Evandro Cunha dos Santos, o novo superintendente regional do Ibama, nomeado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que recebeu ordem para interromper a queima de veículos usados em crimes ambientais na Amazônia. Perguntas que não querem calar: Essa nova postura do IBAMA não é uma desobediência a lei que trata do assunto? Essa determinação do IBAMA não estimula os crimes ambientais? Veiculos usados em outros tipos de crimes também estarão fora do alcance da lei?
Brasil247, 10/09/19, 05:48 h
(Foto: Ibama)
O coronel da Polícia Militar Evandro Cunha dos Santos, novo superintendente regional do Ibama, afirmou que recebeu ordem para interromper a queima de veículos usados em crimes ambientais na Amazônia, informa reportagem de Rubens Valente e Fabiano Maisonnave, na Folha de S.Paulo.
A declaração foi dada nesta segunda-feira (9) em audiência pública na cidade de Altamira (PA) organizada pelo ruralista Nabhan Garcia que ocupa, no governo Bolsonaro, a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Fiscais do Ibama consideram que o novo superintendente no Pará coloca em risco servidores do órgão atualmente em operação no município de Altamira, campeão de desmatamento e de focos de incêndio no país.
O Ibama já embargou no município desde 27 de agosto quase 20 mil hectares e destruiu equipamentos de infratores ambientais.
Santos foi nomeado para a chefia do Ibama paraense no último dia 2 pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Tudo indica que sua nomeação atende ao objetivo de conter a ação dos fiscais do órgão, que na semana passada, juntamente com fiscais do ICMBio e agentes da Força Nacional fizeram uma grande operação de repressão a garimpos ilegais na floresta nacional Crepori, no Pará, e queimaram equipamentos, incluindo duas retroescavadeiras, encontrados operando dentro da área protegida por lei.
Em seu discurso de posse, no último dia 4, o novo superintendente admitiu que não tem experiência no combate a crimes ambientais. Ele exibiu fotos em que aparece ao lado de Jair Bolsonaro para deixar claro que a indicação veio do Planalto.
Na audiência em Altamira, o ruralista Nabhan Garcia que ocupa, no governo Bolsonaro, a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atacou a destruição de equipamentos e anunciou que o governo vai se mobilizar para alterar a legislação em vigor. Ele culpou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) pela existência da lei. "Se a lei foi malfeita, é porque alguém elegeu o senhor Lula. [...] Nós vamos trabalhar um decreto-lei, com a força do Congresso Nacional, e com a força de vocês, que o pedido representa o pedido de todo mundo, vamos trabalhar então para ver a possibilidade dessa lei ser alterada", disse Nabhan.
Por sua vez, o senador Zequinha Marinho (PSC-PA), disse que a maioria dos fiscais do Ibama é de "esquerdistas que odeiam" Bolsonaro.
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