quinta-feira, 4 de março de 2021

Flávio comprou mansão do namorado de juíza que trabalhou com ex-presidente bolsonarista do STJ

Ministro João Otávio de Noronha votou a favor de Flávio Bolsonaro no julgamento que pedia a quebra de sigilo do senador no caso das rachadinhas, barrando o caso no tribunal. Ele foi assessorado pela juíza Cláudia Silvia de Andrade, namorada do empresário Juscelino Sarkis, que vendeu a casa para o senador

3 de março de 2021, 22:19 h Atualizado em 3 de março de 2021, 23:09
  Flávio Bolsonaro (Foto: Reprodução | Jane de Araújo/Agência Senado)

O senador Flávio Bolsonaro comprou a casa milionária em Brasília do namorado de uma juíza que trabalhou com um dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que votou pela anulação das provas contra ele no caso das rachadinhas.

Trata-se do ministro bolsonarista João Otávio de Noronha, presidente do STJ entre 2018 e 2020, aliado de Jair Bolsonaro. Seu voto pró-Flávio acabou barrando o julgamento do caso na Corte.

Ele foi assessorado pela juíza Cláudia Silvia de Andrade, namorada do empresário Juscelino Sarkis, que vendeu a casa para o senador. As revelações foram feitas pelo Jornal Nacional nesta quarta-feira, 3.

Noronha é também o homem para quem o presidente Jair Bolsonaro dirigiu essas palavras amorosas em abril de 2020: pic.twitter.com/Pxevs0Aaer— Samuel Pancher (@SamPancher) March 4, 2021


No processo da rachadinha, o Ministério Público do Rio de Janeiro o acusa de desviar R$ 6,1 milhões dos cofres públicos, através do desvio de salários de ex-assessores fantasmas quando era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Os promotores destacam, ainda, que, entre 2010 e 2017, o então deputado estadual lucrou R$ 3 milhões em transações imobiliárias com “suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”.
Pagamentos não batem


Segundo os registros da transação, fornecidos pelo próprio vendedor do imóvel de luxo, Juscelino Sarkis, Flávio fez a primeira TED em 20 de novembro do ano passado, no valor de R$ 200 mil. Em 9 de dezembro, ele transferiu outros R$ 300 mil e, no dia seguinte, mais R$ 590 mil.

Os valores somam R$ 1.090.000,00, mas na escritura de venda consta que o senador teria pago R$ 2.870.000,00 de entrada. Na escritura, consta também que Flávio Bolsonaro conseguiu um empréstimo de R$ 3,1 milhões com o Banco Regional de Brasília (BRB), em parcelas entre R$ 18,7 mil e R$ 21,5 mil.

O cartório rasurou os valores referentes à composição da renda de Flávio e da esposa Fernanda, que é dentista. Pelas regras do sistema financeiro habitacional, a prestação não pode ultrapassar 30% da renda bruta. O salário líquido do senador é de R$ 25 mil - o bruto é de R$ 33.763

Mais cedo, Flávio afirmou que vendeu um apartamento na Barra da Tijuca (RJ) e a franquia de sua loja de chocolates para dar a entrada no imóvel de luxo. Na campanha eleitoral de 2018, o senador declarou patrimônio de R$ 1,7 milhão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Esta é a super-mansão de 6 milhões que o sena Flávio Bolsonaro financiou pelo Branco Regional de Brasília (BRB) em 30 anos, com juros de 3.75% ano, enquanto o pobre tem juros na Caixa de 4,5% ao ano pra cima

Isso é bem a cara do Brasil dos privilegiados pic.twitter.com/ta6QHECV1X— George Marques 🇧🇷 (@GeorgMarques) March 1, 2021
Possível fraude também no BRB

Em uma série de postagens no Twitter, o jornalista André Shalders destacou que “o simulador imobiliário do BRB parece (atenção, parece) mostrar que a instituição ofereceu condições mais vantajosas a Flávio Bolsonaro do que ao público em geral ao comprar a mansão no lago sul”.

“Segundo o simulador do banco, um financiamento no valor daquele obtido pelo senador, com o mesmo prazo de pagamento, exigiria uma renda líquida mínima de R$ 46,8 mil -- bem mais que o salário de Flávio no Senado”, diz em outro post.

Como senador, Flávio recebe um salário bruto no valor de R$ 33.763,00, que após os descontos é reduzido para R$ 24,9 mil.

O parcelamento obtido por Flávio Bolsonaro junto ao BRB, foi feito em condições mais vantajosas que as oferecidas ao cidadão comum. O valor de R$ 3,1 milhões foi parcelado em 360 meses, com “taxa de juros nominal reduzida de 3,65% ao ano”, abaixo da inflação do ano passado, que foi da ordem de 4,52%.

O BRB é presidido pelo executivo Paulo Henrique, que tem o nome cotado para assumir a presidência do Banco do Brasil. Ele também é ligado ao governador Ibaneis Rocha, aliado do clã Bolsonaro.

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