A imprensa sonha com o golpe de noite e tenta transformá-lo em realidade de dia. É assim que fazem os partidos de oposição ao governo federal (PSDB, DEM, PPS, PV e SD), estão se organizando para atuar conjuntamente no pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, mesmo sem haver qualquer prova ou indício que a envolva na Operação Lava Jato.
Cada dia fica mais claro que a Lava Jato que tem entre os seus indiciados parlamentares de vários partidos, entre eles o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o do Senado, Renan Calheiros, e o ex-coordenador da campanha de Aécio Neves, ex-governador de Minas e atualmente senador Antonio Anastasia, está se tornando um segundo tempo da Operação Mensalão, quando todo o foco foi dirigido ao PT.
Nesse contexto chama atenção o tratamento diferenciado em dois casos emblemáticos, não só pela mídia, mas pela justiça. João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, que está preso. Vaccari foi citado nos depoimentos de delatores da operação. O juiz federal Sergio Moro foi atrás de algo que pudesse incriminar o petista.
Já no caso de Aécio Neves (PSDB), ele foi citado pelo doleiro Alberto Youssef que disse que o senador teria recebido recursos desviados de Furnas, através de sua irmã. O doleiro ainda afirmou que recolheu dinheiro de propina na empresa Bauruense, que prestava serviços para Furnas, duas vezes. Em uma delas, faltavam 4 milhões de reais. E foi avisado que o PSDB já havia coletado a quantia.
Mas as citações sobre o envolvimento de Aécio no caso de Furnas foram arquivadas pelo STF à pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
E agora, livre de qualquer investigação, Aécio comemora a prisão de Vaccari e a articula o impeachment de Dilma. E junto dele, com a mesma cara de pau, está o presidente do DEM, Agripino Maia, acusado de receber R$ 1 milhão em propina num esquema de inspeção de veículos em seu estado, o Rio Grande do Norte. Se o leitor quiser saber mais sobre o caso, basta lê-lo aqui.
A qualidade de uma democracia se avalia nos detalhes. Enquanto grãos-tucanos comprovadamente corruptos e envolvidos em grandes escândalos não forem presos e tratados como qualquer político de outra agremiação, não se poderá dizer que vivemos numa sociedade de direitos equivalentes.
É por isso que num recente debate pelo twitter com Vinicius Wu, assessor do Ministério da Cultura (Minc), o deputado Jorge Pozzobom (PSDB-RS), disse: “Me processa. Eu entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser preso”.
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