quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Hipocrisia climática global: Ocidente adota dois pesos e duas medidas diante das iniciativas verdes da China

GLOBAL TIMES

Declarações do presidente da COP30, André Corrêa do Lago, expõem contradições do Ocidente

Brasil 247, 12 de novembro de 2025, 05:41 h

Linha produção de carros elétricos na China (Foto: Xinhua)

Conteúdo postado por Redação Brasil 247

Em entrevista ao The New York Times, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, chamou atenção para a incoerência das potências ocidentais em relação à política ambiental da China. “Você não pode insistir que a China reduza suas emissões e depois reclamar que ela está colocando veículos elétricos baratos em todo o mundo”, afirmou.

A declaração foi destacada em artigo publicado pelo jornal chinês Global Times, que criticou o duplo padrão com que países ocidentais tratam o desenvolvimento verde chinês (leia o original aqui).

Contradição e disputa industrial

O texto aponta que, embora o Ocidente se apresente como o arquiteto das regras globais do clima e o principal financiador da transição verde nos países em desenvolvimento, a distância entre promessas e ações concretas segue ampla. Ao mesmo tempo, essas nações cobram que economias emergentes, como a China, assumam “maior responsabilidade” — enquanto impõem barreiras comerciais, investigações de subsídios e campanhas negativas na mídia para restringir o avanço da indústria verde chinesa.

Essa postura, segundo o Global Times, revela mais preocupação com a preservação de interesses econômicos do que com o futuro climático global. “Determinadas forças no Ocidente estão menos interessadas no futuro do clima do que em proteger seus próprios interesses diante da competição verde emergente”, analisa o texto.

A ameaça de ser superado

As duplas medidas, de acordo com a publicação, decorrem tanto do medo da competitividade industrial chinesa quanto de um “incômodo institucional”. O rápido progresso da China em setores estratégicos, como a energia solar e os veículos elétricos, teria abalado a confiança do Ocidente, acostumado a ditar as regras e padrões da governança climática global.

De fato, a China é responsável por mais de 80% da produção mundial de componentes-chave da energia solar, e a expansão internacional de seus veículos elétricos está acelerando a descarbonização do transporte. Um relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que, para atingir as metas do Acordo de Paris, as emissões globais de gases de efeito estufa precisam cair entre 35% e 55% até 2035 em comparação com os níveis de 2019.

Nesse contexto, argumenta o artigo, restringir produtos verdes chineses é equivalente a limitar artificialmente o avanço da descarbonização global.
Corrêa do Lago: “Se você se preocupa com o clima, isso é uma boa notícia”

Ao comentar o impacto positivo da presença global dos veículos elétricos chineses, Corrêa do Lago foi direto: “Se você se preocupa com o clima, isso [a expansão global dos veículos elétricos chineses] é uma boa notícia.” Para o Global Times, essa observação reforça o papel crucial da China na transição energética mundial e o valor global de suas inovações sustentáveis.

Entretanto, enquanto persistirem as desconfianças e a politização das questões climáticas por parte do Ocidente, “o caminho para disseminar tecnologias verdes de forma mais rápida, ampla e acessível continuará obstruído”, alerta o artigo.
Um alerta para a cooperação global

As palavras do presidente da COP30, segundo o jornal chinês, devem servir como um chamado à razão. “A governança climática mundial está entrando em uma janela crítica, e qualquer politização ou instrumentalização das questões climáticas é um desperdício do futuro coletivo da humanidade.”

O texto conclui que, se o Ocidente realmente busca progresso, precisa abandonar os duplos padrões, cessar a politização dos esforços verdes da China e cooperar com as economias emergentes para construir um quadro mais inclusivo e equitativo de governança climática global.

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