por : Kiko Nogueira
De acordo com a Folha, Lula teria autorizado amigos em comum a procurar Fernando Henrique para uma conversa sobre “a crise política”. O objetivo seria “conter as pressões pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff”.
Diz o jornal: “Lula teria aceitado uma conversa por telefone, mas o tucano preferiu deixar um eventual encontro para depois das férias, em agosto – FHC está na Europa.”
O Instituto Lula divulgou uma nota desmentindo a história. FHC, por sua vez, avisou que o sucessor “tem meus telefones e não precisa de intermediários. Se desejar discutir objetivamente temas como a reforma política, sabe que estou disposto a contribuir democraticamente”.
Não existe confirmação alguma da suposta aproximação. Tudo não passa, tecnicamente, de um boato. Quem se beneficia dele? Cui bono?
Não levou muito tempo até o próprio Fernando Henrique e os suspeitos de sempre se aproveitarem de uma total e absoluta especulação para traçar análises e sambar.
Ricardo Noblat — o mesmo que publicou como “furo” uma pegadinha de WhatsApp sobre o dia de fúria em que Dilma atacou uma camareira com cabides — consultou suas “fontes”.
Segundo Noblat, “sabe qual o interesse manifestado por Fernando Henrique Cardoso quanto a um encontro com Lula e Dilma? Nenhum. Vingança é um prato que se come frio”.
Para Eliane Cantanhêde, “Lula e o PT foram implacáveis e duríssimos contra tudo e contra todos, como esperam que tudo e todos sejam condescendentes com eles agora?”
Eliane conta que falou com um “grão tucano” (ah, esses clichês), que lhe lembrou “que até o PMDB está desembarcando e resume tudo de forma cruel. ‘Fernando Henrique só poderia encontrar Lula com uma única intenção: sugerir a renúncia de Dilma.’”
No sábado, enfim, FHC deu um recado em sua conta no Facebook: “O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com o povo. Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo”.
Quando você acha que Fernando Henrique não pode ficar pior, surge esse tipo de maluquice: se alguém do governo federal ou do PT procurá-lo, ele não estará disponível. Essa administração está perdida e não deve ser poupada.
Há certamente alguns nutrientes nesse tipo de fofoca política, mas no geral ela vem com um monte de calorias vazias: anedotas com segundas intenções; informações de proveniência duvidosa e com baixa confiabilidade; uma repercussão sem sentido.
Milhares de linhas inúteis foram escritas sobre um encontro que não houve, não acontecerá tão cedo e que não se sabe sequer se foi aventado por qualquer das partes.
Fonte: Diário do Centro do Mundo, 26/07/15
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