MÍDIA
As postagens originais dessas fake news alcançaram 13,46 milhões de visualizações, segundo dados das plataformas
Brasil, 14 de maio de 2024, 05:37 h, atualizado em 14 de maio de 2024, 09:34 h
Jorginho Mello (Foto: Roberto Zacarias/SECOM)
Duas semanas após o início das fortes chuvas no Rio Grande do Sul, autoridades e a sociedade civil enfrentam, além dos danos físicos, o desafio da desinformação. Conforme reportagem do jornal O Globo, pelo menos vinte notícias falsas circularam durante este período, sendo amplificadas por políticos e artistas, quase todos ligados à extrema direita. As postagens originais dessas fake news alcançaram 13,46 milhões de visualizações, segundo dados das plataformas.
Na última segunda-feira, na Câmara dos Deputados, sete deputados federais foram alvo de uma representação judicial movida pelo PSOL por propagação de fake news durante uma sessão na Casa. Entre os deputados citados estão Filipe Martins (PL-TO), Gilvan da Federal (PL-ES), Paulo Bilynskyj (PL-SP), Caroline de Toni (PL-SC), General Girão (PL-RN), Coronel Assis (União-MT) e Coronel Ulysses (União-AC). Letícia Capone, pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio, destacou que as fake news podem causar pânico, dificultar operações de resgate e colocar a segurança pública em risco.
Para combater a desinformação, o governo federal lançou no domingo uma campanha de conscientização. Na semana anterior, já havia solicitado que a Polícia Federal abrisse inquérito contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e o influenciador Pablo Marçal por suas publicações sobre as chuvas. Eduardo Bolsonaro afirmou que Lula só tomou providências quatro dias após o início das chuvas, apesar do governo ter reconhecido a calamidade e começado a destinar recursos três dias após as chuvas começarem. Cleitinho e Marçal alegaram que as doações ao estado não estavam chegando devido à falta de nota fiscal, informação desmentida pelo secretário-chefe da Casa Civil, Arthur Lemos.
Outros políticos também disseminaram informações falsas. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), declarou que caminhões estavam sendo multados, embora a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tenha negado essa informação um dia antes. O deputado Gilvan da Federal (PL-ES) afirmou na Câmara que barcos e motos aquáticas estavam sendo parados para verificação de documentação, mas o coronel Douglas Soares, subcomandante geral da Brigada Militar, desmentiu a informação.
Uma das fake news mais divulgadas foi do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que afirmou que somente o Ministério da Saúde poderia repor medicamentos em falta no estado, destacando a insulina. A Anvisa já havia esclarecido que não há obstáculos para doações de medicamentos. Deputados como Gustavo Gayer (PL-GO) e Paulo Bilynskyj (PL-SP) também fizeram alegações falsas sobre médicos impedidos de trabalhar e falta de vacinas no estado, ambas desmentidas por autoridades. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que não há desabastecimento de vacinas no Rio Grande do Sul.
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