Nome mal recebido pelo mercado financeiro, Nelson Barbosa, antes mesmo de tomar posse no Ministério da Fazenda, agendou para esta segunda-feira (21) conferência por telefone com investidores nacionais e estrangeiros na busca de acalmar os negócios com dólar e ações.
Ueslei Marcelino/Reuters
O novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa |
Na sexta-feira (18), quando seu nome já era dado como certo para substituir Levy no comando da equipe econômica do governo Dilma Rousseff, o dólar fechou com alta de mais de 1% e a Bolsa de Valores caiu 2,98%. O anúncio oficial ocorreu depois do mercado fechado.
A equipe de Nelson Barbosa estava organizando, neste domingo (20), a conferência com os investidores, marcada para as 12h desta segunda a fim de o ministro "apresentar sua estratégia e esclarecer dúvidas". Sua posse, no Palácio do Planalto, está agendada para as 17h. Levy participará da cerimônia.
Na conversa com o mercado, que sempre teve reservas a seu nome, o novo ministro da Fazenda vai repetir que não abandonará o ajuste fiscal, assumirá o compromisso de cumprir a meta de superavit primário de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 e dará as principais linhas de sua estratégiaà frente da equipe econômica.
O mercado, porém, não acredita que o governo Dilma consiga fechar o próximo ano no azul. As previsões são de novo deficit, de 0,9% do PIB. Seria o terceiro ano seguido sem que o setor público economize para pagar juros da dívida pública, um indicativo ruim, que já levou o país a perder o grau de investimento de duas agências de classificação de risco.
A iniciativa do novo titular da Fazenda de agendar a conferência com investidores foi bem recebida pelo mercado. Analistas lembram que Levy assumiu com elevada expectativa, mas frustrou o mercado. Já Nelson Barbosa, dizem, pode surpreender porque entra sob suspeita por seu estilo mais desenvolvimentista.
Barbosa passou o fim de semana reunido com sua equipe, cuidando das primeiras ações à frente do Ministério da Fazenda e da montagem de sua equipe.
Ele precisa decidir, nos próximos dias, quanto irá pagar ainda neste ano do passivo das chamadas pedaladas fiscais, avaliado em R$ 57 bilhões. Antes de virar ministro da Fazenda, ele defendia o pagamento total desta conta para não transferir o peso desta despesa para o Orçamento do ano que vem.
Agora, assessores dizem que, antes, ele quer conversar com a equipe do Tesouro Nacional para tomar uma decisão sobre o assunto. Se pagar todo o passivo das pedaladas, o governo fechará o ano com um deficit primário de quase R$ 120 bilhões.
Nesta segunda, Barbosa terá uma reunião com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para tratar do assunto. O Tesouro tem com o banco uma dívida superior a R$ 24 bilhões. Precisa ainda quitar dívidas com o Banco do Brasil e o FGTS.
Fonte: Folha, 20/12/2015
Fonte: Folha, 20/12/2015
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