag #BolsonaroCharlatão foi aos assuntos mais comentados do Twitter na noite deste segunda-feira, 19.

O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, disse nesta segunda-feira, 19, que o vermífugo nitazoxanida apresentou resultados positivos no tratamento precoce de pacientes com Covid-19 em uma pesquisa.

A pasta não apresentou os detalhes dos resultados ou a íntegra do estudo. O governo de Jair Bolsonaro informou que os testes clínicos com voluntários mostraram que o medicamento reduziu a carga viral quando foi tomado em até 3 dias depois do início dos sintomas.

O gráfico divulgado pelo governo Bolsonaro não é real e é idêntico ao disponível no serviço de banco de imagens ShutterStock.

sábado, 17 de outubro de 2020

Reprovação do governo Bolsonaro cai a 31%, menor nível desde maio de 2019, aponta XP

Há um ano, em outubro de 2019, fatia era de 38%
             MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL/JC

A reprovação do governo de Jair Bolsonaro recuou ao menor nível desde maio de 2019, de acordo com levantamento da XP Investimentos em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) divulgado nesta quinta-feira (15). Os dados apontam que 31% dos entrevistados consideraram o governo ruim e péssimo, mesmo porcentual daquele mês do ano passado. Há um ano, em outubro de 2019, essa fatia era de 38% e, no mês passado, de 36% .

Outros 39% avaliaram o governo como ótimo ou bom, estável ante setembro e maior índice desde os 40% de fevereiro de 2019. Uma fatia de 28% considera o governo regular, ante 24% em setembro. Para 39%, a perspectiva é ótima e boa e para outros 32% e ruim e péssima para o restante do mandato do presidente. Outros 26% esperaram um resto de governo como regular.

Apesar da melhora, a variação nos quesitos entre os levantamentos de setembro e outubro está dentro está dentro da margem de erro da apuração, de 3,2 pontos. O levantamento teve abrangência nacional e ouviu mil entrevistados, por telefone, entre sexta-feira (8) e domingo (11)
Congresso

De acordo com o levantamento da XP Investimentos/Ipespe, 41% dos entrevistados avaliaram o Congresso Nacional como ruim ou péssimo, contra 42% no mesmo período de 2019 e 38% em setembro. O desempenho do Congresso foi considerado ótimo e bom por apenas 11%, ante 13% em janeiro e 14% em outubro de 2019. Outros 42% dos entrevistados consideraram o Parlamento como regular - 44% no mês passado e 39% há um ano.

Para 40%, a corrupção aumentará ou aumentará muito nos próximos seis meses e para 33% a expectativa é de que fique como está. Outros 23% dos entrevistados esperam uma diminuição ou uma grande diminuição na corrupção.

No momento em que o governo Bolsonaro consolida a aliança ao "Centrão", o levantamento XP/Ipespe apontou que metade dos entrevistados acha que o presidente deveria flexibilizar suas posições para aprovar sua agenda, ainda que isso signifique se afastar do discurso inicial. Para 32%, Bolsonaro deveria endurecer suas posições em relação ao Congresso.

Agência Estado

Bolsonaro é rejeitado na maior parte das capitais do País

Salvador é a cidade que mais repudia Jair Bolsonaro, onde ele tem apenas 18% de aprovação. Seus índices são também muito baixos em cidades como Porto Alegre (26%), São Paulo (27%) e Recife (29%)

Brasil 247, 17/10/2020, 10:03 h Atualizado em 17/10/2020, 10:03
Presidente da República, Jair Bolsonaro, cumprimenta populares da Rampa do Palácio do Planalto. 13 de outubro de 2020 (Foto: Isac Nóbrega/PR)

Pesquisa Ibope divulgada neste sábado (17) aponta que ao governo Jair Bolsonaro é reprovada pela maioria da população em boa parte das capitais do país. Segundo o estudo, os maiores índices de rejeição a Bolsonaro estão localizados em Salvador, Teresina, Porto Alegre, Fortaleza, São Paulo, Recife, Belém, Vitória e Florianópolis. O levantamento, realizado em 25 municípios, é o primeiro feito pelo instituto após o registro oficial das candidaturas que disputam as eleições municipais deste ano. 

Em Salvador, o índice dos que consideram o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo chega a 62%. Os índices também são muito baixos em cidades como Porto Alegre (26%), São Paulo (27%) e Recife (29%). Para o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Pedro Mundim, as questões locais exercem influência sobre a avaliação geral. 

“Em Salvador, há uma tradição de lideranças do PT na capital ou de partidos de esquerda que talvez explique essa reprovação alta. Ou seja, o que é possível dizer é que há questões locais que afetam esses percentuais. Mas, no geral, as capitais estão relativamente dentro da média geral da pesquisa nacional”, observou Mundim, em entrevista ao G1. 

Segundo a última pesquisa nacional realizada pelo Ibope, em setembro, a aprovação do governo Bolsonaro chegou a 40%, contra 29% dos que avaliavam a gestão como regular. 

Os maiores índices de aprovações, ainda de acordo com a pesquisa, estão em Boa Vista, Manaus, Porto Velho, Cuiabá e Rio Branco. Já as estão Goiânia, Palmas, João Pessoa, Maceió, Macapá, Belo Horizonte e Natal.

domingo, 11 de outubro de 2020

Quiroga retira candidatura para tentar enfraquecer partido de Morales nas eleições presidenciais da Bolívia

Jorge Quiroga, ex-presidente da Bolívia," retirou a sua candidatura para tentar evitar que o Movimento ao Socialismo (MAS), favorito nas pesquisas, chegue ao poder

Brasil 247, 11/10/2020, 20:12 h Atualizado em 11/10/2020, 20:32
    (Foto: Reuters)

247 - Jorge Quiroga, ex-presidente da Bolívia, anunciou neste domingo no Twitter a retirada de sua candidatura à Presidência da República. A estratégia do candidato conservador é tentar evitar que o partido de Evo Morales, MAS, vença as eleições do próximo dia 18 no primeiro turno.

"Não poderei liderar o governo. Por isso, declino da candidatura", publicou Quiroga, que governou o país por um ano, entre 2001 e 2002. O ex-presidente é segundo candidato a se retirar da disputa e tinha apenas 1,1% das intenções de voto, de acordo com as pesquisas.

As pesquisas eleitorais favorecem o candidato de esquerda Luis Arce, apoiado pelo ex-presidente Morales, que pode ganhar em primeiro turno. O candidato Carlos Mesa é o segundo colocado. 

Quiroga, no entanto, não informou se irá apoiar Mesa. "Devo fazer tudo o que estiver ao meu alcance para evitar que o Movimento ao Socialismo (MAS) chegue ao poder, por menor que seja o 'risco'", escreveu.

Quem elogia torturador deveria ser preso

"A falta de resposta crítica a declaração tão injuriosa aos verdadeiros heróis nacionais por parte da cúpula militar me faz conjecturar que os atuais comandantes concordam com os elogios, o que também os inclui dentre os herdeiros da linha-dura da ditadura", escreve Alex Solnik

Brasil 247, 11/10/2020, 12:57 h Atualizado em 11/10/2020, 12:57
   (Foto: ABr)

No dia 9 de outubro de 2008, sentença do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23a Vara Civel de São Paulo condenou, pela primeira vez desde o fim da ditadura, um oficial do Exército Brasileiro por sequestro e tortura durante o regime militar de 1964.

O oficial era o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do clandestino DOI-Codi entre 23/9/1970 e 23/1/1974.

“O DOI-Codi era uma casa de horrores, razão pela qual o réu não poderia ignorar o que ali se passava” escreveu o juiz. “Não é crível que os presos ouvissem os gritos e não o réu”.

No entanto, Ustra não foi para a cadeia.

A decisão do juiz apenas reconheceu haver relação jurídica entre ele e seus acusadores – Maria Amélia de Almeida Teles e César Teles – “relação que nasceu da prática de tortura”, o que mostra que mesmo 23 anos depois do fim da ditadura era difícil punir os crimes hediondos praticados pelo estado brasileiro.

Até hoje é.


Maria Amélia e César foram torturados por Ustra na frente de seus filhos nas dependências do DOI-Codi, que funcionava dentro das instalações do II Exército, em São Paulo.

Ustra morreria sete anos depois, a 15 de outubro de 2015.

Eis porque seus admiradores se alvoroçam. Está chegando a data de sua morte, que deverão celebrar. É um escárnio que dentre eles estejam o presidente e o vice-presidente da República.


Mourão, o vice, exaltou Ustra há dois dias, em entrevista à Deutsche Welle:

“Foi meu oficial comandante durante o final dos anos 70 e ele foi um homem de honra que respeitava os direitos humanos de seus subordinados. Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele não são verdade”.

Mourão dá um jeito de mostrar que só conheceu Ustra “no final dos anos 70” quando ele já estava fora do DOI-Codi, mas revela ter sido subordinado a um dos principais representantes da linha dura do Exército, que se opôs à abertura política comandada pelo general Ernesto Geisel.

Confirma, portanto, ser herdeiro da extrema-direita que tentou derrubar Geisel após ele colocar para fora o comandante do II Exército, depois da morte na tortura, também no DOI-Codi, do jornalista Vladimir Herzog.

Mourão já havia feito homenagem póstuma a Ustra quando ele morreu, aos 83 anos, o que lhe custou exoneração do Comando Militar Sul, assinada pelo comandante do Exército general Eduardo Villas Boas a 31/10/2015.

Ao passar para a reserva, a 1/3/2018, Mourão homenageou de novo seu ex-comandante..

Bolsonaro já chamou Ustra de herói nacional em três ocasiões, duas como deputado federal, em 2016 e uma já como presidente, quando recebeu, no Palácio, a 9 de agosto de 2019, a viúva do infame coronel.

Por nenhuma dessas manifestações ele sofreu qualquer reprimenda do Exército, apesar de ter colocado um torturador e chefe de torturadores, responsável por ao menos 45 mortes e um sem-número de torturas, no mesmo patamar de Tiradentes e Caxias.

A falta de resposta crítica a declaração tão injuriosa aos verdadeiros heróis nacionais por parte da cúpula militar me faz conjecturar que os atuais comandantes concordam com os elogios, o que também os inclui dentre os herdeiros da linha-dura da ditadura.

A tortura só foi definida como crime inafiançável e imprescritível no Brasil a partir de 5 de outubro de 1988, com a promulgação da constituição democrática e a 7 de abril de 1997, com a promulgação da Lei no. 8455 os que se omitem ou deixam de investigar também passaram a ser responsabilizados.

Após definir o que constitui crime de tortura - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental; submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental – a lei afirma que não só o torturador é passível de reclusão de dois a oito anos, mas também “aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos”.

Embora proíba veementemente a prática da tortura, a constituição esqueceu de reprimir os que exaltam seus autores, uma falha que um dia há de ser corrigida para que, tal como a Alemanha prende quem faz a saudação “Heil Hitler” em público, seja preso no Brasil quem faz apologia de torturadores na tentativa de transformá-los em heróis.

O torturador é, além de sádico, um covarde. E nenhum covarde pode ser considerado herói.

domingo, 4 de outubro de 2020

Joe Biden está 14 pontos à frente de Trump em pesquisa NBC News/Wall Street Journal

De acordo com a pesquisa NBC News/Wall Street Journal, Joe Biden (Partido Democrata) tem 53% dos votos, uma vantagem de 14 pontos percentuais sobre Donald Trump na corrida presidencial americana

Brasil 247, 04/10/2020, 16:13 h Atualizado em 04/10/2020, 16:13
   Joe Biden e Donald Trump (Foto: Reuters)

Uma pesquisa feita pela NBC News/Wall Street Journal após o debate eleitoral de terça-feira (29) apontou que o candidato à presidência dos Estados Unidos Joe Biden (Partido Democrata) abriu 14 pontos percentuais sobre o mandatário americano, Donald Trump: 53% a 39%.

Em outro levantamento, Reuters/Ipsos, o democrata também apareceu com larga vantagem sobre o adversário: 51% a 41%. 

Faltando cerca de um mês para a eleição, Biden manteve uma vantagem inicial para garantir o voto popular nacional. Mas para ganhar a presidência, um candidato deve prevalecer em estados suficientes para ganhar o Colégio Eleitoral, e as pesquisas estaduais mostram que Trump é quase tão popular quanto Biden nos estados do campo de batalha.

O presidente americano foi diagnosticado com coronavírus. Não está claro como o diagnóstico dele terá impacto no próximo debate presidencial, que está agendado para 15 de outubro. O primeiro debate vice-presidencial entre a democrata Kamala Harris e o republicano Mike Pence está agendado para quinta-feira (8).

A pesquisa Reuters / Ipsos foi realizada online, em inglês, em todos os Estados Unidos. Foram coletadas respostas de 1.005 adultos nos EUA, incluindo 596 prováveis ​​eleitores.

*Com informações da Reuters

Mantega reaparece e condena a "pedalada fiscal" de Paulo Guedes

"Os governos do PT, que tive a honra de servir, jamais desviaram dinheiro da educação para qualquer outra finalidade", diz o ex-ministro, que condena desvios do Fundeb para financiar o Renda Cidadã

Brasil 247, 04/10/2020, 05:21 h Atualizado em 04/10/2020, 05:54
   Ministro da Fazenda Guido Mantega com o Vice-Presidente da República Michel Temmer. (Foto: WILSON DIAS/ABR)

O ex-ministro Guido Mantega, que conduziu a economia brasileira num período de forte crescimento econômico e redução do desemprego, decidiu voltar ao debate público, após ter sido um dos alvos da Operação Lava Jato. "Depois de mais de três anos afastado do debate nacional por um recolhimento autoimposto, decidi vir a público para comentar a esperteza daninha do ministro da Economia, Paulo Guedes, de tentar esvaziar o orçamento apertado das escolas públicas para financiar o projeto Renda Cidadã do presidente Bolsonaro", escreve ele, em artigo publicado na Folha de S. Paulo.

"Guedes não hesitou em propor a utilização, para outro fim, de uma parcela da nova receita do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), aprovada neste ano pelo Congresso. Também sugeriu, ao arrepio da Lei de Responsabilidade Fiscal, dar calote nos precatórios das dívidas reconhecidas pela Justiça com aposentados e fornecedores", prossegue Mantega.

O ex-ministro ironiza o fato de que tais manobras permitiram aos próprios conservadores cunhar o termo "pedalada fiscal", expressão que foi usada no golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, ocorrido em 2016. "Os governos do PT, que tive a honra de servir, jamais desviaram dinheiro da educação para qualquer outra finalidade. Ao contrário, durante os três mandatos e meio do PT, as despesas com educação subiram de R$ 30 bilhões em 2002, para mais de R$ 100 bilhões em 2015. Mencionar Dilma para criticar Guedes revela apenas a desonestidade intelectual de quem procura estabelecer simetrias inexistentes entre as duas figuras públicas", aponta ainda o ex-ministro.

Argentina de Alberto Fernández e Cristina Kirchner começa a punir juízes golpistas

Integrante da coalização Frente de Todos, do presidente Alberto Fernández, e de sua vice, Cristina Kirchner, a deputada Vanesa Siley apresentou um projeto de resolução com o objetivo de afastar o presidente do STF argentino, Carlos Fernando Rosenkrantz. Parlamentar alega que o jurista foi complacente com pessoas apontadas como autoras de crimes na ditadura

Brasil 247, 04/10/2020, 13:32 h Atualizado em 04/10/2020, 13:32
Carlos Fernando Rosenkrantz, presidente do STF argentino, Vanesa Siley, deputada, Alberto Fernández e Cristina kirchner (Foto: Divulgação - Reuters)

247 - A deputada da Frente de Todos, Vanesa Siley, apresentou um projeto de resolução com o objetivo de afastar o presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Fernando Rosenkrantz. A mais alta Corte da Argentina havia proibido a substituição dos juízes que investigaram Cristina Kirchner, ex-presidente e atual vice de Alberto Fernández. 

A parlamentar questionou as ações de Rosenkrantz em casos relacionados à Ditadura Militar Argentina (1966-1973). São eles: “Muiña” - ex-agente paramilitar -, “Ledesma”, empresa acusada de crimes na ditadura argentina, e “Rufino Batalla”, ex-agente de inteligência e também envolvidos em crimes no período ditatorial. A informação foi publicada no site Infobae

Segundo a deputada, "Rosenkrantz desprezou e confrontou inaceitavelmente os princípios fundamentais que determinam a natureza da amnistia (ou anistia) destes crimes - uma posição partilhada pela comunidade internacional -, a respeito da qual todas as formas de perdão, indulto ou comutação de penas são intransponíveis".

A legenda quer investigação contra Rosenkrantz "por mau desempenho e possíveis crimes no exercício de suas funções, de acordo com o disposto no artigo 53 e as disposições correspondentes da Constituição Nacional".

De acordo com a parlamentar, "Rosenkrantz impede o pleno exercício dos direitos e garantias constitucionais". "Seus compromissos políticos e econômicos com as empresas e pessoas ligadas à responsabilidade civil na última ditadura militar estão dificultando o tratamento das causas", publicou a deputada no Twitter.

 no Twitter.


Dilma: "A privatização da Petrobras é uma traição ao Brasil e ao povo"

Em ato virtual sobre os 67 anos da Petrobrás, a presidente deposta pelo golpe de 2016, Dilma Rousseff, afirmou que as políticas de privatização da estatal evidenciam “que, subordinado ao liberalismo e subserviente aos interesses dos EUA, esse governo age deliberadamente para desnacionalizar nossas riquezas. Tudo isso é uma traição ao Brasil e ao nosso povo

Brasil 247, 04/10/2020, 14:00 h Atualizado em 04/09/2020, 14:53
   Dilma Rousseff e Graça Foster, que presidiu a Petrobrás (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Vanessa Nicolav, Brasil de Fato | São Paulo - Em comemoração aos 67 anos da Petrobrás e em defesa das empresas estatais e dos serviços públicos, foi realizado neste sábado (3), por meio de redes sociais, o ato “Em Defesa da Soberania Nacional e Pelo Povo Brasileiro”.

Organizado pelo Comitê de Luta Contra as Privatizações, Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e Plataforma Operária e Camponesa da Água e da Energia, o ato contou com participação dos ex-presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, de parlamentares, lideranças de movimentos sociais como João Pedro Stedile e Guilherme Boulos, além de representantes de centrais sindicais. 

O impacto da agenda de privatizações do governo federal sobre o aumento do desemprego, o preço dos combustíveis e dos alimentos, além do aumento da degradação da meio ambiente e dos direitos sociais, foram os principais temas tratados pelos participantes no evento. 

O ato ocorreu dois dias depois da votação do Supremo Tribunal Federal (STF) que reafirmou a liberação da venda de refinarias da Petrobras por parte do governo sem aval do Congresso.

Um dos primeiros a falar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacou a importância da luta em defesa da Petrobras, maior empresa estatal do país, que já vendeu mais de 16,2% de suas ações, desde 2018. 

“A Petrobras é símbolo da defesa da soberania porque é uma empresa que nasceu por responsabilidade do povo brasileiro que teve coragem de dizer que o Brasil tinha petróleo. E acabou se tornando uma empresa que tem capacidade e conhecimento tecnológico como nenhuma outra empresa no mundo”, afirmou Lula.

A submissão do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao governo norte americano, também foi ponto destacado por Lula. “Quando você tem um presidente da República lambendo as botas do governo americano, que é tão troglodita quanto a nossa, [vemos que] o país está correndo o risco”, afirmou o ex-presidente. 

Lula também destacou que soberania diz respeito à possibilidade da construção de um país que cuida de sua população. “Soberania quer dizer defender nossas fronteiras, mas também cuidar das nossas florestas, nossa água, cuidar do índio, cuidar do negro. E o Estado deve assumir a responsabilidade pelo bem estar social de 110 milhões de brasileiros, e não permitir a interferência de nenhum outro país”, concluiu Lula.

A relação entre o desmonte de empresas estatais e a soberania alimentar foi tema tratado pelo representante do Movimento Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stedile. Segundo o dirigente, a alta do preço dos alimentos é exemplo explícito do impacto que as políticas privatistas do governo nas condições de vida do povo. 

“A alta dos dos produtos alimentícios que estamos vendo hoje, não é por falta de produção, e não é porque os agricultores estão ganhando mais, mas sim porque não há nenhum controle estatal sobre eles. O governo não controla o estoque e com isso as empresas fazem especulação e colocam o preço que quiserem. E o governo do capitão genocida faz isso porque está se lixando para a fome e o preço dos alimentos, porque ele é representante do interesse dos bancos e das corporações", pontuou Stedile.

Empresas públicas como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Caixa Econômica, que também estão sob ameaça de privatização, têm influência na capacidade de produção do agricultor. Segundo Stedile, são empresas que fazem a “retaguarda de apoio aos agricultores, e mesmo na habitação popular.” 

A condição atual de importante empresa nacional, como os Correios, e a luta dos trabalhadores da estatal contra seu sucateamento foi fato lembrado por Atnágoras Lopes, representante da CSP Conlutas. 

“Acabamos de vivenciar a heroica greve dos Correios, de 35 dias, em que foram retirados mais de 50 direitos históricos dessa categoria, tudo com isso para responder a sanha desse governo privatista. Por isso é importante lembrar desse um dia para fortalecer a unidade dos trabalhadores, para enfrentar e inclusive botar para fora esse governo”; destacou Lopes.

Liderança do Movimento Negro Unificado, Vania Vieira, enfatizou como o desmonte do estado em processo, defendido principalmente pelo ministro da economia Paulo Guedes, impacta a vida de todos os brasileiros, principalmente das mulheres negras e periféricas.

“Enquanto mulher negra que lutou a vida inteira pelos direitos das mulheres, da juventude e da população negra em geral, nós somos as que mais perdemos com a venda das riquezas e perda da soberania do país. Por isso chamamos todos a fazer parte dessa luta contra a venda das empresas nacionais”, defendeu Vieira.

Finalizando o ato, a ex-presidenta Dilma Rousseff, denunciou as políticas neoliberais do governo Bolsonaro, alertando para o fato de que suas medidas desastrosas não são fruto somente de incompetência, mas representam um método e ação sistêmica.

“Essas políticas de privatização evidenciam que, subordinado ao liberalismo e subserviente aos interesses dos EUA, esse governo age deliberadamente para desnacionalizar nossas riquezas. Tudo isso é uma traição ao Brasil e ao nosso povo”, afirmou Rousseff.

Concluindo sua fala, ela trouxe a importância de uma mobilização nacional constante contra o governo, que tenha como foco a defesa da Petrobras. “Os defensores da privatização devem ser enfrentados e combatidos energicamente onde quer que possamos lutar contra eles, pois diante de um governo que produz tanta devastação não há outro caminho senão lutar para tirá-lo do poder. O futuro do Brasil será tão mais desastroso quanto mais impunemente se Bolsonaro continuar agindo contra a Petrobras”, concluiu.