Em meio ao julgamento pelo STF da vida de refinarias da Petrobrás, o diretor da Associação de Engenheiros da estatal (Aepet), Ricardo Maranhão, aponta que nenhuma empresa privada estrangeira pode trazer derivado de petróleo ao mercado brasileiro por preços inferiores aos da Petrobrás
Brasil 247, 23/09/2020, 18:27 h Atualizado em 23/09/2020, 20:24
(Foto: Reprodução | REUTERS/Ueslei Marcelino)
Por Davi de Souza, Petronotícias - A semana que começa nesta segunda-feira (21) promete ser decisiva. Isso porque o Supremo Tribunal Federal (STF) vai bater o martelo até sexta (25) para determinar se a Petrobrás poderá seguir vendendo suas refinarias sem o aval do Congresso. O julgamento reacendeu o debate sobre a decisão da companhia de alienar metade de seu parque de refino no país. Para o diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Ricardo Maranhão, a venda desses ativos é um erro estratégico: “Eu não sei se o Sr. Castello Branco é presidente ou liquidante da Petrobrás”, criticou.
Em entrevista ao Petronotícias, ele afirma que a empresa está abrindo mão de uma fatia de mercado equivalente a 63,6 bilhões de litros de derivados por ano. Maranhão prevê que a venda das unidades não representará aumento da capacidade nacional de refino e enxerga também prejuízos aos consumidores. “Eu posso lhe garantir que nenhuma empresa privada estrangeira pode trazer derivado de petróleo ao mercado brasileiro por preços inferiores aos da Petrobrás”, declarou.
O entrevistado critica também outras questões, como a política de preços da Petrobrás e a assinatura do Termo de Compromisso de Cessação (TCC) junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE): “A direção da Petrobrás também furtou-se da sua obrigação de defender a companhia. Vender as refinarias é beneficiar os concorrentes da empresa. Isso é inexplicável”, afirmou.
Gostaria que começasse falando aos nossos leitores sobre a sua visão geral a respeito do mercado brasileiro e o processo de desinvestimentos da Petrobrás na área de refino.
Na realidade, a venda das oito refinarias, com capacidade de processamento de 1,1 milhão de barris de petróleo por dia, é uma entrega de um pouco menos da metade do mercado brasileiro. As refinarias instaladas no Brasil tem capacidade de 2,2 milhões de barris de petróleo por dia. E o país também importa derivados de petróleo.
Em qualquer nação ou qualquer segmento da economia, o mercado é um parâmetro. No caso do Brasil, a importância do mercado é maior ainda, porque possui grandes dimensões e é o sexto maior do mundo. Além das grandes dimensões do mercado, os derivados de petróleo são produtos estratégicos. Tanto é assim que a própria Constituição Federal define o mercado interno como Patrimônio Nacional. E diz ainda que o Estado deve dar um tratamento especial ao mercado, para que tenha inovações tecnológicas e esteja sintonizado com o desenvolvimento do país.
O consumo de combustíveis no Brasil ainda é baixo/moderado. O consumo per capita de energia ainda é baixo – é cerca de um quinto do consumo de energia da Noruega, por exemplo. Ou seja, o mercado brasileiro tende a crescer muito, porque existe uma correlação entre energia e desenvolvimento. Ou seja, quanto maior o consumo de energia, mais rico e desenvolvido é o país.
As gestões passadas de Pedro Parente e Ivan Monteiro e a atual de Castelo Branco cometem um gravíssimo erro estratégico quando praticamente abandonam a atividade de refino. A Petrobrás hoje se limita a investir na atividade de refino para manutenção desta atividade e não investe na construção de novas refinarias.
Leia a matéria na íntegra, acessando link: AEPET alerta: venda de refinarias vai aumentar preços e fará Petrobras abrir mão de mercado bilionario
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