sexta-feira, 1 de junho de 2012

Taxa básica de juros cai para 8,5%, a menor em mais de uma década

30/5/2012 18:28,  Do Redação, com Vermelho.org, ACSs e CTB - de Brasília

jurosO Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu, nesta quarta-feira, para 8,5% ao ano a taxa básica de juros que remunera os títulos públicos depositados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). É o nível mais baixo da taxa Selic, desde que a atual política monetária foi adotada, no início de 1999. A redução veio em linha com as expectativas da maioria dos analistas financeiros, como mostra o boletim Focus, divulgado pelo BC na última segunda-feira.

Foi a sétima redução consecutiva da taxa básica de juros, que chegou a 12,5% em julho do ano passado, começou a declinar no mês seguinte e, desde então, caiu 4 pontos percentuais.

A definição da Selic em 8,5% foi unânime. “O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O comitê nota ainda que até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária”, disse o comitê em nota. A decisão é sem viés, ou seja, não será alterada até a próxima reunião do colegiado.

Em razão do longo processo de afrouxamento da política monetária, que já dura dez meses, como forma de estimular o consumo interno e reativar a economia, a maioria dos analistas financeiros acredita que o processo de redução da Selic deve cair também na próxima reunião do Copom, agendada para os dias 10 e 11 de junho.

A reunião desta quarta-feira foi a primeira em que o voto dos diretores foi divulgado, conforme determina a Lei de Acesso à Informação, que entrou em vigor há duas semanas.

O sindicalista Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) declarou ao portal Vermelho que a decisão do Copom “está no rumo certo”.

Em nota emitida na noite desta quarta-feira, Gomes que a medida “reorienta a política monetária e se soma às iniciativas adotadas pelo governo Dilma para fazer frente aos efeitos da crise mundial do capitalismo e reverter o processo de desaceleração da economia nacional”.

O sindicalista considera a decisão ”digna do apoio popular, assim como a ofensiva pela diminuição do spread bancário, que também confronta os interesses da oligarquia financeira”.

Ao mesmo tempo, o presidente da CTB diz que é preciso “avançar mais no sentido de promover mudanças mais ousadas na política econômica para recuperar a capacidade de investimento e crescimento da economia, evitando a estagnação, que já transparece em alguns indicadores sobre o PIB, e contornando a crise internacional, cujo agravamento é notório, especialmente (mas não só) na Europa”.

A CTB defende que além de novas reduções nas taxas de juros, em todas suas modalidades, é necessário a redução substancial do superávit primário e a alocação dos recursos hoje destinados ao pagamento dos juros da dívida pública para investimentos públicos e atendimento das demandas sociais. “É contraproducente cortar gastos públicos em tempo de crise”, assinala Gomes.

Ele destaca ainda que a CTB defende igualmente a mudança da política cambial, a centralização do câmbio, o fim do chamado câmbio flutuante e o controle das cotações, hoje exageradamente instáveis em função do “tsunami monetário” provocado pelas políticas monetárias dos EUA e União Europeia, assim como maior taxação e restrições às remessas de lucros e dividendos, principal causa do déficit em conta corrente do balanço de pagamentos.

Fonte: Jornal Correio do Brasil, 31/05/12

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