quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Golpe na Bolívia teve esquema de sustentação no Facebook e no twitter

A CLS Strategies chama isso de comunicação estratégica, mas na realidade está comprando mídia e jornalistas, instituições e influenciadores, e contas falsas nas redes. A CLS trabalhou para realizar o golpe na Bolívia, em Honduras e na eleição fraudulenta de Peña Nieto como presidente do México. Julián Macías Tovar, ativista digital

A golpista Añez.

Viomundo, 03/09/2020 - 12h57

Da Redação

O Facebook desmontou uma rede de desinformação que atuava em apoio ao governo golpista da Bolívia e fazendo ataques aos da Venezuela e do México.

A empresa que investiu U$ 3,6 milhões no Facebook e no Instagram é a CLS Strategies, baseada em Washington.

De acordo com o ativista Julián Tovar, que monitora desinformação no twitter, o golpe na Bolívia começou com o relatório — agora provado falso — da Organização dos Estados Americanos (OEA) sugerindo fraude eleitoral cometida por Evo Morales, seguida por ação de militares, policiais e milicianos e uma onda de notícias falsas nas redes sociais.

Tovar sustenta que as mensagens do twitter emitidas em La Paz são ainda hoje impulsionadas majoritariamente por contas de outros paises, como Estados Unidos, Brasil, Espanha, Peru e Rússia.

Estas contas agora trabalham para evitar que o Movimento ao Socialismo (MAS), de Evo Morales, tenha candidato nas eleições presidenciais.

“Vamos lembrar que durante o golpe, na Bolívia, havia apenas cerca de 200.000 contas no Twitter no total, e em apenas duas semanas pelo menos outras 200.000 foram criadas, que participaram de contas de apoio (crescendo 100 mil em uma semana) e campanhas pró-golpe”, escreveu Tovar em seu perfil.

Segundo Tovar, a CLS tem identidade de propósitos com o Atlantic Council, do direitista espanhol José Maria Aznar, a OEA, a USAID e a Atlas Network, uma organização neoliberal que se diz dedicada a combater a pobreza.

Curiosamente, o Atlantic Council tem uma iniciativa para combater fake news em parceria com o Facebook.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, trabalha hoje em sintonia completa com os interesses dos Estados Unidos na América Latina.


Facebook desmonta rede de desinformação em favor do governo Áñez

A empresa envolvida nas operações da gigante rede social é a CLS Strategies, que, segundo o portal Bolnews Press, foi contratada em dezembro de 2019 para lavar a imagem da administração provisória.


A gigante rede social Facebook desmontou uma rede de desinformação que, entre várias atividades em outros países, gerou material a favor do governo interino de Jeanine Áñez.

A informação foi publicada nesta terça-feira pelo jornal americano Washington Post, que afirmou que a empresa numa primeira operação “capturou a rede de 13 contas falsas e duas páginas antes de terem a oportunidade de criar uma grande audiência”.

O jornal disse que a derrubada dessa rede teve origem em uma pista do FBI (Federal Bureau of Investigation, Estados Unidos) sobre uma dúzia de operações ligadas à Agência Russa de Investigação da Internet.

No entanto, a informação indica que em outra operação paralela o Facebook eliminou uma rede de desinformação ligada a uma empresa de relações públicas com sede em Washington que, segundo a rede social, gastou “milhões de dólares para atingir usuários na América Latina”.

“O conteúdo incluía postagens de apoio à oposição política na Venezuela e ao governo interino da Bolívia, bem como críticas ao partido político do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador”, disse ele ao Facebook.

Segundo o Facebook, citado pelo Washington Post, a empresa envolvida é a CLS Strategies, “com sede a alguns quarteirões da Casa Branca”.

O jornal cita um sócio da CLS Strategies, Juan Cortiñas, que explica que sua empresa, além de influenciar as redes sociais, promove “eleições livres e abertas e se opõe a regimes opressores”.

O Washington Post relatou que Nathaniel Gleicher, chefe de Política de Segurança do Facebook, disse que a operação no CLS “envolveu 55 contas do Facebook, 42 ​​páginas do Facebook e 36 contas na subsidiária de compartilhamento de fotos da empresa, Instagram, visando para públicos na Venezuela, México e Bolívia”.

“Juntas, essas operações de informações online alcançaram mais de 550.000 usuários nos dois sites de redes sociais e também envolveram US$ 3,6 milhões em publicidade.”

O CLS Strategies já foi mencionado na Bolívia em meados de agosto. O portal Bol News Press (bolnews.press) revelou que a empresa foi contratada em 5 de dezembro de 2019 pelo Ministério de Governo para lavar a imagem do governo Áñez.

Ele disse que a empresa recebeu U$ 1.000 por dia por esse trabalho entre dezembro de 2019 e março de 2020. A empresa não manifestou sua versão a respeito.

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