por Juca Kfouri, em seu blog e na Folha de S. Paulo, 16/10/14
Aécio Neves pediu a seu eleitor Ronaldo Fenômeno que tentasse uma aproximação com o pessoal do Bom Senso FC. Ao mesmo tempo, telefonou para José Maria Marin, outro eleitor dele, em Pequim, desejando-lhe sorte antes do jogo contra a Argentina e, depois, parabenizando-o pelo resultado, segundo a CBF divulgou.
Na reinauguração do Mineirão, em abril do ano passado, Marin participou das homenagens a Aécio e o sítio da CBF também noticiou com destaque, coisa que o político escondeu em sua página ao ocultar tanto a foto quanto o nome do cartola.
Atitudes que fazem parte do jeito dele de ser, mineiro, maneiro e, agora, marineiro.
Quando tinha apenas 25 anos, Aécio foi nomeado diretor de Loterias da Caixa Econômica Federal.
Era ministro da Fazenda, no governo Sarney, seu parente, Francisco Dornelles.
Havia três anos que a revista “Placar” denunciara o caso que ficou conhecido como o da “Máfia da Loteria Esportiva” e o presidente da CEF, ex-senador por Pernambuco, Marcos Freire, determinou que o banco, até então nada colaborativo nas investigações, não ocultasse coisa alguma, até para tentar restabelecer a credibilidade da Loteca.
Aécio fez que atenderia, mas não atendeu, apesar de publicamente lembrado do compromisso pelo diretor da revista num programa, na rádio Globo, comandado por Osmar Santos.
Em 2001 quando Aécio já era presidente da Câmara dos Deputados, uma nova simulação.
Corria um processo de cassação do mandato do deputado Eurico Miranda, presidente do Vasco da Gama, e do mesmo partido de Francisco Dornelles, o Partido Popular.
A cassação era dada como certa até que, no dia da decisão, sob a justificativa de comparecer ao enterro da mãe de Dornelles, Aécio se ausentou e o processo acabou arquivado pela mesa diretora da Câmara.
Aécio deixou uma carta a favor da abertura do processo, sem qualquer valor prático. E deixou de votar, o que teria consequência.
Conselheiro do Cruzeiro, foi Aécio quem fez do ex-presidente do clube, Zezé Perrela, o suplente de Itamar Franco, eleito senador, aos 80 anos, em 2010, e falecido já no ano seguinte.
Tudo isso, e apenas no que diz respeito, direta ou indiretamente, ao futebol brasileiro, revela um estilo, um modo de ser.
Que não mudará, caso seja eleito presidente da República, o futebol brasileiro, como Marin, aliás, acha que não tem mesmo de mudar.
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