“Eles vão fazer DR o tempo inteiro, mas na hora H o quê? Estão juntos. Eles não vão largar essa boquinha e não têm projeto”, disse à TV 247 o professor da UFRJ.
Brasil 247, 20/11/2020, 19:45 h Atualizado em 20/11/2020, 20:34
Eduardo Costa Pinto, Jair Bolsonaro e Augusto Heleno (Foto: ABr | Reprodução)
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Eduardo Costa Pinto analisou na TV 247 a situação dos militares que compõem o governo Jair Bolsonaro. Para ele, os generais não têm um projeto para o Brasil, coisa que não aconteceu nem durante a ditadura militar, segundo o professor, e não irão abandonar o governo porque têm interesses econômicos ligados à gestão.
Ele comparou a participação política dos militares bolsonaristas ao que ocorreu durante a ditadura militar, que vigorou entre 1964 e 1985 no Brasil. Guardadas as devidas proporções e sem considerar todas as torturas e perseguições praticadas pelo regime, o professor afirmou que os militares de 64 tinham ao menos um projeto de desenvolvimento brasileiro, o que não ocorre atualmente. “Em 64, e principalmente depois de 67, é evidente que foi autoritário que teve tortura, evidente que foi golpe, mas eles tinham projeto para o País. Gostemos ou não, eles tinham. Foi golpe, foi autoritário, mas tinha projeto de País. O pessoal que hoje está no governo Bolsonaro é o pessoal do Frota que disputou com Golbery, e na cabeça deles o erro do governo foi a distensão, foi não ter eliminado os comunistas, porque o perigo que eles acham não é o externo, é o inimigo interno. Eles têm um fantasma da Intentona dos anos 30, e é por isso que ele pegaram o marxismo cultural para servir como mote para trazer de novo o inimigo interno”.
Segundo Costa Pinto, a presença dos militares na política hoje se resume a interesses econômicos, ligados principalmente a benefícios que podem ser gerados por eles por meio do governo aos quartéis. “Não dá para ter nenhum tipo de expectativa de que os militares têm projeto. Hoje o que são os militares brasileiros? A ‘boquinha’, é o aumento dos gastos da Defesa, é o aumento do salário, é a volta do Estado Social. Imagine o seguinte: desde 85 eles foram escanteados, agora eles são recebidos por empresários, são escutados. Essa coisa simbólica é muito forte. Mais ainda: projetos, consultorias. Imagine os generais que estão agora com empresas de consultoria prestando serviços para o Estado. Não tem sentido nem econômico e nem lógico eles saírem do governo Bolsonaro. Eles vão fazer DR o tempo inteiro, mas na hora H o quê? Estão juntos. A minha preocupação é quem vai colocar o gênio de volta na garrafa. A depender do problema econômico que vamos ter pela frente, pode sim gerar problemas e caos social importantes. E eles vão ficar colados no Bolsonaro o tempo inteiro. Isso me preocupa inclusive quando a gente já estiver em ano eleitoral lá na frente. Eles não vão largar essa boquinha e não têm projeto”.
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