quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Por 11 a 0, Supremo Tribunal Federal confirma a prisão do bolsonarista Daniel Silveira

Em voz única, o Supremo Tribunal Federal (STF) mantém a prisão preventiva do deputado Daniel Silveira, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. A decisão final caberá à Câmara

Brasil 247, 17/02/2021, 15:07 h Atualizado em 17/02/2021, 17:15
      STF e o deputado Daniel Silveira (Foto: STF | Agencia Câmara)

Sérgio Rodas, Conjur - Declarações de deputado contra a democracia e o Estado de Direito não estão cobertas pela imunidade parlamentar, já que esta garantia busca preservar a própria democracia e o Estado de Direito. Com esse entendimento, o Plenário do Supremo Tribunal Federal confirmou, nesta quarta-feira (17/2), a prisão em flagrante do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) por atentar contra o funcionamento do Judiciário e o Estado Democrático de Direito.

Silveira foi preso em flagrante nesta terça (16/2) por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes devido à publicação de um vídeo com ataques e incitação de violência contra integrantes do Supremo. Diante de uma nota do ministro Luiz Edson Fachin repudiando tentativas de intimidação da corte, o deputado o classificou de "filha da puta" e disse que não poderia ser punido por querer dar uma surra nele.

"Eu também vou perseguir vocês. Eu não tenho medo de vagabundo, não tenho medo de traficante, não tenho medo de assassino, vou ter medo de 11? Que não servem para porra nenhuma para esse país? Não... não vou ter. Só que eu sei muito bem com quem vocês andam, o que vocês fazem", completou a ameaça.

Na sessão desta quarta, Alexandre de Moraes votou pela manutenção da prisão em flagrante do deputado. Segundo o ministro, as declarações de Silveira são “gravíssimas”, e não somente do ponto de vista pessoal dos ministros, mas do ponto de vista institucional e de manutenção do Estado Democrático de Direito.

“Muito mais do que os crimes contra a honra contra ministros e o STF, muito mais do que ameaça contra a integridade física e a vida de ministros, muito mais do que ofensas pesadas, as manifestações tiveram o intuito de corroer o sistema democrático brasileiro e as instituições e de abalar o regime jurídico do Estado Democrático de Direito”, disse o magistrado.

Conforme Alexandre de Moraes, o parlamentar cometeu os crimes de tentar mudar o Estado de Direito; tentar impedir o funcionamento do Judiciário; incitar à subversão da ordem política e social, à animosidade entre as Forças Armadas e as instituições e à prática de crimes; e caluniar ou difamar ministros do STF. As condutas são previstas na Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/1983), artigos 17, 18, 22, incisos I e IV, 23, incisos I, II e IV e 26.

Para o relator, Silveira em liberdade ameaça a ordem pública e representa risco social. De acordo com Alexandre, as declarações do deputado contra a democracia e o Estado de Direito não estão cobertas pela imunidade parlamentar, já que essa garantia busca preservar aqueles princípios.

Além disso, o relator lembrou que Silveira tem um histórico de ameaças ao STF e protagonizou "um dos episódios mais lamentáveis" ao quebrar uma placa de rua com o nome da vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada em 2018. No episódio, opinou o ministro, o deputado demonstrou "total escárnio" à figura de Marielle e desrespeito à homenagem que havia sido feita a ela no Rio de Janeiro.

Todos os ministros seguiram o voto do relator sem maiores considerações, exceto Marco Aurélio. O decano da corte disse que, em 74 anos de vida e 42 anos de magistratura, jamais imaginou presenciar e vivenciar “uma fala tão ácida, tão agressiva, tão chula no tocante às instituições”.

Marco Aurélio concordou que era imprescindível interromper o crime em flagrante. "Creio que ninguém coloca em dúvida a essa altura a periculosidade do preso e a necessidade de preservar a ordem pública e, mais especificamente, as instituições."

Prisões contumazes

Daniel Silveira se orgulha de ter sido preso “mais de 90 vezes” pela Polícia Militar do Rio de Janeiro pelos delitos que cometeu. O deputado, que diz ser professor de luta, ficou famoso ao bater numa placa de rua com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.

Entre as arruaças de Silveira estão a invasão de um colégio, para contestar o método de ensino da escola e a agressão a um jornalista, por não gostar das suas perguntas. O deputado, eleito na esteira da onda bolsonarista, vai enfrentar agora o julgamento de seus pares, na Câmara, que decidirão se ele segue preso ou não.

Enfrentará também proposta de expulsão do partido, conforme publica o UOL. O vice-presidente da legenda, deputado Júnior Bozzella (PSL-SP) anunciou nesta madrugada que se sente envergonhado pelo nível de irresponsabilidade e desequilíbrio de deputados como Silveira. Bozzella disse que esses "criminosos travestidos de deputados" não expressam o sentimento nem o caráter da maioria do povo brasileiro.

Defesa alega perseguição

A advogada Thainara Prado, que faz a defesa do deputado, divulgou nota afirmando que "a prisão do deputado representa não apenas um violento ataque à sua imunidade material, mas também ao próprio exercício do direito à liberdade de expressão e aos princípios basilares que regem o processo penal brasileiro".

"Os fatos que embasaram a prisão decretada sequer configuram crime, uma vez que acobertados pela inviolabilidade de palavras, opiniões e votos que a Constituição garante aos Deputados Federais e Senadores. Ao contrário, representam o mais pleno exercício do múnus público de que se reveste o cargo ocupado pelo deputado."

"A assessoria do deputado esclarece ainda que não houve qualquer hipótese legal que justificasse o suposto estado de flagrância dos crimes teoricamente praticados por Daniel Silveira, tampouco há que se cogitar de pretensa inafiançabilidade desses delitos. Evidente, portanto, o teor político da prisão do deputado Daniel Silveira."

A nota foi postada no perfil do Twitter do próprio deputado.

Ameaça à democracia

Em sua decisão, o ministro Alexandre de Moraes destacou alguns trechos do conteúdo da fala do deputado. Ele está comentando a nota do ministro Luiz Edson Fachin, que repudiou a tentativa do alto comando do Exército de intimidar o Supremo:

Em um determinado momento, o deputado diz sobre Fachin que "todo mundo está cansado dessa sua cara de filha da puta que tu tem, essa cara de vagabundo... várias e várias vezes já te imaginei levando uma surra, quantas vezes eu imaginei você e todos os integrantes dessa corte … quantas vezes eu imaginei você na rua levando uma surra".

E vai além: "Que que você vai falar ? que eu to fomentando a violência ? Não... eu só imaginei... ainda que eu premeditasse, não seria crime, você sabe que não seria crime... você é um jurista pífio, mas sabe que esse mínimo é previsível.... então qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem dada com um gato morto até ele miar, de preferência após cada refeição, não é crime."

O deputado ainda cita outra manifestação de afronta ao Supremo, dessa vez ao concordar com declarações do então ministro da educação, Abraham Weintraub. "Vocês não têm caráter, nem escrúpulo, nem moral para poderem estar na Suprema Corte", disse. "Eu concordo completamente com o Abraham Waintraub quando ele falou ‘eu por mim colocava todos esses vagabundos todos na cadeia’, aponta para trás, começando pelo STF. Ele estava certo. Ele está certo. E com ele pelo menos uns 80 milhões de brasileiros corroboram com esse pensamento."

E ainda completou com mais ameaças: "Eu também vou perseguir vocês. Eu não tenho medo de vagabundo, não tenho medo de traficante, não tenho medo de assassino, vou ter medo de onze? que não servem para porra nenhuma para esse país? Não... não vou ter. Só que eu sei muito bem com quem vocês andam, o que vocês fazem."

"Não é nenhum tipo de pressão sobre o Judiciário não, porque o Judiciário tem feito uma sucessão de merda no Brasil. Uma sucessão de merda, e quando chega em cima, na suprema corte, vocês terminam de cagar a porra toda. É isso que vocês fazem. Vocês endossam a merda."

Mais mensagens aparecem: cooperação da Lava Jato com EUA foi permanente e ilegal; Deltan e Moro esconderam tudo do STF

Em nova petição ao STF, defesa de Lula prova nesta quarta que a cooperação ilegal da Lava Jato com FBI, Departamento de Justiça e outras instituições dos EUA era intensa e permanente. Ela foi propositadamente escondida do STF e da defesa do ex-presidente

Brasil 247, 17/02/2021, 14:44 h Atualizado em 17/02/2021, 16:07
   Sergio Moro, Deltan Dallagnol e o símbolo do FBI (Foto: Reprodução)

Um novo pacote de mensagens da Lava Jato foi enviado pela defesa do ex-presidente Lula numa petição ao STF nesta quarta-feira (17) e comprova que a cooperação ilegal entre a Lava Jato, o FBI, o Departamento de Justiça dos EUA e outros órgãos aconteceu de maneira intensa e permanente. Ilegal, a cooperação foi escondida do STF e da defesa de Lula.

Num trecho da petição, a defesa de Lula esclarece a razão de Moro vetar perguntas dos advogados nas audiências. O motivo é chocante: “(...) quantas vezes a Defesa Técnica do aqui Reclamante fez perguntas em audiências sobre essas ‘entrevistas’ e sobre a cooperação da ‘Lava Jato’ com autoridades norte-americanas e as perguntas foram indeferidas pelo então juiz SERGIO MORO? Aqui está o real motivo: a cooperação era ilegal e clandestina”.

O conjunto de mensagens caracteriza, segundo a defesa de Lula, uma “cooperação selvagem, fora da lei”, dos procuradores da Lava Jato “com a ciência e a anuência do então juiz SERGIO MORO”.

Em explicações ao STF e órgãos de controle do Ministério Público e do Judiciário, a Lava Jato mentiu de maneira sistemática, negando a existência de relações de ações comuns com autoridades estrangeiras, como nesta peça, de 2016, citada pela defesa de Lula:

“Conforme já informado anteriormente, no Brasil, o acordo de leniência com a Odebrecht S.A. foi firmado em 01/12/2016 exclusivamente com autoridades brasileiras, inicialmente com o Ministério Público Federal, sendo signatários membros integrantes desta força-tarefa e do grupo de trabalho junto ao gabinete do Procurador Geral da República.

Inexiste, portanto, acordo de leniência ou ato conjunto semelhante neste caso que tenha sido firmado ou conte com a participação de autoridades estrangeiras, sejam estadunidenses ou de outra nacionalidade.

(...)

Não há, portanto, registros de tratativas realizadas pelo MPF de Curitiba com autoridades e instituições estrangeiras, já que o acordo de leniência celebrado pelo MPF não é ato decorrente ou dependente de cooperação internacional”.

Na petição, a defesa de Lula apresenta diversos diálogos que comprovam a cooperação ilegal. Uma troca de mensagens de 7 de abril de 2016:




“Deltan: Caros, os americanos, a nosso pedido pretérito, estão desenvolvendo o caso da Ode.

Carol PGR: Deltan, os Advs que estão negociando o acordo aí nos EUA são americanos ou é um escritório brasileiro?

Deltan: Americano, caso me equivoque”

Outra troca de mensagens, de 26 de setembro de 2016 fala refere-se diretamente à colaboração clandestina com o FBI:

“Carlos Bruno: PG, houve alguma resposta do FBI no caso do servidor (computador) com senha?

Paulo: só aquela do email”

Sobre essa troca de mensagens, a defesa de Lula observa que o citado email foi sonegado pela operação: “Note-se bem a referência feita nesta mensagem a informações recebidas pela Lava Jato do FBI: ‘só aquela do e-mail’. Onde está esse e-mail encaminhado pelo FBI? Nos autos de origem, definitivamente não está, e nem foi exibido a esta Defesa Técnica, a despeito da expressa determinação do e. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI”.

Outras mensagens reforçam o contato permanente da Lava Jato com o FBI “sem que isto esteja documentado nos autos ou, ainda, sem a observância dos canais oficiais e do procedimento previsto em lei”, afirma a defesa de Lula. Uma mensagem de 27 de setembro de 2016 deixa patente:

“Paulo: (...) falei com a June do FBI, ela vai cobrar a questão da cripto”.

A defesa de Lula apresenta uma sequência de trocas de mensagens entre os procuraodres que atestam a dimensão da colaboração clandestina: “Na mensagem abaixo, por exemplo, existe a indicação de documentos que foram firmados entre a ‘Lava Jato de Curitiba’ e o DOJ [Departamento de Justiça dos Estados Unidos] que jamais foram levados aos autos de origem — mesmo após esse Supremo Tribunal Federal ter instado a ‘Lava Jato’ para essa finalidade”.

A seguir, a mensagem, de 20 de maio de 2016:

“Paulo, conversei com o DOJ sobre esse acordo (eles ligam toda semana querendo saber novidades)”.

Na mesma ação, a defesa de Lula aponta que os procuradores da Lava Jato faziam pressão escancarada a ministros do STF. Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes eram alguns de seus alvos, segundo os diálogos. Além disso, a força-tarefa constrangia ministros do STJ com vazamentos planejados de delações ‘vazias’ à imprensa, depois de ter levantado o patrimônio dos ministros da Corte junto à Receita Federal..

Leia a íntegra da petição da defesa de Lula:

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Deputado bolsonarista Daniel Silveira é preso após ataques a ministros do STF

Ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão de Daniel Silveira (PSL) depois que o bolsonarista publicou um vídeo com uma série de agressões e xingamentos a ministros do Supremo

Brasil 247, 17/02/2021, 00:12 h Atualizado em 17/02/2021, 09:07
1    Deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) (Foto: Reprodução)

O deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) foi preso pela Polícia Federal na noite desta terça-feira (16), no Rio de Janeiro, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No despacho em embasou a ordem de prisão, o ministro do STF aponta que Daniel Silveira publicou nas redes sociais um vídeo com ofensas, ameaças e pedido de fechamento do Supremo.

No vídeo, Silveira afirma que os onze ministros do Supremo “não servem pra porra nenhuma pra esse país”, “não têm caráter, nem escrúpulo nem moral” e deveriam ser destituídos para a nomeação de “onze novos ministros”. Ele atacou nominalmente seis ministros do Supremo no vídeo: Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Dias Toffoli.

Na decisão, Moraes definiu que o mandado poderia ser cumprido “imediatamente e independentemente de horário por tratar-se de prisão em flagrante delito”. Como a prisão de um deputado federal precisa passar pelo crivo da Câmara, mesmo em caso de flagrante e por crime inafiançável, o ministro do STF também reitera que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), deve ser “imediatamente oficiado para as providências que entender cabíveis”.

O ministro do STF afirmou que o deputado tem conduta reiterada no crime e lembra que Daniel Silveira é investigado, a pedido da PGR, por ter se “associado com o intuito de modificar o regime vigente e o Estado de Direito, através de estruturas e financiamentos destinados à mobilização e incitação da população à subversão da ordem política e social, bem como criando animosidades entre as Forças Armadas e as instituições”.

O magistrado argumentou que a reiteração dessas condutas por parte do parlamentar revela-se gravíssima, pois atentatório ao Estado Democrático de Direito brasileiro e suas Instituições republicanas. “Imprescindível, portanto, medidas enérgicas para impedir a perpetuação da atuação criminosa de parlamentar visando lesar ou expor a perigo de lesão a independência dos Poderes instituídos e ao Estado Democrático de Direito”, afirmou.

O deputado bolsonarista é investigado pelo STF no inquérito que mira o financiamento e organização de atos democráticos em Brasília. Em junho, ele foi alvo de buscas e apreensões pela Polícia Federal e teve o sigilo fiscal quebrado por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Senador Rogério Carvalho: Congresso e Justiça têm que agir com rapidez para evitar proposta armamentista de Bolsonaro

"Enquanto o decreto vigora, ele arma a população. Precisamos ser rápidos”, cobrou o parlamentar, em entrevista à TV 247

Brasil 247, 15/02/2021, 22:14 h Atualizado em 15/02/2021, 22:14
.   Senador Rogério Carvalho (PT-SE) (Foto: Agência Senado)

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) pediu mais atenção das instituições democráticas aos gestos de Jair Bolsonaro que colocam a democracia em risco.

Preocupado com os quatro decretos que ampliam armas e munições para a população, o parlamentar fez um alerta às instituições, em entrevista à TV 247, de que Bolsonaro tenta armar a população para manter o seu projeto de poder.

“Bolsonaro vai tentar intimidar a população e constranger as instituições democráticas para preservar seu projeto de poder. Enquanto o decreto vigora, ele arma a população. Precisamos ser rápidos”, cobrou.

CPI da Lava Jato

Na entrevista, Rogério Carvalho também falou sobre a possibilidade de se instalar na Casa a CPI da Lava Jato, para a qual ele recolhe assinaturas.

“Se há uma CPI que pode vingar é a da Lava Jato”, disse. “Montou-se um estado paralelo no Brasil, que traiu interesses nacionais, destruiu 3 milhões de empregos e a engenharia nacional”, afirmou.

Gilmar Mendes diz que Lava Jato corrompeu a democracia ao agir contra o PT para eleger Jair Bolsonaro

"Primeiro a Lava Jato atua na prisão do Lula. Prestes à eleição, divulga o chamado depoimento ou delação do Palocci, tentando influenciar o processo eleitoral. Depois, o Moro vai para o governo Bolsonaro, portanto eles não só apoiaram como depois passam a integrar o governo Bolsonaro", disse ele

Brasil 247, 16/02/2021, 06:27 h Atualizado em 16/02/2021, 07:05
   (Foto: ABr)

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, confirmou, em entrevista à BBC, a tese que vem sendo defendida há anos pelo 247. A Operação Lava Jato corrompeu a democracia e assaltou o poder, ao perseguir o Partido dos Trabalhadores para garantir a ascensão da extrema-direita no Brasil. "Primeiro a Lava Jato atua na prisão do Lula. Prestes à eleição, a Lava Jato divulga o chamado depoimento ou delação do Palocci, tentando influenciar o processo eleitoral. Depois, o Moro vai para o governo Bolsonaro, portanto eles não só apoiaram como depois passam a integrar o governo Bolsonaro", disse o ministro.

Gilmar disse ainda que, em razão de seus abusos, a Lava Jato "cometeu suicídio". Em outro trecho, ele falou sobre a suspeição do ex-juiz Sergio Moro. "Há muita discussão sobre uma atividade de promotor do juiz Moro. Mas o que se vê claramente é uma cooperação bastante grande entre o juiz Sergio Moro e o promotor. Moro, por exemplo, pedindo para ter conhecimento antecipado sobre a denúncia, ou Moro dizendo que uma determinada testemunha deve depor desta ou daquela forma. Ou que eventual apelação à decisão dele deveria ser submetido a ele. Portanto, tudo o que de fato não condiz com a relação entre promotor e juiz", afirmou.

Em outro trecho, ele falou sobre os impactos para o ex-presidente Lula. "Isso terá efeito sobre esse caso que está no Supremo, que é o caso do Tríplex. Qualquer outro debate ou discussão terá que ser feito em processo próprio. Há muitas discussões sobre esse assunto. Hoje, por exemplo, se fala numa cooperação internacional informal que havia entre os membros da Lava Jato e determinados integrante de instituições na Suíça e nos Estados Unidos, sem o devido processo legal. Saber se, nos casos em que houve condenação, se houve essa cooperação, pode ser relevante para esses casos também", afirmou.

Reinaldo provoca Fachin: deve emitir uma nota a favor da suspeição de Moro daqui a dez anos

Reinaldo Azevedo já havia provocado o ministro Edson Fachin, do STF, ao afirmar que sua reação a tuíte ameaçador do general Villas Bôas, intimidando a Corte pela prisão de Lula, ocorreu “com três anos de atraso”

Brasil 247, 16/02/2021, 11:38 h Atualizado em 16/02/2021, 12:01
   (Foto: Reprodução)

O jornalista Reinaldo Azevedo, nas redes sociais, nesta terça-feira, 16, provocou o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que ele deve emitir uma nota a favor da suspeição do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro “daqui a dez anos”.

Fachin é do bloco lavajatista do STF, que está buscando reagir contra as recentes derrotas da Lava Jato na Justiça. Na semana passada, o ministro do STF falou que a operação “não só não acabou como mal começou”. Segundo conversas vazadas dos membros da Lava Jato de Curitiba, ele mantinha relações com o grupo.

Após encontro com o ministro, o coordenador da força-tarefa, procurador Deltan Dallagnol, enviou mensagem para os outros integrantes afirmando: “Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso."

Na segunda-feira, 15, Reinaldo Azevedo já havia provocado o ministro do STF ao afirmar que sua reação a tuíte ameaçador do general Villas Bôas, intimidando a Corte pela prisão de Lula, ocorreu “com três anos de atraso”.

domingo, 14 de fevereiro de 2021

“Quem Bolsonaro pensa que é para dizer que não adianta chorar?”, dispara Flávio Dino

“Ele que cumpra as responsabilidades dele, que não é ficar dando lição de moral para ninguém. Ele não tem autoridade e nem conhecimento para isso”, falou o governador do Maranhão em um forte desabafo na TV 247

Brasil 247, 12/02/2021, 19:12 h Atualizado em 12/02/2021, 20:04
   Flávio Dino e Jair Bolsonaro (Foto: GOVMA | Marcos Corrêa/PR)

Em debate na TV 247, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), fez um duro desabafo acerca da recente declaração de Jair Bolsonaro de que 'não adianta ficar em casa chorando' pelos mortos pela Covid-19.Dino, que perdeu o pai para a doença, afirmou que Bolsonaro não tem autoridade e nem conhecimento para dar “lição de moral”. “Cada vida humana é sagrada, e uma vez perdida, obviamente, ela não volta. Morrem mil, 1.200, 1.300, 1.400 pessoas por dia e o presidente da República acha razoável dizer que chorar não resolve. Quem esse senhor pensa que é para dizer que as famílias que têm entes queridos, familiares que perdem a vida não vão chorar? E eu falo isso com autoridade, infelizmente, porque sinto a morte do meu pai, por exemplo. E agora esse senhor vem dizer que chorar não resolve? Quem ele pensa que é? Ele que cumpra as responsabilidades dele, que não é ficar dando lição de moral para ninguém. Ele não tem autoridade e nem conhecimento para isso. E cuide da parte dele! Ele fica o tempo todo acusando os outros dos seus problemas”.

Respondendo à provocação de Bolsonaro para que os estados assumam pagar o auxílio emergencial, o governador afirmou aceitar a proposta, desde que os aparelhos financeiros federais sejam também transferidos aos estados. Para Dino, enquanto tais instrumentos pertencerem à União, é de Bolsonaro a responsabilidade de prover o benefício. “Ele quer agora que os governadores assumam o auxílio emergencial. Muito bem. Eu aceito. Agora, ele que entregue aos estados o Tesouro Nacional, o Banco Central, o BNDES, o FGTS, o Banco do Nordeste, o Fundo Constitucional do Nordeste, o Fundo Constitucional do Norte e do Centro-Oeste. Ele entrega isso para os estados e a gente toca o governo no lugar dele. Enquanto os instrumentos de política econômica estiverem no governo federal, a responsabilidade é dele. Enquanto a Anvisa for federal, a responsabilidade é dele. Não adianta ficar querendo transferir nem para os governadores e nem para as famílias brasileiras”.

Sabrina Fernandes: liberação de armas de Bolsonaro e seu apoio à invasão do Capitólio apontam para golpe

"Quando invadiram o Capitólio para exigir que Trump ficasse, Bolsonaro disse que no Brasil vai ser pior. Aí sai um decreto desses facilitando e muito o acesso a armamento. Devemos ligar os pontinhos?", publicou Sabrina Fernandes nas redes sociais

Brsil 247, 14/02/2021, 13:12 h Atualizado em 14/02/2021, 13:12Sabrina Fernandes (Foto: Reprodução YouTube (Rede Brasil Atual))

A socióloga, escritora e youtuber Sabrina Fernandes, do canal Tese Onze, relacionou os decretos de flexibilização do porte de armas de Jair Bolsonaro com seu apoio à invasão do Capitólio (Congresso dos Estados Unidos), que ocorreu no dia 6 de janeiro por apoiadores de seu aliado e ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

“Quando invadiram o Capitólio para exigir que Trump ficasse, Bolsonaro disse que no Brasil vai ser pior. Aí sai um decreto desses facilitando e muito o acesso a armamento. Devemos ligar os pontinhos?”, publicou nas redes sociais neste domingo, 14.

Quando invadiram o Capitólio para exigir que Trump ficasse, Bolsonaro disse que no Brasil vai ser pior. Ai sai um decreto desses facilitando e muito o acesso a armamento. Devemos ligar os pontinhos?
— Sabrina Fernandes (@safbf) February 14, 2021

“Pretendo fazer um vídeo no futuro breve sobre armamento, revolução, e autodefesa. Mas adianto que muita gente vai ficar decepcionada com falta de detalhes. Isso tem uma razão: ABIN, hoje não”, afirmou.

Pretendo fazer um vídeo no futuro breve sobre armamento, revolução, e autodefesa. Mas adianto que muita gente vai ficar decepcionada com falta de detalhes. Isso tem uma razão: ABIN, hoje não.

Matheus Nachtergaele critica governo Bolsonaro: 'não queremos essa ignorância terraplanista'

Segundo o ator, o bolsonarismo se apoia na exaustão, “numa certa violência interior”. “Ele é também o último estertor do capitalismo, uma tentativa desesperada de as coisas não mudarem”

Brasil 247, 14/02/2021, 14:49 h Atualizado em 14/02/2021, 15:04
   Matheus Nachtergaele (Foto: Reprodução)

O ator Matheus Nachtergaele, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, fez duras críticas ao bolsonarismo, ao governo federal e comentou a atual situação política no País.

“Nós fracassamos, mas momentaneamente. Ficamos exaustos de nós mesmos e das condições em que a política brasileira é feita e acabamos, como povo, perdendo um pouco a clareza do que é mais importante para nós. Acho que o bolsonarismo é resultante dessa confusão. E não é incompreensível que ele exista, mas espero que estejamos passando por ele para recordarmos do que queremos ser.”

“O bolsonarismo se apoia nessa exaustão, numa certa violência interior. Ele é também o último estertor do capitalismo, uma tentativa desesperada de as coisas não mudarem, sendo que nós somos o país que pode inventar o novo para o mundo inteiro.”

“Não queremos ser um país violento, fascista, branco, machista, misógino, preconceituoso, racista, homofóbico, bélico. Não queremos essa ignorância terraplanista. Gente é pra brilhar, como dizia o poeta, e o Brasil pode isso ainda.”

“Fomos treinados para odiar um fantasma comunista que nunca existiu. Nada foi mais conivente com o estado das coisas que o PT, embora tenha conseguido avanços bonitos. Houve uma ameaça de corrupção e, em nome dela, nós fizemos a pior escolha. Digo ‘nós’ porque não quero me separar dos meus irmãos por divergências políticas. Vai ser preciso amar muito o Brasil para poder amá-lo daqui pra frente. Não deixa de ser bonito o desafio que se coloca.”

Drauzio Varella: vacinação contra Covid é uma bagunça e Ministério da Saúde está nas mãos de amadores

De acordo com o médico Drauzio Varella, "quando o Brasil mais precisava de técnicos treinados para executar a difícil tarefa de vacinar seus habitantes, única forma de reduzir a mortalidade e dar alento à economia, caímos nas mãos de um Ministério da Saúde fragilizado, dirigido por amadores"

Brasil 247,14/02/2021, 05:58 h Atualizado em 14/02/2021, 09:02
    Dráuzio Varella e Vacinação (Foto: Reprodução)

Em sua coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo, o médico Drauzio Varella afirma que a vacinação contra o coronavírus no Brasil virou uma "bagunça". De acordo com o médico, "sem autonomia para coordenar a estratégia de vacinação", o Programa Nacional Imunizações (PNI) "houve por bem pulverizar pelo país as poucas vacinas existentes, como se a epidemia ameaçasse todos os municípios com igual virulência".

"Ao lado desse equívoco, facultou a estados e municípios a adoção dos critérios para estabelecer prioridades, de acordo com as realidades locais", continua Varella.

Segundo o médico, "a falta de uma coordenação centralizada com regras válidas para o país inteiro gerou essa confusão de grupos e de pessoas que subvertem a ordem prioritária e confundem a população, incapaz de entender porque em cada cidade a vacinação chega para uns e não para outros".

Varella constata amargamente: "Profissionais formados em psicologia, biologia, veterinária, educação física, além de trabalhadores da área da saúde que nem sequer chegam perto dos doentes com Covid, são vacinados antes das mulheres e homens com mais de 80 anos. Enquanto nos entretemos com as imagens dos telejornais que mostram senhoras e senhores de 90 anos, infantilizados pelo repórter que lhes pergunta se estão felizes com a vacina, passa a boiada dos mais jovens que furam a fila.

Tem cabimento vacinar veterinários, terapeutas, personal trainers, escriturários de hospitais, antes dos mais velhos, que representam mais de 70% dos mortos? É justo proteger essa gente antes dos professores, dos policiais e de outras categorias mais expostas ao vírus?"

Ele conclui com uma crítica direta ao governo Bolsonaro: "Que azar. Quando o Brasil mais precisava de técnicos treinados para executar a difícil tarefa de vacinar seus habitantes, única forma de reduzir a mortalidade e dar alento à economia, caímos nas mãos de um Ministério da Saúde fragilizado, dirigido por amadores".