segunda-feira, 14 de março de 2016

13/03: O dia em que a ignorância política marcou a manifestação contra Dilma

Não gostaria jamais de dizer isso, mas foi a ignorância política que marcou a manifestação de ontem, em todo Brasil, com o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Por que? Porque se analisarmos o perfil dos manifestantes concluiremos que grande parte dos que compareceram ao ato são pessoas alienadas, não conhecem História e nem como se dá o processo político. São pessoas que não participam efetivamente da vida da sociedade civil organizada. Não estão presentes na vida da sua igreja, do sindicato, da associação de moradores do bairro. Grande parte deste contingente apenas se ”liga na Globo”, lê Veja e Época ou então, ouvem lideranças raivosas tipo Silas Malafaia, Aécio Neves e outros.

Essas pessoas são tão alienadas que não conseguem perceber o que está por trás desse movimento e lhes asseguro que apesar de ter pessoas bem intencionadas, participando ou colaborando na sua direção, a verdadeira intenção não é combater a corrupção e sim tomar o poder e, até amortecer ou acabar de vez, com essa história de combate a corrupção.

Essas pessoas engrossam um movimento que elas não sabem aonde vai dá. Se a Dilma renunciar é o Temer que vai assumir. Se o Temer assumir o Cunha será vice-presidente da República. Se a chapa Dilma/Temer for cassada, Aécio Neves será o presidente. Os manifestantes contra Dilma sabem disso? 

Aécio Neves, entrevistado ontem na Paulista, disse que: "Os caminhos são três colocados à nossa frente: o impeachment da presidente da República, a cassação da chapa pelo TSE ou a renúncia da presidente da República. Uma dessas três saídas permitirá ao Brasil voltar a sonhar com um futuro melhor".

Nenhuma das três alternativas não tem fundamento. O impeachment não deve acontecer porque a Constituição, no que se refere a este assunto, não foi desrespeitada. A cassação está descartada porque seus opositores não têm um crime para justificá-la. A renúncia não faz parte do comportamento de Dilma.

A alienação é tão visível que grande parte dos que coordenam o movimento de deposição da Dilma, seja no Congresso, nas ruas ou simplesmente como participantes, estão envolvidos direta ou indiretamente nas denúncias de corrupção. Contra Aécio, pesam cinco delações premiadas. Contra Paulinho da Farsa, digo da Força existe processo no Supremo. Sem falar nos outros componentes desse movimento.

Outro fato que chama a atenção é que os participantes se subdividem em vários grupos. O primeiro grupo tem consciência de que a corrupção é antiga demais, que atrapalha a vida de todo mundo e que é preciso lutar contra ela. O segundo grupo acredita que a corrupção nasceu a partir do governo do PT e que todos no PT são ladrões, principalmente Lula e Dilma. O terceiro grupo é reacionário a tal ponto que defende abertamente a volta dos militares ao poder. O quarto grupo se constitui de integrantes de partidos de direita e de centro que já governaram o Brasil, que atualmente governam vários estados brasileiros e milhares de prefeituras, com fortes indícios de práticas administrativas viciadas pela corrupção.

As pessoas alienadas não entendem que não se pode derrubar um governo de qualquer jeito. Não entendem que existem leis e que é preciso observá-las, sob pena de entrarmos num estado de exceção, o que ruim para todos.

Porque grande parte da sociedade aderiu ao movimento? Porque as pessoas estão agindo assim?

Primeiro porque há corrupção mesmo. Segundo porque Aécio Neves, derrotado nas eleições de 2014, ainda não aceitou o resultado. Ele foge as características de um verdadeiro democrata. Depois, forças políticas conservadoras abraçaram a sua causa e usam de todos os meios para fazer valer o seu projeto de retorno ao poder. Há evidências da existência de um conluio que envolve agentes da Polícia Federal, do Ministério Público, da Justiça Federal e da imprensa. A Globo, por exemplo, todos os dias, de forma direcionada, intencional elabora suas matérias jornalísticas para atingir o governo e o PT. As revistas Veja e Época, também são instrumentos desse projeto de derrubada do governo, bem como um grande número de emissoras de rádio e televisão, que diariamente são usados com esse objetivo. Em outras palavras, de tanto ouvir que o governo e o PT são os culpado pela crise econômica que nos afeta, as pessoas assimilaram isso. Portanto, a razão não caracteriza o comportamento dos alienados pela TV Globo e companhia. Ontem, por exemplo, no “Fantástico”, a Globo não citou que Aécio e Alckmin foram hostilizados ao chegarem na Paulista.

Qual o resultado prático desse movimento? Não se pode prever ao certo o que acontecerá. Uma das hipóteses é que o governo busque alternativas e consiga sair dessa situação. Uma das poucas alternativas, é se recompor politicamente, fazendo uma mudança ministerial, com nomes conhecidos e respaldados para dar respostas a economia e a política. O outro rumo é o endurecimento do governo e a continuidade da sua fragilização, a queda brusca da nossa economia, o aumento dos conflitos políticos e até uma possível guerra civil.

Temos que ter clareza do momento político e econômico que vivemos. A corrupção existe e tem que ser combatida. O governo é a favor da continuidade do combate a corrupção e disponibiliza seus instrumentos para isso. A Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Justiça Federal, são órgãos do governo e estão sendo alimentados para essa finalidade. O PT e os demais partidos, independentemente de suas ideologias, são instituições e não podem ser banidos por conta de ações de seus filiados ou simpatizantes. Nenhum partido manda ninguém roubar. Ademais, milhões de filiados e simpatizantes dos partidos “condenados” pelos alienados políticos, não aprovam a corrupção ou qualquer desvio. Assim, a Justiça tem que cumprir o seu papel e condenar os culpados, sempre observando a lei e não fazendo espetáculos midiáticos.

O Brasil encontra o seu caminho ou sua riqueza será entregue aos abutres de plantão.

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