*Lelê Teles
O que diriam os grandes frasistas Marquês de Maricá, Otto Lara Resende e o Barão de Itararé ao ouvirem os votos de alguns ministros do STF?
Midiáticos, alguns de nossos togados oradores especializaram-se em arroubos, frases, citações, máximas, aforismos, tiradas e até chistes.
Gilmar Mendes, aquele que é a cara do caricatural deputado João Plenário, do satírico e sem graça programa A Praça é Nossa, é chegado a frases chistosas e insolentes.
"Não se decide sobre a aplicação dos direitos fundamentais consultando a opinião pública", disse certa vez o nosso intrépido ministro, enquanto ajeitava o bico longo e acariciava as plumas coloridas que adereçam sua toga negra.
E disse mais, "não se dá independência ao juiz pra ele ficar consultando o sujeito da esquina", afirmou, demofobicamente.
Os jornalistas, sabendo-lhe viciado em ouvir a própria voz, lançam-lhe os microfones como quem atira ossos aos cães, e tome frase.
Da última vez que o ouvi ele escolheu o Jornal Nacional para cunhar o termo cleptocracia e fixá-lo à imagem do governo Dilma.
Joaquim Barbosa, por onde andará o nosso batman?, chegou a competir com Mendes para ver quem aparecia mais na mídia e quem era melhor de frases.
Ególatras, engalfinharam-se.
Barbosa foi ao paroxismo contra o colega torpedeando-lhe: "Vossa Excelência está destruindo a justiça desse país. (...) "Vossa Excelência não está na rua, Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro". (...) "Vossa Excelência, quando se dirige a mim, não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar."
Durma com um barulho desses.
Barroso foi o ponto fora da curva, sereno e deboísta, restringiu-se a falar nos autos.
Durante o julgamento do chamado mensalão, Rosa Weber notabilizou-se por essa frase esquisitíssima: "não tenho prova cabal para condenar ele (José Dirceu) mas, a literatura jurídica me permite".
Essa Luiz Fux mataria no peito.
Pra mim isso se chama fuleiragem.
Fux é aquele que toca guitarra e tem a face rubra, carmim.
Por falar em carmim, lembro-me da exangue Carmem.
Esqueça Bizet e sua Carmem rubra e vivaz e corta para a fleumática ministra Carmem Lúcia.
Essa também é chegada num fraseado.
Certa vez, em uma palestra, Carmem lembrou Nelson Rodrigues e afirmou que os brasileiros devem "assumir a ousadia que os canalhas têm".
Escárnio? cinismo?
Peraí que tem mais.
Ao tomar posse, na vice-presidência do STF, a meiga Carmem contou uma anedota, um chiste que fizera ao responder a um colega trabalhista, "eu obedeci a Madre Superior, minha mãe, meu pai, namorado, professor, agora eu mando. Adoro mandar. Eu mandei, cumpra. Mulheres, depois que passa dos 50, a gente gosta mesmo é do sim senhora, não é do eu te amo. Se tiver o eu te amo junto, aí isso é um Deus. Sim senhora e eu te amo, aí é realização total."
Esperança?
Frase vai, frase vem, e Eduardo Cunha segue livre, lépido e solto.
Cinismo? escárnio.
*Jornalista e publicitário. Roteirista do programa Estação Periferia (TV Brasil), apresentador do programa Coisa de Negro (Aperipê FM) e editor do blog FALA QUE EU DISCUTO
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