domingo, 21 de fevereiro de 2021

É impossível seguir Jesus e se calar sobre Bolsonaro: traíram o Evangelho

        O presidente Jair Bolsonaro em Brasília     Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Ronilso PachecoColunista do UOL 21/02/2021 04h00

Não são poucas as igrejas evangélicas e os evangélicos que têm demonstrado apoio irrestrito ou silêncio conivente com o governo bolsonarista. Até aí, estaria tudo bem, porque, gostemos ou não, são escolhas.

Como o campo evangélico é extremamente diverso, é comum a alegação de que evangélicos possuem posicionamentos diferentes e podem sustentar suas posições na Bíblia, porque isso seria uma questão de interpretação. Mas, definitivamente, não se trata de interpretação. Mas, definitivamente, não se trata de interpretação. A vida de Jesus está lá, nos quatro Evangelhos do Novo testamento para servir de referência.

A posição desses pastores — seus impérios, sua conivência com a política bem-sucedida de indiferença com os cuidados da população — é uma traição inquestionável do que é a vida de Jesus descrita nos quatro Evangelhos.

Homens como Silas Malafaia, Edir Macedo, Valdemiro Santiago e R.R. Soares não possuem qualquer compromisso com uma "forma" de ser evangélico. São interesseiros milionários. É inexplicável que líderes milionários se digam imitadores de alguém que mal tinha uma casa e fomentou que os ricos distribuíssem a riqueza que tinham.

Chega a ser doentio que esses pastores busquem conquistar o país com uma megaigreja em cada parte do território nacional, enquanto, na Bíblia, Jesus não teve qualquer apego aos templos por onde passou.

Aliás, as principais memórias sobre Jesus, os textos mais conhecidos sobre suas mensagens (o Sermão da Montanha talvez seja o maior deles) aconteceram em meio ao povo, na rua, nos montes, às margens de rios, e nunca no templo. É sintomático que, nas poucas ocasiões em que Jesus aparece no templo, ele tenha precisado fugir da elite religiosa, ameaçado de morte.

Isso não quer dizer que igrejas são desnecessárias, quer dizer que igrejas têm mais a ver com uma relação comunitária, cuidada por sua liderança, do que com um império de centenas de igrejas espalhadas pelo país e que torna o seu pastor-fundador absurdamente rico, milionário.

O império desses homens também criou uma geração de pastores "playboys" que ostentam preconceito, racismo religioso e homofobia. Pastores como André Valadão e Lucinho Barreto não são apenas pregadores ruins, são cínicos e desrespeitosos.

Como a pregação no púlpito de uma igreja também é algo que se aprende a fazer (as frases, as orações, as músicas, os gestos, o tom de voz, tudo pode ser ensinado e aprendido) eles apenas interpretam, cada um à sua maneira.

Lucinho Barreto é o homem que age como menino, brincando de "cheirar a Bíblia", incitando racismo religioso, gabando-se de atacar terreiros. Que diz que, contra bandido, o policial deve matar "descarregando a arma e jogar o revólver na cara no final".

Da mesma forma faz André Valadão, o menino rico que ostenta a boa vida em Orlando, nos Estados Unidos, enquanto acha estar defendendo a Bíblia ao dizer que "igreja não é lugar para gays".

Igreja Batista Lagoinha, Vitória em Cristo, Universal, Renascer, Sara Nossa Terra, Catedral do Avivamento, de Marco Feliciano, Igreja Batista Atitude, entre outras e suas respectivas lideranças não possuem nada, absolutamente nada, do que a vida de Jesus é. Consequentemente, elas ferem e traem quem deposita nelas a credibilidade de conhecimento e compromisso com o Evangelho.

Mas nem tudo vem do mundo pentecostal e seus pastores milionários, seus playboys inconsequentes. Não mesmo. A precariedade e perversidade políticas do governo Jair Bolsonaro (sem partido) também têm a chancela dos que fingem "racionalidade" e imparcialidade.

Órgãos como Convenção Batista Brasileira, Coalizão pelo Evangelho, Visão Nacional para a Consciência Cristã, Associação Nacional dos Juristas Evangélicos, Jocum (Jovens com uma Missão), entre outros, contribuem para blindar um governo que tem na violência sua principal linguagem, prioriza mais as armas do que as vacinas e continua atacando minorias sociais (e a democracia).

E, como o governo odeia tudo que tem aparência de "esquerda", "comunista" ou "progressista", esses homens (sempre homens) "ilustrados" da igreja usam o silêncio para chancelar tudo que o bolsonarismo tem raivosamente implementado, da política econômica à social.

Não há inspiração em Jesus possível aqui. Um país com um governo que patina no cuidado da saúde numa das maiores crises sanitárias de nossa história, com a economia secundarizada para os mais pobres, implorando por um auxílio emergencial para não tocar a fome, e o campo evangélico conservador e fundamentalista dividido entre os que olham ensimesmados para o céu e os que olham para suas contas bancárias e para os privilégios da sua igreja.

Rosa Weber envia à PGR acusação contra Bolsonaro por promoção da cloroquina

O documento do PDT pede que Bolsonaro seja investigado pela suposta “prática dos crimes de emprego irregular de verbas públicas e perigo para a vida ou saúde de outrem” e pela “dispensa de licitação para a produção de comprimidos de cloroquina”

21 de fevereiro de 2021, 15:18 h Atualizado em 21 de fevereiro de 2021, 15:18
  (Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE)

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou à Procuradoria-Geral da República uma notícia-crime contra Jair Bolsonaro, apresentada pelo PDT, por promoção do uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, segundo a Crusoé.

O documento pede que Bolsonaro seja investigado pela suposta “prática dos crimes de emprego irregular de verbas públicas e perigo para a vida ou saúde de outrem” e pela “dispensa de licitação para a produção de comprimidos de cloroquina”.

Cabe ao PGR, Augusto Aras, optar se prossegue ou arquiva o pedido.

Paulo Guedes está sendo "fritado"?

Miriam Leitão diz que Bolsonaro deu golpe na Petrobrás e que Guedes virou fantasma no governo, enquanto Salim Mattar diz que sonho liberal acabou, que Paulo Guedes foi vencido e que Bolsonaro é truculento

Brasil 247, 21/02/2021, 08:17 h Atualizado em 21/02/2021, 08:17
   Miriam Leitão detona comunicação de Paulo Guedes. (Foto: Divulgação)

A jornalista Miriam Leitão, que fez campanha pelo golpe de 2016, que teve como finalidade principal transferir a renda do pré-sal da sociedade brasileira para acionistas privados da Petrobrás, hoje diz em sua coluna que Jair Bolsonaro e os militares deram um golpe na estatal. "A Petrobras está sob intervenção de militares. O presidente da empresa e do conselho são um general e um almirante, o ministro da área, um almirante. A empresa perdeu R$ 50 bilhões de valor, no pregão de sexta-feira e no after market, e a governança foi violentada. Jair Bolsonaro alimentou a especulação, anunciou a mudança pelo Facebook e o fato relevante veio só depois. O general Joaquim Silva Luna foi um dos redatores da nota de ameaça ao Supremo em 2018. O ministro da Economia, Paulo Guedes, virou um fantasma dentro do governo", diz ela.

"Acionistas podem entrar na Justiça porque tiveram prejuízo por ato temerário do acionista controlador. Várias regras das empresas de capital aberto e do estatuto da Petrobras foram feridas por Bolsonaro. O golpe foi executado em detalhes. Ao anunciar que indicava Silva Luna também para ser um dos membros do Conselho de Administração, o governo convocou uma Assembleia Geral Extraordinária. A Lei das S/A de 2001, artigo 141, parágrafo terceiro, diz que sempre que houver a destituição de um membro do conselho todos os outros estão destituídos. Assim, o governo preparou o bote. Se houvesse resistência ao nome do general Luna, entre os seus representantes no Conselho de Administração, todos os nomes restantes seriam trocados. À noite, o governo informou que os reconduzia. Contudo, ficou sobre eles a espada", afirma.

"A governança da Petrobras foi atacada por Bolsonaro para impor o controle de preços. Nem isso contentará os caminhoneiros. Bolsonaro é inimigo do liberalismo econômico e derrubou o valor da ação da Petrobras. Mas isso se recupera no futuro. O bem mais caro que Bolsonaro ameaça é a democracia. O país sabe o alto preço que pagou por ela", diz ainda Miriam Leitão.

O empresário Salim Mattar, responsável pelas privatizações do governo está desapontado

      (Foto: ABr)

O empresário Salim Mattar, dono da Localiza, locadora de veículos que conta com uma série de incentivos fiscais, e que foi para o governo de Jair Bolsonaro para tentar desmontar o estado brasileiro, na secretaria de privatizações, expôs seu lamento com o fim do sonho liberal, em entrevista à jornalista Cleide Silva, publicada no jornal Estado de S. Paulo. "O ministro Guedes é resiliente, obstinado e determinado, mas não percebeu que foi vencido. Por exemplo, há quanto tempo a história da Eletrobrás está no Congresso e não consegue autorização? Tem a Casa da Moeda, que eu tentei privatizar e o Congresso disse não por considerá-la estratégica. Mas ela é uma gráfica. O pior é que daqui três ou quatro anos vamos vender as máquinas de fazer notas e moedas a quilo em ferro velho porque não vai ter mais valor. Essas pessoas que falam que é estratégico são cegas e não conseguem entender que moeda e papel moeda vão desaparecer em pouco tempo. A China, desde maio do ano passado, só paga os servidores em moeda digital, princípio que outros países vão adotar", disse ele.

Salim Mattar também criticou a demissão de Roberto Castello Branco, o presidente entreguista da Petrobrás, que vinha privatizando a empresa aos pedaços. "Primeiro acho que faltou elegância, respeito e consideração pela forma como foi demitido. Isso demonstra uma certa truculência do governo. O histórico da Petrobrás é que os presidentes têm sido substituídos a cada dois anos. Como pode uma empresa dar certo trocando o presidente a cada dois anos? Quero lembrar que há alguns anos saiu o Pedro Parente por problemas parecidos - combustível, greve de caminhoneiro. Repare que os interesses políticos sobre as empresas continuam acentuados. Governos, por favor fechem o capital da Petrobrás e façam o que quiserem, mas respeitem as regras."

Raduan Nassar: se STF não se acovardar, Lula será candidato em 2022

O jornalista Raduan Nassar ainda ressaltou a desmoralização da Lava Jato e destacou que foi uma operação, com interferência dos Estados Unidos, para destruir a soberania nacional

21 de fevereiro de 2021, 14:21 h Atualizado em 21 de fevereiro de 2021, 14:45
  Raduan Nassar com Fernando Morais (Foto: Foto: Ricardo Stuckert)

O escritor Raduan Nassar, em entrevista à Folha de S.Paulo, defendeu a candidatura de Lula em 2022. Segundo ele, “se o STF não se acovardar, é bem provável que Lula venha a se candidatar nas próximas eleições”. Ele, defende, diante das revelações da Vaza Jato, que o ex-presidente petista tenha seus direitos restituídos.

“O primeiro nome é sempre o de Lula, alguém com estatura de estadista. Caso seu nome, por razões espúrias, seja barrado novamente pelos militares, [Fernando] Haddad e [Flávio] Dino são nomes íntegros”, afirmou.

O jornalista ainda ressaltou a desmoralização da Lava Jato e destacou que foi uma operação, com interferência dos Estados Unidos, para destruir a soberania nacional. “Para quem acompanha a geopolítica mundial nas últimas décadas não é difícil a leitura sobre o modo como os EUA agem para garantir o domínio sobre os seus ‘quintais’ pelo mundo”, destacou.

“Estava claro ainda que, sob a aura de ‘heróis’, que a Lava Jato operava a favor de interesses internacionais, com a conivência de parte do Judiciário, o que se comprova com a revelação das mensagens trocadas entre aquele grupo de Curitiba”, afirmou.

“Alguns fatos não podem ser esquecidos, todo o prejuízo para nossa indústria, para a educação, saúde, ciência e economia, precisa ser colocado na conta do chamado ‘Tucanistão’. O PSDB de Aécio, de Serra e de FHC —este último não podia ser melindrado, segundo o marreco de Maringá— não admitiu a derrota nas urnas, foi partícipe do golpe, da entrega do pré-sal, ajudou a eleger Bolsonaro com o voto do BolsoDoria, e vota fechadinho com a agenda do presidente genocida e de seu ministro ‘Posto Ipiranga’”.

“Alguém se esquece do então ministro da Justiça, enfiado num governo de cor laranja, cheio de rachaduras e ‘rachadinhas’, se referindo ao crime de caixa dois de Onyx Lorenzoni? Segundo Moro, ‘ele pediu desculpas’”.

"Se Lula puder ser candidato, a fragmentação da esquerda desaparece", diz Breno Altman

O jornalista analisou possíveis cenários eleitorais para 2022, ressaltando que, caso a candidatura do ex-presidente Lula não seja permitida, o caminho do PT para o segundo turno seria muito mais árduo. 

Brasil 247, 19/02/2021, 18:28 h Atualizado em 19/02/2021, 19:12
    Felipe L. Gonçalves/Brasil247 (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

O jornalista Breno Altman analisou no Bom dia 247 dois possíveis cenários eleitorais para 2022, um com o ex-presidente Lula podendo ser candidato, e o atual, sem ele.

Para Altman, a candidatura do líder petista, caso permitida, reduziria as chances de fragmentação no campo progressista. “O que melhor define o cenário para o país é se o Lula poderá ou não ser candidato. Essa é a questão crucial. Se o Lula puder ser candidato, a fragmentação da esquerda se reduziria fortemente, porque Dino e Boulos muito dificilmente se apresentariam como candidatos, e Ciro Gomes perderia massa eleitoral imediatamente. Caminharíamos para uma polarização entre Bolsonaro e Lula”, explicou.

Porém, aponta Breno, caso isso não ocorra, o caminho do Partido dos Trabalhadores para o segundo turno seria muito mais árduo. “Se Lula não puder ser candidato, o risco de fragmentação seria maior, a massa eleitoral do Ciro se manteria estável, portanto ajudando na divisão do campo progressista, e o Partido dos Trabalhadores teria que transpirar para estar no segundo turno. É uma tendência que o PT esteja no segundo turno, mas as dificuldades seriam maiores”, disse o jornalista.

Hugo Chávez era um amador perto de Bolsonaro, diz Eliane Cantanhêde

Jornalista que fez campanha pelo golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff agora também entoa o coro de que o Brasil vai virar Venezuela com Jair Bolsonaro

Brasil 247, 21/02/2021, 08:02 h Atualizado em 21/02/2021, 08:02
     Jornalista alerta para mais aumento de casos do coronavírus entre os mais pobres (Foto: Dir.: Carolina Antunes - PR)

A colunista Eliane Cantanhêde, que faz parte do time que fez campanha pelo golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff e pela prisão política do ex-presidente Lula, dois fenômenos que permitiram a volta dos militares ao poder num governo de cortes neofascistas, hoje entoa o coro de que o Brasil vai virar Venezuela com Jair Bolsonaro no poder.

"Bolsonaro botou as Forças Armadas no bolso, cooptou as polícias, arma as milícias, dá carne aos leões bolsonaristas, enquanto cala o Congresso, faz política de boa vizinhança com o Supremo e o STJ e troca o falso liberalismo econômico por intervencionismo, corporativismo e populismo", diz ela, em sua coluna.

"É assim que multidões defendem um governo que trabalhou a favor do vírus, chegou atrasado e a conta-gotas às vacinas e tem um presidente capaz de inventar que rasuraram a carteira de vacinação da mãe só para fingir que era a “vacina chinesa do Dória”. O coronel Hugo Chávez era um amador", afirma.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

DENÚNCIA Cadê a ambulancha que estava aqui?

Na gestão da prefeita Eliene Nunes (2013/2016), o município de Itaituba recebeu uma Ambulancha, doada pela AMPORT, para transportar pacientes em estado grave, na travessia do rio Tapajós, no trecho Miritituba/Itaituba. Segundo informções, a ambulancha não foi usada no mandato do prefeito Valmir Climaco, iniciado em 2017. Foi deslocada para reparos e nunca mais retornou para cumprir sua finalidade.


       Ambulancha doada pela ATAP, depois AMPORT, para o transporte de doentes, de Miritituba à Itaituba

Por conta de convênio com a Prefeitura Municipal de Itaituba, a AMPORT, para contribuir com a ações de Saúde, em 2014, fez a doação de uma  ambulancha, para o transporte dos pacientes, no trecho Miritituba-Itaituba, na travessia do rio Tapajós. Com uma ambulância doada pelo mandato do deputado Júnior Ferrari, Miritituba ficou servida com esses dois importantes transportes.

Segundo Walfredo Marques, que foi Secretário de Meio Ambiente e depois, Secretário de Governo na administração da ex-prefeita Eliene Nunes, "a ambulancha, foi uma das solicitações da administração passada, inclusa na agenda mínima e atendida pela AMPORT, com um motor Honda 115, coberta, toda equipada com maca, equipamentos de primeiros socorros, desfribrilizador, uma espécie de CTI naval, com bombona de oxigênio, etc."

Para Naldo Luna, um dos integrantes da diretoria da Associação de Moradores de Miritituba, "os dois meios de transportes, foram usados na época da prefeita Eliene Nunes. Valmir Climaco assumiu a prefeitura, a ambulancha foi retirada da travessia para reformas e não mais retornou. Com a ambulância, objeto de emenda do deputado Júnior Ferrari, aconteceu a mesma coisa".

No lugar da ambulância foi colocada outra, bem menor e até o momento de fechamento desta matéria, o transporte de pessoas doentes na travessia do rio Tapajós é o convencional, ou seja, a balsa e outras embarcações menores, sem a estrutura necessária para transportar doentes.

Miritituba é, certamente, uma das localidades que mais contribui para a arrecadção de impostos do município de Itaituba e espera um retorno proporcional a essa arrecadação.

Tucano Gustavo Franco se desespera com ação de Bolsonaro na Petrobras e diz: Boa tarde, Venezuela

O tucano Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, usou as redes sociais na noite desta sexta-feira (19) para ironizar a intervenção de Jair Bolsonaro na Petrobras

Brasil 247, 20/02/2021, 08:49 h Atualizado em 20/02/2021, 09:14
  Gustavo Franco e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

O ex-presidente do Banco Central usou as redes sociais na noite desta sexta-feira (19) para ironizar a intervenção de Jair Bolsonaro na Petrobras.

“Boa tarde, Venezuela”, ironizou Franco pelo Twitter. Sua postagem rapidamente viralizou nas redes sociais.

Ao citar a Venezuela em sua publicação, o ex-presidente do Banco Central associou Bolsonaro a Hugo Chávez, que no início dos anos 2000, quando assumiu a presidência do país, demitiu o presidente da estatal venezuelana de petróleo e colocou um militar em seu lugar, informa a Fórum.

A demissão de Castelo Branco e a indicação de um general para substituí-lo está provocando forte reação.

A Petrobrás, que está vendendo refinarias e cobrando combustíveis cada vez mais caros dos brasileiros, para agradar seus investidores internacionais, divulgou nota na noite de ontem, em que ameaça se rebelar contra a demissão de Roberto Castello Branco.

Bolsonaro joga seu destino na mudança da presidência da Petrobrás

"A troca da presidência da Petrobrás, da forma como se deu, é a mexida mais importante para os rumos do governo", afirma o jornalista Renato Rovai. "Mais importante do que a demissão de Moro e Mandetta, para que tenham uma ideia"

20 de fevereiro de 2021, 11:29 h Atualizado em 20 de fevereiro de 2021, 13:09
    Fachada da Petrobras e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters | Marcos Corrêa/PR)

Por Renato Rovai

Enquanto as bolsas fechavam e o Congresso votava o destino do deputado Daniel Silveira, Bolsonaro dava uma canetada e demitia o presidente da Petrobrás Roberto Castelo Branco.

O presidente estaria descontente com a política de preços da estatal e com o retorno desta política para a sua popularidade. Os altos preços dos combustíveis alinhados à paridade de importação que agradam ao mercado são nitroglicerina pura entre caminhoneiros, motoristas de aplicativos, taxistas e donos de carros em geral.


A partir de agora quem vai mandar na estatal é o general Joaquim Silva e Luna. A troca só faz sentido se o general mudar a política de preços. E se isso vier a acontecer, a privatização da empresa e das refinarias subiria no telhado. Já que é exatamente a possibilidade de ter altos lucros com os produtos da empresa que anima investidores internacionais a comprar fatias da estatal.

Essa guinada na Petrobras, na opinião de meu colega de mídia independente, Leonardo Attuch, será a Batalha de Guararapes do momento. Attuch prevê dólar a 6 reais e a Petrobrás caindo 10 pontos na reabertura do mercado na segunda.

A repercussao de O Globo com políticos e economistas neoliberais é catastrófica para o governo e dá razão a Attuch. Gustavo Franco, por exemplo, disse apenas: “Boa tarde, Venezuela”. Entendedores entenderão o que isso significa para o mercado.

A questão que se coloca neste momento, porém, é até onde vai a decisão de mudar as coisas na estatal e o quanto isso tem relação com a macro política econômica do governo.

Bolsonaro pulará do barco neoliberal e vai desistir também de Guedes? Bolsonaro vai mexer na política de preços, mas vai tentar fazer isso desagradando o mínimo o mercado? Bolsonaro vai tentar manter a Petrobrás sob controle governamental, mas vai em troca oferecer outros biscoitos, como o Bacen independente, ao mercado?

A troca da presidência da Petrobrás, da forma como se deu, é a mexida mais importante para os rumos do governo. E mais importante do que a demissão de Moro e Mandetta, para que tenham uma ideia.

Ela pode significar uma radicalização de um populismo de direita sem classe média. Porque se jogar fora a agenda neoliberal o presidente tende a perder uma parte substancial do eleitorado ideológico de direita. E ficaria apenas com o segmento mais extremista dos costumes.

A semana que vem pode ser o reinício de um novo ciclo do bolsonarismo. O drama é que o campo progressista não faz parte deste jogo. Está apenas assistindo-o da arquibancada. Era hora de entrar em campo e transformar esse debate do rumo que vai ser dado à Petrobrás um pouco no debate do país que se quer.

Era hora de uma grande união em defesa dos bens públicos e da vida. De uma imensa campanha com verde e amarelo que resgatasse das mãos da direita as cores que inspiram boa parte do país.

PSDB chama Bolsonaro de comunista após demissão de entreguista da Petrobrás

Partido que esteve por trás do golpe de 2016, justamente para mudar a política de preços da Petrobrás e privatizá-la aos pedaços, PSDB se revolta com a demissão do entreguista Roberto Castello Branco, que vinha cobrando preços abusivos na gasolina, no diesel e no gás de cozinha

Brasil 247, 20/02/2021, 15:08 h Atualizado em 20/02/2021, 15:17
  (Foto: PR | Reuters)

O PSDB, que foi linha de frente na articulação do golpe de 2016, chamou Jair Bolsonaro de comunista diante da demissão do entreguista Roberto Castello Branco da direção da Petrobrás. Representante do capital financeiro, o PSDB se revoltou com a substituição do banqueiro por um general, o que deve enfraquecer a política privatista.

Nas redes sociais, neste sábado, 20, o partido publicou uma foto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e de Jair Bolsonaro, se vangloriando pelo partido ter privatizado bem mais em sua gestão. Junto à foto, uma legenda: “quem é o comunista e quem é o liberal?”.

O jornalista e editor do 247 Leonardo Attuch afirmou que os tucanos estavam “entregando o jogo”, mas ressaltou que o placar divulgado está errado, pois “Bolsonaro já vendeu uma refinaria da Petrobrás e vários ativos da estatal”. “Talvez o general coloque um freio no entreguismo. Vamos aguardar”, concluiu.
Na sexta-feira, 19, Bolsonaro demitiu Castello Branco e colocou o general Joaquim Silva e Luna, ex-ministro de Michel Temer, no controle da Petrobrás, o que desagradou o mercado financeiro.