sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Hora da serenidade

Há poucos dias, quando o governo Dilma, de certo modo, conseguiu baixar o fogo do impeachment e a situação parecia caminhar para o controle, alguns gestos de irresponsabilidade administrativa e política, criaram constrangimentos e complicadores, diante do já conturbado quadro de governabilidade.

Anézio Ribeiro
Com um amadorismo sem par, o governo pensou e recriou a proposta da CPMF, o famoso imposto do cheque. Ora, se "a maré não está para peixe" tenho que chamar todos a responsabilidade, questionar, propor, oportunizando a maior participação possivel. Mas o governo fez diferente, não convidou o vice, não chamou todos os líderes e como se fosse senhor da situação, enfiou de goela abaixo do Congresso, a proposta de orçamento com déficit. O governo deu discurso aos revoltados sem base. Parece que o governo não tem a maturidade suficiente para entender que está pisando em ovos, que tem contra si os canais de rádio e televisão e uma grande parte da sociedade que, despolitizada, credita a crise econômica a corrupção na máquina pública federal de responsabilidade do Poder Executivo, esquecendo que essa doença endêmica está presente no Brasil inteiro e supõe-se em todos os poderes e em todas as instâncias.

O governo não tem uma base aliada consolidada e os seus dois principais partidos de sustentação, vivem, talvez, seus piores momentos. O PT, que nasceu para dar representatividade política aos trabalhadores, de repente, tem que votar em propostas que desagradam os trabalhadores por conta do ajuste fiscal. O PMDB, uma frente de partidos, que sempre foi governo em todos os mandatos, quando o barco quer afundar, para não perder a boquinha, já dá sinais, de que está pronto para integrar uma nova aliança ou, quem sabe, seguir carreira solo.

Hoje, o PT tem que entender que "vão-se os anéis mas ficam os dedos", ou seja, tem que dividir a responsabilidade pela condução do País, diminuir e dividir mais o bolo, mesmo que as fatias sejam menores, tem que ter uma comunicação mais atuante e produtiva, ser duro sem perder a ternura e navegar com cuidado até a turbulência passar. 

A oposição aposta no quanto pior, melhor e apesar de saber que muitos países estão atravessando a mesma crise econômica que o Brasil, aposta na ignorância política de muita gente e no apoio exacerbado da mídia golpista, para crescer diante da crise. 

A meu ver, o PT não pode ser responsabilizado pela crise econômica. Ela é sistêmica, já afetou está afetando vários países. Já a crise política, foi criada e alimentada por Aécio Neves, um candidato derrotado que procura um jeito para se tornar presidente agora, porque depois ele não terá outra chance. A propolada corrupção é fato, é inegável mas qualquer pessoa ajuizada sabe que ela é histórica. Por outro lado, embora muita gente não perceba, mas é o governo do PT que tem atacado fortemente esse câncer chamado corrupção.

Não somos ingênuos e sabemos que em todos os partidos tem gente séria e gente que não perde uma oportunidade para desvirtuar o processo. Assim, as pessoas sérias, de todos os partidos, estão sendo desafiadas a se unir em favor do nosso País para superarmos juntos esse quadro preocupante.

Sensatez e serenidade, são qualidades importantes dos colaboradores da democracia. Neste momento, o enfrentamento traz prejuízos para toda a sociedade brasileira e pode fazer com que a liberdade que conquistamos a duras penas se perca no horizonte do reacionarismo.















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