sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O que os politicólogos disseram sobre o debate dos presidenciáveis no SBT

Debate (no SBT) foi histórico, para ser lembrado daqui a dez anos

Por eliane cantanhêde, da Folha de S. Paulo (e cobertura de Veja.com)

Sem exagero, o debate do segundo turno desta quinta-feira foi um debate histórico, desses que a gente vai estar comentando em cinco, dez anos. Os dois candidatos muito agressivos, com ataques do início ao fim, mas ambos com respostas na ponta da língua e tiradas televisivas.

Aécio teve um trunfo inesperado, com a história do irmão de Dilma, que a pegou de surpresa.

Dilma teve o trunfo dela, com o "furo" da Folha, no meio do debate, sobre a afirmação do delator da Petrobras de que o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (que já morreu), ganhou propina para esvaziar uma CPI da Petrobras de anos atrás.

No frigir dos ovos, dá para dizer que Aécio e Dilma saem feridos, mas saem vivos.

O mais importante é saber qual o percentual de indecisos ou de votos nulos e em branco que assistiram. Segundo a última pesquisa Datafolha, eles somam 12% do eleitorado.

Aécio e Dilma falaram para eleitores qualificados e, provavelmente, já definidos, tendo o cuidado de não perder votos. Mas, além de não perder, eles precisam ganhar. Ganharam?
Na Folha: Dilma e Aécio sobem tom de acusações e falam em familiares e bebida

O debate promovido por SBT, UOL e Jovem Pan nesta quinta-feira (16) foi marcado por uma maior agressividade nos ataques entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) –enquanto as propostas de governo mal foram abordadas em 1h20 de programa.

Com os candidatos empatados tecnicamente há uma semana, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta (15), novas acusações foram trazidas à tona, envolvendo episódios de nepotismo e de embriaguez.

Ao final do debate, ao conceder entrevista a uma repórter do SBT, a presidente passou mal e pediu para se sentar. Ela disse que sofreu uma queda de pressão. "Tive uma queda de pressão, o debate sempre exige muito da gente, foi isso, agora consigo concluir minha entrevista com você. Peço desculpas ao telespectador, mas é assim que nós somos", afirmou.
Reprodução/SBT 
Dilma passa mal ao final de debate do UOL, SBT e Jovem Pan

Aécio acusou Dilma de favorecer o emprego de seu irmão, Igor Rousseff, na prefeitura de Belo Horizonte durante a gestão Fernando Pimentel (PT).

A declaração ocorreu depois que Dilma repetiu, pela segunda vez no debate desta quinta, que o tucano havia empregado parentes no governo de Minas Gerais.

"Infelizmente agora nós sabemos por que a senhora disse que não nomeou parentes no seu governo. A senhora pediu que os seus aliados o fizessem", afirmou.

Igor, irmão único de Dilma, foi designado assessor especial do gabinete do prefeito de Belo Horizonte em setembro de 2003.

Quando ele se desligou da prefeitura, em 31 de dezembro de 2008, ocupava o cargo de assessor especial da Secretaria Municipal de Orçamento e Planejamento.

Fernando Pimentel, eleito governador de Minas Gerais no último dia 5, rebateu a acusação de Aécio pelo Twitter.

"Igor Roussef foi assessor especial na minha gestão em BH. Ele é advogado e trabalhou com regularidade e eficiência na prefeitura e na procuradoria do município", escreveu durante o debate.

O tucano também rebateu críticas de nepotismo relativas a sua irmã mais velha, Andrea Neves, que vinham sendo utilizadas por Dilma tanto neste quanto no debate anterior, ocorrido na segunda (13).

"No meu governo, me ajudou muito a minha irmã Andrea, figura extraordinária. Ela assumiu o serviço de voluntariado de Minas Gerais, me ajudou a coordenar a área de comunicação sem remuneração", disse o ex-governador.

"Lamento ter que trazer esse tema aqui, a diferença entre nós é que a minha irmã trabalha muito e não recebe nada, o seu irmão recebe e não trabalha nada", atacou.

Dilma, por sua vez, questionou Aécio sobre sua posição em relação à lei seca, que pune motoristas que dirigem embriagados – tema sensível ao tucano, que foi pego dirigindo com a carteira vencida e recusou-se a fazer o teste do bafômetro em 2011.

Aécio subiu o tom e disse que a candidata não tinha "coragem para a fazer pergunta direto".

"Eu tive um episódio sim, e reconheci. Tenho uma capacidade que a senhora não tem. Eu tive um episódio que parei numa Lei Seca porque minha carteira estava vencida e ali naquele momento inadvertidamente não fiz o exame e me desculpei disso", replicou.

Em 2011, ao se recusar a fazer o teste do bafômetro e dirigir com a carteira vencida numa madrugada no Rio de Janeiro, Aécio teve o documento apreendido em blitz da Operação Lei Seca.

À época, o tucano confirmou não ter feito o teste, mas disse que isso ocorreu porque os policiais já haviam constatado que sua habilitação estava vencida.

"A senhora caminha para perder essas eleições pela incapacidade que demonstrou inclusive de respeitar os seus adversários", rebateu Aécio.

Os candidatos também se acusaram mutuamente de mentir em várias partes do debate. Aécio chegou a dizer que Dilma fazia uma "campanha da mentira" e a petista falou que o senador "manipula palavras".

Análise: Marketing da pancadaria tenta desossar rival ao máximo

FERNANDO RODRIGUES, DE BRASÍLIA

O nível de agressão visto no debate presidencial desta quinta (16) é uma estratégia política deliberada das campanhas de Aécio Neves (PSDB) e de Dilma Rousseff (PT). Trata-se apenas de retórica quando ambos falam em elevar o nível das discussões.

É que a esta altura da eleição, com os dois empatados, os cânones do marketing político oferecem duas opções principais.

A primeira é ter uma proposta de governo realmente muito atraente e inovadora para tentar pescar votos no eleitorado do adversário. Aécio precisa convencer parte dos dilmistas a votar nele. E Dilma tem de atrair aecistas. Não é saída fácil, sobretudo porque muitos brasileiros já conhecem em linhas gerais como se comportam no poder o PT e o PSDB.

Mas sobram eleitores que declaram voto num nome sem ainda estarem muito convictos. Nesse bioma dos "quase indecisos" surge a outra opção do marketing: tentar desossar o concorrente ao máximo.

Essa estratégia pode até não levar Dilma a ganhar eleitores de Aécio ou vice-versa. Só que a enxurrada de acusações tende a causar o desalento em algum aecista ou dilmista pouco convicto. O objetivo de PT e PSDB agora é incentivar parte dos eleitores adversários a pensar "acho que não vou votar em ninguém".

Pode parecer uma estratégia reducionista, mas é o que basta. Neste momento, quem consegue fazer um eleitor desistir de votar no rival já obtém uma vitória. Ainda que esse brasileiro só decida votar nulo.

Daí Aécio classificar Dilma de mentirosa e incompetente. Citar a Petrobras. Mencionar os baixos investimentos na área de segurança. E trazer também ao debate um caso pessoal: o do irmão da presidente que um dia teve um emprego público em Minas Gerais.

No caso da petista, as acusações ao tucano foram ainda mais pessoais. Para muitos, talvez Dilma tenha ultrapassado o aceitável num debate presidencial, mas a tática foi meticulosamente estudada pelo seu marketing: resta cerca de uma semana de campanha e é preciso usar ataques fáceis de serem entendidos.

Dilma tangenciou e perguntou sobre pessoas que abusam de álcool e drogas. Trouxe para a mídia de massa (a TV) o episódio em que Aécio foi barrado há alguns anos por uma blitz policial no Rio e se recusou a fazer o teste do bafômetro. O tucano estava treinado. Admitiu o erro e disse ter ficado arrependido.

Para não restar dúvidas, ao final do debate, o presidente do PT, Rui Falcão, foi explícito em entrevista ao UOL: "Todo mundo sabe que ele [Aécio] estava dirigindo embriagado".

Até dia 26 será assim. A mando do marketing, os brasileiros saberão cada vez mais detalhes das vidas pessoais de Dilma e Aécio.

Análise política do Estadão: Sem limites para a desconstrução das duas candidaturas

MARCELO DE MORAES - O ESTADO DE S. PAULO

Candidatos se preocuparam muito mais em desconstruir adversário do que em discutir programas de seus eventuais governos

A eleição mais acirrada do País desde sua redemocratização acabou produzindo um inesperado efeito colateral. Os debates entre a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves exibiram os dois candidatos se preocuparam muito mais em desconstruir o adversário do que em discutir programas de seus eventuais governos. Nesta quinta-feira, 16, no debate realizado pelo SBT, o nível da troca de ataques parece ter chegado ao seu grau mais elevado, com traulitadas violentas de ambas as partes, envolvendo família, álcool e corrupção, entre outros temas.

Ao adotarem a saraivada de críticas como estratégia, os candidatos sinalizam uma prioridade que inverte a lógica tradicional da política. Em vez de buscarem o interesse dos eleitores com suas propostas, a tática privilegia apontar o dedo para os defeitos dos oponentes.

O risco dessa estratégia é claro: aumentar a rejeição dos candidatos e indicar o caminho do voto nulo ou da abstenção para o eleitor. Afinal, ao ouvir tantos ataques mútuos, o cidadão sempre pode considerar que ambos têm razão nas críticas e se desapontar mais ainda com a política.

Até agora, as pesquisas de intenção de voto apontam para o empate técnico entre os dois candidatos, com Aécio levando pequena vantagem numérica. A segunda rodada de pesquisas do 2.º turno, divulgada na quarta-feira por Ibope e Datafolha, registrou a manutenção desse quadro, mas já indicou um ligeiro aumento de votos brancos e nulos e no número de indecisos.

Se os dois debates restantes forem novamente marcados pela tática da desconstrução de candidaturas sem limites, a taxa de rejeição poderá se tornar um fator muito mais importante para a eleição do que as propostas para saúde, educação, segurança ou outras áreas prioritárias para o País.

Marco Aurélio Garcia diz que Aécio explora 'sentimento anticomunista'

ADRIANO BARCELOS, DO RIO

O assessor especial da Presidência da República para assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, atacou as propostas do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) para a política internacional brasileira na tarde desta quinta-feira (16).

Garcia criticou principalmente o que entende como apelo de Aécio ao discurso anticomunista ao questionar nos debates e na propaganda eleitoral investimentos brasileiros no porto de Mariel, em Cuba.

"É um caso claro de exportação de serviço, é importante e fizemos com outros países, com o Chile e com a Venezuela, Bolívia, Colômbia. O candidato Aécio está tentando aproveitar, não sei se é anticomunista feroz, um sentimento anticomunista que existe em parcelas da população e transformar isso num problema. Não tem essa coisa de deixar de fazer um porto em Rio Grande (RS) para fazer um em Cuba, não tem isso", afirmou Garcia, para completar:

"Se ele quiser trazer isso, está apostando na desinformação".

O assessor da presidente Dilma Rousseff participou de encontro organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais em um auditório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Encontrou uma plateia favorável e respondeu as principais críticas da oposição à condução do Itamaraty no governo Dilma. Negou que haja antipatia do Brasil com os Estados Unidos e que o país esteja alinhado em demasia com "os bolivarianos", referindo-se especialmente à Bolívia de Evo Morales e à Venezuela de Nicolás Maduro.

INSINUAÇÃO

Durante a apresentação, Garcia explicou o atual momento da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e fez insinuações que associam Aécio ao uso de entorpecentes. O tucano tem defendido mais segurança nas fronteiras para evitar o ingresso de cocaína no país.

"Se vocês lerem os documentos constitutivos da Unasul, verão que concretamente o que se dá ênfase ali é na questão da integração logística, da integração elétrica. Tudo isso vai exigir do governo brasileiro, mudança na capacidade de diálogo. Essa capacidade não se fará se nós dissermos que estamos cercados por países produtores de cocaína. (aplausos) Não entendo tanto essa obsessão com a cocaína, mas deixa pra lá (risos)."

No final, para a imprensa, Garcia criticou a proposta de Aécio de aproximação com o bloco de países da Aliança do Pacífico, em detrimento do Mercosul.

"Estamos há três meses defendendo um diálogo entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul. Quem está defendendo a Aliança do Pacífico não tem a mínima ideia do que é a Aliança do Pacífico.

Aécio não tem ideia de muitas coisas, mas essa aí em particular. Temos, em termos comerciais, tarifas com vários países da Aliança do Pacífico mais baixas que eles têm internamente", afirmou.

MAR DE LAMA

Em seguida, o assessor atacou mais diretamente a postura do candidato do PSDB e afirmou que o avô de Aécio, Tancredo Neves, que foi ministro da Justiça no último mandato do ex-presidente Getúlio Vargas (1951-1954), "daria voltas no túmulo" ao ver o tucano mencionando um "mar de lama" no atual governo.

"O Aécio está reeditando a velha agenda da direita brasileira. Neste particular ele não está inovando nada, ele é um candidato velho. A cereja no bolo foi a frase dele sobre o mar de lama. O avô dele, que participou daquele governo que era chamado de mar de lama, de Getúlio, deve estar dando voltas no túmulo. Essa é a linguagem que levou Getúlio ao suicídio, levou ao golpe militar, mas não vai nos levar a uma derrota. Se nos levar, tudo bem, faz parte da democracia, mas acredito que o povo brasileiro evoluiu muito". 

Em VEJA: Corrupção e ataques pessoais marcam debate agressivo entre Dilma e Aécio. Presidente-candidata tentou resgatar episódio no qual Aécio recusou-se a fazer o teste do bafômetro, mas tucano devolveu apontando o baixo nível da campanha petista

Se até agora, a aposta de Dilma Rousseff (PT) foi na tentativa de desconstrução do gestor Aécio Neves (PSDB), no debate promovido por SBT/UOL/Jovem Pan, a presidente-candidata buscou atingir o caráter do tucano. O ápice da estratégia petista ficou claro no terceiro bloco, quando Dilma sacou uma pergunta sobre a Lei Seca no trânsito, cujo verdadeiro objetivo era lembrar o episódio em que Aécio recusou-se a fazer o teste do bafômetro durante uma blitz no Rio de Janeiro. O tiro saiu pela culatra: Aécio respondeu dizendo que ela "poderia ter sido direta" e ele mesmo mencionou o episódio. Na sequência, acusou Dilma de rebaixar o nível do debate.


"Tenha coragem de fazer a pergunta diretamente. A senhora tenta deturpar um assunto que deve ser lidado com maior clareza. Eu tive um episódio sim, em que me recusei a fazer o teste do bafômetro. Minha carteira estava vencida. Eu me arrependi, diferentemente da senhora que não se arrepende de nada. Vamos falar de coisa séria, de como melhorar a vida das pessoas. Não é possível que a senhora queira fazer a campanha mais suja que já se viu. Quando a senhora ofende a mim, ofende a minha família, a senhora ofende todos os brasileiros que querem mudança", disse. Contrariando as regras do debate, a plateia aplaudiu.

Na mais acirrada campanha desde a redemocratização, o duríssimo debate entre Dilma e Aécio foi pontuado por acusações de corrupção e nepotismo. A temperatura subiu quando as duas campanhas prepararam “perguntas-surpresas”, sobre temas que não haviam sido abordados nos confrontos anteriores na televisão – no caso da petista, o ataque pessoal ao tucano.

Confrontado no debate anterior, da TV Bandeirantes, com o fato de que sua irmã, Andrea Neves, trabalhou no governo de Minas Gerais quando ele administrou o Estado, Aécio Neves disse que que ela exercia trabalho voluntário e não remunerado. Em seguida, apontou a nomeação do irmão de Dilma, Igor Rousseff, para um cargo de assessor da prefeitura de Belo Horizonte na gestão do petista Fernando Pimentel.

Os 15,2 milhões de votos de Minas Gerais também voltaram ao centro do debate. Em todos os blocos, a petista tentou apontar números desfavoráveis dos governos de Aécio ou mencionou o Estado lateralmente. O tucano reclamou: “Quem ligar a televisão desavisadamente agora vai achar que a senhora quer ser governadora de Minas Gerais ou prefeita de Belo Horizonte”. A petista reagiu dizendo que Aécio "quer falar em nome de Minas Gerais" e voltou a citar a reportagem do jornal Folha de S. Paulo, segundo a qual ele construiu um aeroporto na cidade mineira de Cláudio em terras de familiares – ele diz que a área é pública. "Querendo ou não tergiversar sobre esse assunto, é errado colocar um aeroporto na fazenda de um tio", disse Dilma, numa das sucessivas falas em que empregou tom professoral.

Aécio insistiu na linha de que a campanha petista propagandeia mentiras: "A sua campanha é a campanha da mentira. O Brasil não merece a campanha que a senhora quer fazer". O tucano também citou a profusão de escândalos que assolam a Petrobras. Duas vezes, ele lembrou que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi apontado pelo delator do esquema de propina na estatal, Paulo Roberto Costa, como um dos destinatários dos recursos desviados dos cofres da empresa. Além disso, também lembrou que Vaccari tem assento no conselho de administração de Itaipu Binacional. Dilma, entretanto, tinha uma carta na manga desta vez: citou a reportagem da Folha de S. Paulo na qual Costa diz que pagou propina ao ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra, morto em março deste ano, para que ele ajudasse a esvaziar uma CPI que investigava a estatal em 2009.

Dilma também tentou relembrar denúncias antigas envolvendo o PSDB: "Onde estão os corruptos da privataria tucana?". Aécio devolveu: "Onde estão os corruptos do seu partido? Estão presos". E mencionou os mensaleiros: "O presidente do seu partido [José Genoino] foi preso, o tesoureiro [Delúbio Soares] e o ex-ministro da Casa Civil [José Dirceu] foram presos".

Fonte: Folha de S. Paulo + Veja, 17/10/14

Dilma e Aécio partem para ataques generalizados e têm duelo mais agressivo da campanha

Os candidatos fizeram o debate mais agressivo da campanha com ataques generalizados de ambos os lados, deixando as propostas de governo em segundo plano Fotos: Paulo hitaker/Montagem/Reuters

OSASCO - A presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) fizeram nesta quinta-feira, nos estúdios do SBT, o debate mais agressivo da campanha com ataques generalizados de ambos os lados, deixando as propostas de governo em segundo plano.

No confronto, Dilma lembrou, por exemplo, o episódio em que o tucano foi parado em uma blitz da Lei Seca e se recusou a fazer o teste do bafômetro, e Aécio afirmou que um irmão da presidente foi nomeado para trabalhar na prefeitura de Belo Horizonte durante um governo do PT e não ia ao trabalho.

Os candidatos se acusaram mutuamente de mentir e, ao final do debate, Dilma chegou a se sentir mal e teve uma queda de pressão em um dia de forte calor em Osasco, na Grande São Paulo, onde ocorreu o debate. Mas ela se recuperou rapidamente.

A presidente acusou o PSDB de "ocultações" de provas, que teriam impedido que o PT, ao chegar ao governo federal, investigasse denúncias de irregularidades envolvendo os tucanos.

"Foram as provas que vocês levaram e as ocultações que vocês fizeram que impedem uma investigação maior", disse Dilma, ao responder Aécio, que havia questionado a razão de os governos petistas não terem investigados denúncias contra o governo anterior, emendo que ou não havia provas ou a presidente "prevaricou".

Dilma lembrou indiretamente o episódio em que Aécio foi parado por uma blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro e se negou a fazer o teste do bafômetro, alegando que estava com a carteira de habilitação vencida.

"Não é possível que a senhora queira vir aqui fazer a mais baixa das campanhas eleitorais até aqui", disparou o tucano que cobrou que a presidente tivesse "coragem" de fazer a pergunta diretamente. Ele reconheceu que errou no episódio em que foi parado, negou que estivesse embriagado e se disse arrependido de não ter feito o teste.

NEPOTISMO E INFLAÇÃO

Assim como no debate da TV Bandeirantes, Dilma voltou a acusar o adversário de nepotismo quando governou Minas.

Ao contrário do confronto anterior, quando não respondeu diretamente à presidente, dessa vez Aécio afirmou que Igor Rousseff, irmão da petista, foi nomeado por um cargo na prefeitura de Belo Horizonte, na gestão do petista Fernando Pimentel, e recebeu sem trabalhar.

"A diferença entre nós é que a minha irmã trabalha muito e não recebe nada, o seu irmão recebe e não trabalha nada", disparou Aécio, afirmando que sua irmã, Andrea Neves, o ajudou na área de comunicação do governo de Minas de forma voluntária.

Em um dos poucos momentos em que os dois adversários no segundo turno não trataram de acusações, Dilma criticou a proposta de Aécio de reduzir a meta de inflação, atualmente em 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos, para 3 por cento ao ano.

"Vocês falam que querem fazer a inflação convergir para 3 por cento. É importante para a dona de casa que está nos escutando, vou falar para ela. O que acontecerá se a inflação for para 3 por cento? Nós vamos ter uma taxa de desemprego de 15 (por cento)", afirmou a presidente.

MINAS GERAIS

O Estado natal dos dois presidenciáveis voltou a ser tema do debate entre Dilma e Aécio, com críticas da presidente aos dois mandatos que o tucano governou o Estado e com o candidato do PSDB acusando a petista de desrespeitar os mineiros.

"Pare de ofender Minas Gerais, candidata", disparou Aécio ao responder as acusações de nepotismo da presidente. O tucano chegou a ironizar a rival afirmando que, "desempregada" a partir de janeiro ela poderia se interessar em se candidatar ao governo de Minas.

A presidente rebateu evocando a juventude dos dois.

"Não coloque Minas Gerais como sendo sua... Se eu saí de Minas não foi para passear no Rio de Janeiro, foi porque eu fui perseguida... Minas não se confunde com o senhor."

Dilma voltou a afirmar que os governos tucanos "engavetavam" denúncias, ao que Aécio respondeu pedindo que a presidente não o medisse "com a sua régua".

O tucano também voltou a dizer que, no segundo turno da campanha, parecem haver dois candidatos de oposição e acusou Dilma de não ter feito em quatro anos o que vem propondo para um eventual segundo mandato.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Troca de acusações sobre corrupção marca início do segundo debate entre Aécio e Dilma

Tucano e petista participaram nesta quinta-feira (16/10) do segundo debate do segundo turno


Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) se atacaram duramente nesta quinta-feira (16/10), no início do segundo debate do segundo turno da campanha à Presidência da República. Logo na primeira oportunidade, os candidatos discutiram a corrupção, um dos temas que mais incendiaram a campanha desde o primeiro turno.

"De quem é a responsabilidade por tantos desvios de dinheiro público na Petrobras?", cobrou Aécio, depois de listar os escândalos de corrupção na estatal. "A Petrobras virou uma rotina nos nossos debates", constatou Aécio antes da resposta de Dilma.

"Quem investigou? A Polícia Federal que, ao contrário do passado, não era dirigida por filiados ao PSDB", rebateu Dilma. Na sequência, a petista voltou a listar, como no primeiro debate do segundo turno, escândalos de corrupção da época em que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) estava na Presidência da República (1995-2002). 

"Eu tenho um compromisso diferente: o meu é investigar e punir. Aqueles governos que não investigam não acham", cutucou a presidente. 

"Todos esses casos foram investigados. Se as pessoas estão soltas, é porque não existiam provas", respondeu Aécio.

"Onde estão os corruptos do seu partido? Presos.", destacou o tucano. "De quem é a responsabilidade por tantos desvios de dinheiro público na Petrobras, que não cessam nunca?", voltou a cobrar Aécio. "Não é possível que a senhora não se sinta responsável por isso. Ou a senhora foi conivente ou incompetente para cuidar da maior empresa pública do Brasil", provocou o tucano.

"É estarrecedor. Essas pessoas que não foram condenadas em nenhum desses processos, é porque não foram ivnestigadas. Vocês engavetam e escondem debaixo do tapete", insistiu Dilma,sobre os escândalos da era tucana no governo.

"Se a senhora acha que houve tantos crimes cometidos no governo do PSDB, porque a senhora não investigou? Porque ou não existia o que investigar, ou a senhora prevaricou: a sua responsabilidade era investigar", se defendeu Aécio.

Fonte: Correio Braziliense, 16/10/14

A presidente Dilma teve mal-estar após debate na TV contra Aécio Neves

A candidata do PT afirmou que a sua pressão caiu e por isso teve que interromper a entrevista

A candidata do PT, Dilma Rousseff, teve um mal-estar no momento em que concedia entrevista para uma repórter do SBT. “Não estou me sentindo bem. Minha pressão caiu”, disse a presidente para a jornalista enquanto respondia uma pergunta ao vivo na emissora. Rapidamente assessores da petista a rodearam e fizeram com que ela sentasse em uma cadeira, a mesma que foi utilizada por ela durante o debate contra o tucano Aécio Neves.

Visivelmente constrangida com a situação, a repórter da emissora chamou, então, o link para o comentarista político da emissora, Kennedy Alencar, que deu prosseguimento à transmissão. Após tomar água e descansar por alguns instantes, Dilma disse que estava melhor e tentou dar continuidade à entrevista. "Um debate exige muito emocionalmente, por isso minha pressão caiu. Mas peço desculpas à você e aos telespectadores", disse à repórter

Segundo os assessores do PT, a presidente se alimentou mal durante o dia e não será necessário a realização de exames.

Aécio é assim

por Juca Kfouri, em seu blog e na Folha de S. Paulo, 16/10/14

Aécio Neves pediu a seu eleitor Ronaldo Fenômeno que tentasse uma aproximação com o pessoal do Bom Senso FC. Ao mesmo tempo, telefonou para José Maria Marin, outro eleitor dele, em Pequim, desejando-lhe sorte antes do jogo contra a Argentina e, depois, parabenizando-o pelo resultado, segundo a CBF divulgou.

Na reinauguração do Mineirão, em abril do ano passado, Marin participou das homenagens a Aécio e o sítio da CBF também noticiou com destaque, coisa que o político escondeu em sua página ao ocultar tanto a foto quanto o nome do cartola.

Atitudes que fazem parte do jeito dele de ser, mineiro, maneiro e, agora, marineiro.

Quando tinha apenas 25 anos, Aécio foi nomeado diretor de Loterias da Caixa Econômica Federal.

Era ministro da Fazenda, no governo Sarney, seu parente, Francisco Dornelles.

Havia três anos que a revista “Placar” denunciara o caso que ficou conhecido como o da “Máfia da Loteria Esportiva” e o presidente da CEF, ex-senador por Pernambuco, Marcos Freire, determinou que o banco, até então nada colaborativo nas investigações, não ocultasse coisa alguma, até para tentar restabelecer a credibilidade da Loteca.

Aécio fez que atenderia, mas não atendeu, apesar de publicamente lembrado do compromisso pelo diretor da revista num programa, na rádio Globo, comandado por Osmar Santos.

Em 2001 quando Aécio já era presidente da Câmara dos Deputados, uma nova simulação.

Corria um processo de cassação do mandato do deputado Eurico Miranda, presidente do Vasco da Gama, e do mesmo partido de Francisco Dornelles, o Partido Popular.

A cassação era dada como certa até que, no dia da decisão, sob a justificativa de comparecer ao enterro da mãe de Dornelles, Aécio se ausentou e o processo acabou arquivado pela mesa diretora da Câmara.

Aécio deixou uma carta a favor da abertura do processo, sem qualquer valor prático. E deixou de votar, o que teria consequência.

Conselheiro do Cruzeiro, foi Aécio quem fez do ex-presidente do clube, Zezé Perrela, o suplente de Itamar Franco, eleito senador, aos 80 anos, em 2010, e falecido já no ano seguinte.

Tudo isso, e apenas no que diz respeito, direta ou indiretamente, ao futebol brasileiro, revela um estilo, um modo de ser.

Que não mudará, caso seja eleito presidente da República, o futebol brasileiro, como Marin, aliás, acha que não tem mesmo de mudar.

Desconfiança tucana e alívio petista com resultados das novas pesquisas


O resultado das pesquisas do Ibope e do Datafolha, divulgados na quarta-feira, foi recebido com desconfiança pela campanha tucana e com alívio pelos petistas. Aliados de Aécio acreditam que os apoios declarados nos últimos dias, de Marina Silva e da família do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, falecido em agosto, ainda não tiveram efeito sobre as intenções de voto dos eleitores. Já os petistas comemoram que os fatos positivos para Aécio não tenham repercutido nos levantamentos.

Integrante da campanha de Aécio, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) diz acreditar que a mais recente pesquisa não teria captado ainda os efeitos do apoio de Marina e da família do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, declarados no último fim de semana. O deputado diz que o PT está usando uma estratégia agressiva porque está “desesperado” e que, mesmo assim, Aécio se mantém estável nas pesquisas. Duarte lembra, porém, que é preciso usar “sandálias da humildade” e evitar euforia de vitória antecipada.

— As pesquisas não captam o ato reflexivo do eleitor na reta final. A pesquisa que antecedeu a eleição mostrou isso claramente. Aécio vai crescer muito mais porque tem a seu lado o eleitor indignado com a corrupção, a inflação, o país que não cresce — afirmou.

O presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, afirma que, apesar da campanha de “vale-tudo” que acusa do PT de estar fazendo, Aécio irá subir nos próximos levantamentos, e destaca que a campanha tucana continuará investindo em temas para polarizar contra o PT, como mudança na forma de fazer política, situação da economia, corrupção, em particular na Petrobras, gestão e liderança para executar reformas necessárias.

— Acho que os institutos estão com uma postura conservadora de não apostar em viés de decisão, mas temos notícia de uma situação mais favorável para o Aécio. Tivemos uma semana ainda não totalmente drenada pela sociedade, com o anúncio de apoio de Marina e da família Campos, o PSB, que ainda vai produzir um efeito grande. E teve uma pancadaria do PT em cima do Aécio, uma campanha extremamente radical, raivosa, mostra que eles sabem que estão muito atrás — pontuou Pestana.

DILMA NÃO FALOU TUDO AINDA, DIZ PETISTA

O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), afirmou que o resultado da pesquisa traz alívio para os petistas, que tinham uma expectativa de que os recentes anúncios de apoio a Aécio tivessem uma repercussão já neste levantamento. O deputado dá o tom de que o PT deverá continuar partindo para o ataque contra o tucano.

— Essa eleição vai se definindo a cada momento, a recomendação à militância é trabalhar até o último minuto a eleição da Dilma. Os dados trazem um alívio, pelo que se ouvia dizer por aí parecia que Aécio estava com 70, e Dilma com 30. Se está empatado, então é bom. Mostra que tem gente do PSB e da Marina se dividindo. Aécio está usando a mesma postura da Marina, tentando se colocar como vítima, e isso é ruim para ele. O povo não é bobo, o que a presidente Dilma fala tem comprovação, documentos, e o debate serve para isso. E ela não falou tudo ainda! — ameaça o petista.

O senador Humberto Costa, líder do PT no Senado, também comemorou o resultado. Para Costa, o acúmulo de fatos positivos ocorridos nos últimos dias para Aécio, com o anúncio de apoios e os fatos negativos para Dilma, com mais denúncias de corrupção na Petrobras poderiam ter produzido uma vantagem para o tucano, o que acabou não ocorrendo neste último levantamento.

— Achei excelente o resultado, pode até ser estranho, mas ao longo da última semana Aécio só acumulou fatos positivos e nós alguns negativos. Tudo que aconteceu semana passada foi favorável a ele. E mais, a rejeição dele cresceu e acho que depois do debate de ontem a tendência é a gente abrir vantagem — defende Costa.

Fonte:Msn Notícias, 16/10/14

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Aécio tem 51%, e Dilma, 49% dos votos válidos, apontam IBOPE e DataFolha

Levantamento com 3.010 eleitores foi feito entre os dias 12 e 14 de outubro. Margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Pesquisa IBOPE divulgada nesta quarta-feira (15) aponta os seguintes percentuais de votos válidos no segundo turno da corrida para a Presidência da República:
- Aécio Neves (PSDB): 51%
- Dilma Rousseff (PT): 49%

Para calcular esses votos, são excluídos da amostra os votos brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos. O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição.

A pesquisa foi encomendada pela TV Globo.

O Ibope afirma que o cenário para o segundo turno está indefinido e, neste momento, sem tendência visível de crescimento ou de queda para Aécio ou Dilma.

Votos totais
Se forem incluídos os votos brancos e nulos e dos eleitores que se declaram indecisos, os votos totais da pesquisa estimulada são:

- Aécio Neves (PSDB): 45%
- Dilma Rousseff (PT): 43%
- Branco/nulo: 7%
- Não sabe/não respondeu: 5%


Na margem de erro, os candidatos estão empatados tecnicamente.


No levantamento anterior do instituto, divulgado no dia 9, Aécio tinha 46% e Dilma, 44%.


O Ibope ouviu 3.010 eleitores em 204 municípios entre os dias 12 e 14 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%, o que quer dizer que, se levarmos em conta a margem de erro de dois pontos, a probabilidade de o resultado retratar a realidade é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-01097/2014. 

Rejeição
O Ibope perguntou, independentemente da intenção de voto, em qual candidato o eleitor não votaria de jeito nenhum. Veja os números:
Dilma - 36%
Aécio - 35%


Expectativa de vitória
O Ibope também perguntou aos entrevistados quem eles acham que será o próximo presidente da República, independentemente da intenção de voto. Para 47%, Dilma sairá vitoriosa; 41% acreditam que Aécio ganhará; 12% não sabem ou não responderam.

G1 - São Paulo, 15/10/14 

Relatórios anuais do TCE de Minas Gerais somem do site

Problema começou na noite desta terça-feira, quando Dilma pediu no debate da TV Bandeirantes que a população consultasse a página

JULIANA DAL PIVA

Rio - Os pareceres técnicos sobre as contas do governo de Minas Gerais de 2006 a 2012, que estavam disponíveis para consulta no site na instituição, foram retirados da consulta pública entre a noite de terça-feira e o início da tarde de ontem. Antes disso, a página web também ficou fora do ar no mesmo período por quase 12 horas. 

Os problemas ocorreram depois que a presidenta Dilma Rousseff (PT) acusou o adversário Aécio Neves (PSDB) no debate da Band na terça-feira de não cumprir o mínimo dos repasses na área de Saúde e convidou os telespectadores que acompanhavam o debate a checar o dado na página do TCE. 

“No que se refere à Saúde pode-se entrar no site do TCE e lá vai estar claro que o governo de Minas foi obrigado a assinar um termo de ajustamento de gestão e que considerou-se que vocês desviaram em torno de R$ 7,6 bilhões”, acusou Dilma. O valor corresponderia aos 12% do orçamento que deveria ter sido destinado. 

O DIA questionou o tribunal sobre a instabilidade verificada para o acesso ao site e ainda sobre a ausência dos arquivos na aba “Fiscalizando com o TCE” às 16h49 da tarde de ontem e uma hora depois o site foi atualizado novamente com o retorno dos arquivos de todos os anos. 

O tribunal alegou, por meio de nota, que ocorreu uma falha técnica devido ao aumento excessivo de visitantes na noite de terça-feira e que o sistema “não ficou indisponível, mas sim, instável”. “O TCE possui capacidade para atender acessos de seus 3.334 jurisdicionados e também as demandas das diversas áreas da sociedade. Diariamente, são registrados, em média, 2.500 acessos”, informa a nota. 

De acordo com o TCE, o número simultâneo de usuários que normalmente é de 30 chegou a 920 a partir das 22 horas da terça-feira. “De acordo com o Google Analytics (ferramenta utilizada para aferição de portais em todo o mundo), neste mesmo período, o Portal do TCEMG recebeu 53.491 (cinquenta e três mil quatrocentos e noventa e um) acessos, em decorrência de buscas na página “Fiscalizando com o TCE”, finaliza o texto. 

O governo de Minas Gerais assinou um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) em abril de 2012 para começar a cumprir o mínimo constitucional de 12% de emprego dos recursos na área da Saúde e de 25% na Educação. O plano apresentado pelo governo mineiro já na gestão de Antonio Anastasia, sucessor de Aécio, previa que apenas em 2014 o valor passaria a ser cumprido integralmente.No acordo, foram fixados os percentuais de 9,68% e 10,64% para a saúde e 22,82% e 23,91% para a educação, definidos para os anos de 2012 e 2013. 

O TCE informou na nota ainda que o termo depois de aprovado acabou arquivado pois o governo passou a cumprir os índices. A emenda 29, que estabeleceu o investimento mínimo nessas áreas, foi sancionada por Dilma em 2012. Ontem, ela voltou a criticar o assunto e disse que Aécio “não está acostumado a receber críticas porque tinha uma certa blindagem quando foi governador”.

Fonte: O dia, 15/10/14

Dilma jantou Aécio com palitinhos no debate da Band


O debate da Band costuma ser o que decide a eleição. Em 2006, Geraldo Alckmin parecia ter ganho o debate de Lula. Este blogueiro foi contra a corrente e disse que achava o contrário. Em 2010, Dilma foi pra cima de Serra quando a sua vantagem diminuía em relação a ele e estava em 4%. A carta do Paulo Preto lhe foi tascada na testa. E Serra tremeu. Hoje, Dilma jantou Aécio. Aeroporto de Cláudio, agressão a mulheres, condenação por não investir o necessário na saúde, entre outras coisas, fizeram o tucano ficar completamente fora do prumo.

O que estava em jogo neste debate da Band não era a massa de eleitores, mas as suas militâncias e o percurso da campanha. Ou seja, se a linha estava correta para os 10 dias que se seguem. Dilma venceu fácil esse desafio.

Aécio fez um discurso do “pois bem telespectador” e do “o Brasil quer mudança”. Dilma foi pra cima na desconstrução da imagem do candidato e na demonstração de que ele não tem o que apresentar para implementar se sair vitorioso.

No primeiro bloco, Aécio empatou com Dilma. Na hora de falar sozinha, sem confronto, Dilma não é tão boa.

Mas Na hora do pau a pau, do confronto cara a cara, deu pena de Aécio. Parecia a disputa entre a mulher que viveu uma vida dura e sabia sair das dificuldades contra o mauricinho do Leblon. O garotão que se acha bom porque sabe mentir na hora certa.

Quando Dilma lhe perguntou sobre a Lei Maria da Penha, Dilma falava da reportagem que Juca Kfouripublicou. Você pode ler aqui. Na época, estupefato, este blogueiro não deu bola para a defesa que um colega de blogosfera fez de Aécio e foi entrevistar Juca. Porque outros amigos haviam lhe confirmado a mesma coisa, que de fato havia tido agressão na festa.

Quando Dilma lhe acusou de não cumprir o orçamento da saúde, Aécio tentou desmentir. Mas o processo continua em aberto. E o candidato do PSDB tentou tirar essa matéria de Fórum do ar via Google, mas não conseguiu.

Foi um massacre. Dilma jantou Aécio com palitinhos. Não precisou nem de garfo e nem de facas. E mais do que isso, lhe enfiou um excelente apelido Aécio Fabulação. No universo de Aécio, ele fez o melhor governo da história de Minas. Mas perdeu a eleição por lá. A máscara de Aécio caiu no debate da Band. E esse debate é o decisivo. Se Dilma abrir vantagem agora, o debate da Globo conta muito pouco e passa a não valer muita coisa.

Aécio foi completamente derrotado. Dilma fez o que precisava. E animou a militância de esquerda que é a que está ao seu lado na sua eleição.

Fonte: Blog O Quarto Poder, 15/10/14

Debate dos Presidenciáveis na Band

Não é bem assim: veja as incorreções de Dilma e Aécio

Do UOL, em São Paulo15/10/2014, Vinícius Segalla

PauloWhitaker/Reuters
Candidatos fizeram perguntas entre si em todos os blocos do debate

O debate entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) realizado na noite da última terça-feira (14) na Band privilegiou o confronto direto entre os presidenciáveis.

Sem perguntas de jornalistas, os participantes travaram um embate em que muitos números e fatos relacionados a administrações recentes do Brasil e de governos estaduais foram citados. Em meio a essas citações, os dois candidatos cometeram deslizes e incorreções em diversas oportunidades. Veja, abaixo, os principais deslizes de Dilma e Aécio no debate.

AÉCIO NEVES

Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo


"O MPF [Ministério Público Federal] atestou a regularidade dessa obra [aeroporto de Claudio-MG]"

O tucano se referia ao aeroporto construído durante a sua gestão frente ao governo de Minas Gerais, erguido em terras de sua família, que foram desapropriadas para a construção da obra pública.

Na realidade, o que o MPF fez foi apenas rejeitar a representação criminal proposta pelo PT contra o candidato tucano, mas jamais atestou a regularidade da obra.

Ao invés disso, após a reportagem do jornal Folha de S.Paulo de agosto deste ano, sobre a construção do aeroporto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou que o Ministério Público Federal em Minas Gerais investigasse eventuais indícios de improbidade administrativa no planejamento e construção do aeroporto.
"Minas Gerais tem o melhor ensino fundamental do Brasil"

Assim como fez em debate no primeiro turno, o tucano superdimensionou os índices relativos à educação em Minas Gerais. O ensino fundamental é dividido em dois ciclos: do 1º ao 5º (antiga 4ª série) e do 6º ao 9º ano (antiga 8ª série). Na primeira etapa, Minas Gerais tinha a melhor nota no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em 2011, ano seguinte à saída de Aécio do governo mineiro. O posto foi alcançado no Ideb de 2009.

No segundo ciclo, porém, Minas Gerais, com nota 4,6, cai para o terceiro lugar, atrás de Santa Catarina (4,9) e São Paulo (4,7). Já no Ideb 2013, quando Aécio não era mais governador do Estado e divulgado este ano, Minas aparece em primeiro lugar com 4,8. É importante lembrar que o primeiro ciclo é oferecido preferencialmente pelas redes municipais, enquanto o segundo fica a cargo dos Estado.
"Vamos falar de Educação. Infelizmente, em todos os rankings internacionais, estamos na lanterna"

O Brasil não está na lanterna de todos os rankings internacionais de educação. De acordo com o ranking da educação da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), organismo internacional com sede na França, de um total de 65 países analisados, o Brasil está na 58ª, 55ª e 59ª posições na avaliação, respectivamente, do ensino das disciplinas de matemática, leitura e ciências.

DILMA ROUSSEFF

Andre Penner/AP

"Eu quero dizer que o nepotismo é crime. O senhor teve uma irmã no seu governo"

Andréa Neves da Cunha, irmã de Aécio Neves, jamais teve cargos em comissão, de confiança ou função gratificada no governo de Minas Gerais durante a administração de Aécio Neves (2003-2010).

A irmã do tucano foi, na realidade, coordenadora do Grupo Técnico de Comunicação Social da Secretaria de Governo de Minas Gerais, desde que o órgão foi criado, em 2003, por meio do decreto estadual 43.245/2003, até a saída de Aécio do governo mineiro.

O órgão que a irmã do pessedebista comandava tem por missão "coordenar, articular e acompanhar a alocação de recursos financeiros aplicados em publicidade na Administração Pública Direta e Indireta do Poder Executivo estadual".

Apesar disso, para efeito da legislação que rege a Administração Pública brasileira, Andréa nunca fez parte do serviço público mineiro, mas apenas de um grupo consultivo de uma das pastas do Estado.
"O meu governo garantiu uma inflação controlada dentro dos limites da meta"

Na realidade, a inflação medida nos últimos 12 meses está acima da meta estabelecida pelo governo federal. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,57% em setembro deste ano, o que representa mais do que o dobro do aumento de agosto, de 0,25%. 

Com esse resultado, a alta acumulada do IPCA nos últimos 12 meses atingiu 6,75%, acima do teto da meta de inflação anunciada pelo Banco Central (BC), que é de 6,5% ao ano. Foi a maior inflação em 12 meses registrada desde outubro de 2011 (6,97%).
"Vocês jamais aplicaram nenhum recurso em qualquer programa social"

A candidata se referia ao período em que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi presidente da República, entre 1995 e 2002. Durante o período, foram criados programas sociais, como o Bolsa Escola e o Vale Gás. 



14.out.2014 - Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) se cumprimentam antes do debate da Band, o primeiro entre os presidenciáveis que concorrem no segundo turno das eleições presidenciais, na noite desta terça-feira Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteúd

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Vox Populi e Instituto Sensus: qual pesquisa está mentindo?

A edição do Jornal da Record de 13 de outubro divulgou pesquisa Vox Populi que foi a campo nos dias 11 e 12. Dilma Rousseff tem 45% dos votos absolutos e 51% dos votos válidos; Aécio Neves tem 44% no primeiro caso e 49% no segundo.

48 horas antes – na noite de sábado, 11 –, o instituto Sensus publicou pesquisa que mostrou Aécio com 52,4% dos votos absolutos e 58,8% dos votos válidos, e Dilma com 36,7% dos votos absolutos e 41,2% dos votos válidos.

Em votos válidos, são 17,6 pontos de diferença de Aécio para Dilma; no instituto Vox Populi, são 2 pontos de vantagem de Dilma sobre Aécio.

Quem está mentindo? Matéria publicada no mesmo dia no portal do jornal Mineiro O Tempo dá uma dica: o Sensus usou proporção incorreta de cidades onde Aécio venceu no primeiro turno. Ele venceu em 1/3 dos municípios brasileiros e Dilma, em 2/3. Mas o instituto usou amostragem com metade dos municípios em que o tucano venceu.

No primeiro turno, Dilma venceu em 3.648 municípios, enquanto Aécio ficou à frente em 1.821 cidades, e Marina obteve melhor votação em 99 municípios. Ou seja: Dilma venceu em 65,51% dos municípios, enquanto Aécio venceu em 32,70% e, Marina, em 1,77%.

No levantamento da Sensus, no entanto, das 136 cidades escolhidas, 66 deram vitória à presidente no primeiro turno, enquanto 61 deram vitória ao PSDB e 9 ao PSB. Portanto, na amostra do instituto, 48,52% das cidades foram “dilmistas” no primeiro turno, 44,85% foram aecistas e 6,61% preferiram Marina.

O caso é muito grave. Falsificação de pesquisas eleitorais é crime punível com prisão e multa. Essa situação tem que ser esclarecida. O Ministério Público Eleitoral ou a campanha de Dilma Rousseff deveriam propor uma investigação. Mesmo que não ocorra antes da eleição, Isso tem que ser esclarecido.

Não se consegue conceber que se possa promover algo como falsificar com tal suposta grosseria uma pesquisa que pode influir decisivamente em um processo eleitoral, como já ficou sobejamente provado em estudos de politólogos eminentes como Carlos Alberto de Almeida, autor de “A Cabeça do Eleitor”.

Alguém tem que tomar essa atitude em nome da cidadania brasileira.

Não se pode aceitar que promovam uma trapaça dessa magnitude em nosso país. Não somos uma república bananeira. Até parece que somos, mas não somos. Dilma não pode permitir que pesquisas fajutas elejam Aécio fazendo os brasileiros de trouxas.

Fonte: Brasil 247, 13/10/14

Roberto Amaral deixa presidência do PSB Nacional para apoiar Dilma

Quando se alia a Aécio Neves, o PSB renega seus compromissos programáticos e estatutários. Joga no lixo da história a oposição que moveu ao governo FHC e o esforço de seus fundadores para instalar no solo da paupérrima política local uma resistência de esquerda, socialista e democrática.

Nessa decisão em que o PSB jogou pela janela sua própria história e fez em pedaços a galeria de seus fundadores, movido pela busca do poder pelo poder, o partido renunciou ao seu futuro. Podendo ousar construir as bases do socialismo do século 21, democrático, optou pela cômoda rendição ao statu quo. O partido renunciou tanto à revolução como à reforma.

Um partido socialista não pode se conciliar com o capital em detrimento do trabalho, aceitar a pobreza nem a exploração do homem pelo homem, como se um fenômeno irrevogável fosse. Ora, ao dar apoio a Aécio Neves, o PSB resolveu se aliar à social-democracia de direita, abandonando o campo da esquerda.

O pressuposto de um partido socialista é o debate, o convívio com as diferenças e a prevalência da lealdade e da ética. Quando esse tronco se rompe, é impossível manter a copa de pé.

Anfitrião, recebi, segundo meus princípios éticos, o candidato escolhido pela maioria. Cumprido o papel, estou livre para lutar pelo Brasil que sonhamos, convencido de que apoiar a presidenta Dilma Rousseff é, hoje, nas circunstâncias, a única opção para a esquerda socialista, independentemente dos muitos erros do PT, no governo e fora dele.

Roberto Amaral é ex-presidente do Partido Socialista Brasileiro, foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (governo Lula)

Roberto Amaral: PSB renunciou ao seu futuro

Quando se alia a Aécio Neves, o PSB renega seus compromissos e joga no lixo da história a oposição que moveu ao governo FHC

A recém-revelada disputa interna no PSB não tem como cerne a disputa da presidência do partido. O que está –e sempre esteve– em jogo é a definição do modelo de Brasil que queremos e, por consequência, do partido que queremos. É nesse ponto que as divergências são insuperáveis, pois entra em jogo uma categoria de valores incompatível com a pequena política.

Quando se alia a Aécio Neves, o PSB renega seus compromissos programáticos e estatutários. Joga no lixo da história a oposição que moveu ao governo FHC e o esforço de seus fundadores para instalar no solo da paupérrima política local uma resistência de esquerda, socialista e democrática.

No plano da política imediata, essa decisão que dividiu o PSB, talvez de forma definitiva, revoga a luta pela qual Eduardo Campos se fez candidato (e os pressupostos de sua tese, encampada lealmente por Marina Silva na campanha), a saber, a denúncia da velha, nociva e artificial polarização entre PT e PSDB, que só interessa, dizia ele, aos verdadeiros detentores do poder.

Como honrar esse legado tornando-se refém de uma de suas pernas, justamente a mais atrasada? O resto é a pequena política, miúda, a politicagem dos que, não podendo formular, reduzem o fazer político aos golpes e aos “golpinhos”, à conquista das pequenas sinecuras das estruturas partidárias e à promessa de recompensa nos desvãos do Estado. Insistir nesse tipo de prática é outro erro.

Que a crise do PT sirva ao menos de lição. E quem não aprende com a história está condenado a errar seguidamente. Aliás, estamos em face de uma das fontes da tragédia brasileira: a visão míope, tomando o que é acessório como o principal, o episódico como o estratégico, a miragem como a realidade.

Nessa decisão em que o PSB jogou pela janela sua própria história e fez em pedaços a galeria de seus fundadores, movido pela busca do poder pelo poder, o partido renunciou ao seu futuro. Podendo ousar construir as bases do socialismo do século 21, democrático, optou pela cômoda rendição ao statu quo. O partido renunciou tanto à revolução como à reforma.

Um partido socialista não pode se conciliar com o capital em detrimento do trabalho, aceitar a pobreza nem a exploração do homem pelo homem, como se um fenômeno irrevogável fosse. Um partido socialista não pode desaparelhar o Estado para melhor favorecer o grande capital, muito menos renunciar à sua soberania e aliar-se ao capital financeiro internacional, que constrói e que construirá crises necessárias à expansão do seu domínio. Ora, ao dar apoio a Aécio Neves, o PSB resolveu se aliar à social-democracia de direita, abandonando o campo da esquerda.

O pressuposto de um partido socialista é o debate, o convívio com as diferenças e a prevalência da lealdade e da ética. Quando esse tronco se rompe, é impossível manter a copa de pé.

A vida partidária exige liturgia. Como presidente do Partido Socialista Brasileiro, procurei me manter equidistante das disputas, embora tivesse minha opção. Isento, ouvi as correntes e dirigi a reunião da comissão executiva que optou pelo suicídio político-ideológico que não pude evitar.

Anfitrião, recebi, segundo meus princípios éticos, o candidato escolhido pela maioria. Cumprido o papel, estou livre para lutar pelo Brasil que sonhamos, convencido de que apoiar a presidenta Dilma Rousseff é, hoje, nas circunstâncias, a única opção para a esquerda socialista, independentemente dos muitos erros do PT, no governo e fora dele.

(Artigo publicado originalmente na Folha de S.Paulo)

Roberto Amaral é ex-presidente do Partido Socialista Brasileiro, foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (governo Lula)

Fonte: Site do PT, 14/10/14