13/6/2012 14:25,
Por Redação - de Brasília
Agnelo Queiroz fala aos parlamentares na CPMI do Cachoeira
O depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz
(PT), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as
relações de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes
públicos e privados foi palco, nesta quarta-feira, de uma nova disputa
entre a base de apoio ao governo e a oposição. Agnelo denunciou um
esquema em que se “misturam mentiras e meias-verdades para me desgastar e
me tirar do governo do Distrito Federal” e negou qualquer envolvimento
com o esquema de jogos ilegais, corrupção e tráfico de influência
comandado por Cachoeira.
Segundo governador a depor na CPI mista do Cachoeira, Queiroz
falou aos parlamentares um dias depois que o de Goiás, Marconi Perillo,
negou qualquer ligação com o contraventor Cachoeira. De acordo com as
investigações, o contraventor seria sócio oculto da construtora Delta,
que manteve contratos de serviços de limpeza urbana com o governo do
Distrito Federal até a semana passada. As mesmas investigações afirmam
que o grupo de Cachoeira teria também tentado fraudar licitação de
bilhetagem eletrônica no transporte público do DF, negócio que acabou
não se concretizando. O governador também foi instado a explicar sobre o
crescimento do seu patrimônio desde 1998. Nesse período, a soma dos
seus bens teria aumentado quase 12 vezes
Em resposta aos questionamentos sobre seu patrimônio, Queiroz
ofereceu à CPI do Cachoeira seu sigilo bancário, fiscal e telefônico,
com o argumento de que “quem não deve não teme”. O anúncio do governador
arrancou aplausos e assovios de assessores do governo do Distrito
Federal e parlamentares, que acompanhavam a sessão da CPI. Na sala ao
lado da CPI, mais de 30 assessores e deputados assistem à sessão e
aplaudem Agnelo conforme as respostas do governador.
– O governador mostrou que não tem nada a esconder – disse o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
O deputado da oposição Onyx Lorenzoni (DEM-RS) pediu que a promessa
de Agnelo seja formalizada ainda hoje e nos mesmos termos das outras
quebras de sigilo feito pela CPI, com o prazo de dez anos. O presidente
da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que a formalização será
discutida depois pela CPI. A promessa de Agnelo foi um aceno à CPMI
contra o governador de Goiás Marconi Perillo, do PSDB. Na véspera, o
tucano causou bate-boca no plenário ao se recusar a oferecer a quebra de
sigilo.
– O PSDB agora acabou. Perillo tem medo, Agnelo não – disse o deputado Silvio Costa (PTB-PE).
Além de negar irregularidades em seu governo, Queiroz desafiou aos
parlamentares que encontrassem qualquer falha no contrato com a Delta,
cujo ex-diretor era parceiro de Carlos Cachoeira.
– Essa é a história de um governo que vem ser perseguido pelo crime
organizado e de um governante que a despeito disso trabalha para
restituir o poder público no DF. O contrato da Delta não foi assinado em
meu governo e foi a mando da Justiça. Mas o governo eleito não era
amigo. Depois de 26 dias que tomei posse determinei um auditoria
profunda – disse.
O governador afirmou, ainda, no depoimento à CPMI do Cachoeira, que o
grupo do empresário Carlos Cachoeira “tentou, mas não conseguiu”,
fraudar uma licitação no governo do Distrito Federal. Segundo Agnelo, a
investigação da Polícia Civil do DF sobre a atuação do grupo de
Cachoeira na licitação da bilhetagem eletrônica do DFTrans mostra que o
governo do DF não tem ligação com o grupo.
– O grupo de Cachoeira tentou fraudar uma licitação do sistema de
bilhetagem. Tentou, mas não conseguiu porque o DFTrans sequer realizou a
licitação – acrescentou o governador.
Outra acusação, a de que Cachoeira tinha influência em seu governo, segundo Queiroz, é uma ofensa “à inteligência alheia”.
– Como então falar em Carlos Cachoeira operando em licitação no GDF
se não houve a licitação? Se ele tivesse ligação do governador,
precisava de lobista para chegar até o secretário de Transportes? Não
vamos ofender a inteligência alheia – disse.
Queiroz desafiou ainda que qualquer um apontasse algum ato do DF em favor de Cachoeira.
– Que ato do governador que beneficiou essa organização? Quando foi? Eu quero um só – pontuou.
Queiroz levantou, ainda, um outro caso levantado pela Polícia Federal
para reafirmar que o governo do DF impediu a atuação do grupo de Carlos
Cachoeira.
– Os autos da operação Monte Carlo mostram que eles forjaram a compra
de terras públicas e tentaram legalizar a posse. Foi mais uma tentativa
frustrada”, disse. “Se Cachoeira tinha acesso ao governador, porque
tinha que aliciar funcionários da base e mesmo assim não conseguiu? –
questionou.
Anvisa
Queiroz defendeu-se, ainda, da acusação de que teve responsabilidade
administrativa na autorização de funcionamento de uma importadora de
medicamentos pertencente a um empresário que lhe vendera uma casa.
– O que foi investigado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) o próprio certificado mostra que não há nenhum envolvimento meu
– afirmou.
Agnelo disse ainda que todas as suas contas como diretor da agência foram aprovadas pelo TCU:
– A Anvisa tem um grau de rigor absurdo. Nenhum dirigente da Anvisa
consegue atestado de boas práticas. E todas as minhas contas da Anvisa
estão aprovadas pelo Tribunal de Contas da União. Na minha gestão na
Anvisa, mudamos toda a demanda reprimida que havia ali. A agência deu um
grande salto nesses últimos anos com a minha modesta colaboração como
diretor. E observo, fui diretor, não presidente da Anvisa – concluiu
Queiroz.
Fonte:Jornal Correio do Brasil, 13/06/12
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