segunda-feira, 9 de julho de 2018

Thompson Flores inventou conflito de competência

Viomundo, 08 de julho de 2018 às 21h54

COMO CONHECER DE UM CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA INEXISTENTE?


Em que autos de algum processo, o desembargador federal Gebran, neste domingo, desempenhou atividade jurisdicional e declarou-se competente para julgar a ação de Habeas Corpus em favor do ex-presidente Lula?

O presidente Thompson Flores inventou uma forma de rever a decisão de um desembargador federal que decidiu pela liberdade do ex-presidente.

Todos sabem que ele nunca primou por maior imparcialidade em relação ao Lula.

Talvez seja fruto de algum fator genético…

Como, onde e de que forma o desembargador Gebran se declarou competente para julgar um processo que nem sabia que existia? Quem lhe comunicou a existência deste processo?

Não basta um magistrado se dizer competente em qualquer expediente forense para que haja um conflito positivo de competência. Pior, em um domingo!

QUE PAÍS É ESTE?

Que país é este em que um juiz federal (Sérgio Moro), estando em Portugal e de férias, prolata um despacho — não sei em que autos — dizendo que a decisão de um desembargador federal não deve ser cumprida pela polícia, pois o tal desembargador seria incompetente para soltar o ex-presidente Lula?

Que país é este em que a polícia federal, mesmo depois de reiterada a decisão do desembargador Favreto, concedendo Habeas Corpus ao ex-presidente da república, se nega a lhe dar cumprimento, aguardando seja ela reformada?


Que país é esse em que um desembargador federal (Gebran), que já tinha esgotado sua jurisdição, resolve declarar ser competente e reforma a decisão de seu colega, como se fosse sua instância recursal?

Não sei em que autos o Dr.Gebran despachou…

Que país é esse em que o presidente do tribunal federal da 4a.região se substitui ao STJ e inventa uma forma cínica para se tornar instância recursal do desembargador Favreto, no lugar do STJ?

Que país é este onde magistrados federais despacham fora dos autos do Habeas Corpus, no DOMINGO, sem estarem de plantão e por ato espontâneo?

Que país é este em que magistrados fingem ser imparciais?

Uma coisa eu tenho certeza: este NÃO é o país que meu falecido pai disse existir quando me aconselhou a estudar Direito…

De outra coisa também tenho certeza: este não é o país da generosidade que minha falecida filha Eliete pensou existir quando ingressou na Defensoria Pública do E.R.J.

Este é o país do sistema de justiça criminal autoritário, conservador, corporativo e comprometido ideologicamente.

Talvez este país se torne insuportável para eu passar os últimos anos da minha existência.

*Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito da Uerj. Mestre e Livre-Docente em Direito Processual pela Uerj

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