sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Ministro da "Educassão" é contra a palavra "Educação"

A culpa é do "mindset" errado...

Conversa Afiada, 27/09/2019
Ministro Abraham Weintraub discursa em frente a um painel vermelho-petralha (Créditos: Shismênia Oliveira/MEC)

O ministro da Educação (ou seria "Educassão"?) do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, participou de um evento promovido pelo SEMESP, o sindicato das universidades privadas de São Paulo, na manhã de ontem (26/IX).

Logo de cara, o ministro criticou os organizadores do encontro e disse que o Governo Federal não irá prestar qualquer auxílio aos institutos particulares de ensino superior frente à crise no FIES: "o que o governo vai fazer por vocês? Nada. Vocês têm que se virar".

Segundo o Censo da Educação Superior de 2018, o Brasil possui mais de 9,2 milhões de estudantes em universidades particulares.

O evento do SEMESP tinha como mote "mudança de 'mindset': uma nova forma de pensar a educação".

Mindset... 

Trata-se de um anglicismo para "mentalidades", "conjunto de atitudes", "acúmulo de pensamentos positivos".

O ministro Weintraub encasquetou com o termo.

"Temos lá no nosso 'mindset' um monte de ideias erradas. A começar por essa aqui, ó: educação", disse ele, apontado para o tema do encontro.

Para o ministro da Educação, a palavra "educação" é um problema: "quem educa é a família. A gente ensina. Ensina a ler, ensina um ofício" disse.

Segundo o UOL, o ministro também disse que o uso do termo "educação" é fruto de "ideologização" promovida pelo PT.

Educação é coisa de petista... Quá, quá, quá!

Weintraub criticou também a cenografia: o palco do evento era formado por um grande mural de telas vermelhas. "Podia mudar a cor daqui, verde e amarelo é bonito", afirmou o ministro.

Ao final do encontro, Weintraub falou com jornalistas. Mas ameaçou imitar o ministro Moro e o chefe Jair Bolsonaro e abandonar a coletiva caso alguma pergunta lhe desagradasse: "fez pergunta errada, eu vou embora, tá bom?"

Indagado sobre o que seria uma "pergunta errada", ele respondeu: "quem fizer uma pergunta maldosa, eu vou embora!"

Em tempo: apesar de criticar o cenário vermelho, o ministro participou do evento usando uma gravata... Vermelha!

Ministro Weintraub e sua gravata ideológica (Créditos: Rovena Rosa/Agência Brasil)

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Garzón, juiz que prendeu Pinochet: Lula é inocente e Justiça deve fugir das amarras midiáticas!

Está em jogo a credibilidade do Estado de Direito!

 Conversa Afiada, 26/09/2019
Tarso Genro (E) e Garzón: se o Estado de Direito fracassa, abre-se o abismo! (Crédito: Ricardo Stuckert)


“Baltasar é o juiz que em uma tarde de outubro de 1988 determinou a prisão em Londres do sanguinário ditador chileno Augusto Pinochet.” Assim foi apresentado o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, pelo ex-ministro dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi. Eles estiveram, ao lado do ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tarde de hoje (26), em Curitiba. Lula está preso na capital paranaense desde o dia 7 de abril do ano passado.

Após a visita, o grupo se reuniu aos ativistas da Vigília Lula Livre para uma breve conversa. Baltasar, como jurista renomado, fez uma análise do processo que condenou Lula, no âmbito da Operação Lava Jato. “Não há provas diretas nem indiretas contra Lula. Apelo ao Judiciário brasileiro que estudem em profundidade, que pensem sem amarras midiáticas, jurídicas e econômicas. O que está em jogo é a credibilidade do Estado de direito. Se fracassa, está aberto o abismo”, avaliou.

Ao revelar sua convicção na inocência de Lula, o ex-juiz fez a previsão de que Lula deve deixar a prisão o quanto antes. “Confirmamos e estamos convencidos que o processo que corre contra Lula é injusto. Creio e afirmo que antes isso vai ficar evidenciado”, disse. “É grave o que digo sendo juiz. Mas estou absolutamente convencido. Estamos na plataforma de apoio a Lula. Lula livre, lawfare e vamos seguir denunciando essa situação. Faremos tudo o possível para que se prove o que já sabemos, que é a inocência de Lula.”, completou.

Para Vannuchi, o engajamento de um jurista tão relevante evidencia, ainda mais, o caráter político da prisão de Lula. “A força de Baltasar em todo ambiente jurídico do mundo é muito importante. Ele transmitiu a convicção da consciência jurídica honesta de que Lula é alvo de uma perseguição para impedi-lo de ser presidente”, disse.
Preocupação de Lula

Pessoalmente, Lula está mais receoso com a conjuntura política do que com seu próprio processo, de acordo com Genro. “Menos preocupado com sua situação e mais preocupado com a destruição do Brasil. Destruição da educação, da soberania nacional, das instituições políticas e jurídicas do Estado por um governo que não respeita pluralidade, diversidade, os excluídos, os trabalhadores e o destino nacional generoso que sempre esteve nas metas de Lula.”

O ex-governador lembrou do escândalo da Vaza Jato, que evidenciou uma articulação ideológica e promíscua no Judiciário para privilegiar o grupo político que chegou no poder com Jair Bolsonaro (PSL). “Foi uma conspiração política com objetivo de aparelhar o Estado pela extrema-direita. Em segundo lugar, impedir Lula de ser presidente. Essa conspiração está provada pelas publicações do The Intercept Brasil.”

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Tucano Aloysio: Lava Jato manipulou o impeachment e as eleições!

Moro vendeu "peixe podre" para o Supremo!

Conversa Afiada, 27/09/2019

Aloysio Nunes, ex-senador tucano e ministro das Relações Exteriores do governo Temer, já foi conhecido como Aloysio 300 mil.

E também Aloysio 500 mil...

De acordo com novo capítulo da Vaza Jato do Intercept Brasil, divulgado no sábado 21/IX, Aloysio era uma figura central no pagamento de propinas para campanhas eleitorais do PSDB - inclusive a de José Serra, candidato à Presidência em 2010.

A informação foi obtida através de mensagens compartilhadas pelos procuradores da Operação Lava Jato no aplicativo Telegram.

Em entrevista a José Marques e Felipe Bächtold, publicada hoje (27/IX) na Fel-lha, o ex-senador Aloysio atacou a força-tarefa de Curitiba: disse que a Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro - hoje ministro da Justissa do governo Bolsonaro - realizaram uma "manipulação política do impeachment" da presidenta Dilma Rousseff.

O tucano comentou o "viés político" da Operação: "quando você fala na divulgação do diálogo de Lula com a Dilma, evidentemente você tem uma manipulação política do impeachment. Quando você tem a divulgação da delação de Palocci nas vésperas da eleição presidencial, você tem uma manipulação política da eleição presidencial. Isso feito de caso pensado, como os diálogos revelaram."

Ele continua:

"O Supremo Tribunal Federal acabou por barrar a posse do Lula com base em uma divulgação parcial de diálogo, feita por eles, Moro e seus subordinados, do Ministério Público. Eles manipularam o impeachment, venderam peixe podre para o Supremo Tribunal Federal. Isso é muito grave."

Em seguida, Aloysio deixa claro que compartilha da opinião do ex-presidente Temer, revelada em entrevista ao Roda Morta da TV Cultura, de que Lula seria capaz de reverter o impedimento da presidenta Dilma, se tivesse assumido o ministério da Casa Civil em 2016:

"Eles manipularam o impeachment ao barrar a posse do Lula. Se Lula tivesse ido para a Casa Civil, não seria capaz de recompor a base política do governo? Lula, que dizem que foi um governo socialista, governou com a direita. Teria rapidamente condições de segurar a base política."

O PSDB de Aloysio Nunes foi um dos principais articuladores do Golpe contra a presidenta Dilma - o Golpe dos canalhas, canalhas e canalhas.

Será que, em algum momento, Aloysio Nunes se tornará sincero como Michel Temer e irá chamar o Golpe de Golpe?

Ou será que, indagado sobre o caso, irá mandar blogueiro à PQP, como fez em 2014?

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terça-feira, 24 de setembro de 2019

Banco do Brasil começa privatização disfarçada com parceria com o suíço UBS

“A intenção é que UBS seja acionista majoritário da parceria que seria estabelecida pela contribuição de ativos do BB e do UBS, de acordo com os termos e condições definitivos...ainda em discussão”, afirmou o BB em comunicado ao mercado

24 de setembro de 2019, 03:56 h
Agência do Banco do Brasil (Foto: Reuters)

SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil confirmou nesta segunda-feira assinatura de memorando de entendimento com o suíço UBS para formação de uma parceria das instituições na área de banco de investimento e corretora de valores no Brasil e outros países da América do Sul.

“A intenção é que UBS seja acionista majoritário da parceria que seria estabelecida pela contribuição de ativos do BB e do UBS, de acordo com os termos e condições definitivos...ainda em discussão”, afirmou o BB em comunicado ao mercado.

A Reuters publicou no início do mês que BB e UBS estavam em negociações avançadas para formar uma joint-venture em banco de investimento, na qual o banco suíço seria majoritário para evitar problemas operacionais comuns em empresas estatais.

Segundo o BB, a parceria vai focar em serviços de banco de investimentos no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. A aliança teria acesso à base de relacionamento do BB no Brasil e às estruturas globais de execução e distribuição do UBS.

O banco estatal não deu mais informações sobre o acordo como detalhes financeiros ou prazos previstos para início da operação conjunta após a aprovação do acordo por autoridades regulatórias.

No início de setembro, as fontes afirmaram à Reuters que não se espera que haja pagamento no negócio.

Para o UBS, a vantagem de um acordo com o BB seria contar com a possibilidade de empréstimos da instituição em determinadas transações de banco de investimento, como financiamentos a aquisições. Neste caso, os créditos ficariam no balanço do Banco do Brasil e não no da joint venture, segundo uma das fontes.

A joint venture no Brasil é um projeto aprovado pela executiva Ros Stephenson, que acabou de assumir o cargo de co-chefe de banco de investimento global do UBS com Javier Oficialdegui, numa reestruturação global do banco suíço, segundo uma das fontes.

O UBS tem ficado atrás de seus concorrentes americanos nos rankings de assessoria a fusões e aquisições e ofertas de ações no Brasil.

Segundo dados da Refinitiv, o UBS está em vigésimo primeiro lugar na assessoria a fusões e aquisições e em nono lugar na emissão de ações, neste ano até o início de setembro. O BB, não muito ativo em assessoria a fusões, está em décimo lugar no ranking.

Não é a primeira vez que o UBS tenta aumentar sua presença no mercado brasileiro. Em 2006, o grupo suíço comprou o controle do banco de investimentos brasileiro Pactual de seus sócios por 2,5 bilhões de dólares. Três anos depois, o banqueiro André Esteves comprou de volta o controle do banco com seus sócios por um preço similar, e mudou seu nome para BTG Pactual, hoje o maior banco de investimento independente da América Latina.

Frota promete entregar “vasto material” na CPI das Fake News contra Bolsonaro

O deputado foi à tribuna anunciar que está preparando documento para entregar para a CPI, com o objetivo de desmontar as milícias virtuais do bolsonarismo

24 de setembro de 2019, 19:44 h
(Foto: Câmara dos Deputados)

Revista Fórum - O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), expulso do PSL por criticar o presidente Jair Bolsonaro, declarou no plenário da Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira (24) que irá entregar à CPI das Fake News uma espécie de dossiê sobre as milícias virtuais comandadas pelo Palácio do Planalto.

“Estou aqui para dizer que se for convocado para a CPI das Fake News, eu já estou preparando um vasto material para que a gente possa sair dessa CPI extremamente vitorioso”, declarou o tucano no plenário.



Se eu for convocado para a CPI das FAKE NEWS, irei com um belo material! Já passou da hora de acabar com essas milícias virtuais.

Pra pensar um pouco!

BOLSONARO ESPERA UMA HORA PARA SE ENCONTRAR COM TRUMP POR
17 SEGUNDOS
EUA acima de tudo!

Bolsonaro espera uma hora para se encontrar com Trump por <BR>17 segundos

Em palco global, Bolsonaro rebaixou o Brasil a uma República de Bananas

Kennedy: discurso recheado de mentiras vai afetar até os negócios

Conversa Afiada, 24/09/2019
(Arte: Escreva Lola Escreva)


Ao discursar hoje na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro diminuiu o tamanho e a importância do Brasil perante o planeta. Sua fala desastrosa e recheada de mentiras afastará investimentos e negócios do país.

Bolsonaro pensou pequeno e apequenou o Brasil. Usou um palco global como se estivesse num comício eleitoral, falando para os cerca de 30% de brasileiros que aprovam sua administração. Ele não falou como representante de uma nação, mas como candidato.

Bolsonaro rebaixou o país a uma república de bananas. Discursou em tom agressivo, lembrando um ditador latino-americano dos anos 60, da época da Guerra Fria. Atacou países aliados e que têm empresas no Brasil, como a França e a Alemanha.

Ora, o presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, são fundamentais para tirar do papel o acordo entre a União Europeia e o Mercosul. É um equívoco geopolítico criticar países com os quais deveria construir pontes.

Mentiu sobre o que acontece na Amazônia. Voltou a dar corda a uma teoria conspiratória de ameaça à soberania brasileira. Seu discurso oficializou a guinada de uma política externa que foge à tradição do Itamaraty e que se aliou à extrema-direita populista mundial.

O presidente defendeu a ditadura de 64, agredindo democratas de todo o planeta. Criticou a ONU. Falou bobagem sobre o Foro de São Paulo. Nunca o Brasil esteve à beira do socialismo. Repetiu para uma plateia mundial os absurdos que diz domesticamente.

Ao longo de quase três décadas, o Brasil veio construindo credibilidade na área ambiental, com políticas mais responsáveis. Desde a Eco-92, no governo Collor, há avanços nessa área.

Mas Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, implementam a destruição da nossa política ambiental. E o mundo sabe. Os satélites da Nasa e a séria comunidade científica entendem as consequências do crescimento das queimadas e do desmatamento na Amazônia. Esse negacionismo ambiental e climático não cola perante o mundo. Simples assim.

(...)

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Primeiro na Câmara, depois no Senado: os próximos passos pelo impeachment de Trump Republicanos conseguirão evitar?


Conversa Afiada, 24/09/2019

De Charlie Savage, do New York Times, com tradução do Conversa Afiada:

A presidenta da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, anunciou nesta terça-feira 24 que a Casa iniciará um inquérito formal de impeachment para apurar os esforços de Trump para pressionar a Ucrânia a investigar seu potencial rival em 2020, o ex-vice-presidente Joseph R. Biden Jr.

O furor crescente aumentou o interesse sobre como o processo de impeachment funciona. Aqui está o que você precisa saber:

O que é impeachment?

A Constituição permite que o Congresso deponha os presidentes antes do fim do mandato, se legisladores suficientes entenderem que cometeram “traição, suborno ou outros high crimes".

Apenas três presidentes foram submetidos a processos de impeachment. Dois foram acusados - Andrew Johnson em 1868 e Bill Clinton em 1998 - mas foram absolvidos e completaram seus mandatos. Um terceiro, Richard M. Nixon, renunciou em 1974 para evitar ser deposto.

O que é um "high crime"?

O termo “high crimes and misdemeanors” surgiu da tradição do direito comum britânico: era o tipo de irregularidade que por séculos o Parlamento citava ao remover oficiais da coroa. Essencialmente, significa abuso de poder por um funcionário público de alto nível. Isso não precisa necessariamente ser uma violação de um estatuto criminal comum.

(...) Como é o processo?

Nos casos de Nixon e Clinton, o Comitê Judiciário da Câmara realizou uma investigação e indicou artigos de impeachment para toda a Câmara. Em teoria, no entanto, a Câmara dos Deputados poderia, em vez disso, criar um painel especial para dar sequência aos procedimentos - ou apenas realizar uma votação em plenário desses artigos sem que nenhum comitê os examinasse.

Se pelo menos um dos artigos de impeachment votados pela Câmara obtiver maioria, o presidente é indiciado.

Em seguida, os procedimentos passam para o Senado, que deve realizar um julgamento supervisionado pelo presidente da Suprema Corte.

Uma equipe de legisladores da Câmara, conhecidos como managers, desempenha o papel de promotor. O presidente tem advogados de defesa e o Senado serve como júri.

Se pelo menos dois terços dos senadores considerarem o presidente culpado, ele é afastado e o vice-presidente assume a presidência. Não há recurso.

(...)

Capitão atentou contra interesse nacional na ONU

Josias de Souza 24/09/2019 14h16

Jair Bolsonaro conseguiu uma façanha internacional. Com seu discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente correspondeu a 100% das expectativas de quem não esperava que ele dissesse nada de proveitoso para o Brasil. Revelou-se um nanico diplomático. Seu pronunciamento foi um atentado contra o interesse nacional. 

Incapaz de elevar a própria estatura, Bolsonaro apequenou a tribuna. Discursou na ONU como se pronunciasse uma das falas que transmite semanalmente aos súditos que o acompanham nas redes sociais —a mesma agressividade, as mesmas obsessões, os as mesmas obsessões, os mesmos hipotéticos inimigos, o mesmo velho culto à ditadura militar. 

Depois de contaminar o meio-ambiente com sua política antiambiental, Bolsonaro conseguiu estragar o ambiente inteiro. Com um discurso contaminado com pesticida ideológico, desperdiçou o que seria a melhor oportunidade para retirar da sua retórica a raiva que atrapalha os acordos internacionais, afugenta investidores estrangeiros e ameaça a pauta de exportações do agronegócio brasileiro.

O presidente desperdiçou a maior parte do seu tempo e da paciência da plateia expondo peças do seu museu particular de novidades: as ditaduras de Cuba e Venezuela, o Foro de São Paulo, a "guerra" travada pelos militares contra os que "tentaram mudar o regime brasileiro". 

Com os olhos grudados num retrovisor que estacionou na era da guerra fria, Bolsonaro esqueceu de falar para o para-brisas, de onde o espreitavam líderes mundiais, chefes de organizações multilaterais e homens de negócios ávidos por uma palavra qualquer que sinalizasse o desejo de injetar racionalidade na prosa. 

Sobre a temática ambiental, epicentro da preocupação mundial, Bolsonaro limitou-se a reiterar o lero-lero inverossímil que inclui da negativa do desmatamento ao compromisso com a preservação, dos ataques a ONGs à desqualificação da imprensa, do suposto respeito à cultura indígena à cobiça pelas riquezas que se escondem no subsolo das reservas indígenas. 

Dizia-se no Planalto que Bolsonaro não atacaria líderes estrangeiros na ONU. Fez papel de bobo quem acreditou. Sem citar-lhe o nome, o capitão deu botinadas retóricas no francês Emmanoel Macron, acusando-o de usar "mentiras da imprensa internacional" para se portar "de forma desrespeitosa e colonialista, atacando nossa soberania".

No seu momento de maior lucidez, Bolsonaro enalteceu a agenda liberal do seu governo."Estamos abrindo a economia e nos integrando às cadeias globais de valor. Em apenas oito meses, concluímos os dois maiores acordos comerciais da história do país, aqueles firmados entre o Mercosul e a União Europeia e entre o Mercosul e a Área Europeia de Livre Comércio, o EFTA. Pretendemos seguir adiante com vários outros acordos nos próximos meses." 

O nanismo diplomático de Bolsonaro impediu que enxergasse o essencial: sem retirar a raiva de sua retórica, coloca em risco conquistas que não se devem apenas ao seu governo. Ganharam impulso sob Michel Temer. E não avançaram porque foram travados pela corrupção endêmica. O extremismo ideológico é outro tipo de pesticida, mas tem o mesmo efeito devastador. Bolsonaro declarou que seu governo combate o déficit fiscal. Mas o principal déficit do Brasil no momento talvez esteja entre as orelhas do seu presidente. 


domingo, 15 de setembro de 2019

Dino: Lula terá de ser solto em até três semanas

"Não é favor, é direito"

Conversa Afiada, 15/09/2019


Reprodução/Twitter


Do Twitter do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB):

“Lula Livre” não é pedido de um favor. É um brado por direitos e garantias constitucionais que devem valer para todos. Lembrando que Lula já tem direito ao semiaberto desde o mês de abril. Ou, na pior das hipóteses, no começo de outubro. É a lei que manda. Ela não é para todos?

O direito à liberdade de Lula desde o mês de abril deriva da detração prevista no art. 387 do CPP [Código de Processo Penal]. O Ministério Público reconheceu esse direito. E em setembro ele completa 1/6 da pena. Na pior das hipóteses, em 2 ou 3 semanas DEVE estar no semiaberto. Não é favor, é direito.

Jânio de Freitas defende que é preciso lavar a Lava Jato

O jornalista Jânio de Freitas escreve neste domingo na Folha de S.Paulo que é necessário "uma Lava Jato da Lava Jato, uma Lava Jato honesta para investigar a Lava Jato deformada, sob manipulação de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, para interferências políticas e eleitorais".

Brasil247, 15/09/19, 11:39 h

O jornalista Jânio de Freitas escreve neste domingo na Folha de S.Paulo que é necessário "uma Lava Jato da Lava Jato, uma Lava Jato honesta para investigar a Lava Jato deformada, sob manipulação de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, para interferências políticas e eleitorais". 

"As revelações do site The Intercept Brasil, quase todas em associação com a Folha, tornam impossível qualquer dúvida respeitável sobre o desvirtuamento, passível de configuração criminal, do ataque à corrupção". 

O jornalista põe em dúvida se as instituições que deveriam incumbir-se da investigação da ação irregular de procuradores e juízes são capazes disso: "Mas, dada a gravidade das revelações, provoca uma outra dúvida: a de que haja, entre as instituições apropriadas, ao menos uma capaz de investigação tão profunda e consequente quanto necessário.

Gaspari agora diz que Dilma foi vítima de armação e que Moro fez gol de mão para derrubá-la

Um dos nomes mais influentes da imprensa conservadora, o jornalista Elio Gaspari agora usa a palavra "armação" para se referir ao grampo feito por Sergio Moro e sua equipe contra dois ex-presidentes – Lula e Dilma – e diz que ela foi derrubada por um gol de mão armado pela turma da Lava Jato. "No dia 16 de março de 2016, a República de Curitiba teve sua maior vitória. Como no gol de Maradona, a bola foi ajeitada com a mão ", diz ele

15/09/19, 08:58 h Atualizado em 15/09/19, 09:20
Gaspari agora diz que Dilma foi vítima de armação e que Moro fez gol de mão para derrubá-la

O jornalista Elio Gaspari descreve com riqueza de detalhes a armação comandada por Sergio Moro e sua equipe para derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff, no golpe de 2016. Pela primeira vez, ele usa a palavra "armação" e sinaliza que o time dos arrependidos pode estar crescendo. Confira a brilhante descrição dos acontecimentos feita por ele:

Por Elio Gaspari, em sua coluna no jornal O Globo – No dia 29 de março de 2016, o juiz Sergio Moro pediu “escusas” ao Supremo Tribunal Federal (STF) por ter liberado a divulgação do áudio de um telefonema da presidente Dilma Rousseff a Lula. Os 95 segundos da conversa detonaram a nomeação de Lula para a chefia da Casa Civil e deram mais um empurrão na derrubada do governo petista.

Moro escreveu o seguinte:

“Diante da controvérsia decorrente do levantamento do sigilo, compreendo que o entendimento então adotado possa ser considerado incorreto, ou mesmo sendo correto, possa ter trazido polêmicas e constrangimentos desnecessários. Jamais foi a intenção desse julgador provocar tais efeitos e, por eles, solicito desde logo respeitosas escusas a este Egrégio Supremo”.

Mensagens e grampos reunidos por uma equipe da Folha de S.Paulo e do Intercept Brasil mostraram que a única coisa verdadeira na carta de Moro era a data.

Moro e os procuradores quiseram, e conseguiram, criar a polêmica e constrangimento.

A armação, até as 13h32m do dia 16

Aos fatos:

A pedido de Moro, os telefones usados por Lula estavam grampeados pela Polícia Federal (PF) desde o fim de fevereiro. No dia 15 de março, a equipe que ouvia as conversas concluiu um relatório com 42 transcrições. A última havia ocorrido às 19h17m do dia 14.

Desde o dia 9 o procurador Deltan Dallagnol sabia que Dilma havia oferecido a chefia da Casa Civil a Lula. A informação veio de um agente da PF e, às 19h25m, Deltan solicitou ao delegado Igor Romário de Paula que lhe conseguisse um CD com os grampos: “Estou sem nada para ouvir no carro rsrsrs”.

No dia seguinte, falando com o delegado, Deltan pediu para receber todo o conjunto que “pode ser importante para indicar riscos à segurança e a condução”. Era voz corrente que Lula poderia ser preso.

No dia 13, Moro alertou Dallagnol para a possibilidade de mudança de foro do processo de Lula caso ele virasse ministro. De fato, os grampos do dia seguinte informavam que Lula iria a Brasília para conversar com Dilma, precisando de “meia hora sozinho com ela”.

Às 7h45m do dia 16, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima perguntou qual a posição da Procuradoria-Geral com relação ao assunto que discutiria dali a pouco com Moro. Tratava-se de saber o que se faria com o relatório dos grampos. Carlos Fernando queria “abrir tudo”.

Ele sabia que Lula e Dilma estavam tomando café da manhã juntos e explicou: “Por isso a urgência”.

Às 11h12m, Sergio Moro oficiou à PF a suspensão da escuta dos telefones. Ali havia de tudo, da indecisão de Lula ao seu espanto com o tamanho da manifestação do dia 13, quando 3,6 milhões de pessoas foram para as ruas protestar contra o governo, e até assuntos familiares, como uma cadeira de rodas para seu irmão Vavá.

Até as 12h58m, Moro não havia decidido tirar o sigilo das 42 conversas transcritas pela Polícia Federal. Divulgadas, elas prejudicariam a manobra, mas não teriam um efeito letal. Eram menos escabrosas do que as gravações que o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado vinha fazendo clandestinamente ao conversar com Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney.

O telefonema de Dilma muda tudo

Às 13h32m, Dilma telefonou para Lula, avisando que o “Bessias”estava a caminho, levando o documento de sua nomeação para chefia da Casa Civil.

Doze minutos depois, o jogo mudou. Numa rapidez inédita, o agente federal Rodrigo Prado informou aos procuradores:

“Senhores: Dilma ligou para Lula avisando que enviou uma pessoa para entregar em mãos o termo de posse de Lula. Ela diz para ele ficar com esse termo de posse e só usar em ‘caso de necessidade’... Estão preocupados se vamos tentar prendê-lo antes de publicarem no Diário Oficial a nomeação do Lula”.

Às 13h46m, o Planalto divulgou a nomeação de Lula para a chefia da Casa Civil.

Às 14h26m, o delegado Luciano Flores de Lima mandou que Prado transcrevesse a conversa de Dilma com Lula, “sem comentários”. Às 15h34m, o delegado narrou ao juiz Moro o conteúdo da conversa.

Às 16h21m, Moro levantou o sigilo de todos os telefonemas, inclusive daqueles que ocorreram depois do seu despacho suspendendo a escuta.

Às 17h21m, Moro disse a Deltan que havia levantado o sigilo mas que “aqui não vou abrir a ninguém”. Minutos depois, mandou uma mensagem urgente ao procurador, mas seu conteúdo não é conhecido.

“O mundo caiu”

Às 18h40m, ao vivo e a cores, o diálogo de Dilma com Lula foi ao ar e o procurador Carlos Fernando registrou: “Tá na GloboNews”.

Deltan comentou: “Ótimo dia. Rs”.

O procurador Athayde Costa arrematou: “O mundo caiu”.

Caiu, mas todos sabiam o que haviam feito.

O procurador-geral Rodrigo Janot estava na Suíça e seu chefe de gabinete, Eduardo Pelella, perguntou: “Vocês sabiam do áudio da Dilma? (...) A gente não falou sobre isso”(19h17m).

Minutos antes, Deltan dissera que “por cautela, falei com Pelella e deu ok”. Esquisito, porque ao saber que o grampo de Dilma com Lula não estava no relatório da PF, Pelella espantou-se:

“Não estão nos relatórios? Caralho!!!” (19h23m).

A partir das 21h, os procuradores de Curitiba temem pelo que pode acontecer. O procurador Orlando Martello, que se surpreendeu com a divulgação dos áudios, avisa:

“Estou preocupado com o Moro! (...) Vai sobrar representação contra ele”.

Carlos Fernando concorda: “Vai, sim. E contra nós. Sabíamos disso”.

A procuradora Laura Tessler entra na conversa: “A população está do nosso lado, qualquer tentativa de intimidação irá se voltar contra eles”.

Martello propõe: “Se acontecer algo com Moro, renúncia coletiva MP, PF, RF”. (Ministério Público, Polícia Federal, Receita Federal).

Carlos Fernando gostou da ideia:

“Por mim, ok. Adoro renunciar... Rsrsrs”.

Nessa troca de mensagens que foi das 21h às 23h, os procuradores Andrey Borges de Mendonça e Antonio Carlos Welter levantaram dúvidas quanto à legalidade da divulgação do grampo de Dilma com Lula. Seis outros acompanharam a tese de Carlos Fernando para quem discutia-se uma filigrana, prontificando-se a renunciar, indo à televisão para denunciar o governo.

Não foram necessárias renúncias coletivas nem entrevistas agressivas. A manobra teve o apoio da opinião pública, o ministro Gilmar Mendes cassou a posse de Lula e seis meses depois Dilma Rousseff foi deposta pelo Congresso.

No dia 16 de março de 2016, a República de Curitiba teve sua maior vitória. Como no gol de Maradona, a bola foi ajeitada com a mão (“de Deus”, como ele disse).

Cinco dias depois, trocando mensagens com Deltan, Sergio Moro resumiu sua conduta:

“Não me arrependo do levantamento do sigilo. Era a melhor decisão”.

Era?

Fábio Pannunzio: apoiei o impeachment e me arrependo disso

Ex-apoiador da Lava Jato e do golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, o jornalista se disse arrependido de suas posições e afirmou que o impeachment de 2016 foi uma ação deliberada contra a esquerda. “Foi um golpe clássico tocado pelo Temer com o assentimento e a participação declarada do Eduardo Cunha e de mais metade da elite brasileira e do mercado financeiro”, falou à TV 247. 

Brasil247, 13/09/19, 19:11 h

O jornalista Fábio Pannunzio conversou com a TV 247 sobre suas posições “ingênuas”, segundo ele mesmo, em relação ao golpe parlamentar contra a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016 e ao apoio à Operação Lava Jato, agora desmascarada com os vazamentos do The Intercept, conhecidos como 'Vaza Jato'. Pannunzio afirmou que a ação de impeachment foi um ataque deliberado à esquerda e que a Lava Jato tinha um viés político declarado.

Na opinião do jornalista, que acaba de deixar a TV Band após 20 anos, onde era âncora do Jornal da Noite, a falta de compreensão sobre a conjuntura política o levou a apoiar o golpe contra Dilma e a Lava Jato. “Eu apoiei a Lava Jato tanto quanto apoiei depois a deposição da Dilma. Acho que fui ingênuo, talvez por falta de experiência, faltou ali compreensão do que de fato aconteceria com os desdobramentos desses acontecimentos”.

Pannunzio classificou a deposição de Dilma como um “golpe clássico”. “Apoiei o impeachment e me arrependo disso porque aquilo não foi um movimento de deposição de uma presidente por incapacidade de gerenciar, se bem que tenho muitas críticas ao governo da Dilma. Foi um golpe clássico tocado pelo Temer com o assentimento e a participação declarada do Eduardo Cunha e de mais metade da elite brasileira e do mercado financeiro”.

Sobre a Lava Jato, o jornalista comentou que a operação foi orquestrada para atacar a esquerda. “A Lava Jato parece ser a guarda pretoriana da direita brasileira, eu hoje não tenho mais dúvida nenhuma de que aquilo foi uma ação deliberada para inviabilizar os movimentos mais à esquerda. Quando a gente ficou sabendo que o Moro era um ‘promotorzão’ no comando de uma operação que tinha um viés político declarado depois, quando ele vira ministro, isso me assustou muito. O aparelho judicial brasileiro está sendo usado como plataforma política para fins muito espúrios”.

Ele ainda se caracterizou como “iconoclasta” e explicou que durante os governos do PT era de direita e que agora é de esquerda. “A coerência que eu posso apresentar é a coerência com essa iconoclastia”, disse.

sábado, 14 de setembro de 2019

Marcia Tiburi rebate Ciro: "coronel mimado que quer ser presidente"

Alvo da grosseria de Ciro Gomes, a filósofa Marcia Tiburi foi às redes socais para explicar o que é sexologia política e definiu Ciro como um coronel mimado que faz bullying como agressores de direita

Brasil247, 14/09/19, 20:56 h
Depois de Wyllys, Márcia Tiburi parte para exílio por ameaças de morte

Acusada por Ciro Gomes, presidenciável do PDT, de fazer "apologia do cu", a filósofa Marcia Tiburi foi às redes sociais e rebateu a agressão. "Sexo e gênero são termos ligados. Os verdadeiros representantes da verdadeira ideologia de gênero são os sujeitos do patriarcado, aqueles que se escondem atrás do machismo e da ideologia heteronormativa. Esses precisam falar mal do corpo das mulheres, de LGBTs e de negros", escreveu ela. "Assim foi com o velhinho maluquinho transformado em guru de hospício. Assim foi c/ o nanico q armou a patética emboscada na rádio em 2018, assim foi com o ator pornô versão TFP, etc etc. Cada um guarda, à sua maneira, o espírito de coronel mimado de Ciro que quer ser presidente."

Confira a sequência de tweets e também o vídeo em que Ciro Gomes a ataca: