sábado, 14 de agosto de 2021

Apologia ao nazismo cresce no Brasil desde 2019

Um dos responsáveis por esse fenômeno é o próprio governo Bolsonaro, que recorre a métodos nazistas

Brasil 247, 14/08/2021, 05:53 h Atualizado em 14/08/2021, 06:25
(Foto: Reprodução | Reuters | Aroeira)

Por Ricardo Westin, da Agência Senado – Em junho, um adolescente de 17 anos foi expulso de um shopping center de Caruaru (PE) após ser flagrado ostentando uma suástica (a cruz gamada do nazismo) no braço. No dia seguinte, o secretário de Turismo de Maceió, Ricardo Santa Ritta, foi às redes sociais e expressou surpresa com o tratamento dado ao jovem: “Pensava que a liberdade de expressão existisse”. A prefeitura rapidamente demitiu o secretário municipal.

O shopping de Caruaru e a prefeitura de Maceió não agiram de forma arbitrária. A lei federal antirracismo (Lei 7.716, de 1989) afirma que é crime “veicular símbolos” do nazismo “para fins de divulgação”. Em caso de condenação, a pena é de multa e prisão de dois a cinco anos.

O mesmo artigo enquadra como criminosas as pessoas que produzem, vendem ou distribuem material que contenha símbolos nazistas e também as que utilizam publicações e meios de comunicação para disseminar as ideias do nazismo. Diversos países têm leis semelhantes.

O advogado Luiz Kignel, que é presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, compara:

— Quando um indivíduo decide sair em público vestindo a camiseta de um time de futebol, ele está deixando claro, sem precisar dizer uma só palavra, que admira aquele time, que o respeita, que o apoia, que concorda com ele. A mesma coisa acontece quando um indivíduo ostenta algum símbolo nazista. Um ato desses não é inocente. Os símbolos do nazismo trazem consigo as ideias de intolerância, ódio, racismo e extermínio do outro, que não podem ser admitidas.

Grosso modo, o nazismo prega a destruição de todos os povos e indivíduos que possam contaminar a presumida pureza da raça ariana. Essa ideologia foi posta em prática por Adolf Hitler nas décadas de 1930 e 1940, como política de Estado, na Alemanha e nos países invadidos pelo ditador.

Entre as vítimas dos nazistas, estiveram judeus, negros, gays, pessoas com deficiência física ou mental, ciganos, comunistas e testemunhas de Jeová.

Apenas entre 1941 e 1945, 6 milhões de judeus foram executados nos campos de extermínio nazistas. Para efeitos de comparação, esse é quase o mesmo número de habitantes da cidade do Rio de Janeiro hoje. O genocídio do povo judeu ficou conhecido como Holocausto e é reconhecido como um dos episódios mais traumáticos da história da humanidade.

A lei brasileira de 1989 que elenca os crimes de racismo se baseia no artigo da Constituição que os descreve como inafiançáveis e imprescritíveis. Originalmente, contudo, a lei se concentrava no racismo sofrido pela população negra e não tocava de forma explícita no nazismo e na sua ideologia racista.

A primeira referência à apologia do nazismo foi incluída nessa lei apenas em 1994, por meio de um projeto do deputado Alberto Goldman (PSDB-SP). A segunda referência, em 1997, com uma proposta do então deputado e hoje senador Paulo Paim (PT-RS).

Quem na época achou exagerados os acréscimos à lei e argumentou que os preceitos extremistas de Hitler jamais encontrariam solo fértil no Brasil, tão pacífico e distante da Europa, acabaria sendo surpreendido pela realidade.

Células neonazistas

A ONG Safernet, que defende os direitos humanos na internet, identificou um recente aumento no número de sites com conteúdo nazista. Em junho de 2020, conseguiu a remoção de 7,8 mil páginas com essa temática. Em junho de 2019, havia conseguido derrubar 1,5 mil. A ONG recebe denúncias e as encaminha para o Ministério Público.

Estudos acadêmicos apontam um crescimento no número de células neonazistas (grupos organizados de pelo menos três pessoas) no Brasil. Atualmente existem em torno de 530, espalhadas por todas as regiões do país, de acordo com a antropóloga Adriana Dias, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

As denúncias apuradas pela Polícia Federal também explodiram. Até pouco tempo atrás, eram poucos os inquéritos, entre 4 e 20 a cada ano. A virada se deu em 2019, quando foram abertas 69 investigações de apologia do nazismo. A situação piorou em 2020, quando os policiais federais investigaram 110 casos — um novo inquérito a cada três dias, em média.

Levando em conta as 36 ocorrências investigadas pela PF nos cinco primeiros meses de 2021, é possível esperar que este ano mantenha a tendência de alta dos dois anteriores. Na semana passada, a Polícia Federal prendeu em São José do Rio Preto (SP) um jovem de 21 anos que fazia na internet publicações discriminatórias contra judeus, católicos, nordestinos, negros e gays. Na casa dele, foram apreendidos desenhos e fotos de Hitler.

Em julho, uma juíza do Rio de Janeiro ordenou a apreensão de um quadro com símbolos nazistas que seria posto à venda num leilão on-line.

Silêncio da PF

A Agência Senado perguntou à Polícia Federal a razão da explosão de inquéritos a partir de 2019, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.

A Safernet apresenta uma explicação: “É inegável que as reiteradas manifestações de ódio contra minorias por membros do governo Bolsonaro têm empoderado as células neonazistas no Brasil”.

Luiz Kignel, da Federação Israelita do Brasil, afirma:

— Pessoas que até há algum tempo estavam escondidas e caladas agora começam a achar que têm espaço para cuspir o seu veneno. Isso é muito perigoso.

Os sinais desse ambiente favorável a demonstrações de simpatia por ideologias de extrema-direita apareceram em diferentes momentos ao longo dos dois últimos anos e meio. No mais recente, em julho, o presidente Bolsonaro recebeu no Palácio do Planalto, fora da agenda oficial, a deputada alemã Beatrix von Storch, neta de um ministro de Hitler, com quem se deixou fotografar. A foto foi divulgada nas redes sociais da deputada.

Em março, o assessor presidencial Filipe Martins foi gravado fazendo com os dedos um sinal de ódio utilizado por supremacistas brancos dos Estados Unidos. Ele estava atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que discursava durante uma sessão para ouvir o então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a participação do Itamaraty na aquisição de vacinas contra a Covid.

Em seguida, por sugestão do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), o Plenário da Casa aprovou um voto de censura a Martins.

A silenciosa manifestação do assessor palaciano foi precedida, em janeiro de 2020, por um ato espetaculoso do então secretário nacional da Cultura, Roberto Alvim. Ele gravou e divulgou um vídeo em que copiou falas do ministro nazista Joseph Goebbels e utilizou como trilha sonora uma das músicas favoritas de Hitler. Após protestos da sociedade e do meio político, Alvim foi demitido.

No Senado, a aventura extremista de Alvim foi repudiada por vários parlamentares. Na época, o senador Major Olímpio (PSL-SP), que morreu em março deste ano, classificou a declaração do secretário como “propaganda nazista”. Depois de observar que “a inteligência é limitada, a ignorância não”, ele cobrou de Bolsonaro: “Demite já o Alvim!”.

Na visão da advogada Milena Gordon Baker, autora do livro Criminalização da Negação do Holocausto no Direito Penal Brasileiro (Thoth Editora), todos esses indicativos de aumento das ideias nazistas no Brasil deveriam acender um sinal de alerta:

— Os estudos do genocídio mostram que existe uma pirâmide do ódio. Tudo começa de maneira sutil e vai piorando pouco a pouco. Primeiro, na base da pirâmide, constrói-se uma imagem estereotipada de determinado grupo oprimido. Depois começam o preconceito generalizado, a discriminação, o discurso de ódio. Em seguida, vem a supressão de direitos. Mais tarde, surgem os ataques físicos. Por fim, já no topo da pirâmide, assentado sobre todos os estágios anteriores, vem o genocídio. Normalmente passa-se de uma etapa para a outra sem que se perceba. É por isso que não podemos baixar a guarda.

De acordo com ela, o direito constitucional da liberdade de expressão não engloba a apologia das ideias nazistas:

— Os direitos não são absolutos e ilimitados. Um direito ganha limites quando ele atropela outros direitos. A própria Constituição, ao proibir o anonimato, já impõe um limite explícito no direito à liberdade de expressão. A manifestação de um pensamento deixa de ser protegida pela liberdade de expressão quando há abuso e ele incita o ódio e a violência contra determinados grupos.

A decisão judicial mais emblemática contra a divulgação do nazismo Brasil foi dada em 2003, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a condenação do editor gaúcho Siegfried Ellwanger pelo crime de racismo. Ele foi processado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e sentenciado à prisão por publicar livros antissemitas, entre os quais um de sua autoria intitulado Holocausto Judeu ou Alemão? – Nos bastidores da mentira do século. O STF entendeu que ele não estava protegido pelo direito à liberdade de expressão.

— Não se pode atribuir primazia à liberdade de expressão, no contexto de uma sociedade pluralista, em face de valores outros como os da igualdade e da dignidade humana — argumentou na época o ministro Gilmar Mendes.

As redes sociais não aceitam a publicação de discursos de ódio. Em obediência à legislação brasileira, elas consideram tanto a Lei 7.716, que trata do racismo, quanto o artigo do Código Penal que reconhece a injúria racial como crime. A Confederação Israelita do Brasil elaborou uma cartilha em que ensina os usuários a denunciar postagens de cunho racista às diferentes plataformas, como Facebook, Instagram e TwitterO advogado Rony Vainzof, secretário da Confederação Israelita do Brasil, diz que o poder público precisa investir em campanhas de esclarecimento e as escolas devem ir a fundo no ensino dos episódios históricos do nazismo e do Holocausto:

— O tempo vai passando e o nosso receio é que o mundo vá se esquecendo da gravidade do Holocausto e que, por isso, algo semelhante aconteça. O conhecimento do passado é fundamental para impedir novas atrocidades.

O tema está permanentemente na pauta do Senado. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou dois projetos de lei que buscam coibir a divulgação de ideias nazistas. Um deles (PL 3.054/2020) eleva as penas previstas na lei antirracismo de 1989. A condenação mínima sobe de dois para três anos de prisão. A máxima, de cinco para seis anos.

O outro projeto (PL 1.044/2020) criminaliza a negação do Holocausto. A pena prevista é de multa e prisão de quatro a oito anos. Caso o negacionismo seja difundido por meio de livro, revista, jornal, TV, rádio ou internet, o tempo de encarceramento é duplicado.

Segundo Randolfe, trata-se de “comportamentos criminosos que precisam ser extirpados da nossa cultura”.

O senador Fabiano Contarato redigiu um projeto que proíbe a veiculação de anúncios publicitários em sites que promovem fake news e discursos de ódio (PL 2.922/2020). Como os anunciantes nem sempre têm controle sobre os sites em que a propaganda será publicada, seriam multadas as empresas responsáveis por distribuir os anúncios, como Google, YouTube, Facebook e Instagram.

A proposta de Contarato define como discurso de ódio o “ato de comunicação que incite violência contra pessoa ou grupo em razão de sua raça, gênero, orientação sexual, origem ou quaisquer outras formas de discriminação”.

O senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou um projeto que cria a Instituição Independente de Acompanhamento das Mídias Sociais (PRS 56/2019). A entidade, que funcionaria dentro do Senado, estudaria o comportamento das redes e proporia eventuais regras de modo a conter as fake news sem afetar a liberdade de expressão.

“O órgão proposto deverá ser um instrumento da sociedade brasileira contra o abuso cometido por grupos na promoção de campanhas de desinformação que destroem reputações e disseminam o discurso de ódio”, justifica Humberto.

Resposta do Senado

Assim como o repúdio dos senadores ao vídeo do ex-secretário Roberto Alvim e ao gesto do assessor Filipe Martins, o encontro de Bolsonaro com a deputada alemã também mereceu resposta na Casa. O senador Omar Aziz (PSD-AM) protestou numa sessão da CPI da Pandemia:

— Quando recebe uma deputada nazista, o presidente afronta o Holocausto, o povo judeu, a Constituição brasileira, a nossa democracia e o Exército brasileiro, que lutou contra o nazismo [na Segunda Guerra Mundial]. Quando é para pedir ajuda, o presidente liga para o primeiro-ministro de Israel, mas às escondidas tira foto sorrindo com uma deputada nazista. Não podemos permitir isso. Somos solidários com os judeus e todos aqueles que morreram na Segunda Guerra para salvar o mundo do nazismo.

Inquérito sigiloso usado por Bolsonaro para atacar sistema eleitoral foi vazado por irmão de seu ajudante de ordens

Postagem foi feita a partir de servidor no exterior e o caso é um dos que motivaram investigação sobre a conduta criminosa de Bolsonaro no TSE

Brasil 247, 14/08/2021, 05:35 h Atualizado em 14/08/2021, 06:25
Jair Bolsonaro, Supremo Tribunal Federal e uma urna eletrônica (Foto: Agência Brasil)

"O inquérito sigiloso da Polícia Federal divulgado por Jair Bolsonaro em uma entrevista ao programa Pingos nos Is da TV Jovem Pan foi originalmente postado numa rede social alternativa chamada Mastodon pelo desenvolvedor Daniel Cid, irmão do ajudante de ordens do presidente da República, o coronel Mauro Jorge Cid", informam as jornalistas Malu Gaspar e Mariana Carneiro, em reportagem publicada no jornal O Globo.

"O vazamento, tornado público na entrevista, levou o ministro Alexandre de Moraes a determinar a abertura de um inquérito contra o presidente da República. Os metadados do documento foram acessados pela equipe da coluna sob a orientação do professor Miguel Freitas, pesquisador do Centro de Pesquisa em Tecnologia de Inspeção da PUC do Rio de Janeiro. Eles mostram que o inquérito foi arquivado no servidor brasileiros.social, mantido por Daniel Cid dentro da rede Mastodon, a partir de um provedor fora do Brasil, às 19h30 do dia 4, enquanto Bolsonaro dava entrevista. Duas horas depois, o próprio Jair Bolsonaro replicou o link com o documento em seus perfis no Telegram, no Instagram, no Twitter e no Facebook", apontam ainda as jornalistas.

Segundo o TSE, as afirmações de Bolsonaro distorcem o conteúdo do inquérito aberto em 2018 sobre um ataque hacker ao sistema do tribunal, que nem sequer foi concluído.

sábado, 31 de julho de 2021

Lula lidera corrida presidencial em Minas Gerais, aponta pesquisa DataTempo

Pelo histórico, nenhum candidato a presidente vence a eleição sem ganhar em Minas Gerais

Brasil 247, 31/07/2021, 10:47 h Atualizado em 31/07/2021, 11:12
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)

O ex-presidente Lula (PT) é o favorito para a eleição presidencial de 2022 em Minas Gerais, diz pesquisa DataTempo/CP2. Pelo histórico, nenhum candidato a presidente vence a eleição sem ganhar no estado.

Segundo o levantamento, Lula lidera as intenções de voto quando a lista de candidatos é apresentada. Na pesquisa espontânea, que mede a solidificação dos votos, Bolsonaro se aproxima do ex-presidente e chega a um empate técnico. A margem de erro é de 2,72 pontos percentuais para mais ou para menos.


segunda-feira, 26 de julho de 2021

Enfraquecido, Bolsonaro segue o caminho de Collor, diz analista

“Cada vez mais o governo Bolsonaro se parece com o governo Collor. Bolsonaro está adotando um caminho muito parecido. Não significa que, necessariamente, teremos um impeachment. Mas mostra um governo cada vez mais enfraquecido”, diz o professor da FGV Cláudio Couto

26 de julho de 2021, 11:51 h Atualizado em 26 de julho de 2021, 12:00
Fernando Collor de Mello e Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)



Rede Brasil Atual - De acordo com o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto, o governo Bolsonaro está cada vez mais enfraquecido. Acuado, Bolsonaro busca reforçar a aliança com o Centrão para tentar barrar as ameaças de impeachment. O analista comparou a chegada do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para assumir o comando da Casa Civil ao “ministério de notáveis” do governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, que visava garantir governabilidade a um governo em crise.

“Cada vez mais o governo Bolsonaro se parece com o governo Collor. Bolsonaro está adotando um caminho muito parecido. Não significa que, necessariamente, teremos um impeachment. Mas mostra um governo cada vez mais enfraquecido”, disse Couto.

Em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (26), Couto apontou que as ameaças dos militares à democracia somaram mais um motivo que ajudou a levar pessoas a saírem às ruas para protestar contra o governo no último sábado (24).
PUBLICIDADE


Apesar da entrada de Ciro Nogueira ser uma tentativa de melhorar o diálogo do governo com o Congresso Nacional, Couto afirma que pode não ser suficiente. Isso porque o governo Bolsonaro é “tóxico”, em termos eleitorais, inclusive para os políticos integrantes do Centrão.

“Até porque Bolsonaro vai seguir sendo Bolsonaro. Os problemas que ele produz, para si próprio e para a sua administração, vão continuar. Não é a ida de Ciro Nogueira que vai resolver o problema”, comentou o analista.
Bolsonaro: acuado, mas perigoso

Contudo, mesmo diante do enfraquecimento contínuo, Couto alerta que o governo Bolsonaro ainda tem potencial para causar danos às instituições democráticas. Ele afasta a possibilidade de uma ruptura institucional clássica, aos moldes do golpe de 1964, apesar das ameaças dos militares. Contudo, ele teme que grupos bolsonaristas possam criar um cenário de violência política durante as eleições do ano que vem.
PUBLICIDADE


O risco é que grupos milicianos, setores das polícias e grupos de atiradores bolsonaristas possam produzir uma “confusão imensa”. E esse risco aumenta na medida em que as chances de reeleição de Bolsonaro diminuem, de acordo com as últimas pesquisas eleitorais.

Além disso, há uma série de ataques deliberados produzidos pelo próprio governo, que vão desde a atuação desastrosa na pandemia, passando pela deterioração da imagem do Brasil no cenário internacional, até os ataques contra os povos indígenas, alvo inclusive de acusação formal de genocídio no âmbito do Tribunal Penal Internacional (TPI).

Militares foram alvos do TCU em quase 280 investigações de desvios

O Tribunal de Contas da União (TCU) fez pelo menos 278 auditorias em órgãos das Forças Armadas nos últimos 20 anos. O número foi referente às chamadas Tomadas de Contas Especiais (TCEs), tipo de processo administrativo usado em contextos que envolvem prejuízo aos cofres públicos

Brasil 247, 26/07/2021, 10:04 h Atualizado em 26/07/2021, 10:05
(Foto: Divulgação)

O Tribunal de Contas da União (TCU) fez pelo menos 278 auditorias em órgãos das Forças Armadas nos últimos 20 anos, desde 2001. O objetivo do tribunal foi apurar possíveis prejuízos para os cofres públicos. O número foi referente às chamadas Tomadas de Contas Especiais (TCEs) em unidades militares e no Ministério da Defesa. As 278 apurações representaram cerca de 10% dos 2.743 processos do tipo abertas no período, excluindo as relacionadas a prefeituras ou governos estaduais. A TCE é um tipo de processo administrativo usado em contextos que envolvem prejuízo aos cofres públicos.

De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, as investigações incluíram desde suspeitas de fraudes em obras até o desvio de combustível de navios da Marinha. Um exemplo foi uma apuração envolvendo o roubo de mais 100 mil litros de óleo diesel da antiga corveta Frontin, afundada em um exercício militar em 2016.

As estatísticas apontaram que o problema mais comum investigado pelo TCU é o pagamento indevido de pensões: pelo menos 52 das 278 apurações abertas foram sobre o tema - desde filhas que continuaram recebendo após a morte dos beneficiários até o caso de uma mulher que recebeu pensão como viúva de um servidor da Defesa sem nunca ter sido casada com ele.

As filhas do ex-coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), por exemplo, também recebem as pensões. Renata Silva Brilhante Ustra e Patrícia Silva Brilhante Ustra ganham o benefício desde março de 2016. O valor foi de R$ 10,1 mil líquidos, em fevereiro deste ano.

No caso das Forças Armadas, a maioria dos processos do tipo TCE ainda está em andamento: das 278 apurações abertas desde 2001, somente 77 são consideradas encerradas pelo tribunal. E, desde 2010, apenas 73 militares foram punidos pelo Tribunal com multas e com a obrigação de reparar o dano, apontaram números compilados pelo TCU.

Ramos, Mourão e Heleno, assim como Braga Netto, receberam mais de R$ 100 mil em junho

O maior vencimento foi do general Luiz Eduardo Ramos, que recebeu R$ 111,2 mil em junho

Brasil 247, 26/07/2021, 11:22 h Atualizado em 26/07/2021, 12:07
Walter Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos (Foto: Anderson Riedel/PR)

Por Igor Gadelha, no Metrópoles - Assim como o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, outros generais da reserva que ocupam cargos no primeiro escalão do governo Jair Bolsonaro também receberam salário líquido de mais de R$ 100 mil em junho.

O maior vencimento foi do general Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Casa Civil e que deve ser transferido para a Secretaria-Geral da Presidência. Ramos recebeu salário líquido de R$ 111,2 mil em junho.

Na sequência, aparecem o vice-presidente Hamilton Mourão, que ganhou R$ 108,7 mil, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que recebeu R$ 107,2 mil.

Leia a íntegra no Metrópoles.

domingo, 25 de julho de 2021

Em números percentuais, o Brasil é o campeão de mortos por COVID - 19, no mundo

Negar a ciência, se contrapor a forma como o mundo se posicionou para combater o COVID - 19, foi o comportamento do governo brasileiro deste o início da pandemia e o resultado é desastroso: percentualmente, o Brasil é o campeão de mortos por COVI, no mundo

23 de abril: enterro coletivo para vítimas de Covid-19 é realizado no Parque Tarumã, em Manaus. — Foto: Bruno Kelly/Reuters

Enquanto os governantes mundiais se esforçavam, ao máximo, para evitar o pior, diante da pandemia que alastrou no planeta, o presidente Jair Bolsonaro, sem partido, e seu governo, negava a pandemia, a letalidade da doença; usava e usa as redes socais para espalhar fakes news a respeito da situação catastrófica; ganhava a antipatia mundial e passou a ser chamado de genocida

Os dados abaixo(https://www.trt.net.tr/portuguese/covid19) , não deixam dúvidas, percentualmente, o Brasil tem o maior número de mortos, seguido da Colômbia, Argentina e depois Itália. Os EUA poderia está ocupando essa liderança sinistra, mas com o término do mandato de Trump e o início do governo Biden, a pandemia passou a ser encarada de outra forma e o quadro mudou radicalmente.

Confira os números:


País

 

         População

           Nº de               mortos

        % de        Mortos

EUA

 

331 449 281

626.717

1,89%

Índia

 

1380 004 385

420.758

0,30%

Brasil

 

211 755 692

549.500

2,59%

Rússia

 

145 934 462

153.874

1,05%

França

 

65 273 511

111.616

0,17%

Reino Unido

 

67 886 011

129.158

1,90%

Turquia

 

84 339 067

50.879

0,60%

Argentina

 

45 195 774

103.584

2,29%

Colômbia

 

50 882 891

118.538

2,32%

Itália

 

60 461 826

127.949

2,10%

Espanha

 

46 754 778

81.221

1,73%

Alemanha

 

83 783 942

92.037

1,09%

Irã

 

83 992 949

88.800

1,06%

Indonésia

 

273 523 615

83.279

0,30%

Polónia   

    

   37 846 611         

75.242

1,98%


Na sequência de tanta insensibilidade do governo federal, o Senado responde com uma CPI, que levanta todas as informações sobre o quadro crítico estabelecido no país e o seu resultado pode ser até o impeachment de Bolsonaro, que desgastado negocia cargos com o Centrão, que antes era um grupo politico indesejado, dado o histórico de suas atuações.

Greve de caminhoneiros: resistência diminui e grupos param na 2ª feira

Movimento foi convocado pelo CNTRC e tem ganhado a adesão de mais entidades

Poder360, MARINA BARBOSA21.jul.2021 - 6h00


Caminhoneiros durante paralisação de 2018; categoria ensaiou nova greve em 2021
Marcelo Camargo/Agência Brasil

A possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros ainda enfrenta resistências, mas voltou ao radar da categoria. É que o Cntrc (Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas) promete parar a partir de 2ª feira (26.jul.2021) e grupos que eram contrários ao movimento também já falam em aderir à paralisação. Na pauta, os preços do diesel e a tabela do frete.

A greve de domingo (25.jul) foi convocada desde junho pelo Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas –entidade que também tentou uma greve em fevereiro de 2021, mas não teve adesão da categoria à época. Nesta semana, virou pauta dos grupos de conversa dos caminhoneiros.

“A adesão está maior, com mais entidades representativas da categoria se posicionando a favor, inclusive algumas que se posicionaram contra em fevereiro. E vários sindicatos ainda estão se reunindo nesta semana para avaliar a adesão”, afirmou o presidente da Antb (Associação Nacional de Transporte no Brasil), José Roberto Stringasci.

Segundo Stringasci, os caminhoneiros estão “inconformados” com os aumentos dos combustíveis. Ele disse que o último reajuste foi anunciado poucos dias depois da 1ª reunião da categoria com o novo presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna.

O presidente da ANTB afirmou que a paralisação tem apoio da maior parte dos integrantes dos grupos de WhatsApp dos caminhoneiros e já foi confirmada por líderes de regiões como a Baixada Santista. Segundo ele, o objetivo é realizar protestos no domingo (25.jul), que é o dia dos caminhoneiros, e organizar pontos de parada e piquete na 2ª feira (26.jul). A continuidade da greve vai depender da adesão.

Na 2ª feira (26.jul), a greve também terá apoio do Movimento GBN (Galera da Boleia da Normatização Pró-Caminhoneiro). Um dos representantes do GBN, Joelmis Correia, era da base do governo de Jair Bolsonaro e não apoiou a greve em fevereiro. Porém, disse que agora vai aderir ao movimento porque os caminhoneiros foram prejudicados por projetos recentes do governo. Ele citou como perdas a criação do DTE (Documento Eletrônico de Transporte), anunciada em maio dentro de um pacote que tentava agradar os caminhoneiros.

“Vou apoiar porque não sobrou outra alternativa a não ser brigar pelo diesel, já que perdemos no DTE”, afirmou. Correia diz, no entanto, que o GBN não vai protestar contra o aumento dos combustíveis, mas pela constitucionalidade do piso mínimo do frete.

O movimento, no entanto, não é unânime. A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), por exemplo, é contra. O assessor da Abcam, Bolívar Lopes Brambila, disse que a associação prefere focar em “questões técnicas que possam aumentar o rendimento do caminhoneiro”. “O aumento dos combustíveis está exagerado e a política internacional de preços é absurda para o Brasil, mas tentamos buscar alternativas junto ao governo que melhorem a situação”, afirmou.

‘EUA vão armar um novo golpe contra Lula’, avisa Brian Mier

“A gente não pode pensar que só porque Lula está liderando em todas as pesquisas ele vai ser eleito presidente. Tem outra tentativa de golpe eleitoral sendo montada”, alertou o jornalista norte-americano em entrevista à TV 247. 

Brasil 247, 23/07/2021, 15:53 h Atualizado em 23/07/2021, 16:18
Brian Mier e Lula (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | ABr)

O jornalista norte-americano Brian Mier falou à TV 247 sobre a declaração do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, acerca da preocupação de seu país com a corrupção no Brasil, e não com a democracia. Segundo o jornalista, os EUA já preparam um novo golpe contra o Brasil.

“Ele foi honesto. Os Estados Unidos não se preocupam com democracia, se preocupam com petróleo. Esse foi exatamente o motivo principal para o golpe de 2016, para privatizar o pré-sal”, disse Brian Mier sobre a fala de Chapman.

Para ele, é preciso ficar atento para uma nova investida norte-americana contra o Brasil, principalmente com o objetivo de impedir a volta do ex-presidente Lula ao poder. O jornalista recomendou que se arme uma defesa contra o que está por vir. “Se prepara para mais um golpe no ano que vem, se prepara para um bombardeamento nas mídias sociais contra o PT e contra o Lula, porque essa é a nova ferramenta da guerra do espectro total, originado dos Estados Unidos”.

“A gente precisa pensar em como vamos nos defender de um ataque dessa natureza. Está sendo tudo montado. A gente não pode pensar que só porque Lula está liderando em todas as pesquisas ele vai ser eleito presidente. Tem outra tentativa de golpe eleitoral sendo montada com ajuda dos Estados Unidos, com a CIA, provavelmente, que estava lá visitando o Bolsonaro, e eu fico um pouco preocupado”, completou.

Ciro Nogueira, indicado por Bolsonaro para a Casa Civil, é alvo em inquéritos por beneficiar empreiteiras

Indicado por Jair Bolsonaro para a chefia da Casa Civil, o líder do Centrão responde a cinco inquéritos

Brasil 247, 25/07/2021, 11:46 h Atualizado em 25/07/2021, 12:07
Senador Ciro Nogueira (PP-PI) (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais líderes do Centrão, escalado por Jair Bolsonaro para comandar a Casa Civil, responde a cinco inquéritos por beneficiar empreiteiras. Duas dessas investigações são sigilosas, informa o Congresso em Foco.

Em um dos casos até agora desconhecidos, o novo chefe do principal ministério do governo Bolsonaro é investigado pela suspeita de ter recebido pagamentos da OAS em troca de apoio a uma medida provisória no Senado.

No outro, os investigadores apuram se Ciro exerceu influência na liberação de um financiamento para a Engevix na Caixa Econômica Federal.

Ciro Nogueira já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República duas vezes: em um caso é acusado de receber propina de R$ 7,3 milhões da Odebrecht em troca de apoio no Congresso; em outro, é suspeito de obstruir investigações ao atuar para mudar depoimento de um ex-assessor do PP que colaborava com a Justiça.

O advogado Antonio Carlos de Castro, o Kakay, que defende Ciro, afirma que as investigações são fruto de um processo de criminalização da política patrocinada pela Operação Lava Jato.