O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes mais uma vez não decepcionou na específica função para a qual foi posto na mais alta corte do país, defender, por mais escandaloso que seja, os interesses particulares do partido que o indicou para o cargo.
Mendes é um exemplo vivo e atuante do tipo de agentes do poder público com que foram aparelhados nossas instituições na época de FHC. A sua postura não difere em nada da postura exercida pelo ex-Procurador Geral da República Geraldo Brindeiro, o engavetador.
Brindeiro, como Mendes, não enxergava qualquer óbice em utilizar a sua toga em defesa do PSDB. Na sua gestão, mais de 4.000 processos que poderiam levar os seus amigos para a prisão foram sumariamente arquivados. Nisso o Brasil era “livre” da corrupção.
Gilmar consegue ser ainda mais parcial. Chega ao absurdo de se reunir com políticos de seu partido horas antes de julgamentos extremamente importantes para a nação como foi o caso do rito do impeachment. É simplesmente escandaloso.
Agora, a sua mais nova interferência monocrática e autoritária no exercício dos demais poderes e da própria democracia foi suspender a nomeação de um ministro de Estado pela presidenta da República, ato que em nada diz respeito ao judiciário.
Não é a primeira vez que Gilmar Mendes obstrui o livre processo da democracia. Ardoroso defensor do financiamento privado por parte de empresas a partidos políticos, interrompeu por mais de um ano um julgamento já consumado sob a alegação da velha manobra do pedido de vistas. Assim seguem os exemplos de seus surtos de intolerância.
A decisão de suspender a posse do ex-presidente Lula na Casa Civil não chega a surpreender já que veio de um juiz como Gilmar. O que desmoraliza de vez não só o seu entendimento mas todo o Supremo é ter devolvido o processo de um cidadão com foro privilegiado às mãos de um juiz de primeira instância e que está sendo processado no CNJ justamente por suas práticas abusivas na condução da Operação Lava Jato.
Na prática o que Gilmar Mendes fez foi atestar a sua incompetência e a incompetência de seus pares em julgar um homem como Lula. Na casa que deveria ser o maior guardião de nossa constituição, algo dessa natureza é desolador.
Seja como for, a AGU já confirmou que irá recorrer da decisão ao plenário do Supremo. Se acontecer o mesmo que já vinha acontecendo nas instâncias inferiores, ou seja, a derrubada de liminares concedidas por lunáticos travestidos de juízes, a justiça prevalecerá e a presidenta poderá exercer o seu pleno direito de nomear a equipe com quem deseja trabalhar.
Caso contrário, a maioria do Supremo Tribunal Federal confirmará, por seus próprios meios, o que já é consenso em boa parte da população brasileira. A de que temos uma Suprema Corte completamente acovardada.
Fonte: DCM, 17/03/2016
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