Obama anuncia fim de uma "abordagem ultrapassada" e um "novo capítulo" nas relações com o país vizinho. Anúncio é precedido de uma troca de prisioneiros.
O presidente Barack Obama anunciou nesta quarta-feira (17/12) o início de um processo de normalização nas relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba, afirmando que que um "novo capítulo" foi aberto nos laços entre os dois países.
Segundo Obama, é hora de encerrar uma "abordagem ultrapassada", baseada numa política rígida cujas raízes estão em eventos que aconteceram "muito antes de a maioria de nós ter nascido". Essa abordagem não conseguiu trazer avanços às relações entre os dois países, disse.
"Através dessas mudanças, pretendemos criar mais oportunidades para as populações americana e cubana e começar um novo capítulo", disse Obama.
O presidente declarou ainda que pretende ter um "debate honesto e sério" com o Congresso sobre as perspectivas de um total levantamento do embargo comercial que já dura mais de meio século, reconhecendo que com o regime de Havana "o isolamento não funcionou".
Antes do discurso do presidente americano, um alto funcionário da administração americana, citado pela agência de notícias AFP, indicara que ambos os países preveem a retomada de relações diplomáticas e o alívio das sanções econômicas impostas desde 1962.
O funcionário também afirmou que Washington voltará a ter uma embaixada em Havana nos próximos meses. As informações foram divulgadas após o anúncio da libertação do americano Alan Gross, que estava detido há cinco anos em Cuba por espionagem, por razões humanitárias. Os cubanos também libertaram um espião dos EUA e, em troca, os americanos libertaram três prisioneiros cubanos.
Em discurso transmitido simultaneamente ao de Obama, o líder cubano Raúl Castro disse que continuam existindo diferenças entre os dois países, mas saudou a retomada das relações diplomáticas. "Esta decisão do presidente Obama merece o respeito e reconhecimento do nosso povo."
Os dois presidentes haviam conversado por telefone nesta terça-feira, após mais de um ano de conversas secretas entre os dois governos.
Washington e Havana não têm relações diplomáticas oficiais desde 1961. O embargo econômico, comercial e financeiro a Cuba foi imposto em 1962, depois do fracasso da invasão da ilha para tentar derrubar o regime de Fidel Castro em 1961, que ficou conhecida como o episódio da Baía dos Porcos.
O mesmo responsável, citado pela AFP, afirmou que o papa Francisco e o Vaticano desempenharam um papel fundamental como intermediários para essa aproximação histórica. Castro confirmou a informação e agradeceu ao papa e também ao governo canadense pelo papel fundamental no processo.
Fonte: DW, 17/12/14
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