quarta-feira, 30 de abril de 2014

Crítica de Lula a julgamento do mensalão é "troço de doido", diz Mello


Marco Aurélio reagiu às críticas de Lula, em entrevista a emissora de TV portuguesa, na qual apontou "80% de decisão política" sobre o mensalão. O magistrado lembrou que só três ministros não foram indicações de Lula
NELSON JR/STF

Marco Aurélio disse que Lula critica decisão tomada por maioria de ministros que ele próprio escolheu
A avaliação feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que o julgamento do mensalão teve “80% de decisão política” é um “troço de doido”, segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello. “Não sei como ele tarifou, como fez essa medição. Qual aparelho permite isso? É um troço de doido”, disse.

As críticas de Lula ao julgamento do mensalão foram feitas pelo petista a uma rede de TV portuguesa. Além de dizer que somente 20% do processo foi baseado em decisões jurídicas, o ex-presidente alegou que o mensalão não existiu e disse achar que um dia “essa história vai ser recontada”.

Para Marco Aurélio, o ex-presidente está exercendo o seu “sagrado direito de espernear”. Ele espera, porém, que a tese defendida por Lula não ganhe ressonância na sociedade.

“Só espero que esse distanciamento da realidade não se torne admissível pela sociedade. Na dosimetria (tamanho das penas) pode até se discutir alguma coisa, agora a culpabilidade não. A culpa foi demonstrada pelo Estado acusador”, disse.

O ministro ainda rechaçou outro ponto criticado por Lula. Segundo o ex-presidente, o julgamento do mensalão foi “um massacre que visava destruir o PT”. “Somos apartidários, não somos a favor ou contra qualquer partido”, destacou Mello.

Além disso, o ministro ainda lembrou que, no fim da primeira fase do mensalão a composição do STF era majoritariamente formada por ministros indicados por Lula. Por isso, em sua avaliação, as críticas do ex-presidente não são cabíveis.

“Ele repete algo que não fecha. No fim do julgamento eram só três ministros não indicados por ele. A nomeação (de ministros) é técnico-política e se demonstrou institucional. Como eu sempre digo, não se agradece com a toga”.

A reportagem também ouviu outros três ministros que, reservadamente, concordaram com Mello no que diz respeito ao “direito de espernear”. Eles lembraram que a suprema corte dos Estados Unidos também recebe críticas de políticos e avaliaram que esta não é primeira nem deverá ser a última vez que Lula irá reclamar do julgamento do mensalão.

Além disso, há avaliações entre os ministros que o ex-presidente pode estar buscando um discurso político para defender seu partido do mensalão devido às eleições que se aproximam.

Ação encerrada
 
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ontem que Lula tem o direito de criticar a condenação de petistas no processo do mensalão. Mas ressaltou que a “ação penal está encerrada”.

“A ação penal 470, que tramitou perante a corte mais alta do País, está encerrada, com o julgamento claro, objetivo, transparente, respeitado o contraditório e o amplo direito de defesa”, disse Janot, em visita a escola pública no Rio de Janeiro, como parte do programa de visitas do Ministério Público a unidades de ensino.

“Nós vivemos num país democrático. O direito de manifestação deve ser assegurado. Todo mundo tem direito de criticar, sendo político ou não”, disse o procurador-geral da República. 

Fonte: Jornal de hoje, 30/04/14

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vale a pena saber disso!

Termina retirada dos corpos do avião acidentado da Jotan em Jacareacanga

Hoje, por volta das 19:30h, um helicóptero da FAB chegou a Itaituba, trazendo os corpos do piloto Luiz Feltrin e do motorista Ari Lima, os dois últimos a serem retirados do interior do avião da Jotan, que depois de uma pane nos motores, mergulhou de bico, num pântano nas proximidades de Jacareacanga, no dia 18 de março do corrente ano, ocasionando a morte de seus cinco ocupantes.

Do aeroporto, os corpos foram transladados até o IML para a perícia e posteriormente o corpo de Luiz Feltrin será encaminhado para Birigui, em São Paulo, enquanto o corpo do motorista Ari Lima, segue para a DISEI, órgão em que ele trabalhava e depois será entregue a família para o sepultamento na cidade de Itaituba.

A localização do avião bimotor aconteceu em 22 de abril e somente hoje houve a conclusão de retirada dos corpos porque o local é de mata fechada e estamos na estação do inverno, o que dificulta ainda mais o acesso ao local. Além disso, frise-se que a aeronave ficou praticamente enterrada no pântano e apenas com a cauda exposta, o que exigiu muito trabalho e cautela por parte dos profissionais envolvidos na ação de resgate dos vitimados.

domingo, 27 de abril de 2014

“Gênio do Pará” passa em 4 faculdades dos EUA

Blog do Jeso Carneiro em 27/4/2014
   Ramon Gonçalves: 18 horas diárias de estudo, um exemplo a ser seguido Portal Terra

Com muito empenho e apoiado com uma bolsa de estudo, o aluno brasileiro Ramon Gonçalves, 19 anos, deixará a residência da mãe, em Belém, Pará, para se mudar para os Estados Unidos.

A única indefinição até o momento é qual será a cidade em que irá morar. Isso porque a decisão depende de qual universidade escolherá para estudar engenharia química.

No início deste ano, ele foi aprovado em quatro instituições americanas: Cornell, em Nova York; Dartmouth, em Hanover; University of Southern California, em Los Angeles; e Amherst, na cidade com mesmo nome.

O jovem conquistou ainda uma vaga na University of Helsinkino, considerada a melhor da Finlândia, e no Instituto Militar de Engenharia (IME), que tem uma das seleções mais difíceis do Brasil.

O estudante avalia que as aprovações refletem uma combinação quase perfeita: apoio financeiro e muito estudo. E foi muito estudo mesmo. Em alguns meses ele chegou a adotar uma rotina pesada de aulas, que em alguns momentos chegou a quase 18 horas diárias. “Era pouco tempo. O jeito era aproveitar todos os momentos para aprender”, resume.

Leia mais em ‘Gênio da química’, brasileiro passa em 4 faculdades dos EUA

Três dos cinco ocupantes do avião da Jotan estão sendo identificados


IML de Itaituba recebeu os corpos para a identificação   Foto: Júnior Ribeiro
 
O Instituto Médico Legal - IML está trabalhando para a identificação dos corpos das técnicas de enfermagem Rayline Sabrina Brito Campos e Luciney Aguiar de Sousa, oriundos de Jacareacanga, transportados através de um helicóptero da FAB, que chegou  ao aeroporto de Itaituba, por volta das 19h 30min.

O trabalho de identificação foi iniciado logo em seguida e embora não haja previsão para o término da perícia, servidores e pessoas próximas, estão no DSEI, a espera dos corpos, depois disso os mesmos serão entregues aos seus familiares, para que possam ter um sepultamento digno.

Os corpos do piloto Luiz Feltrin e do motorista Ari Lima, ainda se encontram no interior do avião acidentado e deverão ser retirados, possivelmente, amanhã, uma vez que essa operação exigirá o corte das ferragens que se encontram sobre os mesmos.
 
A aeronave desapareceu em 18 de março do corrente ano, caiu de bico num pântano nas proximidades de Jacareacanga e ficou enterrada, apenas com a cauda de fora. A localização do avião deu-se somente no dia 22 de abril, com seus ocupantes mortos e de difícil reconhecimento. A remoção dos corpos das técnicas em enfermagem ocorreu primeiro porque estavam na parte de trás do avião. 
 
Com informações do blog do Jota Parente, 27/04/14

São Paulo confirma contratação de Alan Kardec

Atacante não chegou a um acordo com o Palmeiras e decidiu atuar no rival

SÃO PAULO - Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo, confirmou na noite deste sábado ao Estado a contratação de Alan Kardec. No Morumbi, o atacante deve receber R$ 350 mil por mês, quase R$ 100 mil a mais do que o Palmeiras oferecia.
Alan Kardec é o novo reforço do São Paulo/Daniel Teixeira/Estadão

Alan Kardec não participou do jogo deste sábado contra o Fluminense. Na quinta-feira, o jogador já havia deixado o treino mais cedo alegando uma crise de gastrite e no dia seguinte nem participou da atividade. No Pacaembu, nenhum dirigente quis conceder entrevista. O vice-presidente executivo, José Carlos Brunoro, por exemplo, disse que falaria com a imprensa depois da partida, mas após a derrota por 1 a 0 passou pelos jornalistas e se recusou a falar sobre Alan Kardec.

Durante a entrevista coletiva, o técnico Gilson Kleina não escondeu o abatimento com a situação e já dava sinais de que planeja o seu time sem o atacante para o restante da temporada. Com dez gols, Alan Kardec é o artilheiro do Palmeiras no ano. Emprestado pelo Benfica, ele negociava a sua permanência no Palmeiras havia quase um mês. Depois de algumas propostas, as duas partes não chegaram a um acordo financeiro e o São Paulo surgiu com uma oferta melhor.
 
Fonte: Estadão, 27/03/14

Tribunais de contas: 40% de seus membros sofrem processo ou foram condenados na Justiça

É o que afirma a Transparência Brasil, depois de fazer um estudo sobre a composição dessa instituição

Estadão, 27/04/2014, Daniel Bramatti, José Roberto de Toledo/ O Estado de S. Paulo 

 Estudo da Transparência Brasil, entidade cuja principal bandeira é o combate à corrupção, revela que 62% dos 238 conselheiros de tribunais de contas conquistaram os cargos depois de exercer mandatos políticos ou posições em governos. Segundo o relatório, os tribunais são caros, altamente politizados e "desenhados para não funcionar".

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Além dos 62% de ex-políticos, cerca de 15% dos integrantes dos tribunais são parentes de algum político local - o que coloca em questão sua independência para atuar como fiscais da administração pública. Esse cenário vale tanto para as cortes estaduais quanto para o Tribunal de Contas da União (TCU), como mostrou recentemente o episódio Gim Argello (mais informações nesta página).

Nos tribunais de contas pelo País, dois terços dos integrantes são nomeados pelo Legislativo e um terço pelo Executivo. "Eles costumam ser indicados justamente para neutralizar o papel fiscalizador desses órgãos - e, de quebra, para agradar a correligionários, parentes e aliados", diz o relatório elaborado por Natália Paiva e Juliana Sakai.

O estudo detectou que dois em cada cinco conselheiros - 40% - sofrem processos ou foram condenados na Justiça ou nos próprios tribunais de contas - até por improbidade administrativa e peculato. Em Goiás, cinco - 71% - dos sete conselheiros do TCE têm pendências na Justiça.

Segundo o relatório, as exigências previstas na Constituição são frouxas. As exigências se restringem a aspectos formais - ter entre 35 e 70 anos de idade e uma década de experiência profissional correlata - e a questões subjetivas, como "idoneidade moral", "reputação ilibada" e "notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública".

Na prática, os critérios técnicos ficam em segundo plano. "A indicação política é a regra na escolha de conselheiros, o que faz com que as votações nas Assembleias, nas Câmaras e no Congresso sejam jogos de cartas marcadas", diz o estudo.

Os cargos são cobiçados por políticos em fim de carreira, entre outros pontos, por garantir uma aposentadoria confortável. "Em geral, o salário é de R$ 26.500, além de gratificações, verbas de gabinete uniformemente obscuras, prerrogativa de nomear funcionários comissionados e vitaliciedade no cargo (com aposentadoria compulsória aos 70 anos)."

Os tribunais, que são órgãos auxiliares do Poder Legislativo, têm uma estrutura tão cara que, em muitos casos, acabam custando aos cofres públicos quase tanto quanto as Assembleias Legislativas.

No Rio, o orçamento da Assembleia é de R$ 682 milhões, enquanto o do TCE chega a R$ 593 milhões. Em outras cinco unidades da Federação (Amazonas, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Pernambuco), os gastos dos tribunais de contas equivalem a 70% ou mais do total consumido pelas Assembleias.


Mesmo quando as cortes exercem poder fiscalizador, raramente as punições se concretizam. "Como os TCs não fazem parte do Poder Judiciário, o julgamento das contas segue o formato de um tribunal administrativo, o que provoca impacto sobre a validade de suas decisões." No caso do TCU, "a relação entre multas aplicadas e pagas é baixíssima: 4,6% entre 2005 e 2009 e 8,3% entre 2008 e 2010, segundo dados do próprio tribunal". "Pode-se inferir que nos TCEs e TCMs a efetividade tende a ser ainda mais baixa. O que leva ao questionamento natural sobre se o dinheiro público investido na manutenção dessas cortes fortemente politizadas tem o retorno esperado."

Maconha: Legal, controlada e útil

Até os EUA estão revendo a política de ‘guerra às drogas’ que hoje conflagra as grandes cidades brasileiras, diz socióloga 
 
Estadão, 26/04/2014, Ivan Marsiglia/O Estado de S. Paulo 
A socióloga Julita Lemgruber não defende a legalização de todas as drogas em busca da expansão da consciência, como alguns ativistas místicos, nem esgrime argumentos sobre a primazia da liberdade individual diante da opressão moral do Estado, como faz a revista britânica The Economist. Carioca, 67 anos e mãe de três filhos, a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes toma essa posição por razões, diz, sobretudo práticas.
 
Legalização não seria ‘liberou geral’, mas algo semelhante ao que se fez com o tabaco
Ex-diretora-geral do sistema penitenciário fluminense entre 1991 e 1994, durante o segundo governo de Leonel Brizola, e ex-ouvidora de polícia do Estado do Rio de Janeiro, ela forjou suas convicções nessa experiência. "Quem conhece o sistema prisional de perto sabe que um terço de nossa população carcerária é composta de pequenos traficantes, a maioria réus primários, flagrados sem arma de fogo nem vinculações com organizações criminosas", afirma ela. Dentro da prisão – essa "maneira cara de tornar as pessoas piores", na definição do ex-ministro da Justiça inglês Thomas Hurd que ela gosta de citar – cursam a escola do crime e fazem sua "sindicalização" nas facções.

Na semana em que um confronto entre policiais e traficantes no Morro do Pavão-Pavãozinho vitimou um dançarino do programa de Regina Casé, provocando uma explosão de ira popular no Rio, e um simpósio internacional defendeu a liberação do uso da maconha medicinal em São Paulo, Julita Lemgruber conversou com o Aliás. Para a pesquisadora, é hora de o Brasil rever sua adesão à política da "guerra às drogas", como os próprios EUA têm feito, em troca de uma abordagem mais racional e pragmática do tema.

A discussão sobre a legalização das drogas entrou mesmo na pauta do País?
Acho que o tema vem ganhando importância não só no Brasil, mas no mundo inteiro, principalmente no que se refere à maconha. É importante ter claro que mesmo os Estados Unidos, que a partir dos anos 1970 levaram o mundo a essa nefasta "guerra às drogas", começam a se dar conta da estratégia equivocada que promoveram. A percepção desse fracasso vem se tornando cada vez mais clara para a população americana. Além dos 22 Estados que legalizaram o uso medicinal da maconha por lá, outros dois já permitem seu uso recreacional: Colorado e Washington. Quando os próprios EUA começam a mudar de rumo, vale a pena prestar atenção.

Como essa mudança de enfoque reverbera na América Latina, com destaque para o Uruguai, que legalizou a maconha?

De 2012 para cá, políticos latino-americanos importantes começaram a se pronunciar publicamente nessa direção. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o mexicano Ernesto Zedillo, o chileno Ricardo Lagos e o colombiano César Gaviria. E até presidentes ainda no poder, como o próprio José Mujica, Juan Manuel Santos, da Colômbia, e Otto Pérez Molina, da Guatemala. Eles começam a vir a público para dizer: "Há alguma coisa errada e precisamos rever essa política". Porque se os EUA são o país que mais consome substâncias ilícitas no mundo, a violência letal da guerra às drogas é terceirizada, sobretudo para a América Latina.

Quais são os efeitos colaterais dessa ‘política equivocada’ em relação às drogas?

Ela provoca enormes problemas, entre eles a violência e a corrupção. É um negócio que gera lucros fabulosos e, sendo ilegal, acaba corrompendo uma série de atores em todas as áreas da sociedade e do Estado, do Executivo ao Legislativo, da polícia ao sistema de Justiça criminal.

De que maneira sua experiência à frente do sistema penitenciário fluminense influiu nessa posição a favor da legalização?

O Brasil tem hoje a quarta maior população carcerária do mundo. Nosso número de presos simplesmente triplicou em 15 anos. Praticamente um terço desses presos responde por tráfico de drogas. E quem conhece de perto o sistema penitenciário sabe que quase todos são pequenos traficantes, sem nenhum poder na estrutura do tráfico, nem recursos para pagar um bom advogado. Pesquisas feitas no Rio e em Brasília mostraram que a maior parte desse contingente é de réus primários, presos em flagrante sem portar arma e sem vinculação com facções criminosas. Onde essa vinculação vai se dar? Depois, dentro da cadeia. É a velha máxima: eles entram para a universidade do crime. Como diz um ex-ministro da Justiça inglês (Thomas Hurd), "a prisão é uma maneira muito cara de tornar as pessoas piores".

A liberação da maconha pode aumentar a demanda e, por isso, a criminalidade?
Pelo contrário. Um estudo feito de 1990 a 2006 nos Estados americanos que legalizaram a maconha medicinal provou que em todos eles houve redução do índice de criminalidade. Principalmente de crimes contra a propriedade. No Colorado, que legalizou o uso recreacional, também houve redução. No Brasil, como a maconha é a droga ilícita mais consumida, sua legalização tiraria das mãos do tráfico grande parte de seu poder financeiro.

A sra. está dizendo que a flexibilização da repressão às drogas no Brasil teria efeitos positivos na segurança pública?

A política de segurança pública nos grandes centros urbanos do País está marcada pela estratégia da guerra às drogas, que acaba por provocar mais violência do que aquela que pretende combater. O Rio vive uma situação esdrúxula. De um lado, a política das UPPs e a proposta de implantação de um policiamento comunitário. De outro, os métodos de sempre: atira-se primeiro para perguntar depois. Além disso, muitas dessas áreas já estão contaminadas pela corrupção. A guerra fracassada ao tráfico deixa vítimas por todo o caminho. A última foi o dançarino Douglas Rafael da Silva, o DG, no Pavão-Pavãozinho. Morrem bandidos, moradores e policiais. Uma polícia que mata muito, morre muito. E as comunidades já começam a deixar clara sua indignação, indo para as ruas às centenas. Não venham me dizer que protestam "a mando do tráfico". Quem diz isso não quer encarar a realidade.

Falando do ponto de vista do usuário: há consenso na comunidade científica de que a maconha é menos prejudicial que o álcool?

Um estudo clássico do pesquisador britânico David Nutt, Drug Harms in the UK: A Multicriteria Decision Analysis, comparou os danos individuais e ao entorno – ou seja, ao meio social – causados por 20 tipos de drogas, lícitas e ilícitas. O resultado: numa escala de zero a 100, os danos causados pelo álcool chegam a 72; os da heroína a 55; do crack a 54; da cocaína a 27; do tabaco a 26; da maconha a 20; do ecstasy a 9; e do LSD a 7. Isso significa que todas as substâncias psicoativas, lícitas ou ilícitas, causam algum tipo de dano, mas a que mais causa é uma lícita, o álcool. E veja que seu consumo no Brasil é amplamente admitido e estimulado, inclusive por campanhas publicitárias milionárias e frouxamente regulado. Isso num País que tem 16 milhões de dependentes de álcool e em que grande parte dos acidentes fatais de trânsito se dão porque havia alguém embriagado ao volante. Existe muita hipocrisia em torno do assunto.

E o argumento de que a maconha serve de ‘porta de entrada’ para drogas pesadas?

Não há nenhuma comprovação científica. Trata-se de um mantra repetido pelos proibicionistas que não tem qualquer amparo nos fatos. Ao contrário, o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz é que é o mercado ilegal de drogas e o contato com o traficante que expõe o usuário a drogas mais pesadas. Um trabalho do psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, da Universidade Federal de São Paulo, mostrou que a maconha pode servir inclusive de "porta de saída" para usuários de crack. O que algumas pesquisas sugerem, isso sim, é uma correlação entre o consumo do álcool com o posterior uso de uma série de drogas hoje ilícitas.

Mesmo entre pais que fumaram maconha na juventude, é comum a preocupação sobre como tratar do tema com os filhos. Qual seria uma abordagem responsável?
Acho que cada pai deve avaliar o momento de discutir essas questões com seus filhos e, quando o fizer, deve ser absolutamente honesto. Não é possível ter uma postura de avestruz em casa e ignorar que os jovens estão expostos a todo tipo de droga no momento que saem de casa. A obrigação dos pais é esclarecer. O problema não é o uso, é o abuso da droga. No caso da maconha, menos de 10% dos usuários tornam-se dependentes.

Desde 2006 o Brasil não tem pena de prisão para quem consome drogas, mas a lei é ambígua. Além disso, o plantio de maconha em casa, mesmo em pequenas quantidades, pode ser tipificado como tráfico. É um erro?

Diz o artigo 28 da Lei 11.343: "Para determinar se a droga destina-se a consumo pessoal o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais…". O exame das tais "circunstâncias sociais" virou uma brecha para a criminalização de jovens pobres e negros, enquanto outros, com "melhores circunstâncias" enquadram-se como usuários e não são presos. A proibição do plantio é outra coisa a se discutir, pois obriga o usuário a recorrer a um traficante.

O Brasil caminha para a legalização ou maior repressão?

O Brasil vive hoje uma situação esquizofrênica. Há uma proposta de legalização da maconha nos moldes do que foi feito no Uruguai, de autoria do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), tramitando no Congresso. Espero que seja debatida com seriedade e aprovada. Mas tramita também na Casa uma reforma da lei de drogas do deputado Osmar Terra (PMDB-RS) que, se aprovada, tornará a pena para o tráfico maior que a de homicídio. É um momento delicado, em que a questão pode se encaminhar para uma abordagem mais racional ou desaguar no recrudescimento da legislação.

Como a legalização ocorreria na prática? O consumo seria permitido em lugares públicos? O processo é paulatino, primeiro a maconha, depois outras drogas?

Legalizar não é "liberar geral" nem incentivar o uso de drogas. Pelo contrário, é possibilitar que elas sejam reguladas, taxadas, controladas. Um bom exemplo é o do tabaco, alvo de uma das políticas de saúde pública mais bem-sucedidas do Brasil. Com campanhas educativas, proibição da publicidade, restrição dos espaços para o fumo e alertas nos maços, o País obteve resultados impressionantes: segundo o Ministério da Saúde, entre 1980 e 2010, o número de fumantes caiu 65%. Proibir a venda de cigarros teria o mesmo efeito? Seguramente não. A interdição estimularia a formação de grupos criminosos, a corrução de policiais e juízes para acobertar o negócio, gangues armadas para disputar pontos de venda. Como na Chicago da Lei Seca. O princípio da legalização é o estabelecimento de regras: limite de idade para venda, definição de locais para o consumo, etc. Esse é um tema que precisa ser debatido pela sociedade para que ultrapassemos os preconceitos. É uma ilusão imaginar um mundo sem drogas. Elas sempre existiram e vão continuar existindo – e é bom que a gente aprenda a lidar com elas de forma a reduzir seus danos, principalmente, no caso de usuários problemáticos que são um porcentual muito pequeno do conjunto de pessoas que usa drogas, lícitas ou ilícitas.

Julita Lemgruber é socióloga/Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes

sábado, 26 de abril de 2014

Saiu do armário: anúncio de casamento de Jodie Foster com fotógrafa surpreendeu Hollywood

Durante anos, a sexualidade da atriz era um segredo da indústria cinematográfica
 
Correio Braziliense, 26/04/2014
Jodie Foster surpreendeu ao anunciar o casamento com a fotógrafa Alexandra Hedison

A notícia do casamento de Jodie Foster. 51 anos, com a fotógrafa Alexandra Hedison, 44, anunciado nesta semana, surpreendeu Hollywood. Apesar da atriz, vencedora do Oscar por duas vezes (O silêncio dos inocentes e Acusados), ser homossexual assumida, a oficialização da união foi umas informações mais comentadas dos últimos dias.

A vida pessoal de Jodie Foster sempre foi discreta. Embora pessoas próximas à atriz soubessem da orientação sexual, ela sofria críticas por não ter reconhecido a relação de 20 anos com Cydney Bernard - produtora e companheira, com a que teve dois filhos, Charles e Kit. A estrela também nunca utilizava as palavras lésbica ou gay para definir a sexualidade.

Foi durante a cerimônia de entrega do Globo de Ouro que a atriz aproveitou para confirmar a notícia que era mantida em segredo dentro da indústria."Faz milhares de anos que saí do armário", disse.

De acordo com amigos da atriz, ela e Alexandra se conheceram há menos de um ano e a paixão foi fulminante. Alexandra Hedison trabalhou como atriz na série The L world, que acompanhava a rotina de um grupo de lésbicas.

...Entre escolhas e consequências!