É o que ele disse numa entrevista concedida a Revista Visão Social, edição de 01/05/14. Veja esse trecho:
Visão Social – O senhor se considerava o maior
dos ateus. Por que a mudança tão radical de opinião, tendo inclusive
publicado a conhecida coleção “Análise da Inteligência de Cristo” que é
sucesso no mundo inteiro ?
Augusto Cury – No livro que vou publicar agora, que se chama
“O Segredo do Pai Nosso”, cujo subtítulo é “A solidão de Deus”, eu discuto
as idéias dos grande ateus, de Marx, de Diderot, de Freud, de Nietsche, de
Schopenhauer e alguns outros, e também discuto por que eu, que fui um dos
maiores ateus que já pisou nessa terra, mudei meu pensamento. Os leitores
vão poder conhecer mais profundamente meu pensamento a esse respeito. Mas
vou antecipar aqui, nesta belíssima revista, alguns dados.
Em primeiro lugar, eu achava que no princípio
era o nada e o nada fez todas as coisas. Mas aí, depois de muito refletir,
de muito analisar filosoficamente, de muito pesquisar, percebi ser
impossível o nada ser criativo porque o nada jamais vai ser despertado do
seu sono da irrealidade para viver o pesadelo da realidade. Porque o nada é
eternamente estéril, o vácuo existencial nunca vai sair da sua condição
inextinguível de vazio para gerar o mundo existente. Somente a existência
pode gerar a existência. Em qualquer teoria que se use, seja a teoria da
Evolução, a teoria do Big-Bang, para a construção do mundo, qualquer teoria
biológica, qualquer teoria psicológica, em algum ponto você tem que deduzir
a idéia de Deus ou qualquer concepção que se dê a ele, pois do contrário
caímos no estágio do nada, o que indica que nós somos o delírio, que a
humanidade não existe, o universo não existe, a vida não existe, nada
existe, que somos uma fantasia eternamente não concreta. E isso é
impossível.
Segunda hipótese do meu pensamento: eu estudei
os grandes pensadores, pelo menos o perfil psicológico de alguns
importantes como Einstein, Hegel, Kant, Agostinho. Como esses homens saíram
do cárcere da rotina e brilharam no mundo das idéias ? O que fez com que
eles rompessem o rol dos comuns e expandissem o leque da inteligência para
enxergar o que ninguém enxergou ? E fui até Jesus, analisei sua
personalidade sob a crítica da psicologia e da filosofia. Estudei sua
biografia nas suas quatro versões – os quatro Evangelhos – e fiquei
fascinado com este homem. Percebi que Jesus não cabe no imaginário humano.
Como é que pode, no ato em que ele foi traído por Judas, olhar para Judas e
ao invés de agir com agressividade, raiva ou medo, ele abriu o leque da
inteligência e com altruísmo sem precedente falar “Amigo, para que vieste?”.
Nunca na história uma pessoa traída concedeu um ato de dignidade ao seu
traidor. Cristo deu a Judas, até o último minuto, a oportunidade preciosa
para reciclar vida dele. Ele não tinha medo de ser traído, mas de perder um
amigo e estava tentando cuidar do sentimento de culpa para que Judas não se
suicidasse.
E quando Pedro negou Cristo pela terceira vez,
e ele estava totalmente ferido e mutilado, Cristo voltou-se para Pedro, que
estava a dezenas de metros, Pedro voltou-se para ele, os olhares se
cruzaram – foram os olhares mais lindos da literatura mundial – e, sem
conseguir dizer palavras, os olhos de Jesus Cristo gritaram: “Eu te
compreendo”. Nunca alguém falou tanto com o olhar, nunca alguém foi tão
generoso quando o mundo desabava sobre ele. Então, ao estudar o que os
teólogos não estudaram nesses 2 mil anos de história, ao estudar os
fundamentos da psicologia de Cristo querendo provar que ele era alguém de
menor valor, sem grande inteligência, produzido por alguns heróis da
Galiléia, fiquei impressionado ao perceber que esse homem não cabe no
imaginário humano, que Jesus Cristo realmente andou e respirou nesta terra,
porque nenhum ser humano, por maior criatividade que tivesse, conseguiria
produzir um personagem como ele foi. Por isso que hoje eu sou um ser humano
sem fronteira, acredito em Deus, me encanto com ele e meus livros são lidos
por milhões de pessoas de todas as religiões indistintamente. Aprendi com
ele a ser um ser humano sem fronteira porque dezenas de vezes ele dizia que
era filho do homem, que era um ser humano sem fronteira, que era apaixonado
pela humanidade independente de raça, cor, tamanho, sexo e assim por
diante.
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