30/5/2012 18:28,
Do Redação, com Vermelho.org, ACSs e CTB - de Brasília
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu, nesta quarta-feira, para 8,5% ao ano a taxa básica de juros
que remunera os títulos públicos depositados no Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia (Selic). É o nível mais baixo da taxa Selic,
desde que a atual política monetária foi adotada, no início de 1999. A
redução veio em linha com as expectativas da maioria dos analistas
financeiros, como mostra o boletim Focus, divulgado pelo BC na última
segunda-feira.
Foi a sétima redução consecutiva da taxa básica de juros, que chegou a 12,5% em julho do ano passado, começou a declinar no mês seguinte e, desde então, caiu 4 pontos percentuais.
A definição da Selic em 8,5% foi unânime. “O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O comitê nota ainda que até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária”, disse o comitê em nota. A decisão é sem viés, ou seja, não será alterada até a próxima reunião do colegiado.
Em razão do longo processo de afrouxamento da política monetária, que
já dura dez meses, como forma de estimular o consumo interno e reativar
a economia, a maioria dos analistas financeiros acredita que o processo
de redução da Selic deve cair também na próxima reunião do Copom,
agendada para os dias 10 e 11 de junho.
A reunião desta quarta-feira foi a primeira em que o voto dos
diretores foi divulgado, conforme determina a Lei de Acesso à
Informação, que entrou em vigor há duas semanas.
O sindicalista Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) declarou ao portal Vermelho que a decisão do Copom “está no rumo certo”.
Em nota emitida na noite desta quarta-feira, Gomes que a medida
“reorienta a política monetária e se soma às iniciativas adotadas pelo
governo Dilma para fazer frente aos efeitos da crise mundial do
capitalismo e reverter o processo de desaceleração da economia
nacional”.
O sindicalista considera a decisão ”digna do apoio popular, assim
como a ofensiva pela diminuição do spread bancário, que também confronta
os interesses da oligarquia financeira”.
Ao mesmo tempo, o presidente da CTB diz que é preciso “avançar mais
no sentido de promover mudanças mais ousadas na política econômica para
recuperar a capacidade de investimento e crescimento da economia,
evitando a estagnação, que já transparece em alguns indicadores sobre o
PIB, e contornando a crise internacional, cujo agravamento é notório,
especialmente (mas não só) na Europa”.
A CTB defende que além de novas reduções nas taxas de juros, em todas
suas modalidades, é necessário a redução substancial do superávit
primário e a alocação dos recursos hoje destinados ao pagamento dos
juros da dívida pública para investimentos públicos e atendimento das
demandas sociais. “É contraproducente cortar gastos públicos em tempo de
crise”, assinala Gomes.
Ele destaca ainda que a CTB defende igualmente a mudança da política
cambial, a centralização do câmbio, o fim do chamado câmbio flutuante e o
controle das cotações, hoje exageradamente instáveis em função do
“tsunami monetário” provocado pelas políticas monetárias dos EUA e União
Europeia, assim como maior taxação e restrições às remessas de lucros e
dividendos, principal causa do déficit em conta corrente do balanço de
pagamentos.
Fonte: Jornal Correio do Brasil, 31/05/12
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