domingo, 6 de novembro de 2016

Casos de foro privilegiado se arrastam por até 18 anos no Supremo


Provando assim que políticos com mandatos se constituem uma classe privilegiada

Folha, 06/11/2016
Renato Costa/FramePhoto/Folhapress
Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) se reúnem para decidir se instauram uma nova ação penal contra o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
O plenário do Supremo Tribunal Federal, que julga os casos de foro privilegiado
O presidente da República era Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e a TV Globo transmitia a novela "Torre de Babel" quando, em agosto de 1998, a Polícia Federal abriu inquérito em Porto Velho para apurar uma série de "saques indevidos de FGTS pelo Estado de Rondônia".


Quem assinava os contratos sob suspeita com a Caixa era o então governador do Estado, Valdir Raupp, hoje senador pelo PMDB.

Em 1º de setembro de 2000, o oficial de Justiça informou em ofício que "o acusado Valdir Raupp reside em Brasília". Desde então, o Judiciário não consegue dar uma palavra final sobre o caso, até para um eventual benefício do parlamentar, já que por três vezes o Ministério Público pediu o arquivamento, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não decidiu e Raupp segue como réu.

Ele enfrenta outras duas ações penais de um total de 84 contra 53 deputados e senadores hoje em andamento no Supremo, corte onde os integrantes do Congresso têm foro privilegiado.

Levantamento da Folha com informações fornecidas pelo STF a pedido do jornal revela que esses 84 casos que se tornaram ações penais estão, em média, há sete anos e oito meses sem um desfecho.

Desses, 22 (26%) estão em andamento há mais de dez anos. Outros 37 (44%) superam seis anos. Quatro, entre eles três de Raupp, ultrapassam 15 anos sem decisão final.

Para estabelecer o tempo de duração dos casos dos réus no Supremo, a reportagem também considerou a data do início das investigações sobre o político, inclusive antes de chegar à corte.

Quando um político investigado obtém cadeira no Congresso ou se torna ministro, um inquérito que começou em primeira instância precisa ser remetido a Brasília por força do foro privilegiado, o que pode atrasar ainda mais o andamento.

Na Lava Jato, 22 casos já receberam sentença do juiz Sergio Moro com tempo médio de um ano e seis meses.

A conta tem como ponto de partida a deflagração da operação, em março de 2014. Assim, os que estão sob condução de Moro foram cerca de cinco vezes mais rápidos que os de foro privilegiado no STF –mas, nas instâncias inferiores, o réu ainda pode recorrer após a sentença.

PRESCRIÇÕES
A longa tramitação abre risco de prescrição das penas. A Procuradoria-Geral da República então pede a extinção da ação porque o parlamentar não poderia ser mais condenado em razão do tempo da pena prevista em eventual condenação.

Com a prescrição, vão para o lixo anos de recursos públicos gastos para a apuração de supostos crimes.

O deputado federal Josué Bengtson (PTB-PA), por exemplo, foi denunciado em junho de 2007 por supostas corrupção e associação criminosa em inquérito derivado da Operação Sanguessuga.

Segundo a Procuradoria, Bengtson recebeu de uma quadrilha de empresários R$ 55 mil em sua conta e outros R$ 39 mil na de uma igreja em que atuava como pastor. Em troca, fez 14 emendas ao Orçamento da União para compra das ambulâncias.

Quando ficou sem mandato, foi investigado e denunciado em 2007 na primeira instância. Porém virou deputado em 2010 e seu caso foi para o STF. Até que a ação desse entrada na corte, em 2012, cinco anos haviam se passado.

Nos últimos quatro anos, o Supremo também não conseguiu julgar a denúncia. Em setembro, os ministros da corte reconheceram a prescrição e determinaram a extinção.

A vitória de Bengtson poderá ser comemorada por outros colegas: Nilton Capixaba (PTB-RO), Benjamin Maranhão (SD-PB) e Paulo Feijó (PR-RJ), investigados na Sanguessuga. Seus casos estão prontos para julgamento, porém prestes a prescrever.

A pedido da Folha, o STF enviou lista de outros 13 processos que recentemente receberam sentença, mas que ainda estão tecnicamente em andamento. Entre eles, está o do mensalão, em fase de cumprimento de pena.

O tempo médio que os 13 levaram, considerando o início da investigação em outras instâncias, foi de oito anos e dez meses.

OUTRO LADO
O STF (Supremo Tribunal Federal) trabalha com critérios diferentes dos utilizados pela Folha para chegar ao tempo médio de tramitação de casos no tribunal e diz que uma ação penal leva, em média, dois anos e quatro meses para ser concluída na corte.

O tribunal considerou como data do início da contagem o registro da abertura da ação, sem levar em conta toda a fase de inquérito no próprio tribunal, que em muitos casos se estende por anos e das outras investigações na primeira instância. Essas fases anteriores à ação penal também contam para prescrição das eventuais penas.

Segundo os dados divulgados à Folha, o STF analisou a tramitação de 180 ações penais de 2007 a outubro de 2016. Um grupo de 25 levou mais de cinco anos de tramitação. A mais longa demorou 3.297 dias, ou nove anos.

Em nota à reportagem, a Procuradoria-Geral da República defendeu a rediscussão do foro privilegiado e considera até mesmo sua extinção.

O advogado de defesa do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), José de Almeida Júnior, ressaltou que, em um dos processos contra o senador, existe desde 2005 parecer da PGR pela absolvição de seu cliente.

Sobre as outras duas ações, ele afirma que uma já está prescrita e que, na outra, há no processo evidências que mostram a regularidade das ações do senador.

"O STF é muito sobrecarregado de trabalho. São só 11 ministros. Nesse caso a demora está contra nós. Com o pedido de absolvição [em uma das ações] o senador podia estar sem o nome dele nesta tela há uns dez anos. A ação certamente será julgada improcedente", afirma o advogado.

Procurado na sexta (4) pela reportagem, o deputado Josué Bengtson não foi localizado para comentar o processo no STF que foi extinto por prescrição.

Em depoimento prestado à Justiça Federal, ele afirmou que era "falsa a acusação" feita pelo Ministério Público e que "nunca se associou a ninguém com fins de prejudicar o Erário". Disse que "nunca recebeu qualquer tipo de comissão ou qualquer outra contraprestação pelas ambulâncias".
Editoria de Arte/Folhapress

sábado, 5 de novembro de 2016

Reforma política vai a votação em 1º turno na quarta

Proposta extingue coligação em eleição proporcional, cria cláusula de barreira para os partidos e prevê perda de mandato a quem se desligar da legenda pela qual foi eleito 

O Plenário começa nesta semana a votação da reforma política, que está reunida em duas propostas de emenda à Constituição. 

O texto põe fim às coligações em eleição para vereador e deputado e determina que os partidos deverão obter um percentual mínimo de votos para ter acesso ao Fundo Partidário e a tempo de rádio e TV. 

Outra mudança, inserida pelos senadores em um substitutivo, proíbe a reeleição para presidente da República, governador e prefeito. A votação em segundo turno está prevista para o dia 23.

Dilma: Não vamos calar diante da banalização da violência do Estado


"A invasão da Escola Nacional Florestan Fernandes, ligada ao MST, é um precedente grave. Não há porque admitir ações policiais repressivas que resultem em tiros e ameaças letais, ainda mais em uma escola", diz a presidente afastada Dilma Rousseff.

"É lamentável que a semana termine com novos assaltos aos direitos civis e a tentativa de criminalizar os movimentos sociais. O atropelo às regras do Estado de Direito, com a adoção de claras medidas de exceção, deve ser combatido. É uma ameaça à democracia que envergonha o país aos olhos do mundo".

Lula denuncia PPP entre Globo e autoridades


Ex-presidente Lula divulga uma série de casos que comprovaria uma "parceria público-privada" entre autoridades públicas e veículos de comunicação do grupo Globo, da família Marinho.

Nessa tabelinha mídia-Judiciário, denúncias são lançadas nos veículos de comunicação, que geram novos inquéritos, produzindo vazamentos para a própria Globo.

"É este é o ambiente de massacre midiático, guerra jurídica e pressa desmedida para obter uma condenação de Lula em segunda instância antes das eleições de 2018. Uma parceria público-privada contra a democracia e o Estado de Direito", diz o texto.

Solidariedade ao MST e "Fora Temer" chegam ao papa Francisco



Cerca de 150 representantes de movimentos e organizações sociais de todo o mundo se reúnem esta semana na Cidade do Vaticano para o III Encontro Mundial dos Movimentos Populares em diálogo com o Papa Francisco.

Entre os presentes, João Pedro Stédile, líder do MST, que ontem foi alvo de uma ação ilegal e truculenta, com a invasão da Escola Nacional Florestan Fernandes.

Segundo Beatriz Cerqueira, da CUT, foi aprovada ontem uma moção de apoio e solidariedade ao MST e de denúncia da ruptura democrática e criminalização das lutas sociais no Brasil; "o documento será entregue ao Papa hoje", segundo informa o cientista político Robson Sávio Reis Souza, professor da PUC-MG.

Serra (R$ 23 milhões na Suiça) acha que Lula quer fugir

Esse rapaz tá trocando as bolas

247 – O chanceler José Serra acredita que o ex-presidente Lula pode vir a pedir asilo diplomático, em razão da Operação Lava Jato.

Serra levou o tema ao presidente Michel Temer, depois de ser comunicado da ação nas Nações Unidas, em que Lula alega sofrer perseguição judicial no Brasil.

O chanceler também considera que um eventual asilo de Lula poderá criar danos diplomáticos, prejudicando a imagem do Brasil no exterior.

"Talvez eu tenha essa avaliação, mas o assunto principal que eu discuti com o presidente Temer foi o tratamento a ser dado a essa questão da ONU dentro do governo. Não penso que o asilo seja a estratégia principal, mas não vou afirmar o contrário", disse ele à revista Veja desta semana.

Serra não foi questionado sobre os R$ 23 milhões que recebeu da Odebrecht em 2010, numa conta na Suíça (leia aqui), nem foi indagado sobre a possibilidade de ele próprio vir a pedir asilo diplomático, caso venha a sofrer implicações judiciais decorrentes da descoberta da conta usada pelo PSDB no paraíso fiscal helvético.

Lula é acusado de se beneficiar de reformas em dois imóveis (um sítio em Atibaia e um apartamento no Guarujá), que, segundo os cartórios de imóveis competentes, não lhe pertencem.

Serra foi delatado pela Odebrecht por ter recebido R$ 23 milhões – equivalentes hoje a R$ 34,5 milhões – numa conta secreta num paraíso fiscal.

O chanceler avalia, no entanto, que o que dano à imagem do Brasil é causado pelo risco de fuga de Lula – e não por sua presença no Itamaraty.

Fonte: Brasil 247, 05/10/2016

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Gilmar Mauro: “Mandado de prisão foi pretexto para invadir escola do MST”


Coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro estava na Escola Nacional Florestan Fernandes no momento da operação da Polícia Civil e contou que dez viaturas foram à escola à procura de uma única mulher, que não estava no local.

"O que ocorreu hoje aqui está ocorrendo no Brasil inteiro. É a implantação de um Estado de exceção, que busca criminalizar os movimentos sociais. Esse é o clima que a sociedade está vivendo e precisamos enfrentar", criticou.

A operação contra o MST, que ocorreu também no Paraná e Mato Grosso do Sul, foi repudiada por parlamentares, líderes sindicais e movimentos sociais.

Segundo Lula: Moro ‘faltou com a verdade’ sobre apartamento do Guarujá


Defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 4, que, ao aceitar a denúncia do Ministério Público Federal contra Lula no caso do tríplex no Guarujá, o juiz Sérgio Moro considerou fatos que "simplesmente não correspondem à verdade".

"Assim como fez com todos os antigos cooperados que não optaram por assinar um contrato de compra e venda com a OAS para adquirir o imóvel que vinham pagando à Bancoop, a construtora assumiu o imóvel reservado para eles (o 141), diante da não adesão do compromisso", diz a defesa de Lula.

Lula e dona Marisa cobraram sim o dinheiro que já tinham gasto, está tudo documentado e já foi entregue pela Defesa do ex-presidente a Sérgio Moro.

Para a defesa do ex-presidente, Moro aceitou uma denúncia "cheia de falhas graves, algumas delas agravadas pelo próprio magistrado".

Polícia prende e invade escolas do MST, que vê "ilegalidade"


Escola Florestan Fernandes, em Guararema, São Paulo, amanheceu nesta sexta-feira 4 cercada por policiais, que derrubaram o portão da escola e deram tiros para o alto.

A ação faz parte da Operação Castra, deflagrada pela Polícia Civil em três estados; para o MST, "assim como ocorreu com as escolas ocupadas por estudantes no Paraná, que protestavam contra a PEC 241 e a reforma do Ensino Médio, a invasão policial busca criminalizar os movimentos estudantis, e enquadrar o MST como organização criminosa, contrariando a justiça".

"O MST repudia a ação da polícia de São Paulo e exige que o governo e as instituições competentes tomem as medidas cabíveis nesse processo", diz ainda comunicado do movimento.

As autocríticas da esquerda (I)


Para o sociólogo Emir Sader, "a corrente que mais e de forma mais profunda e radical se equivocou sobre o período político iniciado em 2003 foi a ultra esquerda", para quem "Lula e o PT tinham traído, fariam um governo neoliberal de continuação do governo de FHC, fracassariam, seriam desmascarados pelo povo e sairiam definitivamente de cena".

"Não ter reconhecido o papel imensamente positivo das transformações levadas a cabo pelos governos do PT deixou a ultra esquerda na intranscendência, isolada do povo", diz ele, acrescentando que "as próprias votações das duas últimas eleições presidenciais refletem" isso.

"O sucesso da liderança de Lula e dos governos do PT por tanto tempo foi o certificado do fracasso da ultra esquerda, que fechou olhos para isso e não consegue explicar por que Lula segue sendo o maior e o único grande líder popular no país", afirma.

Rapidinhas

Juntando os cacos Diante da possibilidade de uma debandada de congressistas, Lula reunirá as bancadas do PT nesta sexta e na segunda para tentar frear o movimento. Dirigentes relatam receio do ex-presidente de que, se não agir agora como um “ímã” em busca de unidade, as disputas pelos rumos da sigla possam acabar “esfarelando” a legenda. Petistas próximos de Lula avaliam que a discussão pública sobre a sucessão fragiliza ainda mais o partido e sugerem um debate reservado sobre a renovação.

À deriva “Neste momento de fragilidade, se o partido ficar parado, a tendência é que haja dispersão”, sustenta um deputado da sigla.

Nós e eles Petistas dizem que o partido está dividido em dois grupos: os que estão preocupados com sua capacidade eleitoral e os que acreditam na refundação do PT a partir do resgate de suas bandeiras históricas.

Alto e avante Após eleger os prefeitos que comandarão a maior fatia da população, o PSDB prevê conquistar uma bancada de 80 deputados federais em 2018, contra 54 eleitos no último pleito. Já o PT estima que pode perder metade de seus 59 deputados.

Fica tranquilo A inclusão de parentes de políticos na nova lei de repatriação não é a única “porta da esperança” do texto. O projeto também deve estender a quem já aderiu à primeira chamada do programa os benefícios extras que forem incluídos na próxima fase.

Meio cheio A Câmara, no entanto, não está 100% satisfeita com a retomada das conversas. Aliados de Rodrigo Maia dizem que ele se dedicou muito para que o projeto andasse, mas o Planalto não se empenhou o suficiente.

Quem vai? Agora, caciques na Casa só querem fazer o texto avançar com um compromisso mais claro do governo de que dará respaldo.

Nem vem A carta em que Rogério Rosso (PSD-DF) quase lança sua candidatura à presidência da Câmara não foi bem recebida por parte do próprio centrão. “Ele já teve a vez dele e não conseguiu. Não terá nosso apoio de novo”, diz um dos líderes do grupo.

Calma lá A ala do “deixa disso” diz, no entanto, que o líder do PSD só teve a intenção de chamar pela unidade da Câmara, sem colocar o carro na frente dos bois.

Conta gotas Depois de aceitar a denúncia contra Henrique Alves sob suspeita de recebimento de propina, a Justiça Federal no DF pediu ao Ministério Público que se manifeste sobre a possibilidade de o ex-ministro ter cometido também crime eleitoral.

Bola de neve Isso porque a conta na Suíça onde os recursos foram pagos não aparecia na declaração de bens quando ele foi candidato. A omissão pode lhe render multa e até três anos de prisão.

Água na fervura Alguns ministros do STF consideraram excessivamente rigorosa a medida de retirar do cargo o presidente da Câmara ou do Senado caso se torne réu. A aposta é que o tema demorará a voltar ao plenário da corte.

Na mão Caciques do Congresso levantaram outro porém: a tese torna os titulares desses cargos “reféns” do procurador-geral da República.

Papai Noel Um dos líderes da defesa de Eduardo Cunha na Câmara, Carlos Marun (PMDB-MS) programou uma “visita natalina” ao ex-deputado na prisão. Pretende ir até Curitiba em dezembro.

Caneta Embora o PSDB paulista articule um tucano para a sucessão de Geraldo Alckmin no Estado, dirigentes do PSB lembram que, com a possível candidatura do governador em 2018, Márcio França dará as cartas no Bandeirantes por nove meses.

Nota só O ativismo de França em favor de Alckmin é alvo de críticas de tucanos que defendem Aécio Neves candidato à sucessão de Temer.

Embaraço Vindo de um analista seria um equívoco, mas, vindo de quem já trabalha com ele, beira a irresponsabilidade expô-lo dessa forma. Do senador Aécio Neves, sobre o tucano Xico Graziano defender, em artigo na Folha, a volta de Fernando Henrique em 2018.

Teoria da criatividade Na reta final das campanhas municipais, Chico Alencar (PSOL-RJ) trabalhava pelo correligionário Marcelo Freixo, no Rio, quando foi abordado por uma jovem que queria saber seu voto na PEC 241, do teto de gastos.

O deputado fluminense explicou que a proposta já havia sido aprovada pela Câmara em dois turnos, mas que ainda seria votada no Senado. Alheia aos trâmites no Congresso, a garota vaticinou:

— Lá eles estão sentindo a pressão. Tanto é que, para disfarçar, até mudaram o número dela. Agora virou 55! — disse, sem se dar conta de que as propostas mudam de número quando passam de uma Casa para outra.

Lava Jato viola lei para culpar Lula, diz professor de Harvard


Especialista no chamado "lawfare" —o uso da lei para fins políticos—, o antropólogo John Comaroff, 71, professor na Universidade Harvard, afirma que a operação Lava Jato viola a lei para criar "presunção de culpa" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em entrevista, ele defendeu a substituição do juiz Sergio Moro para acabar com os questionamentos sobre sua isenção nas ações contra o petista, como a divulgação de gravações telefônicas e o grampo no escritório dos advogados de Lula, que o acadêmico classificou como "muito ilegal no mundo todo".

Segundo Comaroff, especialistas e formadores de opinião fora do Brasil também questionam a consistência das provas usadas pela força-tarefa da Lava Jato contra o ex-presidente.

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Em carta aberta, jornalista ataca desembargador do TJ do Pará , carta aberta
Uma carta aberta redigida pela jornalista Ana Célia Pinheiro e publicada hoje, 3, no blog que ela edita, A Perereca da Vizinha, viralizou em todo o Pará nesta quita-feira.
O destinatário é Milton Nobre, desembargador do TJ (Tribunal de Justiça).
O texto de Ana Célia é explosivo, demolidor.
– Todos sabem que o senhor [Milton Nobre] manipula a distribuição de processos, para que eles acabem nas mãos dos meliantes que integram a sua organização criminosa – dispara a jornalista.
Neste link, a íntegra da carta.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Golpe do TSE: Temer não era vice!

Marcelo Odebrecht morreu de rir! Quá, quá, quá!

Conversa Afiada, 03/11/2016

É público e notório que o Traíra, então vice-presidente da República, na residência oficial do Jaburu, combinou com Marcelo Odebrecht receber, EM DINHEIRO, grana para o PMDB.

É público e notório que o Traíra recebia comissão nas atividades da Companhia Docas de Santos, como demonstraram este blog ansioso e o valente Marcelo Auler.

É público e notório que o Sérgio Machado deu uma grana ao Traíra na salinha da Base Aérea de Brasília.

É público e notório que o Tribunal (sic) Superior (sic) Eleitoral, sob a egrégia presidência do ministro (sic) Gilmar (PSDB-MT), se prepara dar um escandaloso Golpe dentro do Golpe.

É o que diz o PiG cheiroso na primeira página: "acordo no TSE deve separar contas para poupar Temer".

"...para evitar a cassação do presidente (sic) Temer está sendo costurado (sic) um acordo para separar as contas de campanha da ex-presidente e seu vice".

Como previa o Conversa Afiada, Gilmar (PSDB-MT) vai criar uma súmula vinculante:

"Temer não foi candidato a vice, mas vice-decorativo a caminho de dar o Golpe para se tornar Presidente!"

Quem roubou foi a Dilma, portanto.

O Temer tem a integridade moral do Fernando Henrique Brasif, aquele que saiu da Presidência direto para uma fazendola em Minas e comprou um apartamento de 500m² em Hygyenopolis, graças à generosidade desinteressada do banqueiro Safdie.

"FHC representa a decência na vida pública. Esse é o maior desejo do brasileiro", que quer vê-lo de volta à Presidencia, segundo um tresloucado tucano (de São Paulo!, claro), que o próprio Presidente FHC demitiu...

E eles pensam que o povo não percebe.

Depois reclamam se construírem um paredón em frente ao TSE!
(Ou em Hygyenópolis...)

PHA

FHC nega candidatura, mas o que Graziano, seu assessor, propôs foi sua eleição indireta


Marotamente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reagiu ao artigo "Volta, FHC" de seu assessor Xico Graziano, dizendo que jamais cogitou uma nova candidatura à presidência da República.

No entanto, o que Graziano lançou como balão de ensaio foi uma ideia diferente: o golpe dentro do golpe, em que Michel Temer seria derrubado pelo TSE e FHC voltaria por meio de uma eleição indireta no Congresso Nacional.

Era um autêntico "se colar, colou", mas a repercussão foi mais negativa do que positiva.

STF “deruba” Renan, mas Toffoli pede vistas

Pedir vistas é um direito do Ministro, no entanto, também se percebe que trata-se de uma manobra

Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vistas nesta quinta-feira, 3, de ação que questiona se réu em ação penal na corte pode ocupar cargo na linha sucessória da Presidência da República.

Na medida tem potencial para retirar do cargo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), caso o STF aceite converter em ação penal um dos 11 inquéritos contra ele.

Até o momento, já se posicionaram a favor da ação proposta pela Rede Sustentabilidade os ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux e Celso de Mello, o que já representa maioria simples da Corte.

Pimenta cobra Cármen Lúcia sobre juiz que autorizou tortura em escola


"Será que a Carmem Lúcia, vai dizer: 'tudo que um juiz faz, faz também por mim', sobre o 'magistrado' que autorizou o uso de tortura nas ocupações"?, questionou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), pelo Twitter, em referência à presidente do Supremo Tribunal Federal.

A crítica é contra o juiz Alex Costa de Oliveira, que mandou cortar água e luz para forçar a desocupação em uma escola pública no Distrito Federal.

Como fez Dilma, Temer abre crédito de R$ 82 milhões


Diário Oficial da União desta quinta-feira, 3, traz Medida Provisória em que o presidente Michel Temer abre crédito suplementar, no valor de R$ 82 milhões, para a Câmara, STJ, Justiça Federal, Justiça Militar da União, Justiça do Trabalho e a Justiça do Distrito Federal.

O golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff teve como base a edição de decretos com aumento de despesas sem passar no Congresso.

A prática também foi condenada pelo TCU nas contas da presidente em 2014. Consultado por Temer, o Tribunal de Contas da União desta vez aprovou a conduta.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O Bolsa Família e a virulência dos fascistas

Vá ler "Os Sertões", minha filha...

Conversa Afiada, 02/11/2016

O Conversa Afiada reproduz texto de Régis Eric Maia Barros, psiquiatra e psicanalista:
Costumo dizer que a célula fascista sempre esteve viva durante toda a história do mundo moderno e contemporâneo. Ela fica adormecida como um patógeno oportunista num hospedeiro, teoricamente, saudável. Em condições favoráveis, ela se replica e cria um corpo coletivo de idéias fascistas.

Pois bem, recentemente, uma atriz verbalizou que ela e seus pares do Sul e Sudeste “pagam o Bolsa-Família ao Nordeste”. De fato, o inconsciente fala e, para quem sabe escutar e decifrar, ele grita em alto e bom som. Infelizmente, essa fala não é só dela. Ela foi porta-voz de muitos. São incontáveis os que crêem nisso. O problema é que, ao crer nessa barbaridade, há uma estratificação manifesta. De um lado, os que “pagam o bolsa-família” e do outro, “os que recebem e se esbaldam dessa política inclusiva”. Há um maniqueísmo: os que trabalham e os que são vagabundos! A atriz pode até não ter notado, mas é notória, nessa fala pútrida, a idéia de especiação.

Um escalonamento de base fascista que coloca o diferente num patamar sempre inferior. Daí, para o preconceito é um passo, para a exclusão é um pulo e para o extermínio é uma braçada. Se a voz coletiva assim se constituir, tudo é validado e o mais fraco, mesmo que em maioria, será exterminado. Não se precisa exterminar com câmaras de gás. Pode-se exterminar, simplesmente, com os atos de não aceitar, de rotular, de apelidar, de não incluir e com o ato de culpabilizar. 

A atriz foi clara. Ela pediu que todos silenciassem, porque ela sustenta os miseráveis do Nordeste. Gostaria de acreditar que essa construção fosse produto somente do desconhecimento. Contudo, a sua forma arrogante, vertical, agressiva e preconceituosa foi capaz de desnudá-la. Eis a célula fascista saindo da quiescência. O meio de cultura dos dias de hoje é apropriado. Um crescimento conservador sem igual. O julgamento do certo e do errado pela falsa roupagem do equilíbrio moral pleno até por que os que propõem isso são repletos de imoralidade. Essa célula fascista fará muitas mitoses em cada indivíduo solitário que a possui. Depois, os que foram contaminados por essa célula farão um coro único – uma coletividade fascista.

O povo nordestino não é sustentado por seu ninguém. Pelo contrário, nessas terras brotam inúmeras riquezas humanas, artísticas, culturais e naturais. Sugiro que a atriz leia “Os Sertões”. Só assim, ela poderá entender que “antes de tudo, somos fortes...”

PSDB uniu Lula a Raduan Nassar

Tucano não quis, mas o ministro Haddad quis!

Conversa Afiada, 02/11/2016
Créditos: Ricardo Stuckert

Do site Lula.com.br:
Ao lado do escritor Raduan Nassar, o ex-presidente foi ao interior de SP para receber homenagem

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao município de Buri (263 km de São Paulo) nesta terça-feira. Ele foi recebido no campus da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos). Lá, junto com o escritor Raduan Nassar, descobriu a placa do novo Laboratório de Agricultura Familiar, do Centro de Ciências da Terra da universidade. Mas por que Lula e Raduan tiveram a honra de inaugurar o laboratório da instituição federal?

O que hoje é o campus Lagoa do Sino da Ufscar, na cidade de Buri, já foi uma fazenda particular de 640 hectares, propriedade da família de Raduan. Em 2007, o escritor – vencedor do Prêmio Camões de Literatura – decidiu doar suas terras à Universidade de São Paulo, instituição pública estadual.

Ele mesmo conta: “Eu tentei doar. Fiquei três anos enfrentando a burocracia do governo estadual para que minha fazenda se tornasse parte da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Mas não consegui”.

Tamanha foi a dificuldade e falta de interesse do Estado de São Paulo com o potencial doador, que ele desistiu. Desistiu de doar para a USP, mas não da ideia de tornar sua propriedade uma ferramenta em prol da pesquisa e do ensino público e gratuito.

Raduan foi, então, à Presidência da República, conforme explica: “Em 2009, eu falei com [a escritora] Marilene Felinto, que por sua vez conversou com Gilberto Carvalho [então trabalhando na Presidência da República]. Eu disse que queria doar, mas disse também que se a burocracia levasse mais de três meses, eu então desistiria de vez, e iria vender a fazenda.”

O assunto logo chegou ao conhecimento do então presidente Lula, que falou com seu ministro da Educação da época, Fernando Haddad. O ex-presidente explica como foi: “Eu disse pro Raduan, 'se São Paulo não quer, pode deixar que nós queremos'. Falei com o ministro Haddad, e em menos de duas semanas a fazenda passou a fazer parte da Ufscar, dentro do plano de expansão das univeridades federais, que estávamos pondo em prática”.

Hoje, o campus Lagoa do Sino tem 500 alunos e abriga cinco cursos de engenharia, com especial vocação e direcionamento para as áreas de segurança alimentar e agricultura familiar.

O atual governo federal, no entanto, não mostra interesse em seguir desenvolvendo o projeto original do campus. Professores e alunos temem o sucateamento do espaço público, a redução no número de vagas e cursos e, finalmente, a privatização do campus, única instituição pública de ensino superior atendendo as cidades da região.

É neste contexto de retrocesso que Lula e Raduan foram recebidos nesta terça-feira para inaugurar o Laboratório de Agricultura Familiar. Foram recebidos com festa e homenagens, sob aplausos e gritos de luta e resistência. Como disse Lula: “Os mesmos que hoje reduzem os investimentos da educação pública já defenderam que somente ricos pudessem ter acesso ao ensino superior. Mas não vamos deixar de lutar, os estudantes e todo o povo brasileiro sabem defender suas conquistas”. Que assim seja.

Lula: SP é a carroça do Brasil

Nenhum outro líder político denunciou o reacionarismo da USP!

Fonte: Conversa Afiada, 02/11/2016

Saiu na Fel-lha:
(…) "Aqui em São Paulo nós temos um problema que é o conservadorismo. Desde a Revolução de 32, quando foi construída a USP, que eles não queriam universidade federal aqui para não ter pensamento federal no Estado de São Paulo. Uma ideia, uma concepção retrógrada, que não tem noção de país, não tem noção de que o país tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, que nós somos uma meganação, que tivemos as mais diferentes culturas desse mundo, e tem gente que não gosta disso. Tem gente que não gosta da ascensão de outros Estados", disse Lula em discurso a estudantes.

(Sobre as tolices da USP, não deixe de assistir à entrevista do ansioso blogueiro com Jessé Souza.)
(...) De acordo com ele, (…) os estudantes devem participar da política. "Nós temos que aprender que cada vez mais, ao invés de a gente negar a política, a gente tem que fazer política. Porque a desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta. E quem gosta é sempre a minoria, é sempre a elite." O ex-presidente (...) disse que "não se conserta um país discutindo crise".

"Estamos numa crise agora? Estamos. Temos responsabilidade? Temos. Fizemos erros? Fizemos. Agora a verdade é a seguinte: não se conserta esse país discutindo crise [...] Esse país era o país mais otimista do mundo, esse país era um país alegre, de repente esse país ficou mal humorado."

Lula ainda levantou (sic) questionamentos (sic) sobre os motivos que levaram ao impeachment da ex-presidente (sic) Dilma Rousseff.

"Será por causa do pré-sal, que é a maior descoberta de petróleo do século 21? Será que é por que nós destinamos 75% dos royalties para resolver o problema da educação, para recuperar o tempo perdido do século 21? Será que essa coisa que aconteceu no Brasil tem alguma ligação de o Brasil ter virado um protagonista internacional, ter criado o Brics, ter criado um banco fora do FMI e do Banco Mundial? Será que o que está acontecendo no Brasil tem a ver com a relação do Brasil com a África, da criação da Unasul, do Mercosul? Então é importante que a gente discuta que não é por acaso o que está acontecendo nesse país, não é por acaso. Tem algo maior do que a gente imagina acontecendo nesse país."

(Não deixe de ler “Lula: o que derrubou a Dilma”.)
O Conversa Afiada sempre sustentou que Lula tinha um projeto geopolítico secreto.

Agora, aos poucos, quando se aproxima daquele ponto na cordilheira em que se situam os estadistas que levam o povo ao centro do espectro politico – veja a TV Afiada sobre esse tema - o plano deixa de ser secreto, como fez agora na UFSCar, ao lado de Raduan Nassar.

Lula percebeu que São Paulo não era a locomotiva do Juscelino nem dos militares.

São Paulo é a carroça.

Perdeu a hegemonia faz tempo – o que se materializa no fato de não ganhar quatro eleições presidenciais em seguida e, com a “fulgurante” ascensão do Geraldinho Trensalão nas eleições de 2016, vai perder a quinta…

(Como diz o sábio Flávio Dino, essa vitória não dura.)

Nenhum outro líder político percebeu, como Lula, o papel historicamente retrógrado da USP, de que o símbolo mais “fulgurante” foi o grupo para estudar Marx, o Grupo do Capital – de FHC Brasif, José Arthur Gianotti e Francisco Weffort entre outros - , que, como diz aquele amigo navegante, é o grupo do capital até hoje!

Lula tirou o Brasil de São Paulo.
Lula fez o Brasil crescer – fora de São Paulo!
No Nordeste, no Norte, no Centro-Oeste!
E no Rio, onde 9/10 das obras de Sérgio Cabral e Eduardo Paes se devem ao Lula e à Dilma!
Assim como 9/10 das obras que “consagraram” Eduardo Campos se devem ao Lula.

(Por falar nisso, quem é mesmo o dono do jatinho, senador Bezerra?)

Lula percebeu, ao fundar o PT, que a elite de São Paulo não entende o Brasil e quer que o Brasil se lasque!

FHC Brasif e o Padim Pade Cerra representaram esse papel secessionista com perfeição.

(E, não fosse o PiG, não passavam de Resende...)

E agora, se continuarem em liberdade, com São Paulo, FHC E Cerra acabarão enclausurados na irrelevância.

Lula não acredita em “teorias conspiratórias”, mas sabe que há conspirações.

Por isso, começa a alinhavar com a nitidez de raio laser os motivos que construíram a conspiração contra o Governo trabalhista no Brasil.

Foi o que ele fez na conversa com Luiz Carlos Barreto e este ansioso blogueiro, reproduzida no post “Lula explica por que Dilma caiu”.

Nesse sentido, o Traíra e seus pré-encarcerados do Palácio Planalto não passam de marionetes de espetácaulo mambembe, ao ar livre, em dia de chuva, no Porto de Santos!

PHA

Protógenes diz que Sérgio Moro fez o mesmo que ele, mas não foi punido


Do Conjur - O vazamento de informações sigilosas levou à condenação do ex-delegado e ex-deputado federal Protógenes Queiroz. Por esse motivo, ele foi expulso da Polícia Federal e condenado à prisão, com sentença que já teve trânsito em julgado. Asilado na Suíça, o homem da famigerada operação Satiagraha vê uma nova chance para permitir sua volta ao Brasil: o juiz Sergio Moro, juiz que conduz a “lava jato”, vazou de forma ilegal, como já foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal, conversa entre a então presidente Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva e não foi punido por isso.

Se Moro vazou e não foi punido, Protógenes afirma que deve ser anistiado, já que, em sua visão, os casos são idênticos. O ex-delegado entrou com uma ação de revisão criminal junto ao STF pedindo a anulação de sua pena, reincorporação à PF e indenização por danos morais. 

O ex-deputado demonstra concordar com a atitude de Moro. Assim como ele, o homem da “lava jato” teria vazado intencionalmente os áudios “para garantir a investigação criminal” e “ambos agiram para o interesse público, interesse da nação, interesse do povo brasileiro”.

Crime admitido
O advogado de Protógenes defende as atitudes que ele e Moro tomaram. Mas, ao mesmo tempo, também afirma categoricamente que ambos cometeram crime: "Incontestavelmente, essa conduta se amolda, com perfeição, à mesmíssima prática vedada ao agente público, reprimida no artigo 325, parágrafo 2º, do Código Penal (crime formal, próprio, na forma qualificada), exatamente a conduta reprovável que foi determinante, fatal e terminativa para a condenação e o decreto de perda do cargo público do também agente público Protógenes Queiroz". 

Ele ainda lembra que as 10 medidas que o Ministério Público Federal elaborou e nomeou de anticorrupção estabelecem que não será crime o agente público que vazar informações para a imprensa, caso o conteúdo seja de interesse público.

Após admitir o crime, o ex-delegado mostra que a solidariedade para com o colega tem seu limite. Protógenes mostra ressentimento com a diferença de tratamento praticada no Supremo, “onde um agente público juridicamente desprotegido sofre os rigores da lei, ao passo que outro agente público, praticando igual conduta, recebe as benesses da lei e de seus pares”.

Ineditismo falso

Protógenes se sente ferido com o argumento de que Moro lidou com uma situação inédita no Brasil. Para ele, não se pode dizer que o juiz condenou altos agentes públicos e empresários até então intocáveis, pois muitos foram sim investigados pela satiagraha.

Trânsito em julgado

A sentença contra Protógenes, assinada em 2010 pelo juiz Ali Mazloum, transitou em julgado no ano passado. O Supremo manteve parte da decisão que o considerou responsável por vazar informações sigilosas para concorrentes do banqueiro Daniel Dantas — por ele investigado — e para a imprensa.

Com base na condenação, ele foi ainda demitido da Polícia Federal por “prevalecer-se, abusivamente, da condição de funcionário policial”, revelar “segredo do qual se apropriou em razão do cargo” e “praticar ato lesivo da honra ou do patrimônio da pessoa, natural ou jurídica, com abuso ou desvio de poder”.

8 governadores violam LRF. Impeachment neles?


Pelos cálculos do Ministério da Fazenda, pelo menos oito estados da federação estouraram os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e estão gastando com pessoal bem mais que os 60% da Receita Liquida Corrente admitidos pela lei. 

"Alguém, entre os que condenaram a ex-presidente Dilma Rousseff, vai pedir o impeachment dos governadores destes estados por crime de responsabilidade fiscal?", questiona a colunista Tereza Cruvinel.

"Não, muito pelo contrário. O que o governo federal começou a discutir foi ajustes na LRF e tapar as brechas que eles vêm utilizando para produzir uma 'contabilidade criativa' que os deixam falsamente enquadrados nos limites da lei".

Cunha ameaça Temer e o põe como testemunha


Deputado cassado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), solicitou para testemunhar em seu favor na ação penal que responde na Lava Jato o presidente Michel Temer, seu ex-aliado político.

Da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Cunha tem mandado recados ao presidente e aliados no Congresso, de que poderá revelar o que sabe para proteger a esposa e filhos da prisão.

O arquiteto do golpe contra Dilma Rousseff é acusado de receber propina de contrato de exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.

O ex-presidente Lula também foi incluído entre as testemunhas, mas Temer é quem corre riscos, uma vez que Cunha foi tesoureiro informal do PMDB nos últimos anos.

Prefeito eleito de Belo Horizonte diz que príncipe Aécio será preso


Em vídeo que viralizou nas redes sociais, o prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), não poupa críticas ao senador Aécio Neves e sugere que o presidente nacional do PSDB será preso.

“Muito cuidado com o que vocês estão fazendo com o príncipe Aécio Neves, muito cuidado. Porque eu avisei, não tenho medo e não sou de brincadeira. Cuidado que o príncipe vai pra gaiola”, disparou depois de fazer referências a uma delação premiada sobre a Cidade Administrativa.

Kalil derrotou o candidato de Aécio, João Leite (PSDB), na disputa pela prefeitura da capital mineira.

Ocupações mostram que luta contra Temer continua


Vice-presidente da UNE em 1966, quando a entidade se engajava na resistência a ditadura militar, a socióloga Eleonora Menicucci, ministra de Políticas para a Mulher no governo Dilma, diz que "a ocupação das escolas pelo movimento estudantil de 2016 "mostra que o governo Temer não tem o domínio da situação política. A luta continua. Sempre".

Em entrevista ao colunista do 247 Paulo Moreira Leite, Eleonora diz que a conjuntura ajuda a lembrar que política é aprendizado e também e didatismo.

"Não podemos separar o que aconteceu no dia da eleição de um golpe que vinha sendo preparado e articulado desde 2013. Este golpe é o fator principal para a votação e não aquilo que chamam de 'nossos erros'".

Para ela, a luta dos estudantes mostra que é preciso pesar os fatos, analisar e refletir; "Como acreditar que estamos na defensiva, como uma força isolada, quando se sabe que o Lula continua o mais popular presidente da história?".

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Juiz autoriza tortura para desocupação de colégio em Taguatinga

Onde chegamos!

 


Juiz Alex Costa de Oliveira, da Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal, determinou que a Polícia Militar promova a desocupação do Centro de Ensino Asa Branca de Taguatinga, com métodos torturantes frente aos estudantes.
 
Em sua decisão, magistrado autorizou que a polícia suspenda o fornecimento de água, energia e gás, proíba acesso de terceiros, em especial parentes e conhecidos ao local, corte acesso de alimentos ao local e utilize instrumentos sonoros contínuos voltados para os estudantes.

Lula: quem não gosta de política será governado pela elite



Na primeira aparição pública após o resultado do segundo turno das eleições municipais, o ex-presidente Lula reforçou nesta terça-feira, 1º, a importância de participação na atividade política.
"A desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta. E quem gosta é sempre a minoria, é sempre a elite", disse Lula, em Buri (SP).
Ele visitou o campus Lagoa dos Sinos, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que foi doado à UFSCar pelo escritor Raduan Nassar durante o governo do ex-presidente.
Lula reforçou a importância da mobilização dos estudantes contra a PEC 55, que agora tramita no Senado, que propõe o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos.
"Vocês não podem desistir nunca. Vocês devem ter noção de uma coisa: o político que vai mudar esse país não é o Lula, são vocês".

Xico Sá chama Serra de $erra e tenta entender quebra de blindagem

"Trabalhei cem anos na imprensa paulistana. Não acho estranho a mídia esconder os 23 milhões do $erra. Fico pasmo é como isso vazou. Milagre?", questionou o jornalista, ex-colunista da Folha.

"Entendam, amigos, quando falo que admiro $erra estar no noticiário, é porque esse cara sempre foi 100% blindado nos jornais de São Paulo. Não tô protegendo", explica ele, pelo Twitter.

O ministro das Relações Exteriores, José Serra foi acusado em delação da Odebrecht de receber R$ 23 milhões em propina por meio de conta na Suíça. A denúncia foi capa da Folha, mas os demais jornais e colunistas mantiveram silêncio sobre o caso.

‘Estamos num silencioso processo de involução’


Por Tiago Pereira, da Rede Brasil Atual

A restrição ao direito de greve dos servidores públicos, decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada, que determinou o corte de ponto dos grevistas; a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), segundo a qual a Operação Lava Jato não precisa seguir as regras dos processos comuns, pois "trazem problemas inéditos e exigem soluções inéditas"; a obsessão cega, e ao mesmo tempo seletiva, no combate à corrupção; estudantes sendo algemados em uma escola ocupada; e toda a fragilidade institucional acarretada pelo processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, contestado por parte relevante da comunidade jurídica. Para Eugênio Aragão, o último ministro da Justiça do governo Dilma, estes são sintomas claros de um processo de degradação que atualmente atinge as instituições do país.

"O que a gente não está vendo é que estamos num silencioso processo de involução. Não chamo de silenciosa revolução, porque revolução pressupõe que se vá para frente." Essas são algumas das preocupações demonstradas pelo professor do curso de Direito na Universidade de Brasília (UnB).

"Estamos num momento de profunda degradação do tecido institucional do Estado brasileiro. Estamos desmontando completamente o pacto de 1988 (representado na Constituição Federal que vigora desde então), e, por isso estamos involuindo."

Em entrevista à RBA, Aragão, que retornou à função de procurador do Ministério Público Federal (MPF), afirma que a relação entre os poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) encontra-se em desequilíbrio, critica a superexposição midiática de juízes e procuradores e diz que pode levar uma geração até que as instituições se recuperem.

Para ele, a decisão do STF que validou, por 6 votos a 4, o desconto dos dias paradas de servidores públicos que entrarem em greve, equivale, na prática, a impedir o direito de greve. "Se a Constituição prevê o fim, que é o direito de greve, deve também dar os meios. Tirar do servidor os seus vencimentos, porque está fazendo greve, é impedir a greve", afirma o ex-ministro, para quem a medida parece fazer parte de uma estratégia mais ampla.

"O problema é o seguinte: enquanto a Câmara aprova a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que vai deixar os servidores provavelmente com os seus vencimentos congelados pelos próximos 20 anos, o STF impede a greve. Parece um jogo de bobinho, em que a bola fica entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, e o governado é o bobinho, que fica tentando correr atrás da bola", analisa o professor, que também não poupa críticas ao Supremo por excessiva preocupação com a governabilidade do presidente Michel Temer, preocupação essa que não se viu durante os momentos finais do governo Dilma.

"Me preocupa essa seletividade temática. Se busca bloquear um direito constitucional, ou pelo menos a sua praticidade, para garantir governabilidade para um senhor que se apossou da presidência da República através de uma manobra parlamentar. Tudo isso era muito previsível. Na verdade, a destituição da presidenta Dilma foi o início de um processo de degradação das nossas instituições."

Já sobre os investigadores da Lava Jato, Aragão lembra que o discurso de excepcionalidade para justificar o descumprimento de regras legais, como no caso do vazamento de conversas entre a então presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, que passou sem punição, foi adotado também durante a Alemanha nazista.

Ele ainda afirmou que a exposição excessiva de autoridades da Justiça pela mídia tradicional, desde os promotores da Lava Jato até o ministro Gilmar Mendes, sempre prontos a dar declarações de impacto que virem manchete, colaboram para a sua "desmoralização institucional". Em algum momento futuro, quando houver sinais de pacificação, faz-se "urgentemente" necessário criar medidas que "segurem os excessos do Judiciário e do Ministério Público", ambos, segundo Aragão, atualmente "descarrilhados".

"Desequilibraram o sistema completamente. A gente vê membros do MP atuando claramente com objetivos de seleção de alvos. Estamos vendo um Judiciário enfraquecido, anuindo a tudo isso e também adotando discurso seletivo."

PEC do mal


Frente às ameaças aos direitos individuais e coletivos, e de perdas efetivas – como a PEC 241 – o ex-ministro Eugênio Aragão lamenta a falta de reação da sociedade, e diz que o Brasil vive hoje "um momento surreal, um quadro absurdo de Salvador Dalí", a espera de um comando advindo da mídia tradicional.

"O brasileiro, infelizmente, parece que não tem capacidade de se mobilizar se não tiver um lide (referência ao jargão jornalístico que define o parágrafo principal de uma matéria). Estão perdidos, sem nenhum tipo de rumo, sem norte, assistindo a esse circo pegar fogo com absoluta inação. Parece que há um estado de torpor."

Nesse quadro de enfraquecimento das garantias individuais, Aragão diz que a denúncia dos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Comitê de Direitos Humanos da ONU, que acusa o juiz Sérgio Moro de cometer uma série de arbitrariedades, é medida importante para "dizer claramente que a comunidade internacional, que não é petralha, não está concordando com o que está acontecendo no Brasil de hoje."

Outras ações que visam a restringir a liberdade de expressão e consciência, como o projeto Escola sem Partido, que tramita no Congresso Nacional, e coloca restrições ao debate de ideias dentro de sala de aula, ou ainda a ação do MPF que mandou retirar cartazes 'Fora Temer' do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, indicam, para o professor, "um processo de fechamento de discurso, que proíbe as pessoas de pensarem 'contramajoritariamente'".

"Não sei por quanto tempo a gente vai poder refletir, mas, enquanto puder, é importante falar. É importante a gente dizer o que está acontecendo, sem medo das consequências. Estamos em um momento que, ou a gente fala, ou depois não vamos poder reclamar mais."

Num cenário sombrio, Aragão afirma que reside nos estudantes que ocupam escolas por todo o país contra a PEC 241 e contra a proposta de reforma do ensino médio do governo Temer, a esperança de um futuro de mais igualdade de direitos. "Vejo jovens tomando atitudes para poder salvar pelo menos o seu pedaço, que é a educação pública. Isso é um alento, e serve de exemplo a nós, adultos."