sábado, 12 de dezembro de 2020

Aldo Fornazieri: Esquerda com lógica bolsonarista cometeu erros que na Europa teriam derrubado direções partidárias



Reprodução

Viomundo, 10/12/2020 - 08h10   FacebookTwitterWhatsAppEmailPrint

A entrevista

Da Redação

“O partido está acéfalo”.

“O PT precisa ser resgatado, sequestrado que está pela burocracia”.

“É certo dizer que a sociedade que deu origem ao PT não existe mais. Tudo mudou. Os dirigentes e políticos do PT também mudaram. Só que para pior.”

Com frases assim ácidas, o sociólogo e professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP), Aldo Fornazieri, provocou uma reação igualmente aguda da militância do PT.

Não foi o único, depois do fracasso do partido nas eleições municipais de 2020.

O professor Marcos Coimbra acredita que as eleições foram atípicas, por causa da pandemia: a esquerda não pode fazer o que faz melhor, que é militar nas ruas.

Em outro extremo, integrantes de tendências do PT chegaram a pedir a mudança da direção da sigla, o que a presidenta Gleisi Hoffmann classificou como “golpe”.

O ex-presidente Lula chamou para si a responsabilidade pelas decisões tomadas.

Aldo pontua, no entanto, que é comum na Europa a troca de direções partidárias depois de resultados eleitorais negativos.

As críticas de Aldo, como você mesmo pode ver na entrevista acima, não são dirigidas a Lula, nem mesmo exclusivamente ao PT.

Ele acha que a lógica da esquerda em geral tem ecos de bolsonarismo, quando se tenta interditar o debate sobre o fracasso relativo dela nas recentes eleições.

Critica caciques como o ex-governador baiano Jaques Wagner, que já se lançou pré-candidato ao Planalto.

E sugere que dirigentes do PT, Psol e PCdoB desconheçam o palavrório de Ciro Gomes, pois Aldo ainda vê no horizonte a possibilidade de uma frente de esquerda que atraia o PDT e o PSB — seria a única saída para evitar uma disputa entre João Doria e Jair Bolsonaro no segundo turno em 2022.

Fornazieri está longe de ser antipetista, foca suas críticas no PT por ser o maior partido de esquerda do Brasil e um dos maiores do mundo.

Ele acredita que a máquina partidária está sob controle dos mandatos, cuja lógica é não balançar o barco e tentar se reproduzir na próxima eleição.

E agora, segundo o sociólogo, é hora de balançar o barco.

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