sábado, 15 de janeiro de 2022

"Haddad está na frente em São Paulo, tem mais chances de aglutinar e vamos conversar com o PSB", diz Gleisi Hoffmann

ELEIÇÕES DE 2022

Presidente do PT explicou por que o partido não vai abrir mão de Fernando Haddad em São Paulo

Brasil 247, 15/01/2022, 06:03 h Atualizado em 15 de janeiro de 2022, 06:25
(Foto: Alessandro Dantas/PT)

A presidente do Partido dos Trabalhadores, deputada Gleisi Hoffmann, explicou por que a legenda não pretende abrir mão de Fernando Haddad na disputa para o Palácio dos Bandeirantes. "É legítimo tanto o PT quanto o PSB colocarem os nomes na mesa. Mas temos que ver agora, se a gente tem o espírito da federação, qual é o melhor nome em cada estado. Isso passa pra você ver intenção de votos, o grau de conhecimento que tem a pessoa e se já governa aquele estado. Tem uma série de critérios que nós temos que colocar à mesa. De fato, em São Paulo o que a gente tem visto é o Haddad em primeiro lugar nas pesquisas, acho que tem uma capacidade maior de aglutinar. Mas vamos conversar com o PSB", disse ela, segundo reportagem de Gustavo Schmitt, no Globo.

Gleisi também explicou por que o PT apresentou o nome do senador Humberto Costa, em Pernambuco. "Acho legítimo o PSB ter um nome, mas pela ausência oferecemos um. De fato, eles (o PSB) têm que definir. Na nossa visão, Geraldo Júlio era o nome natural para fazer a sucessão lá. Então, como ele não foi ficou esse vácuo. O Humberto tem trânsito bom com o PSB e sempre teve junto", acrescentou.

Por fim, ela mencionou pontos da política econômica que devem ser alterados. "Está errada a política de preços da Petrobras.Está errada a política de preços de óleo, de gás. Não pode continuar assim. As privatizações que estão fazendo fatiadas da Petrobras. A possibilidade de privatizar a Eletrobras com a conta de luz nas alturas. As pessoas não estão aguentando", disse ela.

Insatisfação de parte dos militares com o governo é, ao mesmo tempo, sinalização a Lula

ELEIÇÕES DE 2022

Na cúpula das Forças, há o pragmatismo de que Lula é o favorito para vencer a eleição

bRASIL 247, 15/01/2022, 06:41 h Atualizado em 15 de janeiro de 2022, 06:44
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Ricardo Stuckert | Reuters)

A crescente insatisfação dos militares com o governo Jair Bolsonaro é, ao mesmo tempo, sinalização a outros candidatos na disputa presidencial, que tem o ex-presidente Lula liderando as pesquisas isolado.

Segundo a Folha de S.Paulo ouviu de oficiais-generais em altos postos das três Forças, apesar do pouco contato entre o PT e os militares até o momento, "os eventos falariam por si e serviriam para tirar o bode de um golpe militar contra Lula em caso de vitória em outubro", escreve o jornal, neste sábado (15).

As fontes referem-se aos seguintes fatos:

1. A determinação, por parte do Exército, do encerramento de todos os 67 exercícios militares programados para o ano.

2. O lançamento de diretrizes de segurança sanitária que vão contra o negacionismo de Bolsonaro, em particular criminalizando a divulgação de fake news.

3. A dura nota do presidente da Anvisa, almirante Antonio Barra Torres, contra insinuações de Bolsonaro sobre "interesses" escusos da agência na vacinação infantil.

O conjunto de eventos estabeleceu uma linha divisória entre o fuzuê do governo e as Forças. Mais que isso, buscou dizer aos candidatos que, independentemente de quem vença, as Forças Armadas se manterão neutras.

Na cúpula, há o pragmatismo de que Lula é o favorito para vencer a eleição. Todos os ouvidos lembram o que chamam de tempos de "vacas gordas" sob Lula, quando a riqueza gerada pelo seu governo permitiu o reequipamento das Forças com programas como o de submarinos, de caças e de blindados.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

40% das cidades de Minas Gerais estão em Estado de Emergência por causa das chuvas. Há riscos de rompimento de barragens

ENCHENTES DE MINAS

Segundo o governo, 26.492 pessoas estão desalojadas e outras 4.047 que estão desabrigadas no estado. Em Ouro Preto, barragem da Vale subiu alerta de emergência

Brasil 247, 13/01/2022, 20:59 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 20:59
(Foto: Reprodução/TV Globo)

As fortes chuvas que têm caído em Minas Gerais nas últimas semanas elevaram para 374 o número de cidades em situação de emergência, o que corresponde a 43% de todo o estado.

Entre as cidades atingidas pelas enchentes estão a capital, Belo Horizonte, Nova Lima, Betim, Montes Claros, Governador Valadares, Caratinga, Teófilo Otoni e Pará de Minas.

De acordo com o Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, divulgado nesta quinta-feira (13), 26.492 pessoas estão desalojadas e outras 4.047 que estão desabrigadas por conta das chuvas. O estado contabiliza 25 mortes desde o início do período chuvoso.

Segundo o governo de Minas, cerca de 36 mil itens de ajuda humanitária foram entregues aos municípios nas regiões atingidas, sendo 11.820 cestas básicas, 4.157 colchões, 10.125 kits de limpeza e 10.555 kits de higiene.

Barragem da Vale sobe alerta de emergência

Na cidade de Ouro Preto, onde ocorreu o deslizamento de uma barreira que soterrou casarão histórico, a barragem da Vale denominada Área IX, da Mina da Fábrica, subiu de nível 1 de emergência para o nível 2, nesta quinta-feira (13), devido às chuvas. Neste estágio, recomenda-se a retirada de pessoas vizinhas à estrutura.

De acordo com informações do G1, documento assinado por um funcionário da Vale afirma que a água na barragem alcançou seu maior nível máximo desde o início do monitoramento. “A barragem segue sendo inspecionada diariamente e monitorada 24 horas por dia, 7 dias por semana, pela Geotecnia Operacional e Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG)”, diz o texto.

O documento diz ainda que não há pessoas na área de autossalvamento.

PT filia prefeitos correligionários de Ciro no Ceará

ELEIÇÕES 2022

Diante da corrida eleitoral, negociações envolvendo trocas de partido vêm se intensificando também nos municípios

Brasil 247, 13/01/2022, 17:23 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 17:39
(Foto: Divulgação)

O PT do Ceará anunciou, nesta quinta-feira (13), a chegada de 12 novos prefeitos à sigla. Quatro deles vêm do PDT do ex-governador do estado e presidenciável Ciro Gomes. Com as filiações, a legenda passa a ter 29 prefeitos no estado, que possui 184 municípios. Três dos prefeitos vêm do partido de Bolsonaro, o PL. Os demais cinco vieram do Republicanos, PCdoB, PSDB, MDB e PSol, segundo informações do Estadão.

Diante da corrida eleitoral, negociações envolvendo trocas de partido vêm se intensificando também nos municípios. No legislativo, a janela partidária, período em que deputados estaduais e federais podem trocar de legenda, ocorre entre 3 de março e 1º de abril.

"Nosso partido está mais forte do que nunca e preparado para construir um palanque forte para Lula no Ceará. É admirável ver o compromisso e o afeto desses novos nomes.", escreveu o deputado federal José Guimarães, em seu Twitter.

Lula critica descaso de Bolsonaro com pandemia: 'só um psicopata como Jim Jones repetiria suas insanidades'

GOVERNO X OPSIÇÃO

Ex-presidente Lula criticou Bolsonaro após ele dizer que a variante ômicron seria "bem vinda" ao Brasil

Brasil 247, 13/01/2022, 16:33 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 16:34
(Foto: ABr | Reprodução)

O ex-presidente Lula voltou a criticar Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (13) pela gestão desastrosa da pandemia no Brasil, em meio ao avanço da variante ômicron e às mais de 620 mil mortes pela Covid-19.

Pelo Twitter, Lula comparou Bolsonaro a Jim Jones, o religioso que levou 918 fiéis de sua seita a um suicídio coletivo em 1978, na Guiana. "Bolsonaro continua tratando o covid com descaso. Só um psicopata como Jim Jones seria capaz de repetir as insanidades de Bolsonaro no enfrentamento da pandemia", disse Lula.

Na quarta-feira (12), Bolsonaro afirmou que a variante Ômicron “não tem matado ninguém” e que ela é “bem-vinda” no Brasil.

Queiroga admite que 'maioria dos internados em hospitais é de não vacinados'

PANDEMIA

"Aqueles que se internam nos hospitais e nas unidades de terapia intensiva, a grande maioria são indivíduos não vacinados", reconheceu o ministro da Saúde

Brasil 247,13/01/2022, 13:21 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 13:44
Marcelo Queiroga (Foto: Reprodução)

Ao contrário de Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu nesta quinta-feira (13) que a maioria dos internados com Covid-19 atualmente no país são de pessoas que não foram vacinadas contra a doença. "Aqueles que se internam nos hospitais e nas unidades de terapia intensiva, a grande maioria são indivíduos não vacinados", disse Queiroga, segundo o UOL.

O Ministro pediu, ainda, que a população procure tomar a segunda dose e a dose de reforço para evitar o aumento dos casos de Covid no país. "Países que estão fortemente vacinados, como o Brasil, têm mais possibilidade de passar pela variante ômicron e outras variantes que, por acaso, surjam desse vírus que tem grande capacidade de gerar mutações", afirmou o ministro.

As declarações de Queiroga vão de encontro ao pregado por Jair Bolsonaro. Nesta semana, ele voltou a atacar a vacinação e disse que a variante Ômicron é “bem-vinda” ao Brasil. “Ela tem uma capacidade de difundir muito grande, mas de letalidade muito pequena”. “Dizem até que seria um vírus vacinal. Deveriam até… Segundo algumas pessoas estudiosas e sérias –e não vinculadas à farmacêuticas– dizem que a ômicron é bem-vinda e pode sim sinalizar o fim da pandemia”, afirmou.

Poucas horas após a fala de Bolsonaro, o diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou que “nenhum vírus que mata pessoas é bem-vindo, especialmente quando há indivíduos sofrendo” e que a Covid-19 “é uma doença que pode ser prevenida por vacinas”.

Análise do Estadão: por decreto, Bolsonaro extinguiu "superpoderes" de Guedes e o pôs sob tutela da Casa Civil

GOVERNO BOLSONARO

“Do Posto Ipiranga, só sobrou a bandeira”, escreve o jornalista Breno Pires n’O Estado de S Paulo. Economia, agora, tem de aprovar pedidos com Ciro Nogueira

brasil 247, 13/01/2022, 18:58 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 19:41

O jornalista Breno Pires, da publicação paulista, diz que “o Centrão levou as bombas, as mangueiras, o caixa e até a loja de conveniência” do que seria o “Posto Ipiranga” como foi apelidado o ministro da Economia Paulo Guedes em jogada de marketing desde a campanha eleitoral de 2018. “Do Superministério da Economia, que absorveu o Planejamento, restou um ministro Paulo Guedes tutelado. Atividades típicas da área econômica, como remanejamentos orçamentários, passaram agora à responsabilidade compartilhada, com poder de veto do ministro Ciro Nogueira”.

De acordo com a análise de Pires, “O recado aos segmentos sensíveis à área econômica é de maior fragilidade da gestão, com possível descontrole orçamentário motivado pelas incessantes pressões da política. A insegurança, avaliam os economistas, pode alimentar o fantasma da inflação”.
Ele adverte que “o decreto presidencial nº 10.937, de 12 de janeiro, não revoluciona a correlação de forças. Ele cristaliza uma mudança que tinha ocorrido”. E conclui: “Na prática, a autonomia para a gestão do Orçamento já não era de Paulo Guedes. Ele tinha se submetido à vontade do Palácio do Planalto, por exemplo, quando propôs ao Congresso o crédito para dar aumento salarial aos policiais federais”.

Paulo Guedes sempre se vendeu para o mercado como o homem capaz de tutelar o chefe, Jair Bolsonaro. Na prática, isso nunca aconteceu. Agora, graças ao Decreto 10.937, é ele quem está sob a tutela do senador Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e um dos líderes do Centrão, o grupo de poder que comanda o Parlamento – o ministro da Economia também nunca escondeu o desprezo que sente pela prática e pelos prazos parlamentares.

Leia aqui a íntegra do texto de O Estado de S Paulo.

Alckmin só pensa em ser vice de Lula, diz Paulinho da Força

ELEIÇÕES 2022

"Alckmin será mesmo o vice do Lula. Só falta escolher o partido dele", afirma o presidente do Solidariedade, que tenta atrair o ex-governador

Brasil 247, 13/01/2022, 10:44 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 11:17
Geraldo Alckmin, Paulinho da Força e Lula (Foto: Reprodução | Ricardo Stuckert)

O deputado federal e presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), relatou ao jornalista Ricardo Noblat, do Metrópoles, que o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) está com a cabeça totalmente voltada a ser candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula (PT) pelo Palácio do Planalto. “A impressão que fiquei é só essa, quer ser candidato a vice. Ele só falou de problemas nacionais na nossa conversa, da economia, geração de emprego, crescimento. Está preocupado com isso, não com questões estaduais”.

O parlamentar está muito otimista com a possibilidade de Alckmin se filiar ao seu partido. Nesta semana, ambos se reuniram em uma padaria. Na ocasião, Paulinho da Força declarou: "reforcei o meu convite para que Alckmin se filie ao Solidariedade. Agora é só aguardar".

Outro partido que tenta atrair Alckmin é o PSB, que, segundo Paulinho da Força, tenta usar o ex-governador como moeda de troca em negociações com o PT. "Tenho informação de gente dentro do PT, gente que manda, que o Alckmin será mesmo o vice do Lula. E que só falta escolher o partido dele. Por isso, abri essa possibilidade dele vir para cá. O Kassab (presidente do PSD) praticamente descartou a ida dele para o PSD. Tem o PV, mas se trata de um partido em extinção. E o PSB nos deixa a impressão de que está usando ele como moeda de troca. Ele foi quatro vezes governador de São Paulo e com o prestígio que tem virar moeda de troca?! Ele vai acabar não gostando dessa ideia. Então, a chance dele se filiar ao Solidariedade é bastante grande".

O presidente do Solidariedade garante liberdade total para Alckmin no partido. “Aqui, ele teria liberdade para negociar e participar da vice como ele quiser”.

Desempenho de Lula e do PT nas pesquisas pressiona potenciais aliados

ELEIÇÕES 2022

Para petistas, candidatos próprios podem ter êxito nos estados sem a necessidade de alianças

Brasil 247, 13/01/2022, 08:55 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 09:23
(Foto: Ricardo Stuckert)

O bom desempenho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais - o petista lidera as intenções de voto em todos os levantamentos - têm levado integrantes do partido a avaliarem que o timing das discussões para a formação de alianças voltou a ser favorável à legenda. A análise vem das pressões exercidas por membros e aliados sobre a direção de partidos, como o PSB, para que as discussões de uma aliança com o Partido dos Trabalhadores seja acelerada.

“Na visão desses interlocutores, o calendário virou mostrando a consolidação de pré-candidaturas petistas com chances de vitória em Pernambuco, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e São Paulo, onde o PSB gostaria de ter a primazia na escolha dos candidatos a governador em caso de aliança. Em linhas gerais, há um sentimento de que Carlos Siqueira, presidente do PSB, vem desperdiçando oportunidades”, destaca a Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com a reportagem, o PT admite apenas abrir mão de uma candidatura própria no Rio de Janeiro. Neste caso, o partido deverá apoiar a postulação do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo fluminense, assegurando um palanque forte para Lula. Em outros estados visados pelo PSB, o PT avalia que os integrantes da própria legenda - Marília Arraes, Humberto Costa (ambos em Pernambuco), Fernando Haddad (São Paulo), Fabiano Contarato (Espírito Santo) e Edegar Pretto (Rio Grande do Sul) - podem vencer as eleições sem o apoio dos socialistas.

Novos ataques de Bolsonaro a ministros do STF são inaceitáveis e merecem resposta dura, dizem advogados

COMPORTAMENTO

José Roberto Batochio, Pierpaolo Bottini, Lenio Streck e outros juristas defendem reação às agressões de Bolsonaro contra os ministros Barroso e Moraes

Brasil 247, 13/01/2022, 17:30 h Atualizado em 13 de janeiro de 2022, 17:44
Jair Bolsonaro, José Roberto Batochio, Pierpaolo Bottini e Lenio Streck (Foto: ABr | Reprodução | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

Rafa Santos, Conjur - O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal e questionar — sem apresentar nenhuma prova — o sistema eleitoral brasileiro. O mandatário acusou os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes de ameaçar o que ele chamou de "liberdades democráticas" para beneficiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As declarações de Bolsonaro foram dadas após a divulgação de Quaest/Genial de intenção de voto que mostra o presidente atrás do petista em todos os cenários. O dado mais prejudicial a Bolsonaro é a avaliação do seu governo que é considerado ruim para 50% dos brasileiros. 25% dos entrevistados classificaram de regular e 22% fizeram uma avaliação positiva. 3% não responderam ou não souberam responder.

"Quem esses dois pensam que são? Que vão tomar medidas drásticas dessa forma, ameaçando, cassando liberdades democráticas nossas, a liberdade de expressão porque eles não querem assim, porque eles têm um candidato. Os dois, sabemos, são defensores do Lula, querem o Lula presidente", disse Bolsonaro durante uma entrevista ao site Gazeta do Brasil. Ele afirmou ainda que o ministro Barroso "entende" de terrorismo e que conseguiu sua indicação ao STF por defender o terrorista italiano Cesare Battisti.

Ele também atacou o ministro Alexandre de Moraes pelo fato de o magistrado ter afirmado claramente: 'houve sim fake news, houve disparo em massa, sabemos; no ano que vem —que é neste ano— se tiver vamos cassar o registro e prender o candidato'", no julgamento de chapa Bolsonaro-Mourão. Por fim, ele repetiu a fake news de que eleitores ao digitarem 17 nas urnas eletrônicas teriam se deparado com a foto do ex-presidente Lula. A mentira levou o TSE a cassar o mandato do deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR) por disseminação de fake news.

Para advogados ouvidos pela ConJur, a nova onda de ataques do presidente a ministros e instituições democráticas é incompatível com o cargo de presidente da República e tensiona sem necessidade a harmonia entre os poderes.

O criminalista José Roberto Batochio, sócio do José Roberto Batochio Advogados Associados afirmou que os ataques de Bolsonaro não podem ser tolerados. "Mostra-se inadmissível que o presidente da República se refira a ministros do STF de maneira tão desrespeitosa e ofensiva. Essa conduta transcende diferenças pessoais e abala o necessário equilíbrio institucional da nossa República. Não é saudável em nossa jovem democracia esses despropositados ataques que fogem até mesmo da liturgia democrática civilizatória", disse o ex-presidente do Conselho Federal da OAB e atual diretor e orador oficial do Instituto dos Advogados Brasileiros.

O criminalista Pierpaolo Bottini segue a mesma linha. "Os ataques de Bolsonaro aos ministros são impertinentes e despropositados. Revelam uma incapacidade de aceitar limites as suas pretensões de poder, de aceitar contrapontos. Em uma democracia, o supremo pode ser criticado por suas decisões e posições, mas não de forma leviana, sem fundamentos. Lamentável", pontuou o advogado

O jurista e colunista da ConJur, Lenio Streck, cobrou uma resposta dura. "Bolsonaro é multireincidente. Esses ataques fazem mal a democracia. As instituições deveriam responder duramente. Cadê o parlamento? E a PGR? Instituições são como limpadores de para brisa: funcionam bem se colocados do lado de fora do carro, se me permitem o sarcasmo."

O criminalista Luís Henrique Machado também criticou a postura do mandatário. "Infelizmente, o presidente tem por hábito atacar as instituições e os seus membros. Tem sido a tônica de seu governo. Atitudes assim em nada contribuem para a preservação da harmonia entre os Poderes", disse.

Para o advogado Leonardo Magalhães Avelar, do Avelar Advogados, "as palavras ofensivas contra ministros do Supremo são incompatíveis com a estatura necessária para exercer o cargo de presidente da República", ressalta. "São discursos que maculam a imagem dos ministros mencionados e, de forma transversa, atacam a autonomia institucional do Supremo Tribunal Federal, o que pode configurar a prática de crime contra a honra."

Já o criminalista e doutor em Direito Penal Econômico, Conrado Gontijo, lembra que os reincidentes ataques de Bolsonaro a ministros do Supremo configuram, sem margem a dúvida, crime de responsabilidade. "Bolsonaro age de forma absolutamente incompatível com o decoro do cargo, ataca integrantes de outro poder e dá novas mostras do seu desprezo pelo regime democrático. Ele, sim, ataca a democracia e as liberdades públicas. O Supremo e os ministros Barroso e Alexandre, ao contrário, têm sido importantes protetores delas e da Constituição Federal", sustenta.

Por fim, o criminalista e sócio no Bidino & Tórtima Advogados, André Galvão, afirma que a conduta do presidente poderia ser enquadrada, no mínimo, como crime contra a honra dos magistrados, uma vez que Bolsonaro ataca ministros do Supremo acusando-os de não cumprir seu papel institucional por interesses não republicanos, o que, em tese, configuraria a prática de prevaricação.