Aleitamento fortalece imunidade e afeto nas horas mais difíceis
Hoje é comemorado o Dia Mundial da Amamentação, que reafirma a necessidade do aleitamento materno para criar uma relação mais próxima entre mãe e bebê, fundamental à saúde física e psiquíca dos dois. Base de pesquisa para diversos estudos científicos de todo o mundo, o leite materno é fundamental na prevenção de alergias e problemas de saúde durante o desenvolvimento da criança. “Por conter células de defesa materna, ele protege o bebê da maioria das doenças”, explica o pediatra e nutrólogo Marcelo Maranhão. Até os seis meses de vida do bebê, o leite materno é o responsável por suprir as necessidades alimentares da criança e só depois desta idade é preciso inserir outros alimentos, afirma o pediatra. “No início o bebê pode rejeitar as ofertas porque tudo é novidade (a colher, o sabor e a consistência do alimento). Mesmo recebendo outros alimentos, a criança deve mamar até os dois anos ou mais, pois o leite materno continua alimentando e protegendo contra doenças”.
O cuidado com a alimentação do bebê é fundamental para que a criança tenha pleno desenvolvimento, cresça de forma saudável e esteja menos suscetível a adquirir doenças. O leite materno possui benefícios a curto e longo prazo, sobretudo para os prematuros, já que eles precisam ainda mais de nutrientes específicos para o seu desenvolvimento, como proteínas, cálcio, fósforo, magnésio e lactose, que também estão envolvidos na formação do sistema motor.
A jornalista Rayssa Medeiros, mãe de Clara, de 1 ano e 4 meses, conta que esse momento é fundamental para o seu relacionamento com a filha. “É muito intenso, muito único. A gente se sente a pessoa mais importante do mundo, como se tivesse super poderes”, explica ela, ao ponderar que no início não foi tão fácil. “Sei que a maioria das mulheres acabam desistindo por não se adaptarem, pelo cansaço e até por problemas mais sérios, como rachaduras nos seios e mastites. Mas isso acontece pela falta de apoio e de informação, fundamentais nesse período”, afirma.
DOAÇÃO
Somente no ano passado, mais de quatro mil litros de leite materno foram recolhidos no Banco de Leite Humano da Santa Casa de Misericórdia. Ao todo, 274 mulheres estão cadastradas como doadoras, mas este número não é o suficiente para atender os bebês internados. Para conscientizar as mães sobre a importância de amamentar e doar o leite excedente, a instituição fará uma programação na Semana Mundial de Aleitamento Materno, com o tema “Amamentação: uma vitória para toda a vida”.
O evento começa na segunda-feira, 4, e vai até quinta, mobilizando representantes dos governos municipal e estadual, sindicatos, servidores da Santa Casa, doadoras e usuários da maternidade. “Teremos palestras, dinâmicas com terapeutas ocupacionais e oficina de fantoches. A ideia é desestressar as mães e esclarecer as dúvidas acerca da amamentação, desmistificando muito do que é pregado sobre o assunto”, explicou a coordenadora do Banco, Cynara Souza. A abertura terá uma palestra sobre sensibilização dos 10 passos para o aleitamento materno, que incluem medidas como iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto; incentivar a amamentação sob livre demanda, guiada pelo bebê e não oferecer bicos artificiais ou chupetas para as crianças amamentadas.
“Também vamos orientar as mães a não desmamarem precocemente. Acima de tudo, queremos provocar a discussão sobre o tema em diversos ambientes: entre os familiares, amigos e profissionais”, ressaltou. Ela destacou ainda que incentivar o aleitamento materno colabora diretamente para alcançar os oito objetivos do milênio, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). As metas são acabar com a fome, ter educação básica de qualidade, valorização das mulheres, redução da mortalidade infantil, melhorar a saúde da gestante, combater a malária e outras doenças, promover a qualidade de vida e respeito ao meio ambiente, além de trabalhar pelo desenvolvimento da sociedade. “É importante que as pessoas tenham em mente que o leite tem fatores antiinfecciosos, fortalece o crescimento da criança e o convívio familiar”, reforçou.
A Semana também será uma oportunidade de apresentar propostas ao governo, entre elas a reestruturação de comitês de aleitamento e a implantação de postos de coleta. Apesar de Belém ter sido apontada como a capital que mais amamenta, segundo pesquisa do Ministério da Saúde, em 2009, Cynara se preocupa com os estoques baixos. “A coleta externa tem diminuido e supre entre 65% e 70% das nossas necessidades. Precisamos vencer as barreiras da desinformação e da falta de apoio, investindo em mudanças de atitude. Isto tem que ser feito no pré-natal, mas também precisamos formar multiplicadores dessa iniciativa”, completou.
No próximo domingo, a terceira edição da Hora do Mamaço será realizada em Belém. Às 9h, a Praça da República receberá dezenas de mamães que amamentarão seus filhos para conscientizar outras pessoas sobre o tema. O evento é promovido pela Comunidade Aleitamento Materno Solidário (AMS Brasil) e contará com a presença do psicólogo do Instituto Rodaviva, Alexandre Coimbra Amaral. O movimento nacional também tem como objetivo conseguir a aprovação da lei que permite a amamentação em qualquer lugar. “Nosso alvo é conseguir que o projeto ‘Lei de Proteção à Mãe que Amamenta: em qualquer hora em qualquer lugar’ alcance a marca das 100 mil assinaturas para levarmos ao Congresso Nacional”, enfatizou Simone de Carvalho, fundadora da AMS.
Fonte: OrmNwes, 01/08/14
Nenhum comentário:
Postar um comentário