Taxa vai de 46% para 52% em 15 dias. É a mais alta da série do PoderData. Aprovação oscila de 47% para 44%. Efeito do fim do auxílio segue incerto
Poder 360, RAFAEL BARBOSA, 06.jan.2021 (quarta-feira) - 19h00
Bolsonaro em cerimônia no Planalto, em dezembro de 2020. Números demonstram piora nas taxas de avaliação do presidente e de seu governoSérgio Lima/Poder360 - 16.dez.2020
Depois de melhorar um pouco no final de 2020, e terminar o ano em alta, a aprovação ao governo do presidente Jair Bolsonaro começa 2021 com uma queda. Subiu de 46% para 52% a taxa dos que desaprovam a administração federal, segundo pesquisa PoderData realizada de 4 a 6 de janeiro.
A desaprovação, de 52%, é a mais alta na série do PoderData, iniciada em junho. A taxa supera inclusive o mau momento enfrentado por Bolsonaro em novembro de 2020, quando o presidente recebeu muitas críticas de candidatos a prefeito de partidos de oposição.
Já a aprovação ao governo oscilou negativamente 3 pontos percentuais, de 47% para 44%. Essa mudança está dentro da margem de erro do levantamento, que é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Ainda não há como saber qual será o impacto do fim dos pagamentos do auxílio emergencial para brasileiros de baixa renda. O programa do governo pagou 5 parcelas de R$ 600 e mais 3 extras de R$ 300 para pessoas que foram severamente afetadas pela pandemia. Cerca de 68 milhões foram beneficiados, a um custo total de R$ 292,9 bilhões para os cofres públicos.
Alguns pagamentos residuais do chamado coronavoucher foram realizados em dezembro de 2020, e mais outros serão efetuados agora em janeiro de 2021. A partir de fevereiro, o auxílio estará extinto.
Bolsonaro tem reclamado da falta de dinheiro do governo para oferecer algum tipo de benefício extra neste início de 2021 aos brasileiros de baixa renda. Ele afirma que não há espaço no Orçamento. Disse na 3ª feira (5.jan.2021) que o país está “quebrado”.
Historicamente, melhora a aprovação de governantes no final de cada ano. O mesmo vale para as quedas no princípio. Nos primeiros 3 meses de um novo ano os brasileiros precisam voltar à realidade, pagar contas e enfrentar os aumentos de despesas regulares (IPTU, IPVA, mensalidades escolares). Agora, há também os mais de 14 milhões de desempregados. Em breve, o fim completo dos pagamentos do coronavoucher. Essa conjuntura pode explicar os números negativos para o Planalto.
Outro fato que pode drenar a aprovação da administração federal é a controvérsia cada vez maior sobre vacinação e compra de seringas por parte do governo. Bolsonaro continua dando declarações céticas a respeito de vacinas e não há clareza sobre quando o Ministério da Saúde vai, de fato, iniciar o processo de imunização por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Embora bolsonaristas mais convictos gostem do discurso presidencial, a maioria dos brasileiros quer receber a vacina.
A pesquisa foi realizada pelo PoderData, divisão de estudos estatísticos do Poder360. A divulgação do levantamento é feita em parceria editorial com o Grupo Bandeirantes.
Os dados foram coletados de 4 a 6 de janeiro de 2021, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 2.500 entrevistas em 518 municípios, nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto.
Para chegar a 2.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população.
DESTAQUES DEMOGRÁFICOS: AVALIAÇÃO DO GOVERNO
O estudo destacou, também, os recortes para as respostas à pergunta sobre a percepção dos brasileiros em relação ao governo.
Os que cursaram até o ensino fundamental (54%) e os moradores da região Norte (73%) são, proporcionalmente, os que mais aprovam a administração.
Já os que cursaram ensino superior (67%), os moradores da região Nordeste (63%) e os que recebem de 5 a 10 salários mínimos (70%) são os grupos com as maiores taxas de desaprovação.
TRABALHO DE BOLSONARO
O PoderData também perguntou o que os entrevistados acham do trabalho de Bolsonaro como presidente: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo.
O levantamento mostra que 44% da população rejeita o chefe do Executivo, taxa que variou 2 pontos percentuais para cima desde o último estudo. A aprovação agora é de 35%, ante 39% 15 dias antes.
DESTAQUES DEMOGRÁFICOS
Leia abaixo os resultados completos, por sexo, idade, região, nível de instrução e renda:
ESTRATIFICAÇÃO POR RENDA
A rejeição entre os desempregados ou sem renda fixa subiu 7 p.p. em 1 mês e se igualou à média geral. O grupo passou meses com percepção mais positiva do que negativa do presidente.
Os mais ricos continuam com as mais altas taxas de rejeição a Bolsonaro.
Os percentuais destacados nesses recortes da amostra total usada na pesquisa se referem ao ponto central do intervalo de probabilidade no qual se enquadram.
As variações são maiores em alguns segmentos porque a amostra de entrevistados é menor. E quanto menor a amostra, maior a margem de erro. Por isso é importante realizar pesquisas constantes, como faz o PoderData. É possível verificar com maior precisão o que se passa em todos os estratos da sociedade.
OS 18% QUE ACHAM BOLSONARO ‘REGULAR’
No Brasil, pergunta-se aos eleitores como avaliam o trabalho do governante. As respostas podem ser: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. Quem considera a atuação “regular” é uma incógnita.
Para entender qual é a real opinião dessas pessoas, o PoderData faz um cruzamento das respostas desse grupo com os que aprovam ou desaprovam o governo como um todo.
Os resultados mostram que 59% desse grupo dizem desaprovar o governo quando dadas apenas duas opções. Há 15 dias, eram 34%. Os que aprovam são 39%, ante 45% no último estudo.
Só 1% do grupo, quando dadas apenas duas opções (aprova ou desaprova), não soube responder. Há 15 dias, eram 21%. Esse é o percentual de pessoas sem posicionamento claro. Tendem a ir de um lado para o outro quando a polarização se intensifica.
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