Artigo de Mauricio Puls em Brasil Notícias, 02/08/14
O aspecto mais notável do presente cenário eleitoral no a debilidade da presidente nas pesquisas, e sim a da oposição. Seria razoável esperar que, numa conjuntura difícil, seus adversários estivessem numa situação mais favorável.
Na última pesquisa Datafolha, os candidatos do PSDB, PSB e PSC tinham 31% das intenções de voto. pouco. Nesta etapa da campanha, três opositores reuniam 48% das intenções de voto em 2010, 39% em 2006, 39% em 1998, 46% em 1994. Em todas essas eleies, a oposição estava melhor nesta altura da disputa. Em todas o Planalto venceu.
Em que ocasiões o governo perdeu? Em 1989, quando três antagonistas somavam 62% das intenes de voto; e em 2002, quando possuam 72%.
A oposição nunca teve um desempenho to ruim como agora, apesar das condições adversas a Dilma: três quartos dos eleitores desejam mudanças, mas a maioria no se anima com os nomes disponíveis.
Em sua obra "O Antigo Regime e a Revolução", Tocqueville ensina que "no indo sempre de mal a pior que se cai numa revolução": a população suporta pacientemente todos os infortúnios quando no enxerga uma sada para super-los. Para que sobrevenha uma mudança, acrescenta Jean Jaurés, preciso que as classes majoritárias sintam um terrível mal-estar, mas preciso também que elas "tenham um princípio de fora e, por conseguinte, de esperança".
Que esperança ofereciam os oposicionistas vitoriosos? Em 1989, com uma inflação de 1.973% ao ano, venceu a alternativa de direita: o caçador de marajás prometia reduzir o papel do Estado na economia para conter os preços. Em 2002, com um desemprego de 10% ao ano, venceu a alternativa de esquerda: o líder operário prometia ampliar o papel do Estado na economia para criar 10 milhões de empregos. O que propõe a oposição em 2014?
Acena aos empresários com a retomada da política econômica de FHC para reduzir uma inflação de 6,5% ao ano. Mas essa promessa s ter êxito se houver uma recesso no meio do caminho. Por isso, quando se dirigem s massas, os candidatos no propõem nada.
Sem esperança, o eleitor que abandonou Dilma após os protestos de junho segue indeciso. Em maro de 2013 a petista reunia 58% das intenções –hoje tem 36%. Em maro de 2013, Aécio, Campos e Marina somavam 32%; agora os três, com o reforço do Pastor Everaldo, têm 31%. Dilma perdeu 31 milhões de votos; a oposição no ganhou nenhum.
Mas crê que herdará os desiludidos, porque estes no têm opções. Não bem assim. FHC foi reeleito em 1998 com o país crescendo 0,04% ao ano, pagando juros de 49,75% e beira do colapso cambial porque a população temia que uma mudança piorasse ainda mais as coisas. O eleitor prefere o conhecido ao desconhecido: mudar, só em último caso.
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