sábado, 25 de janeiro de 2014

Novo cenário econômico de Itaituba e do Oeste do Pará

O cenário econômico de Itaituba e do Oeste do Pará, até então limitado ao setor de serviços e exploração mineral principalmente ouro e calcário, tende a mudar para melhor. Tendo em vista os projetos de investimentos nacionais e internacionais para a região.

Dentre os projetos podemos citar a construção do Complexo Hidrelétrico do Tapajós, a implementação dos portos de transbordo de Miritituba e o asfaltamento da BR-163 (Santarém / Cuiabá) e da BR-230 (Transamazônica).

Em vista de tudo isso, faz-se necessário uma análise dos possíveis impactos positivos a fim de aproveitá-los ao máximo, em benefício de toda a região. E também projetar os possíveis impactos negativos com o objetivo de minimizá-los. Itaituba e o Oeste do Pará eram vistos apenas como uma cidade e uma região pobre e sem possibilidades de crescimento, por estar situada em uma região isolada dos grandes centros. Todavia, a crise portuária brasileira gerada por problemas de logística e infraestrutura do país, forçou a criação de novas rotas de escoamento da produção de grãos principalmente do Mato Grosso.

Quem não lembra os congestionamentos quilométricos no porto de Santos, ano passado? E com a previsão de safra recorde de grãos para este ano, novamente, poderá afogar o porto de Santos e gerar novos congestionamentos. Em vista disso grandes empresas estão se instalando em Miritituba, distrito de Itaituba, com o fim de diminuir os gastos de transporte.

Mas, mais importante que ajudar o superávit da balança comercial brasileira é a possibilidade de crescimento do emprego e da renda dessa região tão esquecida. Os novos portos possibilitarão também a vinda de empresas interessadas no retorno dos caminhões para Mato Grosso, pois eles virão carregados com grãos e retornarão vazios. Com isso, possivelmente se instalarão também empresas de fertilizantes e produtos voltados à agricultura.

O asfaltamento das BR163 e da BR 230 colocará definitivamente a Região Oeste do Pará na rota de exportações e será também um ótimo meio de interligação da região Centro Oeste com a Região Norte do país. Desde o boicote do Governo Militar sobre as ferrovias a principal opção de circulação de bens se deu por meio das rodovias. Mesmo sendo o sistema majoritário de circulação de bens, ainda assim, é precário e insuficiente para um país que tem pretensões de ser um dos maiores exportadores do mundo.

Mas, o cenário está mudando, o Governo Federal por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está pavimentando as BR acima citadas. Com isso, espera-se uma economia nos custos de exportação e um acesso menos oneroso de produtos para toda a região Oeste do Pará.

Para o Complexo Hidrelétrico do Tapajós, a maior obra de infraestrutura da região, o investimento será de aproximadamente 60 Bilhões, estima-se que será responsável pela criação de mais de 100 mil vagas de emprego, gerará energia para suprir a demanda que crescerá muito devido aos projetos de investimento na região. Além disso, o Oeste do Pará deixará de depender da Usina de Tucuruí. E, por fim, a região receberá royalties pela produção de energia elétrica e pela área inundada pela barragem. Logo, o orçamento aumentará consideravelmente.

No entanto, “nem tudo são flores”. Onde há asfalto há desflorestamento e construções de novas estradas. Assim, o processo de substituição e exploração dos recursos naturais se dará de forma mais intensa e voraz. Sabemos que empresas atraem trabalhadores que, por sua vez, trazem demandas sociais e necessitam de serviços de saúde, segurança, transporte, educação, lazer, moradia, água encanada, rede de esgoto, além de aterros sanitários adequados para suportar a demanda.

Somos cientes também que os impactos ambientais e principalmente sociais de hidrelétricas são devastadores. Não podemos esquecer, também, as populações diretamente afetadas pelas barragens. Ao fazermos uma analogia ao caso de Altamira, lugar que está sofrendo com os problemas resultantes de um crescimento abrupto e desordenado, onde a população dobrou de tamanho, todavia, os serviços e a infraestrutura da cidade não acompanharam e muito menos o poder público tomou medidas antecipadas para minimizar os impactos negativos dos grandes projetos de investimentos.

O resultado final para a grande maioria da população está sendo desastroso. Contudo, é quase impossível conter o Capital Financeiro interessado nesses mega projetos. Mas ao invés de esperar pelas consequências é de fundamental importância construir hoje a estrutura necessária para que a maioria possa usufruir dos benefícios dos grandes projetos de investimentos, os quais já estão sendo implementados em nossa querida região banhada pelo Tapajós.

Daniel Failache é articulista colaborador do blog e do Jornal tribuna do Tapajós 
 
Fonte: Blog do Nazareno Santos, 25/01/14

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