
Viomundo, 04/08/2020 - 11h57
Da Redação
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deixou claro em reunião de governo que a pandemia de coronavírus seria o momento ideal para “passar a boiada”, ou seja, colocar em prática o programa que fortalece o agronegócio e a grilagem e enfraquece a legislação e os órgãos de defesa do meio ambiente.
Na reunião de 22 de abril, Salles pregou enfiar a caneta: “Agora tem um monte de coisa que é só, parecer, caneta, parecer, caneta. Sem parecer também não tem caneta, porque dar uma canetada sem parecer é cana. Então, isso aí vale muito a pena. A gente tem um espaço enorme pra fazer”, disse ele no encontro.
De acordo com o Estadão, a equipe de Salles pretende passar a boiada reduzindo os compromissos com a redução do desmatamento, que vem batendo recordes na Amazônia.
A proposta em estudo acaba com qualquer compromisso em relação a outros biomas, como o cerrado e a mata atlântica.
De acordo com documento obtido pelo diário conservador paulistano, o compromisso do governo seria o de proteger 0,07% da cobertura da floresta tropical através do projeto piloto Programa Floresta+, cujas regras ainda nem foram definidas.
Em outra frente, o governo Bolsonaro move Ação Direta de Inconstitucionalidade que restringe o escopo da Lei da Mata Atlântica.
Se vingar, a ADI pode anistiar multas e acabar com a exigência de reflorestamento de áreas degradadas ilegalmente desde 1990.
Alvo de críticas especialmente na União Europeia, o Brasil pode perder investimentos e se tornar alvo de boicote de consumidores por causa de crimes ambientais.
Desde que tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro trabalha para enfraquecer o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que atua na medição do avanço do desmatamento.
Também desestruturou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável pela fiscalização.
O comportamento de Bolsonaro é visto como um cheque em branco para grileiros, posseiros, madeireiros e garimpeiros que atuam na região da fronteira agrícola, que segue avançando especialmente no Pará, Mato Grosso e Rondônia.
Cada vez mais os criminosos ambientais atuam sem qualquer risco de penalização.
Quanto ao governo Bolsonaro, atua de maneira a mascarar seu fracasso na área, como fez na pandemia do coronavírus.
O Ministério da Saúde, por exemplo, passou a enfatizar o número de brasileiros recuperados da doença, deixando em segundo plano a terrível marca que em breve será de 100 mil mortos, num período de apenas cinco meses.
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