domingo, 29 de janeiro de 2017

Na véspera do terremoto contra Temer, mídia muda de assunto

E não era para ser diferente, uma vez que ela foi parceira do golpe

Três principais jornais do País - Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo, amanheceram neste domingo, 29, com cara de paisagem em relação ao assunto mais importante do País neste momento: a homologação das delações premiadas dos 77 executivos da Odebrecht, que pode ser feita pela ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, nesta segunda-feira, 30.
 
Nenhum dos três jornais que participaram ativamente da derrubada da presidente Dilma Rousseff, dedicou destaque ao assunto.
 
Enquanto a mídia finge que não vê a delação da Odebrecht, a ministra Cármen Lúcia trabalha no fim de semana para homologar os acordos.
 
Citado em pelo menos quatro delações da Odebrecht, Michel Temer pode não terminar 2017 no Palácio do Planalto.

Prestes a deixar comando do Senado, Renan agora mira liderança do PMDB

Pedro Ladeira - 26.out.2016/Folhapress

Renan Calheiros (PMDB-AL) e seu possível sucessor no comando do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE)

Renan Calheiros (PMDB-AL) decidiu anunciar a seu modo, e dentro de sua casa, suas pretensões para os próximos dois anos no Senado: "Se a bancada quiser, serei candidato a líder do PMDB".

A plateia, que incluía o presidente Michel Temer e outros expoentes do governo, entendeu o recado. Renan não estava fazendo campanha. Apenas comunicava o que pretende fazer.

O estilo do parlamentar, que deixa o comando do Senado na quarta (1º), é resumido por um auxiliar de Temer: "Renan vai ser o que ele quiser". E o que ele quer agrada ao Planalto.

Temer sabe que precisa estar afinado com a Casa –e com a bancada de seu partido, de 20 dos 81 senadores– se quiser aprovar medidas como as reformas da Previdência e trabalhista e a indicação do novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

Presidente do Senado desde 2013, ainda no governo de Dilma Rousseff, Renan conhece cada meandro da Casa e procura se posicionar onde acredita que terá mais projeção, sem perder poder.

Senadores do PMDB dizem que ele não é unanimidade e, caso o voto fosse secreto, poderia se desgastar se vencesse com votação apertada.

Até o início da semana, as articulações ainda eram discretas. Mas horas antes do jantar com Temer, Renan resolveu ser assertivo e se reuniu com senadores do PMDB, como Marta Suplicy (SP), Rose de Freitas (ES),

Edison Lobão (MA), João Alberto (MA) e Katia Abreu (TO), aliada antiga e uma das principais entusiastas de sua candidatura.

Não chegou a pedir voto, mas, como definiu um senador, comportou-se como o major de um ditado nordestino: "Todo mundo é bom, mas o major é melhor".

O movimento assustou o senador Raimundo Lira (PB), que também pleiteia a vaga. A aliados, Lira afirmou ter sido procurado por três senadores que já haviam prometido o voto. O compromisso, no entanto, tinha ganhado condicional: desde que a disputa não fosse com Renan.

A candidatura do presidente do Senado ganhou corpo e seu provável sucessor, Eunício Oliveira (CE), intensificou articulações para contemplar peemedebistas sem disputas. Nesse xadrez, Lira deve ficar com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça.

Aliados de Eunício afirmam que Renan na liderança não é o ideal. Os dois mantêm relação cordial, mas é sabido que o parceiro preferencial de Renan é Romero Jucá.

Colaborou DÉBORA ÁLVARES, de Brasília 
 
Fonte: Folha, 29/01/2017

Grupo picha muro da 23 de Maio e manda recado para Prefeito de São PauloDoria


Muro na avenida 23 de maio, zona sul de São Paulo, pichado com recado para o prefeito João Doria

Um grupo formado por dois homens e uma mulher fez uma pichação no final da noite deste sábado (28) contra o prefeito João Doria (PSDB) no muro cinza da avenida 23 de maio, zona sul de São Paulo, onde ficavam painéis de grafites apagados pela atual gestão. Em poucos minutos, eles escreveram "Viva a Pixação" e mandaram um recado para o prefeito: "SP, falta saúde, educação e o problema é a pixação?"

A pichação foi feita em frente ao local onde havia um painel do grafiteiro Eduardo Kobra que foi completamente apagado neste sábado. O murou ficou cinza, como parte da ação "Cidade LImpa" da gestão Doria.

"Foi uma resposta ao prefeito. Para ele ver que não conseguirá acabar com a pichação em São Paulo. E também para ele dar mais atenção a outras prioridades, como saúde, educação, segurança e habitação", afirmou um dos responsáveis.

Como parte da "guerra do spray", Doria disse que pretende aprovar uma multa de R$ 5.000 para quem pichar monumentos públicos. Na sexta-feira, a prefeitura anunciou que entrará com ações civis na Justiça contra as pessoas presas em flagrante neste mês por pichações em prédios públicos e privados.

Juliana Gragnani - 25.jan.2017/Folhapress Anterior Próxima 


O grupo que pichou o muro da 23 de maio neste sábado é formado por pessoas entre 30 e 40 anos. São pichadores experientes, que já participaram de outras ações semelhantes. Em março do ano passado, por exemplo, eles escreveram frases contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na porta do Instituto Lula, no Ipiranga. Um dia depois, atacaram a parede externa da sede nacional do PT, na região central da capital.

"Basta de corrupção" e "país da impunidade", eles escreveram no local onde o ex-presidente dera uma entrevista coletiva após ser levado coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal no aeroporto de Congonhas.

A ação deste sábado foi feita numa hora em que a avenida 23 de Maio estava bastante movimentada.

"A avenida estava lotada de carros e fizemos na frente de todos. Foi rapidinho. Menos de três minutos", relatou um dos autores do recado ao prefeito.
 
Fonte: Folha, 29/01/2017

sábado, 28 de janeiro de 2017

Economista alerta: “É o próprio governo que provoca o déficit da Previdência”

Fonte: Viomundo, 28/01/2017 
 

“Ao não cobrar sonegadores e conceder renúncias fiscais, a União alimenta o problema que diz combater, avalia Denise Gentil, da UFRJ

“É o próprio governo que provoca o déficit da Previdência”, alerta economista

por Mariana Haubert — publicado 27/01/2017

A reforma da Previdência proposta por Michel Temer no fim de 2016 tem como objetivo oculto privatizar o setor. Essa é a avaliação da economista Denise Gentil, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na avaliação dela, as exigências impostas aos trabalhadores são tão altas e as perspectivas de obter uma boa aposentadoria, com valor integral, foram reduzidas a tal ponto que estimularão a busca por fundos de previdência privada complementar.

A economista alerta, ainda, para o esvaziamento da própria Previdência pública, uma vez que, ao não vislumbrar o acesso a um benefício digno ao fim da vida, muitas pessoas podem acabar optando por não contribuir ao longo dos anos.

Em entrevista à CartaCapital, a professora explica que a reforma alterará o caráter da Seguridade Social passando a uma visão financeira do setor. Segundo ela, entre janeiro e outubro de 2016, os bancos venderam 21% a mais de planos nos fundos privados.

Denise participou do seminário “Em defesa do direito à aposentadoria para todos”, realizado pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e Associação Nacional dos Participantes de Fundo de Pensão (Anapar), em Brasília, na sexta-feira 27, com a presença de centrais sindicais e outras entidades representativas.

Confira, abaixo, a íntegra da entrevista:

CartaCapital: A reforma da Previdência acabará, de acordo com a senhora, por pressionar o trabalhador a buscar outras alternativas de renda para garantir uma velhice tranquila. Por isso que a reforma induz a uma privatização do setor?

Denise Gentil: Quando o governo anuncia uma reforma que vai exigir um tempo maior de contribuição e uma idade maior para a aposentadoria, ele sinaliza ao trabalhador que terá dificuldade para acessar essa aposentadoria e que, portanto, deve procurar uma previdência privada complementar. Essa reforma tem um conteúdo privatizante muito forte.

O recado é: Quem não buscar os fundos de previdência complementar pode cair na pobreza. A reforma também tem outro objetivo: achatar os gastos públicos.Ao fazer isso com a Previdência e com a Assistência Social, ela também vai liberar mais recursos para pagar juros. E os grandes proprietários de títulos públicos no Brasil são os mesmos dos fundos de previdência, que são os fundos dos bancos.

CC: O governo anunciou a reforma como uma das soluções para a crise econômica, dentro do ajuste fiscal. Qual seria a melhor alternativa?

DG: Se a reforma tivesse a ver com ajuste fiscal, o governo tentaria aumentar as receitas da Seguridade Social. Ao invés disso, busca comprimir os gastos. O governo poderia, por exemplo, abrir mão das renúncias fiscais em favor de empresas que não dão nada em contrapartida ou cobrar a dívida dos sonegadores da Previdência.

Ou seja, a União não cobra das empresas sonegadoras e ainda entrega a elas a possibilidade de pagarem menos tributos legalmente. Então, é próprio governo que provoca o déficit. Não é o aumento dos gastos. O governo sabe que tem superávit. Tanto tem que ele faz desonerações tributárias, se dá o luxo de não cobrar sonegadores.

CC: Então o déficit é uma falácia?


DG: Sim. Em primeiro lugar, porque o déficit foi provocado pelo pagamento de juros, o maior gasto do orçamento do governo. Enquanto o déficit anunciado da Previdência pelo governo é de 149,7 bilhões de reais, o governo entrega ao setor privado algo em torno de 501 bilhões ao ano, ou seja, 8% do PIB. A conta não fecha, principalmente, pelo gasto com a dívida pública.

O ajuste fiscal que pretende cortar os gastos da Previdência não vai resolver o problema das contas do governo porque, para isso, é preciso corrigir a política monetária.

A verdadeira reforma teria que ser na política monetária e cambial do Brasil, porque é responsável pelo crescimento da dívida pública. A população precisa saber disso.

CC: A reforma tramita no Congresso. A senhora acredita que pode haver grandes mudanças na proposta inicial ou não haverá muito debate?

DG: O Congresso é muito conservador e favorável à reforma da Previdência, mas ele também é sensível aos apelos da população. Acredito, também, que os parlamentares têm uma boa dose de desconhecimento das suas consequências, porque uma reforma como essa não é favorável ao crescimento econômico. Isso impacta muito a sociedade, inclusive os empresários, porque ela vai reduzir drasticamente o consumo das famílias e isso tem impacto no crescimento do PIB.

Se os congressistas tiverem o devido esclarecimento das consequências dessa reforma, do quanto eles perderão de voto… Os idosos são eleitores, os trabalhadores também. Será que o Congresso vai querer se indispor com a grande massa de eleitores? Precisa ter uma conta muito bem feita sobre o benefício e o custo de ser favorável a uma reforma da Previdência.

CC: A análise do Tribunal de Contas da União sobre as contas apresentadas pelo governo poderá trazer resultados divergentes?

DG: A sociedade espera do TCU clareza sobre isso, porque ele também é responsável por avaliar o quanto o governo desvia da Seguridade Social. Ele julga as contas do governo. Se o governo estiver praticando atos ilegais, tem de ser responsabilizado por isso dentro das leis. TCU tem que zelar pela verdade dos relatórios que são entregues pelo governo.

CC: Alguns economistas têm dito que economia brasileira já dá sinais de melhora. A senhora concorda com essa análise? 
 
DG: O cenário não é de crescimento. O PIB deve fechar negativo em 4%, essa é a expectativa. O desemprego aumentou, o consumo das famílias caiu e a produção das empresas também. Então, não há porque ter essa expectativa de crescimento diante desse cenário. O governo diz que essas reformas sinalizam para o investidor e o setor produtivo que a economia vai crescer, mas não adianta anunciar ilusões. Ficções não funcionam. Na prática, tem que de haver mercado para as empresas.

Lula responde a delegado valentão

E desmoraliza pirueta do MPF dallagnólico

Conversa Afiada, 27/01/2017


Igor: pré-julgamento, parcialidade, vazamentos e comportamento que viola a ética profissional

O Conversa Afiada reproduz duas notas enviadas pela defesa do Presidente Lula:
 
Sobre a entrevista concedida pelo Delegado Igor Romário de Paula ao portal UOL (27/01/2017), fazemos os seguintes registros, como advogados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva:

1- A divulgação pela imprensa de fatos ocorridos na repartição configura transgressão disciplinar segundo a lei que disciplina o regime jurídico dos policiais da União (Lei no. 4.878/65, art. 43, II). Além disso, a forma como o Delegado Federal Igor Romário de Paula se dirige ao ex-Presidente Lula é incompatível com o Código de Ética aprovado pela Polícia Federal (Resolução no. 004-SCP/DPF, de 26/03/2015, art. 6o, II) e com a proteção à honra, à imagem e à reputação dos cidadãos em geral assegurada pela Constituição Federal e pela legislação infraconstitucional e, por isso, será objeto das providências jurídicas adequadas;

2- Ao renovar uma abordagem sobre hipotética privação da liberdade do ex-Presidente sob o enfoque de “timing” ou sentido de oportunidade, o Delegado Federal Igor Rodrigo de Paula deixa escancarada a natureza eminentemente política da operação no que diz respeito a Lula. Há pré-julgamento, parcialidade, vazamentos e comportamentos que violam a ética e a conduta profissional por parte de diversas autoridades envolvidas nas investigações e processos referentes ao ex-presidente. É o “lawfare”, como uso da lei e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política, exposto reiteradamente pela defesa de Lula, que fica cada vez mais claro a cada pronunciamento de agentes públicos que participam da Operação Lava Jato;

3- Agentes públicos que se valem do cargo para promover atos lesivos à honra de Lula ou de qualquer cidadão cometem abuso de autoridade, na forma do artigo 4o., alínea "h", da Lei no. 4.898/65. Por isso, o conteúdo da entrevista concedida pelo Delegado Federal Igor Romário de Paula deve ser investigada e punida, se constatada ocorrência do ilícito, independentemente de "timing". Ninguém está acima da lei, quanto mais as autoridades encarregadas de garantir o seu cumprimento;

4- A declaração do delegado Igor de Paula caracteriza coerção moral ao ex-Presidente e ataque à sua imagem pública. É inadmissível que um agente do estado se pronuncie sobre investigação ainda em curso, sob sua responsabilidade, com o claro objetivo de constranger um cidadão, em desrespeito ao direito de defesa e ao devido processo legal.

O fato presente é mais uma evidência de que alguns integrantes e mesmo coordenadores da Operação Lava Jato desviaram-se do objetivo da investigação, para atuar na perseguição ao ex-presidente, mesmo sem existir evidências de delitos ou provas de qualquer tipo contra Lula.

Cristiano Zanin Martins

***

Na qualidade de advogados de Luiz Inácio Lula da Silva e de Marisa Letícia Lula da Silva, protocolamos hoje (26/01/2017), na 13ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária de Curitiba (PR), defesa referente à Ação Penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000, demonstrando não haver respaldo mínimo que lastreie a denúncia contra nossos clientes, oferecida pelo Ministério Público Federal em 14/12/2016 e aceita pelo MM. Juízo em 19/12, tendo como base dois imóveis – o da Rua Haberbeck Brandão, nº178 (SP) e o da Av. Francisco Prestes Maia, nº 1501 (SBC). Tal ação deriva de dois procedimentos investigatórios (Inquérito 290/2016 e 1034/2016) instaurados pela Polícia Federal, em 15/3/2016.

Tais inquéritos tramitaram de forma oculta, sem o conhecimento da defesa, até o dia 29/11/2016, data em que a autoridade policial expediu ofício requerendo esclarecimentos de Lula sobre a questão. Forjando uma relação inexistente com as investigações da Operação Lava-Jato, foi afirmado que o ex-Presidente da República teria participado conscientemente da empreitada criminosa que forjava as licitações da Petrobras por meio de pagamentos de propinas dirigido a agentes políticos e seus respectivos partidos. As imputações são vagas e genéricas e a acusação francamente especulativa. Nesse contexto artificial, a denúncia do MPF acusa Lula da prática do crime de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro e Marisa Letícia, da prática do crime de lavagem de dinheiro – pressupondo a existência de uma “organização criminosa”, tese que repudiamos com veemência.

A questão, que tramita perante a Suprema Corte, é de titularidade exclusiva do Procurador-Geral da República e ainda se encontra em fase investigatória. Indaga-se, então, como os Procuradores da Lava-Jato acusam – com toda "convicção" – o que ainda é investigado pelo seu chefe máximo e, cuja eventual procedência será futuramente analisada pelo Supremo Tribunal Federal? Como a “convicção” dos subscritores de tal denúncia pode afirmar o que ainda é apurado pela instância superior? No que tange às acusações inerentes ao comando da organização criminosa, críticas não faltam e o próprio ministro relator Teori Zavascki já se manifestara sobre isso.

Nenhum órgão de controle interno ou externo -- incluindo as empresas de auditoria, a CGU, o TCU, a Polícia Federal e o Ministério Público -- produziu qualquer relatório ou tornou pública acusação a respeito de uma suposta organização criminal. Lula reafirma jamais ter tido conhecimento de qualquer esquema de corrupção instalado na Petrobras e muito menos de ter recebido, bem como sua esposa, qualquer vantagem indevida proveniente de contratos financeiros firmados pela companhia. Assim como ambos jamais foram beneficiados por qualquer dos dois imóveis citados. A defesa reafirma a veracidade de citações anteriores:

1. Imóvel da Rua Haberbeck. Foi oferecido ao Instituto Cidadania, que antecedeu o Instituto Lula, e não houve interesse na sua aquisição. O ex-Presidente esteve presente uma única vez no local, juntamente com membros da diretoria do Instituto Cidadania, ocasião em que decidiu recusar a compra. O que ocorreu com o imóvel após tal data não resguarda qualquer relação com nossos clientes. Mas a denúncia afirma que o imóvel “foi recebido pelo ex-presidente da República LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA em 29/09/2010” sem indicar em que circunstâncias isso teria ocorrido. O Instituto Lula funciona no endereço que foi comprado em 1990 pelo IPET - Instituto de Pesquisa e Estudos do Trabalhador e Lula jamais teve a posse ou a utilização do citado imóvel;

2. Apartamento da Av. Francisco Prestes Maia - vizinho àquele de propriedade de Lula e de sua esposa. Pretende-se atribuir a Lula a propriedade de um bem imóvel do qual são locatórios ele e sua esposa, conforme prova existência de contrato. O casal paga aluguel, com o recolhimento dos impostos, negócio de âmbito estritamente privado e sem qualquer relação com a Operação Lava-Jato.

Não há qualquer fundamento fático/probatório para atribuir a destinação ou oculta propriedade desses imóveis - de alegada origem ilícita – a Lula e D. Marisa Letícia. Nem mesmo a denúncia logrou apontar uma só conduta praticada pelo ex-Presidente em relação a essa questão. Assim, Lula não pode ser responsabilizado criminalmente sob o fundamento de que seria o proprietário oculto dos imóveis, pois isso configura responsabilidade penal objetiva, estranha ao Direito Penal.

O trâmite desse processo é um recorde digno de figurar no Guinness, considerando que a denúncia foi aceita em 19/12 pelo juiz da 13ª Vara, sendo proveniente de um IP no qual o ex-Presidente e seu advogado Roberto Teixeira – que agiu sempre dentro do estrito dever profissional e com a observância do dever ético inerente à profissão – tiveram apenas dois dias para se manifestar e em menos de um dia útil já estavam indiciados. A denúncia foi oferecida 3 dias úteis depois e o recebimento da peça acusatória se deu em 4 dias úteis. Sob a égide constitucional, é incabível o procedimento tramitar ocultamente por mais de oito meses e ser concluído um dia depois do investigado prestar seus esclarecimentos! Onde ocorreu o mínimo de respeito às garantias fundamentais dos investigados? Como atribuir impessoalidade a tal investigação?

Essa ânsia desmesurada e crescente de prover acusações é tática comprovada de lawfare, o condenável expediente autoritário consubstanciado no uso do Direito e dos procedimentos jurídicos como meio de atingir resultados políticos. É inegável que parte dos agentes públicos envolvidos na Lava-Jato abriu uma verdadeira — e notória — guerra contra Lula e o projeto político que representa, utilizando-se da persecução penal extra judicium e, agora, do procedimento penal in judicium, para combatê-lo e, mais que isso, eliminá-lo da vida pública.

Não houve qualquer investigação isenta, mas uma sequência de fatos produzidos para sustentar a abertura de inúmeros procedimentos frívolos e sem materialidade contra Lula, com o único intuito de impedir o livre exercício de suas atividades políticas. A retaliação e a vingança também orientaram essa nova ação. Para tornar o processo menos inverossímil e simultaneamente fragilizar a defesa, inseriram também um de seus advogados.

As acusações, portanto, não têm suporte em base real. São frívolas. Foram construídas sobre “convicções” fervorosas daqueles que elegeram Lula como inimigo em um cenário de guerra, sob o dossel da aparente legitimação conferida pela persecução penal em juízo. Ressaltamos, ainda, que não reconhecemos a competência e a isenção do juiz da 13ª Vara de Curitiba, por isso renovamos as exceções de incompetência e suspeição.

O documento está disponível em www.averdadedelula.com.br

Cristiano Zanin Martins

Cabral só presta se ferrar o Lula

Padrinho também é ladrão!  

Conversa Afiada, 28/01/2017


O Globo Overseas Investment BV faz uma pirueta de Jogos Olímpicos.

Numa "reportagem" em que "aliados" (sic) dizem (sic) que "Cabral cogita (sic) delação premiada", está implícito que a delação do Cabral só interessa - como sempre! - se for para ferrar o Lula e a Dilma.

Diz a magnifica reportagem:

"De acordo com investigadores (só podem ser da aecista Polícia Federal... - PHA), o potencial (sic) de uma eventual (sic) de Adriana Ancelmo é grande"!

Sen sa cio nal!

O potencial de uma eventual... é GRANDE!

Mas o Globo continua na marcha vitoriosa para varrer o Brasil da corrupção!

Prossegue a dita "reportagem".:

"E lembram (os citados investigadores" - desses que investigam o que querem... - PHA) que a madrinha da renovação dos votos dela com Cabral, em 2010, foi a ex-presidenta Dilma Rousseff e o padrinho o ex-presidente Lula"!

Bingo!

Madrinha e padrinho também são ladrões!

Vamos acabar com a corrupção!

Basta!

Em tempo: esse Bessinha ... É provável que o Bessinha quisesse aí em cima homenagear um delegado que foi devidamente desossado pelos advogados do Lula. Cuidado, Bessinha! Você se lembra de quem foi padrinho de casamento? Ou quem foram os seus padrinhos? Você vai acabar na cela do Cabralzinho... Ou pior: do Eike!

PHA

Kotscho: “Quando o anormal vira natural, algo está errado”


O jornalista Ricardo Kotscho afirmou neste sábado, 28, que o Brasil está perdendo a capacidade de achar anormalidade nos fatos em curso no País. 

Kotscho relaciona uma série de situações que deveriam causar espanto nos brasileiros, mas é tratado com naturalidade: "Nada mais é capaz de chocar a distinta platéia nativa neste teatro do absurdo encenado em Brasília que parece tomada por um exército de ocupação ávido e faminto".

"Como é que o ex-bilionário Eike Batista sai de fininho do Brasil, assobiando no Galeão, às vésperas de ser preso numa operação da Lava Jato batizada de "Eficiência"?", questiona.

A presidente do Supremo homologará 77 delações. E agora, Temer?


Presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, deve homologar as delações dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht entre esta segunda-feira, 30, e terça-feira, 31, depois que foram encerradas as audiências com os empresários, último passo antes da homologação.

Os integrantes da Corte e da Procuradoria-Geral da República avaliam que a ministra quer garantir que não haja atrasos no processo da Lava Jato, sinalizar à opinião pública que não há qualquer mudança no ritmo e na disposição do tribunal quanto às investigações e, enfim, tirar a pressão para a escolha do novo relator a toque de caixa.

As delações da Odebrecht têm potencial para não deixar pedra sobre pedra no mundo político. Um dos principais atingidos será Michel Temer, que foi citado pelo ex-executivo Claudio Melo Filho ao ter pedido e recebido propina no valor de R$ 10 milhões.

Dirceu: PF virou carcereira do MPF e capitão-do-mato do Judiciário


Da prisão em que se encontra em Curitiba, o ex-ministro José Dirceu escreve ao blog Nocaute, do jornalista Fernando Morais, e destrincha a entrevista concedida à revista Veja pelo delegado Maurício Moscardi Grillo.

Segundo Dirceu, a autonomia da PF reivindicada por ele serve ao corporativismo, aos privilégios e regalias, à politização e partidarização da Federal.

"A PF perdeu sua função constitucional de Polícia Judiciária da União quando o STF autorizou o MPF a investigar. Converteu-se em polícia do MPF sem autonomia, sem protestar com ênfase junto à atual cúpula da PF, abandonou a corporação na luta por sua mais importante conquista na Constituinte: ser a Polícia Judiciária da União e o MP o fiscal da lei", diz Dirceu.

Josias de Souza, o defensor do golpe parlamentar do Brasil

Josias de Souza tem um blog e um curriculo muito bom e há algum tempo leio o que ele escreve e continuarei a fazer isso.
 
Josias de Souza, pra quem não sabe, é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na "Folha de S.Paulo" (foi repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista).

É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República.

Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Com um curriculo deste só posso imaginar que ele seja bom. Só que na medida que fui lendo Josias de Souza também fui me decepcionando.

Com tanta formação, tanta experiência pra se tornar simplesmente um obssecado. Sim, obssecado, se possivel todos os dias ele escreverá contra o Lula, a Dilma e o PT.

Tantas coisas ruins acontecendo no Brasil e o cara contribuindo pra piorar com um discurso falacioso, deturpante e enganador. É só buscar os artigos dele para chegar a essa conclusão.

Nunca imaginei que um jornalista tão experiente e conhecedor da história política, econômica e social do Brasil, como é o caso do Josias de Souza, fosse favorável ao golpe escancarado que aconteceu em nosso País. 
 
Que decepção!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Governo Temer distorce cálculo para alegar déficit da Previdência, diz economista

Economista Marilane Teixeira, do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp contesta o "rombo" de R$ 149,7 bilhões da Previdência em 2016.
 
"Quando se somam todos as receitas da Seguridade Social, o balanço tem sido superavitário, inclusive nos anos de crise, diferentemente de quando se olha apenas o orçamento da Previdência do ponto vista da contribuição patronal e do trabalhador, que, no caso do setor urbano, é superavitário também", afirma a economista, ao Seu Jornal, da TVT.

Temer fez do brasileiro o 4º mais pessimista do mundo

 

Pesquisa realizada pela Ipsos Public Affairs em 22 países revela que o brasileiro é o quarto mais pessimista em relação ao seu país.
 
Segundo o estudo, sob o governo de Michel Temer, 67% dos brasileiros se declararam pessimistas; desconfiança em relação ao futuro do Brasil está diretamente ligada à crise econômica e ao desemprego, que, oficialmente, atinge mais de 12 milhões de brasileiros.
 
"Cerca de 80% dos brasileiros não confiam em partidos e em políticos. Isso tudo, na verdade, é uma grande desconfiança em relação aos nossos líderes e as nossas instituições", diz o diretor da Ipsos, Danilo Cersosimo.

Estado vai fechar 65 escolas em 19 municípios

Pará de mal a pior no desempenho de jovens no Ensino Médio   (Foto: Agência Pará) 

A Secretaria de Estado de Educação Pública (Seduc) vai fechar 65 escolas de ensinos médio e fundamental em todo Estado. O Pará, ano após ano amarga índices vergonhosos nos censos do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

A informação consta no Diário Oficial do Estado do dia 11 de janeiro (número 33289), por meio da portaria 002/2017, em que o secretário adjunto de Ensino, José Roberto da Silva, autoriza “a extinção do sistema as escolas que estão inativas e sem demanda estudantil há pelo menos três anos”. 

Apenas 7 delas estão na capital. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp) afirma que vai questionar a decisão do órgão. De acordo com o coordenador geral da entidade, Alberto Andrade, o ato se configura como um processo de “desresponsabilização” do Estado frente à obrigação de prover educação pública.

Como muitos municípios recebem a complementação orçamentária por parte do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o Estado acaba “empurrando” a responsabilidade, o que acarreta, por muitas vezes, a superlotação de escolas e a consequente queda na qualidade do ensino. 

"Desde 2000 a gente acompanha essa ‘municipalização branca’ e o Estado ignorando sua obrigação de oferecer ensino médio e apoiar os municípios na educação básica”, afirma Andrade. Com escolas precárias, na maioria das vezes, os municípios acabam não dando conta do inchaço na demanda. “A complementação do Fundeb ocorre justamente porque os municípios já não dão conta da demanda que têm.

É o Estado sabotando a educação. Em vez de fazer uma política de estímulo à permanência, prefere fechar a escola quando ela perde alunos”, avalia. Em nota, a Seduc informou que “alguns fatores podem determinar o fechamento das escolas, entre eles o fato destas escolas serem de ensino fundamental e as prefeituras absorverem essa demanda específica”. 

Informa, ainda, que há o caso em que as demandas de matrículas foram reduzidas por causa da abertura de novas escolas com localização mais próxima da residência dos alunos. “Outra situação são escolas que foram ampliadas e absorveram a demanda de matrículas de outras unidades de ensino”, continua o texto.

A Seduc afirma que, antes de tomar qualquer medida, estudos analisam a situação de cada unidade de ensino, levando em conta a oferta e a demanda de cada região. 
Agência Pará. 

Fonte: Nazareno Santos, 26/01/2016

Com Temer e Meirelles, arrecadação cai e tem o pior resultado em seis anos


Mesmo com a repatriação de recursos não declarados, que não irá se repetir, a arrecadação federal com impostos caiu 2,97% em 2016, comparado com 2015, no pior resultado em seis anos; receita tributária chegou a R$ 1,289 trilhão.

Só em dezembro do ano passado, arrecadação caiu 1,19% sobre novembro, resultado mais fraco para o mês desde 2009.

Isso demonstra que, embora o golpe contra a democracia e contra a presidente Dilma Rousseff tenha usado como pretexto as "pedaladas fiscais", Temer e Meirelles arrombaram ainda mais as contas públicas com a depressão econômica que produziram.

Jornalista diz que Polícia Federal faz tortura emocional com Lula

Uma pessoa  que age assim não está preparada para o cargo que exerce

Enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dedica à esposa Marisa Letícia, que está em coma induzido após um AVC, o delegado Igor Romário de Paula, da Polícia Federal, o tortura emocionalmente, anunciando sua prisão, segundo avalia o jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço.

"Com Lula, ou com qualquer outro dos que investigam (ou que não investigam, como Aécio Neves) isso é vergonhoso, indigno, desumano e ilegal", diz Brito.

"Um homem que age assim é pior, muito pior, do que as duas ou três sociopatas que foram fazer provocações à porta do Hospital Sírio Libanês. Porque é o Estado quem lhe confiou uma missão, de agir com isenção e prudência. Em uma palavra, todos nós lhe confiamos um poder, que não pode ser exercido para a crueldade e a morbidez".

Delegado diz que Lula pode ser preso em 60 dias

Ele foi cabo eleitoral de Aécio Neves


"Os requisitos para uma prisão preventiva são bastante objetivos. Lá atrás, na fase 24 da Lava Jato, quando houve a representação do Ministério Público pela condução coercitiva de Lula, em março, não existiam os requisitos para um pedido de prisão do ex-presidente. Não acho que a gente perdeu o timing. Esse timing pode ser daqui a 30 dias, a 60 dias. A investigação que envolve o ex-presidente Lula é muito ampla", disse o delegado Igor Romário de Paula, que atua na Lava Jato.

"O timing pode ser daqui a pouco. Não vejo nem perda de tempo nem condescendência com o fato de se tratar um ex-presidente. O próprio juiz Sergio Moro já mostrou que ele não leva isso em consideração quando toma suas decisões", reforçou.

Igor Romário de Paula já foi criticado pela defesa de Lula por ter feito campanha pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), também delatado na Lava Jato, nas redes sociais.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Com Temer, crédito tem a maior queda da história


Colocado na Presidência por meio de um golpe parlamentar com o argumento de que o Brasil retomaria seu desenvolvimento econômico, Michel Temer não consegue entregar o prometido.

Os indicadores não favorecem o peemedebista. O mais recente é o estoque total de crédito, que em 2016 caiu 3,5% no País, indo a R$ 3,107 trilhões. É o pior resultado anual e o primeiro no vermelho na série histórica para saldos, iniciada pelo Banco Central em março de 2007. O resultado equivale a 49,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

A política econômica do governo Michel Temer agravou a recessão e tende a persistir em 2017.

Itaqui vai na contramão da crise e fecha 2016 com lucro líquido de R$ 43 mi


Mesmo em um ano desafiador, com a crise econômica, a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) encerrou 2016 com 16,9 milhões de toneladas movimentadas.

Apesar do cenário climático adverso e da crise econômica, a empresa informou ter reduzido os gastos em R$ 25 milhões em relação ao orçado para 2016, o que possibilitou fechar o ano com lucro líquido de R$ 42,9 milhões.

Em 2014, o Itaqui movimentou 18 milhões de toneladas com lucro líquido de R$ 4 milhões. Em 2016, os 16,9 milhões de toneladas movimentadas resultaram em um lucro de R$ 43 milhões, dez vezes superior.

Estudante agradece a Dilma pelo Ciência sem Fronteiras


“O Ciência sem Fronteiras muda nossas vidas para sempre”, disse a gaúcha Gabriela Delor à presidenta Dilma, com quem se encontrou ontem (24), em Sevilha. Com Michel Temer o programa tende a acabar.

Revista Forbes prevê queda de Temer e nova crise no Brasil


A revista "Forbes", que durante anos sempre expressou severas críticas à condução da política econômica nas gestões dos ex-presidentes Lula e Dilma, surpreendeu boa parte de seus leitores na edição da última quarta-feira, 18, com reportagem prevendo a queda do governo Temer e o surgimento de nova crise no Brasil.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O odor nauseante dos presídios misturado ao sangue [1]

*Gerivaldo Neiva 

Fonte: Blog do Gerivaldo Neiva, 20/01/2016
 
Uma das milhares de celas de presídios

O odor de todos os presídios é uma mistura nauseante de fezes, urina, esgoto, suor, roupas sujas e emboloradas, doenças de pele e do couro cabeludo, corpos sujos e comida azeda. É assim em todos eles, embora distantes quilômetros um do outro. Talvez os detentos e agentes penitenciários não sintam mais esse odor. Suas narinas já se acostumaram. Na verdade, diante de tanto horror nos presídios, esse odor nauseante torna-se um detalhe insignificante. Para os detentos, por exemplo, pior é a tortura, a falta de qualquer expectativa ou oportunidade dentro do presídio e, principalmente, a possibilidade concreta de morrer a qualquer momento. 
 
Apesar disso, esse odor não deixa de ser absurdamente nauseante e de impregnar as roupas e o corpo inteiro de quem visita um presídio. O vômito se prepara várias vezes. As “quentinhas” com comida azeda se espalham por toda parte. Detentos suados, sujos, feridentos, um calor insuportável, o mau hálito daqueles que insistem em lhe falar de perto. É preciso segurar o vômito. Detentos com todos os tipos de doenças, dentes podres, pés descalços, frieiras entre os dedos e até com bolsas de colostomia abarrotadas de fezes. O estômago embrulha e a cabeça também. É impossível sair incólume de um presídio brasileiro.
 
Eu não saí! 
 
Então por tudo o que vi e ouvi nos presídios que inspecionei como conselheiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), não creio na possibilidade de que os detentos do sistema prisional brasileiro tenham alguma chance de mudarem suas vidas na prisão. A possibilidade é quase zero. Na ociosidade, sem saúde, sem dignidade, humilhados e torturados, sem saúde e educação o que lhes resta senão o ódio? Na verdade, é certo que cumprirão suas penas ou terão o benefício da progressão de regime ou mesmo a liberdade condicional, mas também é certo que voltarão para a mesma comunidade em que nasceram, a mesma falta de oportunidades, sem escolaridade e sem profissão, pobres, negros, periféricos e, para agravar definitivamente sua situação, será um ex-presidiário e com tarefas da facção para serem executadas. A possibilidade da reincidência, portanto, é quase inevitável. Ou, quem sabe, a morte prematura. 
 
Na verdade, o sistema penitenciário brasileiro é uma grande ilusão para o sistema de justiça criminal, ou seja, imagina-se que se está segregando bandidos perigosos para que se recuperem e retornem ao convívio social, mas na verdade está transformando pessoas em monstros sem possibilidade alguma de recuperação. Assim, o sistema de justiça criminal, ao contrário do que se propõe, não passa de um colaborador eficaz do crescimento da violência e da criminalidade, lamentavelmente. Mais lamentável ainda é saber que esse sistema de justiça, como se vendado ou mesmo cego, continua alimentando essa máquina de fabricar monstros na vã esperança de que está cumprindo seu papel social. 
 
Enfim, estamos todos em um longínquo beco sem saída. De um lado, prende-se muito e muito mal. De outro lado, essas pessoas presas, em contato com o sistema prisional, tornam-se pessoas sem qualquer possibilidade de recuperação e, muitas das vezes, tornam-se infinitamente piores do que eram antes do presídio. Apesar disso, inertes e embriagados pelo poder e maldade, não conseguimos pensar em algo diferente do atual sistema. Promotores e juízes não se importam em condenar e encaminhar seus condenados para esse sistema, lavando as mãos e se justificando sob a falsa premissa de que agora a responsabilidade é do poder executivo. Na verdade, somos todos responsáveis por esse caos e violações grotescas das garantias constitucionais e dos tratados internacionais. 
 
O que se indaga, finalmente, é para que serve esse sistema? 
 
Ora, se é certo que não recupera os detentos, que não oferece as mínimas condições de dignidade, saúde, trabalho e educação, por que continuamos a condenar pessoas e encaminhá-las para cumprimento de pena nesse sistema? Alguns podem responder, com simplicidade e conveniência, que assim o é porque não temos ainda outra alternativa. Não percebem, porém, que esse argumento significa exatamente o referendo da maldade e da continuidade de um sistema que promove mais violência e criminalidade. 
 
Por fim, muito lamentavelmente, na atual conjuntura de avanço do fascismo e das violações dos direitos humanos e de outras conquistas históricas da humanidade, outros irão responder que o sistema foi pensado para ser exatamente o que é, ou seja, o grande palco da espetacular vingança da sociedade em que os condenados podem ser mutilados, torturados, vilipendiados, mortos, decapitados e esquartejados; o grande palco em que os condenados sejam meros objetos do sadismo e da maldade dos agentes do sistema de justiça criminal e do sistema prisional; enfim, o grande palco do espetáculo do processo penal completamente desfigurado e divorciado da constituição e dos tratados internacionais. 
 
Nesta esteira de maldades, por último, acrescenta-se às essências dos odores do presídio, o cheiro de sangue. Agora, misturado ao cheiro de fezes, urina, esgoto, suor, roupas sujas e emboloradas, doenças de pele e do couro cabeludo, corpos sujos e comida azeda, o cheiro de sangue das chacinas predomina no ambiente carcerário brasileiro. Para a elite brasileira que usa perfume e exala bons cheiros e para os agentes do sistema de justiça criminal que lava as mãos ao condenar e que não conhece a realidade dos presídios do Brasil, vez que nunca sentiram o odor nauseante dos presídios, o acréscimo do cheiro de sangue fresco dos presos decapitados em nada importa. O gozo, o prazer e a indiferença com o outro é o que importa. O problema, como diz o professor Alvino de Sá, é que hoje os presos estão contidos, mas amanhã estarão contigo!

[1] Anotações genéricas, sem sistematização ou cientificidade (pela falta de pesquisa mais abrangente) que fiz em inspeções a presídios de Rondônia e Amapá quando fui conselheiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), de julho de 2015 até quando os golpistas assaltaram o Ministério da Justiça.
 
*Juiz de Direito (Ba).

Moro está certo: Dirceu não pode ficar solto...

Dirceu analisa as degolas
 
Conversa Afiada, 23/01/2017

Alguns dos 26 mortos da rebelião de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. 24 decapitados e 2 carbonizados. (Reprodução: Blog do VT)

O Conversa Afiada reproduz do Nocaute, de Fernando Morais:

José Dirceu fala da tragédia do sistema carcerário brasileiro
Em carta dirigida ao jornalista Fernando Morais, editor do Nocaute, José Dirceu fala da hipocrisia da TV Globo e das causas do inferno em que se converteu o sistema carcerário brasileiro (esta mensagem foi escrita antes do desastre que tirou a vida do ministro Teori Zavascki).

Prezados,
 
Quem diria que em apenas 9 dias 2017 nos apresentaria o cenário – retrato do país e do governo – que estamos vivendo.

Começando pela farsa veiculada pela Globo no Fantástico sobre a doação, lógico, “legal”, de uma propina da Odebrecht para a campanha tucana de 2010 do Serra. Tudo “legal” ou legalizado, como a remessa ilegal de 23 milhões para a Suíça, já devidamente expatriada legalmente. A própria Odebrecht deixa claro que não foi propina. A que ponto chegamos.

A explosão ou implosão de e no sistema penitenciário e a verdadeira face do governo com a declaração do Secretário Nacional da Juventude, Bruno Júlio!

O governo reage propondo construir novos presídios e aumentar penas!!! Mas foi isso que fez nos últimos 30 anos o Congresso Nacional, pressionado, obrigado pela mídia, MPF, bancada da bala e programas de TV sensacionalistas!! O próprio não-indulto de Temer no Natal é a prova mais cabal desse erro.

Basta olhar o equipamento, uniforme, veículos, de última geração, especialmente as armas e meios de comunicação e locomoção da PF, PRF, COES, ROTAS, ROCAS, RONE etc. etc. para ver o erro, comparando com o sistema penitenciário e as péssimas, degradantes condições físicas e humanas dos presídios.

Onde tudo está errado: regime prisional e corretivo, só degradação e silêncio, crime organizado e corrupção, começando no Judiciário acabando na Execução Penal, onde a lei raramente é cumprida, 36% dos presos, ou 41% , são provisórios!

Quando o mundo, todo o mundo, até os USA, caminha para substituir a pena de prisão para alternativas e pecuniárias, aumentar a progressão por trabalho, estudo e bom comportamento, separação e segregação dos condenados por antecedentes e crimes. Aqui queremos aumentar penas, punir os presos e não recuperá-los para o convívio social.

Presídios sem trabalho e escolas e sem progressão penal, aumentos de penas e prisão como punição já sabemos como acaba: massacres, fugas, venda e tráfico de drogas, crime organizado dirigindo as cadeias, destruição permanente do já sucateado sistema penitenciário.

Quantas cadeias e penitenciárias sobrariam numa fiscalização mínima de condições legais, de segurança e humana? Pouquíssimas.

Onde estão as colônias agrícolas e industriais, os Centros de Progressão Penal, os de Detenção Provisória?

É hora de mudar radicalmente, erradicar as cadeias, reconstruí-las sob novas bases e cumprir a lei de progressão, acabar com as prisões provisórias e as preventivas ilegais e abusivas.

Pôr fim ao caráter de justiçamento e perseguição e punição física e mental que está se transformando nosso sistema penal.

* Falta de tudo nas penitenciarias, de agentes a recursos para custeio e reformas.

A barbárie dentro da sala

 *Ricardo Vale

 Fonte Brasil247/Ricardo Vale, 20/01/2017
 

O Brasil está sendo sacudido por sucessivas rebeliões no Sistema Prisional, em diferentes estados do País, seguidas de massacres resultantes de conflitos entre organizações criminosas que aparentemente assumiram o controle efetivo dos presídios. Tais massacres produziram nesses primeiros dias de 2017, em Manaus, Roraima e Rio Grande do Norte, o assassinato de cerca de 130 pessoas que se encontravam sob custodia do Estado brasileiro. Consta que entre eles foram identificados detentos sem condenação.

É de conhecimento público que 40% dos presos no Brasil estão em detenção provisória, portanto, aguardando julgamento. Cabe perguntar: se o Estado não tem condições de julgar dentro dos requisitos assegurados pela Constituição e de garantir a vida e a segurança das pessoas acusadas, por que enviá-las para presídios que se converteram em verdadeiros matadouros? Qual é a lógica que sustenta a superlotação dos presídios no Brasil? O que ganha a sociedade brasileira com o encarceramento de pessoas que cometeram delitos, mas ainda não foram levadas a julgamento? E, se a sociedade não ganha, quem tem interesse em alimentar essa situação?

A sociedade brasileira está atônita e aterrorizada diante da barbárie que entrou na sala pela janela dos jornais e noticiários de TV. E interroga um governo perdido e incapaz, entre outras razões pela carência de legitimidade que traz consigo por sua gênese golpista, de apresentar propostas consequentes para uma tragédia de vastas proporções. Busca soluções improvisadas que resultam em aprofundamento da crise, como a que foi anunciada nos últimos dias de envolver as Forças Armadas na revista periódica em celas de presídios. Concretamente, humilha os membros das Forças Armadas ao atribuir a eles as funções típicas dos carcereiros. Esse arranjo além de ser inconstitucional, como atestam vários juristas, pois implica em desvio de função das FFAA, abre caminho para aproximar os militares do submundo das drogas cujas consequências trágicas nos aponta a experiência do México nos últimos anos.

Nesse transe em que vive o país é indispensável o empenho da sociedade organizada, dos estudiosos, dos próprios organismos responsáveis institucionalmente pelo Sistema Prisional, das entidades empenhadas na defesa dos Direitos Humanos para oferecer soluções que o governo – na sua impotência - não é capaz de apresentar. O Movimento Nacional de Direitos Humanos, entidade com relevantes serviços prestados à sociedade, trouxe a público nos últimos dias um documento valioso nessa direção, em que defende soluções consistentes e civilizadas, que fogem às medidas cosméticas e midiáticas oferecidas pelo governo. Trata-se de uma contribuição para quem deseja encarar a sério os trágicos acontecimentos que puseram em xeque a condição do Brasil como país civilizado:

- Um mutirão nacional para equacionar a situação dos 40% de presos provisórios, e, ao mesmo tempo, checar a situação de todos os presos, modernizando e efetivando a execução penal garantindo a progressão as penas;

- A substituição da pena de prisão por penas alternativas em todos os casos de crimes cometidos sem violência ou grave ameaça;

- A universalização das audiências de custódia, permitindo a redução das prisões e combatendo a tortura e a arbitrariedade das polícias;

- A contratação de 10 mil defensores públicos garantindo o acesso universal à justiça, em todos os Estados, protegendo os direitos dos pobres, jovens mulheres, negros, vulneráveis.

As medidas propostas, evidentemente não são suficientes para resolver um problema tão complexo. Mas indicam um caminho completamente distinto do que trilha neste momento, de maneira equivocada o governo federal. São propostas factíveis que incorporadas a um esforço mais amplo da sociedade podem apontar caminhos para a solução da crise humanitária que acomete o país neste difícil início de 2017.
 
*Ricardo Vale é deputado distrital e secretário-geral do Partido dos Trabalhadores no Distrito Federal. Foi secretário-adjunto da Secretaria de Governo do GDF

Cientistas criam nova forma de vida: semissintética

 

Um grupo de cientistas dos EUA, França e China criou uma nova forma de vida capaz de sobreviver, ao contrário das tentativas anteriores.
 
Eles conseguiram criar um organismo com alterações fundamentais do seu DNA, tendo este sido capaz de as manter por um prazo ilimitado, ou seja, foi criada uma nova forma de vida.

PF indica irregularidade em contas de campanha e ameaça Temer



Deixada de lado devido aos desdobramentos da morte de Teori Zavascki nos últimos dias, a investigação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pode cassar Michel Temer volta a assombrá-lo.
 
O relatório apresentado pela Polícia Federal na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer na disputa de 2014 concluiu que parte dos recursos pagos pela campanha às três gráficas que são alvo da investigação não se destinava a cobrir gastos da corrida presidencial.
 
De acordo com a PF, o dinheiro tinha como destino último, na verdade, pessoas físicas e jurídicas, além de fornecedores e subfornecedores; o documento foi entregue ao TSE na quarta-feira da semana passada.