Jair Bolsonaro inventou uma versão segundo a qual o experiente diplomata Yang Wanming, embaixador chinês em Brasília, seria o culpado do estremecimento das relações entre o Brasil e a China. Isso depois de dois anos de agressão continuada de Bolsonaro e da cúpula de seu governo e seu clã ao maior parceiro comercial do Brasil
Brasil 247, 20/01/2021, 14:02 h Atualizado em 20/01/2021, 14:43
Yang Wanming, Eduardo e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters | Alan Santos/PR)
Depois de toda a campanha feroz de agressões à China, desde a campanha eleitoral e nos dois anos de seu governo, Jair Bolsonaro agora diz que a crise nas relações com o país asiático, maior parceiro comercial do Brasil e que disputa da liderança mundial com os EUA, é culpa do embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming. Durante dois anos, Jair Bolsonaro, seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, atacaram de maneira insistente a China. Foram agressões gratuitas, ameaças, ironias, zombarias xenófobas. Filipe Martins, assessor de assuntos internacionais do de Bolsonaro disseminou chamou a Coronavac, desenvolvida por uma empresa chinesa, de “vacina xing ling”.
Agora, Bolsonaro rasteja para conseguir importar insumos para a produção da Coronavac no Brasil -única vacina disponível no país, com o fiasco da estratégia do general-ministro da Saúde, Henrique Pazuello. E tenta culpar o embaixador chinês.
Segundo a versão corrente no Planalto, informa Mônica Bergamo, Bolsonaro teria “bom relacionamento” com o presidente chinês Xi Jinping e “nada contra a China”. Os desentendimentos seriam exclusivamente com o embaixador Yang Wanming, na delirante versão bolsonarista.
Escreveu Bergamo: “O diplomata é responsabilizado por ter feito postagens duras depois que o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, criticou a China —o que teria azedado a relação com o presidente. Por esse raciocínio, Eduardo, que é deputado federal, tem opinião própria —e irrelevante, já que não fala pelo pai. Deveria ser, portanto, ignorado, e um bom diplomata teria que saber disso”.
A versão bolsonarista ignora que Eduardo Bolsonaro é presidente da poderosa Comissão de Relações Exteriores da Câmara, atua como um ministro de Relações Exteriores informal do governo e só não foi indicado para embaixador em Washington pelo temor de ter seu nome rejeitado no Senado.
Interlocutores próximos à embaixada da China dizem que os argumentos de auxiliares do presidente beiram a infantilidade. E que o embaixador Yang Wanming é um quadro chinês de primeira linha, forte e prestigiado em seu país.
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