Impeachment está na boca dos políticos
Do UOL, 11/03/2015
Recém-eleita para o segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff (PT) ainda celebrava a vitória nas eleições do ano passado quando começou a ser alvo de pedidos de impeachment por parte de eleitores insatisfeitos.
Pouco mais de quatro meses depois, as discussões sobre o impedimento da petista ganharam força também no meio político, principalmente após novas revelações das investigações sobre os desvios de recursos públicos da Petrobras pelaoperação Lava Jato.
Se o assunto já era tratado publicamente por lideranças políticas desde o começo do ano, ainda que timidamente, o "panelaço" ocorrido em pelo menos 12 capitais contra o pronunciamento em rede nacional da presidente Dilma Rousseff, no último domingo (8), parece ter colocado o eventual impeachment da presidente em lugar de destaque no debate político.
Marcadas para o próximo domingo (15), as manifestações contra a petista em dezenas de cidades de diversos Estados brasileiros --e em algumas do exterior-- servem como combustível para as discussões.
Veja a seguir declarações de políticos brasileiros sobre o eventual impeachment de Dilma, começando pelo posicionamento da própria presidente, que se pronunciou sobre o tema pela primeira vez nesta semana:
Opiniões sobre o impeachment
Dilma Rousseff (PT), 67, presidente da República, na última segunda-feira (9), um dia após a ocorrência de "panelaços" contra ela em pelo menos 12 capitais
Impeachment é como bomba atômica, é para dissuadir, não para usar (...) Não adianta nada tirar a presidente
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), 83, ex-presidente da República (1995-2002), em entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo" e em seminário, na última segunda-feira (9)
Acho que isso é golpe. Ela foi eleita legitimamente, tem um mandato a cumprir (...) Esta não é a forma de atacar o problema, na minha opinião
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), 56, deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, durante evento nesta segunda-feira (9)
No Brasil só tem dois turnos. Não tem terceiro turno (...) Nós vencemos as eleições pela quarta vez e isso precisa ser reconhecido
Aloizio Mercadante (PT-SP), 60, ministro da Casa Civil, em em entrevista coletiva na última segunda-feira (9)
Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o Brasil seja presidido pelo [vice-presidente] Michel Temer [PMDB]
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), 69, senador e ex-candidato a vice na chapa de Aécio Neves, nas eleições do ano passado, durante seminário nesta segunda-feira (9)
Eu acho que quem decide a hora do impeachment é o povo (...) Eu não vejo justificativa do impeachment da Dilma para que o Michel Temer [PMDB] assuma.
Luciana Genro (PSOL-RS), 44, ex-candidata à Presidência da República, em entrevista concedida no último dia 5 ao "Jornal do Commercio"
Se o regime fosse parlamentarista, o governo já tinha caído, porque perdeu a confiança. No presidencialismo, um impeachment é extremamente traumático
Geraldo Alckmin (PSDB-SP), 62, governador de São Paulo, em entrevista à rádio Jovem Pan no último dia 3
Agora não há nada. Vocês estão sendo maus perdedores. Isso é golpismo. Não me venha comparar momentos que não têm nada a ver na história. Aqui, é grito de quem perdeu a eleição e está querendo mudar o resultado
Lindbergh Farias (PT-RJ), 45, senador e ex-candidato ao Governo do Rio de Janeiro, durante sessão plenária no dia 9 de fevereiro, em resposta ao senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que questionou o fato dele ter liderado os movimentos em favor do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, como cara-pintada
Se houver clima nas ruas, o entendimento no Congresso (...) É possível, o momento é muito crítico, político, no Brasil. Essa crise moral, essa crise financeira...
Beto Richa (PSDB-PR), 49, governador do Paraná, quando questionado sobre a hipótese de impeachment em entrevista à afiliada do SBT no Estado, na última segunda-feira (9)
Não está na pauta do nosso partido, mas não é crime falar sobre o assunto (...) Desconhecer que há um sentimento de tamanha indignação na sociedade é desconhecer a realidade
Aécio Neves (PSDB-MG), 55, senador e ex-candidato à Presidência da República, em entrevista ao jornal "Folha de São Paulo", no dia 11 de fevereiro
A palavra impeachment não deve causar arrepio porque está na Constituição. O que causa arrepio é estar na boca do povo. Mas não adianta querer silenciar. Tentar silenciar é golpismo
Cristovam Buarque, 71, senador e ex-ministro da Educação, durante sessão no Senado no dia 9 de fevereiro
Isso não tem nenhum sentido. É apenas uma reminiscência do impeachment do [ex-presidente Fernando] Collor. Mas isso [o impeachment] não ocorre de nenhuma maneira com a presidente Dilma
José Sarney, 84, ex-presidente da República, em entrevista à BBC Brasil em 11 de março
As pessoas devem ter maturidade com suas escolhas. [Governo] não é como uma camisa que se troca todo dia
Marina Silva, 57, ex-senadora e ex-ministra, em conversa com estudantes da Universidade Harvard (EUA) em 11 de março
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