domingo, 21 de fevereiro de 2021

Paulo Guedes está sendo "fritado"?

Miriam Leitão diz que Bolsonaro deu golpe na Petrobrás e que Guedes virou fantasma no governo, enquanto Salim Mattar diz que sonho liberal acabou, que Paulo Guedes foi vencido e que Bolsonaro é truculento

Brasil 247, 21/02/2021, 08:17 h Atualizado em 21/02/2021, 08:17
   Miriam Leitão detona comunicação de Paulo Guedes. (Foto: Divulgação)

A jornalista Miriam Leitão, que fez campanha pelo golpe de 2016, que teve como finalidade principal transferir a renda do pré-sal da sociedade brasileira para acionistas privados da Petrobrás, hoje diz em sua coluna que Jair Bolsonaro e os militares deram um golpe na estatal. "A Petrobras está sob intervenção de militares. O presidente da empresa e do conselho são um general e um almirante, o ministro da área, um almirante. A empresa perdeu R$ 50 bilhões de valor, no pregão de sexta-feira e no after market, e a governança foi violentada. Jair Bolsonaro alimentou a especulação, anunciou a mudança pelo Facebook e o fato relevante veio só depois. O general Joaquim Silva Luna foi um dos redatores da nota de ameaça ao Supremo em 2018. O ministro da Economia, Paulo Guedes, virou um fantasma dentro do governo", diz ela.

"Acionistas podem entrar na Justiça porque tiveram prejuízo por ato temerário do acionista controlador. Várias regras das empresas de capital aberto e do estatuto da Petrobras foram feridas por Bolsonaro. O golpe foi executado em detalhes. Ao anunciar que indicava Silva Luna também para ser um dos membros do Conselho de Administração, o governo convocou uma Assembleia Geral Extraordinária. A Lei das S/A de 2001, artigo 141, parágrafo terceiro, diz que sempre que houver a destituição de um membro do conselho todos os outros estão destituídos. Assim, o governo preparou o bote. Se houvesse resistência ao nome do general Luna, entre os seus representantes no Conselho de Administração, todos os nomes restantes seriam trocados. À noite, o governo informou que os reconduzia. Contudo, ficou sobre eles a espada", afirma.

"A governança da Petrobras foi atacada por Bolsonaro para impor o controle de preços. Nem isso contentará os caminhoneiros. Bolsonaro é inimigo do liberalismo econômico e derrubou o valor da ação da Petrobras. Mas isso se recupera no futuro. O bem mais caro que Bolsonaro ameaça é a democracia. O país sabe o alto preço que pagou por ela", diz ainda Miriam Leitão.

O empresário Salim Mattar, responsável pelas privatizações do governo está desapontado

      (Foto: ABr)

O empresário Salim Mattar, dono da Localiza, locadora de veículos que conta com uma série de incentivos fiscais, e que foi para o governo de Jair Bolsonaro para tentar desmontar o estado brasileiro, na secretaria de privatizações, expôs seu lamento com o fim do sonho liberal, em entrevista à jornalista Cleide Silva, publicada no jornal Estado de S. Paulo. "O ministro Guedes é resiliente, obstinado e determinado, mas não percebeu que foi vencido. Por exemplo, há quanto tempo a história da Eletrobrás está no Congresso e não consegue autorização? Tem a Casa da Moeda, que eu tentei privatizar e o Congresso disse não por considerá-la estratégica. Mas ela é uma gráfica. O pior é que daqui três ou quatro anos vamos vender as máquinas de fazer notas e moedas a quilo em ferro velho porque não vai ter mais valor. Essas pessoas que falam que é estratégico são cegas e não conseguem entender que moeda e papel moeda vão desaparecer em pouco tempo. A China, desde maio do ano passado, só paga os servidores em moeda digital, princípio que outros países vão adotar", disse ele.

Salim Mattar também criticou a demissão de Roberto Castello Branco, o presidente entreguista da Petrobrás, que vinha privatizando a empresa aos pedaços. "Primeiro acho que faltou elegância, respeito e consideração pela forma como foi demitido. Isso demonstra uma certa truculência do governo. O histórico da Petrobrás é que os presidentes têm sido substituídos a cada dois anos. Como pode uma empresa dar certo trocando o presidente a cada dois anos? Quero lembrar que há alguns anos saiu o Pedro Parente por problemas parecidos - combustível, greve de caminhoneiro. Repare que os interesses políticos sobre as empresas continuam acentuados. Governos, por favor fechem o capital da Petrobrás e façam o que quiserem, mas respeitem as regras."

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