quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

'Uma empresa familiar:' investigação de enxerto ameaça Bolsonaro do Brasil

The New York Times01 de setembro de 2020


O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, estava visitando uma catedral na capital nos últimos dias quando um repórter fez uma pergunta: Presidente, por que sua esposa recebeu US $ 16.000 de um ex-assessor sob investigação de corrupção?

A resposta foi agressiva, mesmo para um presidente conhecido por expressar sua raiva a jornalistas e críticos.

“O que eu gostaria de fazer”, disse Bolsonaro ao repórter, “é quebrar sua boca”.

Em seus dois anos de mandato, quando Bolsonaro e seu círculo íntimo , incluindo seus filhos, foram envolvidos em um número crescente de investigações criminais e legislativas, ele atacou repórteres, investigadores e até mesmo membros de seu próprio gabinete que ousou ir contra ele.

Mas o caso envolvendo o ex-assessor e confidente da família - que gira em torno do potencial roubo de salários do setor público - abalou os nervos de Bolsonaro ao colocar sua esposa e seu filho mais velho no centro de uma investigação de corrupção que se transformou em uma das suas maiores responsabilidades pessoais e políticas.

O conjunto crescente de investigações sobre o presidente e sua família está testando a independência e a força do sistema de justiça em uma das maiores democracias do mundo, com a maior economia do hemisfério sul. Há poucos anos, o judiciário brasileiro ganhou elogios globais por derrubar funcionários poderosos e titãs empresariais em uma cruzada anticorrupção que derrubou o establishment político.

Agora Bolsonaro, cuja surpreendente ascensão da periferia da política de extrema direita à presidência foi em grande parte impulsionada por uma promessa de erradicar a corrupção e o crime, é acusado de minar o Estado de Direito, à medida que os escândalos se aproximam cada vez mais da presidência Palácio.

Especialistas afirmam que as evidências que surgiram até agora no caso do ex-assessor Fabrício Queiroz sugerem que a família Bolsonaro participava de um esquema conhecido como rachadinha , comum nos escalões inferiores da política brasileira. Envolve desviar o dinheiro do contribuinte mantendo empregados fantasmas na folha de pagamento ou contratando pessoas que concordam em devolver uma parte de seu salário ao patrão.

“A suspeita é que se tratava de uma empresa familiar que durou muitos anos e movimentou muito dinheiro”, disse Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional no Brasil, sobre o esquema de suborno envolvendo o ex-assessor. “Essas suposições são muito sérias, corroboradas por evidências sólidas, em uma investigação que se baseia em transações financeiras altamente irregulares.”

Em ações judiciais e vazamentos para a imprensa, as autoridades exprimiram a suspeita de que, a partir de 2007, Queiroz ajudou o filho mais velho do presidente, Flávio Bolsonaro, a roubar fundos públicos embolsando parte dos salários de pessoas de sua folha de pagamento quando ele era um representante do estado. Flávio Bolsonaro foi eleito Senado em 2018.

Entre 2011 e 2016, Queiroz canalizou milhares de dólares para a esposa do presidente, Michelle Bolsonaro, em transações que nenhum deles consegue explicar. Os promotores também acreditam que os depósitos feitos ao filho do presidente podem estar ligados ao esquema.

Com base em um vasto dossiê de registros financeiros, os investigadores estão tentando determinar se o fluxo de caixa irregular em uma loja de chocolates que Flávio Bolsonaro comprou em 2015, e uma série de compras de imóveis que ele fez em dinheiro, equivalem à lavagem de dinheiro.

Por Ernesto Londoño, Manuela Andreoni e Letícia Casado, The New York Times, 28 de agosto de 2020

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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Covid-19: aumento da pandemia traz de volta filas para enterro em Manaus

Segundo o governo do estado do Amazonas, sete dos onze hospitais particulares da capital estão com 100% dos leitos destinados à Covid-19 ocupados. Nos hospitais públicos, a taxa de ocupação é de 90%

Brasil 247, 29/12/2020, 07:15 h Atualizado em 29/12/2020, 07:28
   Sepultamentos no Cemitério Nossa Senhora Aparecida em Manaus. Causado pela Pandemia do Covid-19 (Foto: Alex Pazuello/Semcom)

O novo aumento de contágio e mortes da pandemia da Covid-19 trouxe de volta as filas para o enterro de vítimas do coronavírus em Manaus, capital do Amazonas. 

Segundo o G1, na segunda-feira, 28, 38 pessoas foram enterradas em um cemitério na cidade, formando uma grande movimentação de carros funerários e familiares das vítimas, que enfrentaram filas para enterrar seus entes queridos.

Segundo o governo do estado, sete dos onze hospitais particulares da capital estão com 100% dos leitos destinados à doença ocupados. Nos hospitais públicos, a taxa de ocupação é de 90%.


No sábado, 26, o governo decretou o fechamento das atividades não essenciais por 15 dias, mas recuou diante de protestos de comerciantes e empresários, e permitiu que o comércio reabrisse nesta segunda com restrição de horário, mas com bares continuando fechados.

O Amazonas já tem mais de 196 mil casos da doença e mais de 5 mil mortes.

Judiciário tem dez dias para entregar à defesa de Lula mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol

Com as informações, será possível demonstrar tecnicamente que Lula foi alvo de um tribunal de exceção e de uma prisão política

Brasil 247, 29/12/2020, 05:35 h Atualizado em 29/12/2020, 06:26
   (Foto: 247 - Reuters)

A decisão de ontem do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, que concede à defesa de Lula as mensagens trocadas por Sergio Moro e Deltan Dallagnol, é essencial para provar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de um tribunal de exceção e, portanto de uma prisão arbitrária e política.
"O ministro Ricardo Lewandowski atendeu a um pedido da defesa do ex-presidente Lula e determinou que a 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal libere ao petista, com o apoio de peritos da Polícia Federal, dentro do prazo de até 10 dias, o compartilhamento das mensagens da Operação Spoofing — a popular Vaza-Jato", informa a coluna Radar.

Lula poderá ter acesso a todas as mensagens dos investigadores da Lava-Jato, roubadas por hackers, “que lhe digam respeito, direta ou indiretamente, bem assim as que tenham relação com investigações e ações penais contra ele movidas na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba ou em qualquer outra jurisdição, ainda que estrangeira”.

Depois disso, o também ministro Gilmar Mendes poderá pautar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro, que prendeu o ex-presidente Lula para ajudar e eleger Jair Bolsonaro e ontem disse que não há presidente em Brasília.
Colunista do Estado de S.Paulo, Eliane Cantanhêde destaca que a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, de dar acesso aos arquivos hackeados da Lava Jato para os advogados do ex-presidente, “é pró-Lula, anti-Moro” e o momento foi escolhido “a dedo, com o Supremo já em chamas”. Para ela, o STF deve tornar Lula "elegível em 2022"

Brasil 247, 29/12/2020, 07:48 h Atualizado em 29/12/2020, 08:37
   (Foto: STF | Stuckert | ABr)

A colunista do Estado de S.Paulo Eliane Cantanhêde escreveu, nesta terça-feira, 29, que ao dar acesso aos arquivos hackeados da Lava Jato para os advogados do ex-presidente Lula, o ministro do STF “Ricardo Lewandowski tirou o pino da granada e vem por aí uma explosão política com epicentro no Supremo Tribunal Federal e estilhaços nas eleições presidenciais de 2022”. Cantanhêde conclui: "Se o STF declara a suspeição de Moro, tudo volta à primeira instância, à estaca zero. E Lula se torna elegível em 2022".

“Lewandowski escolheu o momento a dedo, com o Supremo já em chamas”, escreve. Segundo ela, “o impacto mais previsível tende a ser no julgamento sobre os pedidos de suspeição de Moro nos casos de Lula, que estão na Segunda Turma do STF e embutem a tentativa de anular suas condenações pelo triplex do Guarujá, pelo qual já ficou 580 dias preso, e pelo sítio de Atibaia”. 

Segundo a colunista, que apoiou a Lava Jato, o golpe de 2016 e a eleição de Bolsonaro, Gilmar Mendes tem uma posição estabelecida sobre o caso, que não escapa à comparação com Flávio Bolsonaro: "'A gente deve a Lula um julgamento decente', repete Gilmar há anos, enquanto nas redes sociais grassa uma comparação: o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) comprou e vendeu uns 20 imóveis, muitas vezes com dinheiro vivo, mas Lula foi preso por um apartamento que nunca comprou, vendeu ou usou".




Ainda de acordo com Cantanhêde, a sinalização de Lewandowski é, de fato, "pró-Lula, anti-Moro”, pois “em agosto deste ano, a Segunda Turma decidiu pela ‘parcialidade’ do então juiz e anulou a sentença do doleiro Paulo Roberto Krug no caso Banestado, sob alegação do próprio Lewandowski e do ministro Gilmar Mendes de que Moro teria atuado não como juiz, mas como ‘auxiliar’ do Ministério Público até na produção de provas. Essa alegação é a mesma nos casos de Lula”.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

STF garante a Lula documentos de hackers para sua defesa na Lava Jato

Ricardo Lewandowski decidiu que os advogados do ex-presidente Lula tenham acesso aos dados coletados por um grupo de hackers que invadiram celulares de autoridades brasileiras, tais como procuradores da Lava Jato, Sergio Moro e Jair Bolsonaro

Brasil 247, 28/12/2020, 11:16 h Atualizado em 28/12/2020, 11:28
   Lewandowski e Lula. (Foto: Nelson Jr./SCO/STF | Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinou nesta segunda-feira (28) que a defesa do ex-presidente Lula tenha acesso às mensagens coletadas na Operação Spoofing, que teve como alvo um grupo de hackers que invadiu celulares de autoridades brasileiras, incluindo os de procuradores da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba, do ex-juiz Sergio Moro e de Jair Bolsonaro.

Com a decisão, que representa mais uma vitória judicial do ex-presidente, o Juízo da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal deverá compartilhar os conteúdos com os advogados de Lula.

“Diante da verossimilhança da alegação e tendo em conta o direito constitucional à ampla defesa, defiro, por enquanto, sem prejuízo de providências ulteriores, o pedido deduzido pelo reclamante com fundamento nos arts. 6º , 8º , 77, I, e 139, IV, do Código de Processo Civil, para autorizar o compartilhamento das mensagens informais trocadas no âmbito da Força-tarefa Lava Jato, encontráveis nos arquivos arrecadados ao longo da Operação Spoofing”, registrou o ministro em sua decisão.


Lewandowski ressalta, porém, que Lula poderá ter acesso somente a conversas que ‘lhe digam respeito, direta ou indiretamente, bem assim as que tenham relação com investigações e ações penais contra ele movidas na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba ou em qualquer outra jurisdição, ainda que estrangeira’.

O prazo para que os dados sejam compartilhados é de dez dias.

Flávio Dino entra com ação penal contra Bolsonaro por crime contra a honra

O governador diz que Jair Bolsonaro o caluniou ao dizer que teve de cancelar uma viagem a um município do Maranhão por ter tido negado efetivo da PM, órgão sob responsabilidade dos governos estaduais, no seu esquema de segurança

Brasil 247, 28/12/2020, 08:12 h Atualizado em 28/12/2020, 09:52
   Flávio Dino e Jair Bolsonaro (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Adriano Machado/Reuters)

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), decidiu entrar com uma ação penal por crime contra a honra contra Jair Bolsonaro, de acordo com a Folha de S.Paulo.

O governador Dino diz que Bolsonaro o caluniou ao dizer em entrevistas no mês de outubro que teve de cancelar uma viagem ao município de Balsas, no interior do Maranhão, por ter tido negado efetivo da Polícia Militar (PM), órgão sob responsabilidade dos governos estaduais, no seu esquema de segurança.

Em outubro, o governo foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro. Dino diz que não recebeu solicitação para a segurança presidencial. Na petição, ele exigiu que Bolsonaro apresentasse provas da suposta recusa de colocar a polícia à disposição de sua segurança.

Brasil, que foi sexta maior economia do mundo com Lula, cai para 13ª posição com Bolsonaro

Brasil vem despencando no ranking das maiores economias mundiais desde o golpe de 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff

Brasil 247, 28/12/2020, 15:22 h Atualizado em 28/12/2020, 15:22
    Lula e Jair Bolsonaro (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Adriano Machado/Reuters)

Em 2011, a economia brasileira estava atrás apenas dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e caminhava para superar a França, podendo ser a quinta economia do mundo. Em 2021, no entanto, o país cairá mais uma posição, de acordo com a previsão da consultoria britânica CEBR que divulgou o estudo anual sobre as perspectivas da economia global. 

Segundo o levantamento, o Brasil será ultrapassado pela Austrália e, assim, deve terminar o ano que vem como a 13ª maior potência econômica.

De acordo com o estudo, a perspectiva é de que a economia do Brasil não se recupere como os outros países, devendo ter um crescimento de 3,3% em 2021. O ritmo é inferior à expectativa para a Austrália, que deve ter expansão de 3,5%. Por isso, australianos devem ultrapassar os brasileiros.



“Um problema que vai afetar o mercado de trabalho do Brasil que emerge no pós-Covid nos próximos anos é a fraca produtividade”, destaca o documento, enfatizando que a baixa produtividade do Brasil é resultado do ambiente pouco amigável para os negócios e também é fruto do sistema tributário distorcido. 

Os economistas britânicos apontam que o golpe de 2016 é uma das causas desse retrocesso. “O Brasil tem visto considerável instabilidade econômica e política desde a profunda recessão de 2015 e 2016. Além disso, a economia brasileira já estava em uma frágil situação antes da pandemia do coronavírus, com limitado espaço fiscal”, destaca a consultoria CEBR.

domingo, 27 de dezembro de 2020

Uma franca carta de Natal aos partidos de oposição: uma carta aos líderes da oposição no Brasil!

"As cores dissolvem-se, não se distinguem e a frente, antes nacional, democrática e popular, passa a acolher toda sorte de arrivistas? Quer dizer que a direita e as suas vertentes centristas também cabem em uma frente democrática?", escreve o ex-senador Roberto Requião

Brasil 247, 27/12/2020, 10:22 h Atualizado em 27/12/2020, 10:30

Para Lula, Ciro, Dino, Marina, Boulos 

(e a quem mais possa, menos Huck, Dória, Mandetta, Maia, Moro, Marinhos, Frias, Mesquitas, os da direita e meia direita, do centro e centrões et alia)

Senhoras e Senhores.



A generosidade do Mino abre-me espaço para que escreva esta carta. Às vésperas dos 80 anos, ele me concede privilégio de criança: uma carta de Natal. Mais que pedir, faço perguntas: 

Todos os gatos são pardos?

Parece que a conversa de alguns de nós está mudando de andar. Sobe às coberturas e não se fala mais em reunir os deserdados, os trabalhadores, os assalariados e profissionais das classes médias, os pequenos e médios empresários, o capital produtivo nacional, os interesses desvinculados do império e do capital financeiro. Agora, todos cabem no mesmo saco, é isso? As cores dissolvem-se, não se distinguem e a frente, antes nacional, democrática e popular, passa a acolher toda sorte de arrivistas? Quer dizer que a direita e as suas vertentes centristas também cabem em uma frente democrática? Mas, desde quando a direita se converteu à supremacia dos interesses nacionais, populares e democráticos? 

Os carros devem se adiantar aos bois?

Por que até agora não nos reunimos para que cada um expusesse o que pensa, fizéssemos a análise concreta da situação concreta, examinássemos o que nos une e o que nos distancia para, então, intentar um programa mínimo comum, oferecendo aos brasileiros uma saída desse atoleiro político, econômico, moral e sanitário? Por que a insistência em botar os carros na estrada sem antes convocar quem os puxe? Ou fazemos isso de caso pensado, por que sem um programa mínimo comum fica mais fácil dissimular intenções e esconder aliados? (Ou antes alguns precisam consultar o Biden e a sua vice, a honorável senhora Kamala?)

Candidato próprio ou direito ao erro próprio? 

De duas, uma: ou somos incorrigivelmente irresponsáveis ou essa conversa de frente das oposições ou de esquerda, seja o que for, não passa de um divertimento para enganar os trouxas de sempre, os brasileiros. 

Primeiro caso: é isso mesmo, faz parte de nosso evangelho: onde estiverem dois ou três reunidos, aí estarei eu no meio deles para dividi-los. A solidariedade, a irmandade, a união são para os fracos; na verdade, apreciamos uma boa pancadaria, um frege arretado, uma daquelas arruaças em que se permite até botar a mãe no meio.

Segundo caso: é isso mesmo, agitamos a bandeira da unidade não para firmá-la, e sim para livrar a nossa cara e garantir o direito ao próprio erro (ou candidatura).

O amor e a fraternidade perderam a validade?

Há 30 anos ouvia-se: vamos acabar com os partidos comunistas porque o mundo em que eles foram criados acabou. Hoje, dizem: vamos acabar com o PT porque o mundo em que ele foi criado está indo embora. Se, lá atrás o PCB errou e, agora, errou o PT, quem tinha e quem tem compromissos com os erros deles? Na verdade, assim como queriam cancelar a utopia de uma terra sem amos, pretendem agora extinguir não um partido e sim o propósito de se extirpar uma sociedade empestada pela desigualdade, pela pobreza, pela fome, pela injustiça, pela violência classista, pelo racismo, pela crueldade e insensatez de uma das mais infames, iletradas e estúpidas das elites terrenas, a brasileira. 

Envelhecemos e apenas os safos não têm idade? 

Diz-se (até mesmo entre nós) que tudo caduca, defasa-se: empresas públicas, direitos trabalhistas, previdência social, três refeições diárias, luta de classes, imperialismo, Estado de Bem-Estar Social, soberania nacional. E que os teimosos, os sectários, os intransigentes que defendem essas velharias também mofaram e devem sair de cena. Teria razão Nelson Rodrigues e seu conselho aos jovens espertos 

Por que tudo tem que ser a curto prazo? Pensar dói? 

Temos a mania do curto prazo, da duração limitada, do voo de galinha. Macroeconomia de curto prazo, política de curto prazo, jurisprudência de curto prazo, compromissos de curto prazo, caráter com validade estampada no fundo da lata. Pensar, planejar, descortinar o país a médio e a longo prazos, fixar objetivos e metas são exercícios excessivos, doem? Ou os apresentadores e os assistentes de palco não precisam pensar, que tudo já foi mastigado e basta que leiam o teleprompter? E por que se omitem diante das únicas coisas a fazer a curto e imediato prazo, como a revogação dos tetos de gastos, a restituição dos direitos trabalhistas e previdenciários, o cancelamento das privatizações e das medidas de alienação da soberania nacional? Ou isso é passado e que passou, passou e não se fala mais nisso?

Qual a de maior devoção: a vela a Deus ou ao diabo?

De novo, a minha idade e a minha ortodoxia veem-se em choque: quer dizer que agora pode-se acender velas a Deus e ao seu antípoda, simultaneamente? E qual delas deve ser maior e acesa com mais devoção? O culto ao Banco Central independente e a conta remunerada dos bancos, v.g. (vejam como sou tão antigo), são compatíveis com o ideal da prevalência do capital produtivo sobre a especulação financeira? Por que, pressurosos, os nossos candidatos buscam sempre o nihil obstat do mercado? E, depois, se apostatam, suspiramos, oh!....

Pergunta em linha reta:

Há gente neste mundo ou são todos semideuses? 

PS: Para terminar, assinarei: do sempre, sempre vosso, Roberto Requião.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Ex-ministros da Saúde de Bolsonaro são críticos do presidente

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou que o Brasil não possui "planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação" para enfrentar a pandemia. "Liderança não é uma coisa que você consegue por decreto, precisa ser legitimada”, disse

Brasil 247, 25/12/2020, 16:26 h Atualizado em 25/12/2020, 17:17
   (Foto: Alex Pazuello/Semcom | ABr)

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse que o governo não tem "planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação” para enfrentar a pandemia e que até as “coisas boas” somem em função da “guerra política” criada em torno da crise sanitária. “Já devemos ter chegado a 220 mil mortos, porque há uma subnotificação”, alertou.

“A Covid-19 suscita uma cooperação em todos os níveis. E o que o Brasil não tem é planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação. Isso não é uma coisa deste governo, deste ministério. É uma coisa que foi se estruturando ao longo de décadas. Quando ocorre uma sobrecarga como essa, ela realça as fraquezas. Liderança não é uma coisa que você consegue por decreto, precisa ser legitimada”, disse Teich em entrevista ao jornal O Globo

“Chegamos agora a um cenário parecido com o início da pandemia, com problemas de falta de equipamentos. Já devemos ter chegado a 220 mil mortos, porque há uma subnotificação”, completou. O ex-ministro destacou que o Brasil não possui um conjunto de ações para enfrentar o avanço da Covid-19. “Falta de tudo: planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação. Tudo isso aí não é uma coisa só. As pessoas falam de temas como se fossem uma bala de prata”, afirmou.

“Os países que tiveram grande controle foram os que conseguiram evitar casos novos. Tem países que fizeram coisas diferentes e deram certo. É um conjunto de ações. Tem que ter diálogo imenso com estados, municípios, uma comunicação com a sociedade forte. Por isso, estratégia e planejamento são fundamentais”, justificou. 

Segundo ele, a forma como Jair Bolsonaro abordou a crise acabou prejudicando a disseminação de informações para combater a pandemia. “Numa situação como essa, você tem que ter uma coordenação em linguagem única máxima. Toda vez que você tem um conflito de informações, de mensagem, de posicionamento, você confunde as pessoas. Não ter uma comunicação alinhada, forte, todo mundo mandando a mesma mensagem, dificulta o combate à pandemia, claramente”, afirmou.

Mandetta diz que Bolsonaro tem "condução desastrosa" no combate à pandemia

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que o Brasil está “sem liderança” para enfrentar o avanço da Covid-19 e que Jair Bolsonaro “teve uma condução desastrosa” durante a pandemia. “Até hoje não houve uma fala do presidente que ajudasse a Saúde pública brasileira”, disse o ex-ministro em entrevista ao jornal O Globo. 

Mandetta, que deixou o governo em abril, ressaltou que “o presidente não acredita (no vírus)” e que a defesa da economia em detrimento da saúde feita por ele atrapalha o combate contra a doença. “Até hoje não houve uma fala do presidente que ajudasse a Saúde pública brasileira. Ninguém aguenta mais, é legítima a pressão da economia, mas todo mundo deveria andar junto, ou ter uma regra bem clara e transparente para recomendar lockdown tecnicamente e o governo federal apoiar medidas necessárias”, disse. 

“Quando a taxa de ocupação hospitalar ultrapassa 90%, tem que frear. A saída da crise depende muito da capacidade de vacinação da população. Até agora não transparece que a gente vá ter a execução de um plano bem fundamentado. Parece tudo errático. É preciso ter uma capacidade de liderança muito forte, e o Brasil está sem liderança em Saúde”, emendou.
“Ele (Bolsonaro) falou várias vezes que entre a saúde e a economia, ele ia ficar com a economia. E a população começou a construir as suas linhas de defesa sem contar com a liderança da figura maior do governo. Vimos o Ministério da Saúde falando uma coisa e ele falando outra”, afirmou o ex-ministro. 

Mandetta também voltou a criticar a “intervenção militar” no ministério da Saúde feita por Bolsonaro. “Um militar não tem a menor noção do que é Saúde. A gente passa a ter um governo federal que sai completamente do enfrentamento da Saúde e com o argumento de que o problema era de logística. Nunca foi, o problema era de Saúde pública, muito mais complexo do que carregar caixa para lá e para cá. E agora tem uma crise tripla, de prevenção, atendimento e vacina”, destacou.

Ele ressaltou, ainda, que o números de mortes em função da Covid-19 “ fala por si. Ele (Bolsonaro) teve uma condução desastrosa. A desautorização do ministro em público, “manda quem pode e obedece quem tem juízo”; o “e daí?”; “não sou coveiro”; “gripezinha”; “está no final”. Está no final nada. Se teve alguma coisa digna de nota eu não saberia te citar”.

Guerra no DEM: Alcolumbre recusa convite de Maia para homenagear Gilmar Mendes

O DEM, que domina as duas casas do Congresso Nacional, está em guerra interna. Os presidentes do Senado e da Câmara romperam relações após decisão do STF que barrou a tentativa de ambos se reconduzirem à presidência das duas casas

Brasil 247, 26/12/2020, 05:48 h Atualizado em 26/12/2020, 06:22
   Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), está em guerra com seu correligionário Rodrigo Maia, presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O senador foi convidado para um jantar em homenagem ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, na casa do deputado na semana passada, mas se recusou a comparecer.

Alcolumbre e Maia não se falam desde o dia 6 de dezembro, quando o STF interrompeu o sonho de ambos se reelegerem para as presidências do Senado e da Câmara. 

Agora, ambos estão, cada um no seu quadrado, tentando eleger seus candidatos para a cúpula do Congresso, numa disputa que polariza as diferentes facções da direita e envolve também setores majoritários da esquerda alinhados no chamado "bloco do Maia" na Câmara dos Deputados. 

Alcolumbre culpa Maia pelo fato de os ministros do STF terem decidido pela proibição. O episódio também provocou divisão no tribunal, informa o Painel da Folha de S.Paulo.