Quem não deixa pobre se aposentar mata todo dia
Conversa Afiada, 04/01/2017
Reprodução: Tijolaço
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Anuncia Lauro Jardim que o Planalto abriu licitação para a escolha de agências de publicidade que se dedicarão à inglória tarefa de cuidar da imagem de um governo em ruínas.
Segundo a nota de O Globo, o tema proposto às agências é a crise, a recessão, a retomada da economia? Não…São os, acredite, Direitos Humanos, a proteção a LGBT, idosos e crianças e a pregação da igualdade racial e de gênero.
Embora estes temas sejam apenas para que se realize o exercício de comunicação, não necessariamente para serem as campanhas “para valer” é mais um curiosidade do Governo Temer: desagradar quem o apoia e ser debochado por quem o detesta.
Afinal este é um governo de homens, de brancos, conservador e, de quebra, ainda está propondo tesourar a aposentadoria rural, os benefícios a idosos e a crianças com deficiência e outras maldades contidas na reforma da Previdência.
Num momento de crise, o discurso correto para a comunicação seria o da austeridade, da busca de alternativas para crescer, da restauração da confiança.
Mas quando se perde o foco, a comunicação “despinguela” também e fica querendo ser o que é só uma microscópica parte dela: uma ideia supostamente genial.
Propaganda “vende” desejo e benefício, não originalidade. Do contrário, cai no ridículo.
Postei lá em cima dois dos “memes” de Facebook que, desde ontem, circulam nas redes sobre a campanha do Ministério dos Transportes com o tema “gente boa também mata”, em tese para mostrar que o uso de celular ao volante é perigosíssimo.
Lógico que todo mundo que se acha “gente boa” sentiu-se agredido.
E mais lógico ainda que o “gente boa” tinha de se virar contra Michel Temer.
Como tenho dito aqui, o problema da publicidade do Governo Michel Temer é que ela se volta para fazer a imagem “dele”.
Porque Temer se acha o “ó do borogodó”, no seu narcisismo.
Tem dúvidas?
Pois então olhe esta matéria da Folha, em agosto de 2015, onde Temer diz que o país precisa de “alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos”.
A autorreferência é tão óbvia quanto imodesta: “este cara sou eu”…
Então procura ser o que não é, por estar convencido que vai ser.
Sr. Temer, a faixa presidencial lhe caiu ao colo sem que o senhor tenha feito nada que não saiba fazer: articular, conspirar e trair.
Já a popularidade não virá assim, por obra da hipocrisia. E seus marqueteiros parecem desconhecer o que James Carville disse na campanha de Bill Clinton e que o senhor não entende, parece:
- É a economia, estúpido.
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