sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Época identifica 39 fantasmas nos gabinetes do rachadão do clã Bolsonaro


Viomundo, 11/09/2020 - 13h30
   A campeã de recebimentos trabalhava como faxineira

A revista Época, do grupo conservador carioca Globo, identificou 39 funcionários com indícios de não terem trabalhado nos gabinetes do clã Bolsonaro, apesar de terem recebido 29,5 milhões em dinheiro público através de salários — em valores corrigidos.

O Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro investiga o esquema que teria sido operado pelo laranja Fabrício Queiroz.

Queiroz e a esposa Márcia estão em prisão domiciliar.

O senador Flávio Bolsonaro obteve decisão monocrática do STJ para que seu caso fosse transferido da primeira instância.

A expectativa é de que um órgão especial do TJ do Rio determine o indiciamento do senador por uma série de crimes, dentre os quais lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Porém, os indícios apontados pela revista Época confirmam que o rachadão acompanhou a trajetória política do clã Bolsonaro e não beneficiou apenas Flávio.

Jair Bolsonaro e os filhos tiveram 289 assessores pagos com dinheiro público entre 1991 e 2019.

28% dos valores pagos a eles estão sob suspeita, já que há indícios de que ao menos 39 funcionários nunca trabalharam.

O dinheiro desviado dos fantasmas pode explicar o rápido enriquecimento de Flávio Bolsonaro através de transações imobiliárias sob suspeita.

Além desta fonte de renda, Queiroz também recebeu depósitos de pizzarias que estavam em nome do assassino de aluguel Adriano Magalhães da Nóbrega e da mãe dele, Raimunda. 

O miliciano Adriano, morto pela polícia em fevereiro, na Bahia, era um dos chefes de milícia que controla bairros da Zona Oeste do Rio, segundo a polícia.

Além de ter sido homenageado duas vezes por Flávio Bolsonaro, Adriano teve o privilégio da presença do então deputado federal Jair Bolsonaro em seu julgamento por homicídio.

Queiroz pagou pessoalmente mensalidades escolares e o plano de saúde da família de Flávio Bolsonaro e transferiu R$ 98 mil para a primeira dama Michelle Bolsonaro.

Dentre os casos emblemáticos citados pela Época estão a mulher e a filha de Queiroz. Embora se declarassem cabeleireira e personal trainer, ambas receberam como “assessoras parlamentares”.

Andrea Siqueira Valle foi quem mais recebeu, R$ 2,25 milhões em valores atualizados. Irmã da ex-mulher de Bolsonaro, ela recebeu dos gabinetes de Jair, Flávio e Carlos durante duas décadas — na verdade, era fisiculturista que fazia faxinas para garantir a sobrevivência.

Numa demonstração de que o esquema é antigo, além de Andrea outros 9 parentes da ex-mulher de Bolsonaro são suspeitos de terem recebido sem trabalhar.

Ana Cristina Valle, a ex-mulher, chegou a acusar o deputado de roubar um cofre da casa dela e de ameaçá-la, razão pela qual deixou o Brasil.

Mais tarde, porém, fez as pazes com o ex-marido e deu apoio a ele durante a campanha presidencial de 2018.

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