sábado, 12 de dezembro de 2015

A relação do PMDB com os governos

Por que a relação do PMDB com os governos? Porque o partido historicamente sempre esteve na composição de todos os governos. Não importa se o governo é de esquerda ou de direita, o importante é ocupar espaço, ter cargos, empregar seus correligionários.

Esse malabarismo de compor com governos ideologicamente deferentes, para o PMDB não é problema. Desde a época do bipartidarismo, o partido se caracterizou como guarda- chuva de todos aqueles que não queriam ficar na clandestinidade política. Portanto, desde essa época o PMDB não é um partido, mas uma frente de partidos.

Há duas eleições o PMDB vem compondo com o PT, para a Presidência da República e indicando o Vice-Presidente. O acordo entre as partes resulta na entrega de cargos de primeiro, segundo e terceiro escalão. Nunca foi diferente nas demais coligações e alianças que chegaram ao poder em qualquer esfera.

Sem funções muito claras na Constituição, além da substituição do presidente da República quando de sua ausência, os vice-presidentes sempre tiveram uma importante função política, seja angariando votos de determinados setores ou conseguindo mais tempo de televisão no horário eleitoral, seja ajudando na articulação com grupos distantes do presidente. No caso do governo atual, essa articulação foi comprometida seriamente com a carta de Temer.

Na eleição do primeiro mandato de Dilma, o PMDB contribui bastante para a vitória alcançada. No segundo mandato, a relação foi muito conturbada e partido quase leva Dilma à derrota. É só buscar as composições do partido nos estados para ter clareza desta leitura.

Ora, o comportamento dúbio do PMDB num pleito tão importante, que foi a eleição para a Presidência da República, criou uma série de dificuldades. Como confiar num partido que não fala a mesma linguagem, que não obedece um só comando? Como agradar todos os "partidos" que compõe o PMDB se há uma disputa enorme pelos melhores espaços? Quais são os critérios e quem dita-os?

Com o comportamento rasteiro de Temer, de Cunha e tantos outros integrantes do partido, hoje qualquer postulante a um cargo majoritário tem medo de compor com o PMDB. A traição está nas entranhas da sigla, que não se conforma em estar ao lado, em ajudar. O PMDB quer governar, mas esquece de um detalhe importante, primeiro tem que ganhar a eleição para isso. 

Quanto a choradeira, não procede. O PMDB tem espaço demais no governo. Nunca um aliado teve tantos ministérios. Nunca um aliado do PMDB abriu mão de possibilidades reais de ganhar governos para ajudá-lo como fez o PT no Pará e outros estados, em 2010.   

"O vice tem o papel de uma negociação política e pode ser uma importante articulação, construindo a relação entre o partido aliado com o partido do governo. Nada disso está escrito, mas faz parte do jogo político", diz Maria Hermínia Tavares de Almeida, cientista política do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).

"Dado que o PMDB é complicado, de muitas facções, teria sido prudente que a presidente envolvesse o vice nos processos de negociação mais importantes. (...) complementa a professora.

Segundo o cientista político Alberto Carlos Almeida: "Historicamente, todos têm desconfiança com o PMDB", diz, citando os antecessores de Dilma, Lula e Fernando Henrique Cardoso, como presidentes que também se relacionaram com os peemedebistas de forma cautelosa.

Os líderes do PSDB aproveitam esse momento para jogar mais lenha na fogueira e dizem que a carta de Temer significa um rompimento do PMDB com o governo. O que não ocorrerá porque Temer continuará sendo o vice, a não ser que renuncie. O fato é que mesmo que a crise passe nem Temer nem o PMDB é digno de confiança.

Por outro lado Dilma e Temer sabem que: "Não pode, de forma alguma, haver desavença pública. Elas existem, mas jamais podem vir a público. O que ocorreu é uma quebra irreversível. Acho que não tem mais volta. Eles se reuniram somente para salvar as aparências", afirma o cientista político Paulo César Nascimento, professor da UnB (Universidade de Brasília).

Nenhum comentário: