Brito: é o “governo” da persiana
Conversa Afiada, 18/10/2017
De Fernando Brito, no Tijolaço:
“O Brasil cresceu e vem crescendo”, escreveu Michel Temer em sua carta apelando aos parlamentares para que o poupem da denúncia da Procuradoria Geral da República.
Isso foi na segunda-feira.
Na terça, ontem, o IBGE divulgou os indicadores do setor de serviços (quase 70% do PIB) durante agosto: recuou 1,0% frente a julho, após queda de 0,8% em julho e alta de 1,3% em junho, na série com ajuste sazonal.
Hoje, o Banco Central publicou o seu índice de atividade econômica, o IBC-Br, que veio em queda expressiva de o,38%, também dessazonalizado (isto é, compensando as variações normais características de cada mês).
Embora os comentaristas da grande imprensa pequem cada número timidamente positivo – até porque as bases de comparação a que se referem são desastrosas – o fato é que não existe nenhum processo consistente de recuperação da economia, que está sendo sustentada, basicamente, na ideia de que está se dando por conta da inflação baixa.
E esta, por sua vez, está ancorada em dois setores, ambos com grau imenso de risco de volatilidade: alimentos e câmbio.
O Governo Temer tem apenas duas diretrizes econômicas: cortar e vender.
Nos cortes, esbarra na resistência natural da política em aprovar retirada de direitos e na impossibilidade de retirar mais ainda de uma máquina onde falta tudo, exceto o privilégio de suas castas intocáveis. Ou, ainda mais preciso com o já velho termo do ex-Ministro Antonio Magri: imexíveis.
Nas vendas de patrimônio, reside sua esperança de alavancar investimentos, o que não só é ilusório num país que tem taxas de retorno financeiro tão altas como o nosso, como impossível com a descapitalização do BNDES, forçado a entregar os saldos que tinha em títulos do Tesouro e, portanto, tendo de ser mais avaro do que nunca na aprovação de projetos e desembolsos, além do que estes terão taxas muito mais altas com o fim da TJLP, a Taxa de Juros de Longo Prazo.
Em suma: o resumo da ópera do governo Temer, em matéria econômica é o de fazer caixa, reduzindo o déficit público.
E nisso, é só olhar o aprofundamento dos déficits e os malabarismos que se tem de fazer para alcançá-los, mesmo sendo rombos imensos, para ter ideia de sua “eficiência”.
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