Professor de economia da Unicamp lembra que o golpe ocorreu em 2016, com a retirada de Dilma do poder "com o objetivo de destruir o Estado, os direitos sociais e trabalhistas". Sobre Bolsonaro, "a dúvida é se estamos em 68 ou em 80", diz Mello
Brasil 247, 30/03/2021, 18:56 h Atualizado em 30/03/2021, 19:31
Guilherme Mello (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
O professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Guilherme Mello repercutiu no Twitter nesta terça-feira (30) a demissão dos três comandantes das Forças Armadas por Jair Bolsonaro e respondeu sobre a possibilidade de um golpe em curso no Brasil.
Ele lembrou que o golpe já ocorreu, em 2016, quando retiraram a ex-presidente Dilma Rousseff do Palácio do Planalto "com o objetivo de destruir o Estado, os direitos sociais e trabalhistas". "Nesse sentido, o golpe de 2016 foi um sucesso para quem o apoiou. A agenda de destruição avançou e perseguiram os adversários políticos sem trégua. Os representantes da direita nas Forças Armadas, Judiciário e empresários assumiram o poder e implememtaram seu projeto", afirmou.
Entretanto, disse o especialista, "a agenda que defendem fracassou. A rentabilidade do capital melhorou, mas o país foi para o buraco. Não tem emprego, renda, investimento, não se fala mais de desenvolvimento. Esse fracasso pariu Bolsonaro, na esteira da perseguição doentia dos inimigos da esquerda. Bolsonaro foi a promessa de aceleração e consolidação dos objetivos do golpe. Guedes avançaria sem pudores na destruição do Estado e dos direitos enquanto Bolsonaro acabaria de eliminar os inimigos esquerdistas com o apoio de Moro, o juiz ladrão. Festa na Faria Lima! Novamente, o plano fracassou. Bolsonaro é um genocida, Guedes um neoliberal incompetente e Moro um juiz ladrão. Todos agora desmascarados! O problema é que não é fácil voltar atrás de tamanho erro. O monstro ganhou vida própria e ameaça matar o criador para sobreviver".
Estamos em um golpe continuado e, agora, segundo Mello, a dúvida que paira sobre o Brasil é se o país está em um período de endurecimento do regime ou em seu desmoronamento. "É provável que o 'autogolpe' se trate de um blefe. Os milicos já estão no poder e o projeto de devastação da Constituição Federal de 1988 está sendo implementado em alta velocidade. Não há apoio externo para um novo golpe, apenas desespero de quem tem medo de ser responsabilizado pelos crimes que cometeu. A dúvida é se estamos em 68, no aprofundamento do golpe, ou em 80, com o golpe agonizante. Bolsonaro sonha com 68, quer um AI-5 para chamar de seu. Mas as condições materiais, em particular o absoluto fracasso na gestão da pandemia e da economia, apontam para 1980. Façam suas apostas...".
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