Viagem sela reaproximação
Folha, 20/03/2016
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, desembarcou na tarde deste domingo (20) em Cuba, para uma histórica visita que coroará areaproximação entre os dois países, anunciada em dezembro de 2014.
Mike Theiler/Reuters
Presidente dos EUA, Barack Obama, e primeira-dama,
Michelle, embarcam para viagem a Cuba
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Seu voo, que fez o percurso entre Washington e Havana em três horas, chegou aproximadamente às 16h20 (horário local, 17h20 de Brasília),
O último presidente norte-americano que visitou a ilha foi Calvin Coolidge, em 1928. No entanto, diferentemente do predecessor, que chegou em um navio de guerra, Obama investirá em uma imagem conciliadora. Ele estará acompanhado de mulher, filhas e sogra —além de uma comitiva de empresários e parlamentares.
Os horários da agenda do presidente americano não foram divulgados. No entanto, ainda neste domingo, a família Obama deverá fazer um passeio pela região histórica da capital cubana, Havana.
Na catedral da cidade, eles deverão ser recebidos pelo arcebispo Jaime Lucas Ortega y Alamino —religioso que, ao lado do papa Francisco, intermediou o diálogo entre autoridades americanas e cubanas visando a reconciliação diplomática.
Obama chega disposto a mostrar a face mais amistosa de seu país, acompanhado da mulher, das duas filhas e da sogra -além de uma grande comitiva de empresários e parlamentares.
DISCURSO HISTÓRICO
Na segunda (21), o principal evento marcado é uma reunião com o ditador Raúl Castro, com quem Obama deverá debater projetos de cooperação bilateral e assuntos regionais, como o processo de paz entre o governo da Colômbia e guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), mediado por Cuba.
Na terça, último dia da viagem, o presidente americano deverá fazer umdiscurso televisionado ao povo cubano a partir do Gran Teatro Alicia Alonso, antes de assistir a um jogo de beisebol entre a equipe americana Tampa Bay Rays e a seleção cubana. Logo depois, Obama e família embarcam para a Argentina, onde se encontrarão com o presidente Maurício Macri.
O discurso de terça, segundo seu assessor, Ben Rhodes, será um "momento muito importante da visita" e uma "oportunidade para Obama descrever o curso em que estamos, revisar a complicada história entre nossos países e falar da razão por trás dos passos que tomamos", assim como para "olhar para o futuro, projetar sua visão de como os Estados Unidos e Cuba podem trabalhar juntos".
"Vemos esse discurso como um momento único na história entre os dois países", disse Rhodes à imprensa. "Será a primeira visita de um presidente americano a Cuba em quase 90 anos, e certamente o primeiro discurso de um presidente americano em solo cubano em quase 90 anos."
Ainda segundo Rhodes, é provável que as autoridades cubanas transmitam o discurso de Obama pela TV, assim como fizeram em dezembro, quando houve um pronunciamento do presidente americano sobre a reaproximação entre os dois países.
PARLAMENTARES
Um pequeno grupo de legisladores do Partido Republicano participa da histórica viagem, sublinhando as crescentes divisões no partido sobre o futuro do embargo comercial dos Estados Unidos contra a ilha.
Pelo menos cinco republicanos, todos conhecidos por apoiarem relações comerciais normais com Cuba, fazem parte da visita, segundo fontes do Congresso e legisladores ouvidos pela agência Reuters.
Líderes republicanos no Congresso têm sido contrários à flexibilização do embargo contra Cuba proposta pelo presidente Barack Obama, mas um número crescente de membros do partido, atraído pelos benefícios econômicos que poderá trazer o fim do embargo, está se alinhando em apoio à Casa Branca.
"Esta é a política certa. Ele fez a coisa certa", disse o senador republicano Jeff Flake, que propõe laços mais estreitos entre os EUA e Cuba e estará na viagem.
Além de Flake, os deputados republicanos Mark Sanford, Tom Emmer e Reid Ribble e o senador Mark Heller também participarão da visita de Obama.
O apoio desses republicanos vai contra a corrente do pensamento do partido, que procura evitar dar a Obama qualquer tipo de vitória política, no país ou no exterior. E normalizar as relações com Cuba seria um legado significativo de Obama em política externa.
Muitos republicanos, porém, veem o embargo como contrário aos princípios de liberdade econômica do partido e acreditam que não cabe ao governo dizer para que lugares os cidadãos podem viajar.
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