terça-feira, 1 de março de 2016

Ajuda a dormir e o desnatado não é o melhor: vamos falar de leite?

Do UOL, 25/02/2016

Está no nome da classe animal: bebês mamíferos possuem a característica comum de tomarem leite. Uma espécie de mamífero -- nós, seres humanos -- inovou ao continuar tomando leite após a primeira infância.

Existem evidências de ordenha de vaca para obtenção de leite datadas de 9.000 anos antes de Cristo. Há quem diga que outros animais só não fazem o mesmo pelo fato do leite ser escasso na natureza e, claro, por não terem domesticado outros animais e desenvolvido técnicas de conservação e eliminação de bactérias -- a pasteurização. O que não significa que não apreciariam -- experimente oferecer leite para um gato, por exemplo.


Mas o que ele tem de tão rico? Cerca de 87% do leite é composto por... água! Contudo, os outros 13% são nutrientes importantes para nosso organismo, como proteínas, sais minerais, vitaminas e gordura.

Dentre esses nutrientes, o cálcio é um dos principais. Isso porque não é tão fácil encontrar fontes ricas desse mineral, necessário em nosso organismo para a composição dos nossos ossos e para funções como contração muscular e coagulação.

Por esse motivo, além de ser fundamental nos primeiros anos de vida -- adquirido primordialmente pela amamentação materna -- é indicado para todas as idades, na forma de leite de animais como a vaca. 

"E quando falamos leite, falamos laticínios em geral", diz Carlos Alberto Nogueira de Almeida, diretor da área pediátrica da Abran. "Queijos, iogurtes, todos são fontes dos nutrientes que o leite possui". O leite de cabra é semelhante ao de vaca em termos nutritivos. "Mas é mais pobre em ácido fólico [vitamina B9], cuja carência pode causar anemia", diz o médico nutrólogo. 

Mas, apesar de rico e nobre, a ingestão de leite ao longo da vida é algo problemático para muita gente. Estima-se que cerca de dois terços da população mundial sentem desconforto ao tomar leite devido à intolerância ao açúcar presente na bebida -- a lactose --, segundo Adriane Antunes de Moraes, professora do curso de Nutrição da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp. Além disso, há quem tenha alergia à proteína do leite, problema mais raro, no entanto, bem mais grave.

E há quem associe o leite a outros males. "A exploração industrial do leite exige que as vacas fiquem prenhas. A cria da vaca, o bezerro, acaba sendo um subproduto dessa produção, o que provoca sofrimento em animais", diz Eric Slywitch, médico nutrólogo e diretor do departamento de nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira. O leite também pode ter alta concentração de agrotóxicos quando a criação de animais que o fornece ocorre onde há uso desses produtos. Muitos agrotóxicos são lipossolúveis -- se associam à gordura do leite.

Para algum alívio dos apreciadores, poderíamos arriscar dizer que a problemática termina por aí. Segundo os especialistas consultados pelo UOL, associar o leite a outros tipos de alergia ou dizer, por exemplo, que ele bloqueia a glândula pineal, que fica no cérebro, não passam de exageros.

Não é necessário temer o leite nem e os mitos ligados a ele. O leite desnatado, por exemplo. De fato, tem menos gordura, mas não é o mais recomendado para todas as pessoas. Se você não quer perder peso e nem tem colesterol alto, não precisa radicalizar: que tal o caminho do meio, o do leite semidesnatado?

Uma última dica: a digestão do leite libera calmantes naturais. Um copo antes de deitar ajuda a pegar no sono!

Fonte: Uol,25/02/2016





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