“Foram os partidos de esquerda que colocaram o Crivella no segundo turno e quase impediram a ida do Boulos para o segundo turno”, disse na TV 247 o ex-ministro, que falou da necessidade de se intensificar a política de alianças no campo progressista brasileiro.
Brasil 247, 20/11/2020, 19:57 h Atualizado em 20/11/2020, 20:34
Roberto Amaral (Foto: Divulgação)
O ex-ministro Roberto Amaral, em participação no programa Brasil Popular transmitido pela TV 247, fez duras críticas às diligências partidárias brasileiras de esquerda que não conseguiram chegar, ao menos a maioria, em um consenso para a formação de alianças para a disputa das eleições de 2020.
Para ele, é nítido que a formação de alianças faz com que o campo progressista avance, mas mesmo assim as legendas insistem em disputar a hegemonia do setor. Amaral chegou a dizer que foram as legendas de esquerda que permitiram a ida de Marcelo Crivella (Republicanos) para o segundo turno no Rio de Janeiro, já que no pleito carioca o setor se dividiu em três candidaturas diferentes.
“Se a esquerda não tirar lições dessas eleições, nós não iremos a lugar nenhum. O Bolsonaro não teve o desempenho que desejava, nós também não tivemos o desempenho que desejávamos, ao contrário: tivemos o desempenho que temíamos. O Bolsonaro conseguiu colocar dois candidatos seus, um em Fortaleza e outro no Rio de Janeiro. Eu disse que ele colocou no Rio de Janeiro mas eu fui injusto com os partidos de esquerda do Rio de Janeiro, foram eles que colocaram o Crivella no segundo turno e quase impediram a ida do Boulos para o segundo turno. Desculpe a minha severidade, mas eu não preocupo com os acertos dos meus adversários, me preocupo muito com os nossos erros porque os nossos erros estão sendo repetitivos. Onde foi que nós tivemos algum desempenho? Onde recuperamos a política de aliança. Será que não dá para ver que quando a gente faz políticas de aliança a gente avança e quando não faz a gente anda para trás? O que ocorreu em Porto Alegre? Uma aliança do PT e do PCdoB. Finalmente o PT entendeu que não basta ele se julgar hegemônico e impor o candidato, lá optou pelo candidato que tinha melhores condições, a mesma coisa em Belém. Se não começarmos a conversar, o Bolsonaro vai continuar sorrindo”.
Segundo Amaral, os acontecimentos positivos do pleito de 2020 foram a consolidação de Guilherme Boulos (PSOL) como uma liderança nacional de esquerda e a autonomia da militância de tal campo, que não se submeteu às determinações dos partidos e sabiamente empurrou Boulos para o segundo turno. “Essas eleições trouxeram, porém, um lado altamente positivo, duas emergências. Uma, a rebeldia dos nossos militantes, que não aceitaram a ortodoxia dos nossos partidos e compreenderam que era fundamental levar um candidato do nosso campo para o segundo turno e que o candidato possível era o Boulos, porque além de ser possível, era o melhor. Quero registrar como dado para trabalharmos daqui em diante a emergência do Boulos como uma liderança nacional, qualquer que seja o resultado do segundo turno. Trata-se de uma liderança nova, que veio do campo popular e que mostrou que é possível fazer uma campanha ampla sem abdicar de seus princípios”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário