domingo, 19 de junho de 2011

A importância da emancipação política do oeste do Pará

Moro em Itaituba desde 20 de outubro de 1972, quando a cidade já vivia o auge do ouro, um movimento frenético de aventureiros do garimpo que produzia história de "bamburro" e de "blefo". Época em os servidores públicos só compravam à vista porque o comércio não lhes concedia crédito. Muito calor e poeira, com o trânsito de veiculos pelas ruas da cidade, formavam o composto necessário aos permanentes problemas respiratórios enfrentados pela população local.

Vilas como Jacareacanga, Trairão, Novo Progresso e Rurópolis não tinham nenhuma perspectiva de crescimento populacional, de desenvolvimento. Itaituba abrangia todo esse contexto territorial, aparecendo no Livro dos Recordes, como o maior município do mundo. Em termos de políticas públicas, de investimentos, Itaituba e região agonizava. Sofrimento maior era o dos moradores das vilas citadas anteriormente.

Aconteceu a emancipação política/administrativa e a realidade de Jacareacanga, Trairão, Novo Progresso e Rurópolis mudou bastante, mudou para melhor. Quem residia nessas localidades, naquela época, sabe disso. Na verdade, Itaituba, não conseguia distribuir proporcionalmente as migalhas de recursos financeiros disponibilizados. Por outro lado, considerando o fator eleitoral, investimentos aconteciam onde havia mais eleitores.

Também nessa época, salvo melhor juízo, nasceram os estados de Tocantins e Mato Grosso do Sul e nota-se, claramente, que as áreas ocupadas pelos mesmos experimentou rapidamente o progresso. 

Hoje, você percebe que o estado do Pará é muito grande territorialmente e isso é um empecilho enorme ao seu desenvolvimento de forma unificada. Dos impostos arrecadados no oeste paraense apenas uma pequena parcela retorna em forma de investimentos. Mais da metade da população está em Belém e no entorno, o grosso do eleitorado também. Então, nosso destino é ficarmos esquecidos do ponto de vista dos investimentos porque aqui não tem votos em número suficiente para atrair investimentos. Esse é o raciocínio lógico. 


Outro detalhe que chama a atenção é o fato de que para resolver uma questão na capital, com quase mil quilômetros em linha reta, fica difícil você se deslocar por conta do valor, que nem sempre está disponível e por conta dos dias que você ficará fora de sua cidade, principalmente se vocé é empregado de uma empresa privada ou servidor público.

Evidentemente, que a partir da criação do estado do Tapajós, vamos ter governador, senadores, deputados federais e estaduais. Vai aumentar o número de sanguessugas mas, esse é o preço.  É difícil mas é possivel que a população, mais politizada, adote critérios de eleição de seus governantes tendo em vista os interesses sociais.

Argumentos para ser a favor do SIM pelo estado Tapajós não faltam. É só uma questão de coerência!

Com a realização do plebiscito e consequente maioria de votos em favor da emancipação vamos melhorar um pouco, vamos ficar mais próximo dos governantes e poderemos exercer um maior poder de pressão. Mas não pense que será a solução para todos os males.

Não tenho dúvida: a emancipação do oeste paraense é mais do que um projeto político, é retirar as correntes, é apontar para um rumo novo, é tornar um povo independente e ao mesmo tempo mais irmãos dos parenses!

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